quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Tempo de Natal

Ao mesmo tempo em que muitos se reúnem para festejar o fim de ano, existem pessoas que estão solitárias, sem motivos ou amigos para se alegrar. Por isso se quisermos comemorar esta data de maneira que agrade ao Senhor Jesus, devemos saber que o Natal é um tempo especial para a família. Você pode e deve reunir a família para se alegrar, mas sem esquecer o propósito principal do Natal.

Os pastores de Belém foram os convidados especiais para testemunhar o nascimento de Jesus Cristo. Refletindo sobre o contexto que estavam no momento, podemos aprender como deve ser para nós este tempo de comemoração do Natal.

Como devemos celebrar o Natal?
Vamos aprender com os pastores e Belém que o Natal é tempo de:


1- Trabalho:

Aqueles pastores estavam trabalhando “nos campo e guardavam o seu rebanho durante as vigílias da noite”. Deus sempre chama pessoas bem ocupadas para fazer sua obra como fez com Moisés cuidava do rebanho de seu sogro (Êxodo 3.1), Davi apascentava as ovelhas de seu pai (I Samuel 16.11-13), Gideão que malhava o trigo (Juízes 6.11), Eliseu estava arando a terra (I Reis 19.19) e com os discípulos que estavam pescando (Marcos 1.16,17). Deus não chama pessoas preguiçosas para o duro trabalho de sua Obra (Provérbios 6.6).
O Natal é tempo de trabalhar, de pagar as contas, de colocar a casa em ordem, preparar para receber visitas de parentes e amigos. Natal é tempo de trabalhar!     

                 
2- Luz
Aquela noite escura foi iluminada quando os pastores foram surpreendidos com a aparição de um anjo de Deus e “a Glória do Senhor brilhou ao redor deles”.
A luz do Natal não são as lâmpadas coloridas que enfeitam casas e praças e sim a luz de Deus que ilumina corações para amar ao seu próximo e fazer a vontade de Deus. Jesus nos ensinou que somos a luz do mundo e que esta luz deve ser exposta para iluminar o mundo, assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus” (Mateus 5.14-16).
Natal é tempo de luz!

3- Evangelização
Os pastores receberam a “boa nova” do evangelho pela primeira vez anunciando que havia nascido o “Salvador que é Cristo, o Senhor”.  Eles acreditaram naquela mensagem e confiaram no Senhor.
Como aqueles pastores fizeram, é preciso ouvir esta boa notícia e aproveitar a oportunidade para evangelizar pessoas no Natal pregando sobre a vinda do Salvador ao mundo. Muitas pessoas sabem que Jesus é o Salvador, mas ainda não o aceitaram como Senhor de suas vidas. Natal é tempo de Evangelização!

4- Sinais:
Deus mandou vários sinais para os pastores entenderem a mensagem do nascimento de Jesus, como os anjos e a luz da glória de Deus, mas o sinal orientado pelos anjos seria que encontrariam “a criança envolta em faixas e deitada numa manjedoura”. As faixas eram panos velhos e a manjedoura era um coxo de alimentar animais.
O sinal que Deus mandou para os pastores era algo muito simples e rude, quase não perceberiam se não fossem despertados para este detalhe. Muitas vezes Deus manda sinais para mostrar sua vontade em nossas vidas, mas esperamos coisas muito grandes e extraordinárias, não percebendo que Deus pode usar coisas pequenas e simples para revelar seu propósito em nossas vidas (Mateus 11.25).
Um sinal significa uma marca ou algo que aponte uma direção. No período do Natal, fique mais atento para as mínimas coisas que Deus pode permitir para manifestar em sua vida. Natal é tempo de sinais de Deus!

5- Louvor:
O ambiente daquela noite escura e fria de trabalho dos pastores foi alegrado com muito louvor. Os anjos louvaram a Deus e os pastores também glorificaram a Deus.
Não precisamos de um motivo maior para adorar ao Senhor Jesus do que sua vinda ao mundo para nos salvar. Como aqueles pastores, devemos tirar tempo para adoração, ir ao culto, cantar enquanto trabalhamos e dizer palavras de gratidão ao Senhor em todo o tempo: o seu louvor estará continuamente na minha boca” (Salmos 34.1). Se o seu Natal não é passado cultuando a Deus, então não é o verdadeiro Natal. Natal é tempo de louvar a Deus!

6- Oportunidades:
Aqueles pastores não ficaram ali parados só contemplando a beleza angelical e ouvindo as lindas melodias celestiais. Eles agiram. Dispuseram-se e caminharam até Belém para verificar o que lhes foi anunciado. Se tivessem deixado distrair por seus afazeres, teriam perdido a oportunidade de conhecer Jesus e presenciar o maior acontecimento de toda a história da humanidade.
No período do Natal, “portai-vos com sabedoria para com os que são de fora; aproveitai as oportunidades” (Colossenses 4.5) para ajudar pessoas, pedir perdão e perdoar quem te ofendeu, aproveite bem o tempo com seus familiares e principalmente adore a Deus em todo o tempo. Natal é tempo de oportunidades!

7- Reflexão:
Maria ouviu tudo o que os pastores falaram, percebeu sua alegria e admiração pelo que tinham visto e sentiu a mesma paz que transmitiam em suas palavras. Sua reação foi ficar meditando e refletindo em tudo o que ouviu.
O período do fim de ano é um tempo de “consultai no travesseiro o coração e sossegai” (Salmos 4.4). Refletir sobre tudo o que aconteceu durante o ano e meditar procurando mudar a vida, atitudes e melhorar relacionamentos.
Aproveite este tempo para pensar o que fez errado e o que deixou de fazer para melhorar a partir de agora. Natal é tempo de reflexão!
Natal é um tempo de Deus para você e sua família!

Com esta mensagem aprendemos que o tempo do Natal deve ser bem aproveitado para trabalhar, perceber a luz de Deus em nossas vidas, evangelizar pessoas anunciando que o Salvador veio ao mundo, contemplar os sinais de Deus em nossas vidas, louvar a Deus em culto de gratidão, aproveitar as oportunidades da vida para abençoar e ser abençoado e também refletir em que devemos melhorar em nosso viver para o próximo ano.

terça-feira, 28 de novembro de 2017

Igreja: Sair ou Ficar?

Para alguns, as queixas sempre circundam em relação a falta de afetividade entre irmãos da comunidade que participam, outros notam que seus pastores tem adotado uma mensagem estranha ao evangelho focada mais na prosperidade material, outros ainda tem tido uma tremenda sensação de incapacidade em relação a pressão imposta para atingir a perfeição moral, alguns enfrentam o peso de ter que sempre agradar um ou outro para ser aceito, tem de esconder o cansaço em relação a líderes exigentes, apresentam uma preocupação com a inadequação comunitária, sentem-se isolados dos grupos de expressividade dentro da igreja, e o mais comum é que muitos possuem uma insatisfação com o mal comportamento de alguns  irmãos, ou seja, gente que é machucada por causa de outros.

Alguns até dizem que pensam em se desligar de suas comunidades, mas temem não encontrar um novo círculo de amigos, temem se sentir abandonados, outros não admitem, mas não querem perder seus prestígios titulares e seus cargos, outros não aturam mais tanto engano, mas simplesmente se veem com as mãos atadas diante desse sentimento. Tomar uma decisão envolve muita coisa, muita gente, e nem sempre sabemos por onde andar. Sair ou ficar?

Antes de tomar qualquer decisão, precisamos lembrar que uma igreja não pode ser julgada apenas por causa do comportamento de alguns ou de determinado pastor e líder. É comum querermos botar a culpa do nosso desapontamento pessoal no erro do outro. Lembremo-nos de que Jesus jamais disse que deveríamos procurar relações para sermos amados, mas nos mandou amar e perdoar ativamente, inclusive os que nos chateiam. Amar quem nos ama é fácil, mas amar na dificuldade é um milagre de Deus
Se procuramos uma comunidade somente para nos sentir bem o tempo todo, estamos na verdade atrás de “produto religioso” e acabamos nos relacionando com a igreja de forma comercial, ou seja, a única coisa que nos liga a nossa igreja é um interesse pessoal.  A igreja não é um ambiente neutro. Amar não implica em buscar a satisfação pessoal, mas sim em participar da promoção do bem comum.

Desistir de ir na igreja simplesmente porque “não concordamos com atitudes de alguns” é abandonar os demais irmãos nas mãos dos lobos da religião. Se identificamos que estamos sendo enganados por uma liderança inescrupulosa, precisamos sim nos posicionar em relação a isso. Sair da igreja sem se posicionar é ter a mesma indiferença em relação aos demais.

Outro ponto importante é saber que o espírito de indiferença, de egoísmo, de falta de sensibilidade é algo que é proveniente da natureza do ser humano, não é uma exclusividade dos ambientes religiosos, mas todos os lugares que pisamos, vamos encontrar algo do tipo. Examinar ou abandonar?

Agora, isso não quer dizer que devemos aturar certas deturpações do evangelho. Quanto ao conteúdo da mensagem, o que creio que não dá para tolerar é uma igreja que está mais preocupada com a doutrina do que com as pessoas, onde o líder é absoluto e autoritário. Uma igreja onde fala-se mais de demônios que de Deus, que fala mais de dinheiro e prosperidade que de novo nascimento e da nova vida com Cristo. Uma igreja que está mais preocupada com a punição e disciplina dos “rebeldes” do que com o ensino maduro da palavra. Comunidades onde não se ouve do púlpito as mensagens que falam sobre graça, amor, cruz, Jesus, vida nova, perdão, que fica exigindo coisas de Deus por meio da troca do tipo orar mais para obter mais, jejuar mais para arrancar bênção, fazer sacrifícios para trocar coisas com Deus.

Uma liderança que não dá a liberdade e fica ameaçando de perder a salvação se não for ao culto, não der o dizimo, não fazer isso ou aquilo. Uma igreja que o pastor tem dificuldade em reconhecer seus erros e falhas e tem medo de expor suas fraquezas perante a comunidade, mas que se empenha em ter títulos como apóstolo, bispo, reverendo e não aceita ser chamado pelo nome.

Desistir da igreja é desistir do outro. Não podemos confundir o caráter falho dos seres humanos com o caráter perfeito de Deus. Nosso convívio em comunidade depende de entendermos que também fazemos parte do corpo. Quanto aos problemas relacionados a nós, a única forma de resolver é ser parte da solução também, sentar, conversar e, em amor, examinar. Que o Senhor nos dê a graça de identificar a sua vontade, que seu amor nos alivie o peso, e que a consciência de Cristo nos ajude a discernir e decidir.
Murilo leal

domingo, 26 de novembro de 2017

Formas Litúrgicas de Adoração a Deus

A diaconisa Cida durante o culto na ministração do louvor começa a chorar, a se quebrantar completamente na presença de Deus, e sente em seu interior de ajoelhar ali onde ela estava. Já a Fernanda durante a pregação da Palavra sentiu uma vontade imensa de profetizar na vida de um irmão da congregação, ficou de pé e começou a falar o que o Senhor tinha dito a ela interrompendo a mensagem do pastor. Alguns irmãos ao término do culto falavam sobre a atitude de Fernanda, uns ficaram entristecidos, pois não puderem ouvir o pastor terminar de pregar, outros a defendiam dizendo apenas que era uma forma a qual ela adorava e se expressava utilizando os dons do Espírito. E o que você acha dessa história? Bem, é isso que vamos abordar na postagem de hoje: a forma que cada um tem de adorar; e se todos os jeitos agradam ao Senhor ou não.


Com certeza você já ouvir alguém justificar uma situação dizendo: “ah, mas cada pessoa tem seu jeito de adorar!”. Em certa parte eu até concordo, pois há estilos diferentes em que alguém pode expressar adoração ao nosso Deus. O problema dessa frase é generalizar, até porque existem várias formas de expressão, porém há uma forma certa como também há uma forma errada de prestar adoração, como está escrito:

“Por isso sejamos agradecidos, pois já recebemos um Reino que não pode ser abalado. Sejamos agradecidos e adoremos a Deus de um modo que o agrade, com respeito e temor.” (Hb. 12.28)

1) Cantar.

Existem pessoas que acham que adoração é apenas entoar hinos ao Senhor, e não é bem assim. Cantar é apenas uma das formas de adoração ao Rei dos reis. Jesus afirmou para a mulher samaritana: “No entanto, está chegando a hora, e de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. São estes os adoradores que o Pai procura.” (Jo 4.23). Isso significa quem temos de entoar louvores em espírito (que é cantar com consciência, analisando a letra da canção, e não cantando da boca pra fora) e em verdade (que é cantar canções baseadas na verdade das Escrituras). Se você canta, mas não faz isso de coração para Deus, Ele não receberá a sua adoração. E é importante ficar antenada, pois nem toda música gospel agrada ao Senhor.

“Darei graças ao Senhor por sua justiça; Ao nome do Senhor Altíssimo cantarei louvores.” (Salmos 7.17)

2) Tocar instrumentos musicais.

O som que sai dos instrumentos musicais quando você o toca (sabendo tocar) é um louvor agradável a Deus; além de também ajudar a todas as pessoas durante o culto a ficarem no ritmo e terem harmonia.

“Louvem-no ao som de trombeta, louvem-no com a lira e a harpa.” (Salmos 150.3)

3) Ajoelhar-se.

Uma forma de se render ao Pai é ficar de joelhos, seja para entoar cânticos, seja para orar. Ao chegar a igreja a primeira coisa que se faz é ajoelhar no banco e orar ao Senhor, pois essa é uma forma de reverência a Ele. E não fique tímida ao sentir o Espírito Santo lhe tocar para que fique ajoelhada diante dEle no momento da oração ou dos louvores. É importante destacar que a oração não é somente de joelhos (At 20.36), mas pode ser em pé (Lc 18.13), sentado, etc.

“Venham, fiquemos de joelhos e adoremos o Senhor. Vamos nos ajoelhar diante do nosso Criador.” (Salmos 95.6)

4) Prostrar-se.

Ajoelhar e prostrar não são a mesma coisa? NÃO! Quando você se prostra fica literalmente com a boca no pó, curvando-se ao único que é digno de receber adoração. Dessa mesma forma você pode orar a Ele.

“Anunciem a glória de Deus; curvem-se diante do Senhor, o Santo Deus, quando ele aparecer.” (Salmos 29.2)

5) Erguer as mãos.

Não importa se é erguer as mãos completamente, esticar o braço e apontar o dedo para cima, erguer as mãos até certo ponto; tudo isso é erguer as mãos. É um gesto que expressa algo profundo do coração humano, apresentando uma súplica a Deus.

“Seja a minha oração como incenso diante de ti, e o levantar das minhas mãos, como a oferta da tarde.” (Salmos 141.2)

6) Júbilo.

Essa é uma palavrinha difícil de ser compreendida, mas vou tentar explicar... Júbilo é fazer ruídos de alegria, ter grande alegria, dar grito de alegria. Na prática funciona da seguinte maneira: Quando alguém diz “glória a Deus”, “aleluia” e “amém”, ela está expressando sua alegria concordando com algo dito ou cantado; e respectivamente estas palavras querem dizer, dar honra a Deus; louvem a Deus; assim seja. Outra forma de expressar júbilo é falando em línguas estranhas, o que a Bíblia diz serem cânticos espirituais (Ef 5.19), ou seja, vindo do Espírito Santo. Vale lembrar que há uma enorme diferença entre uma mensagem em línguas estranhas e falar línguas estranhas (e quem sabe um dia eu faço uma postagem explicando melhor esse assunto); a mensagem em línguas quando dita dentro do ambiente da congregação deve ser seguida por interpretação (1 Co 14.27,28), já o falar em línguas sendo uma forma de júbilo não precisa de interpretação (1 Co 14.2). Quando você dá gritos de júbilo ao Senhor, até os que não são cristãos reconhecem que Ele fez grandes coisas por você (Sl 126.2). Entretanto, essa coisa de “rir no Espírito” e o povo ficar dando gargalhada, não é júbilo e nem unção, é “invencionice” do ser humano e, portanto, uma desonra a Deus.

“Louvai a Deus com brados de júbilo, todas as terras.” (Salmos 66.1)

7) Bater palmas.

Há algumas igrejas que não batem palmas, mas isso é questão de doutrina da denominação. Porém, não há problema algum em bater palma contanto que façam da maneira correta. Você pode bater palmas no acompanhamento de músicas, sim. E no final de um louvor? É errado aplaudir quando alguém encerra um louvor ou uma pregação, seja lá o que for, na verdade o correto seria você erguer as suas mãos até que ela fique acima de sua cabeça e bater palmas, pois isso indica que a glória é para o Senhor e não para a pessoa. Você também pode bater palmas quando é impulsionado pelo Espírito Santo.

“Batei palmas, todos os povos; aclamai a Deus com voz de júbilo.” (Salmos 47.1)

8) Pular.

Não, não é pular quando a música diz “diante de Ti dá vontade de pular”, não tem nada a ver com esse pular. Sabe quando você está tão sintonizado com o Pai que dá aquela vontade de dar uns pulos glorificando a Deus? Esse é o pular bíblico, é saltar da presença do Senhor.

“Em ti me alegrarei e saltarei de prazer; cantarei louvores ao teu nome, ó Altíssimo.” (Salmos 9.2)

9) Dançar.

Às vezes pode sentir um grande mover do Espírito que dá vontade de se expressar dançando, e pode fazer isso contanto que não atrapalhe adoração dos irmãos. Sobre dançar como forma de adorar ao Senhor, aconselho que sempre seja uma exceção, porque como disse acima não se deve atrapalhar adoração alheia. Será que você fazendo isso, as pessoas colocarão os olhos em você? Se sim, então não faça em ambiente de culto na igreja, apenas na sua intimidade com Deus em casa.

“Louvem eles o seu nome com danças; ofereçam-lhe música com tamborim e harpa.” (Salmos 149.3)

10) Chorar.

A presença de Deus é tão intensa que nós nos quebrantarmos completamente e lágrimas rolam em nossa face. O chorar diante dEle não é algo teatral, forçado, nem mesmo carnal, pelo contrário, é algo espontâneo, espiritual. Por que choramos? Choramos por causa do nosso próprio pecado, isto é, em arrependimento ao Senhor (Jl 2.12); assim como choramos pelo pecado dos outros (exemplo: a violência no mundo). O choro de arrependimento produz conforto vindo de Deus. É por esta razão que Jesus disse: “Bem-aventurados os que choram, pois serão consolados.” (Mt 5.4). Existem muitas pessoas que não conseguem chorar na presença dEle por causa da dureza do coração, a conformidade com o pecado e até mesmo a presunção da misericórdia (aquele pensamento: vou pecar, e depois peço perdão a Deus, Ele vai me perdoar mesmo...).

“Aquele que sai chorando enquanto lança a semente, voltará com cantos de alegria, trazendo os seus feixes.” (Salmos 126.6)

Tudo o que foi escrito nesta postagem está relacionada à forma de adoração dentro do culto, com a liberdade de expressões. Entretanto, não é só dentro da igreja que adoramos ao Senhor. Rendemos adoração a Deus com a nossa própria vida, obedecendo aos mandamentos dEle.

Lembra da atitude da Fernanda no começo da postagem? Ela teve uma boa intenção, porém deveria esperar a pregação terminar para profetizar não interrompendo o pastor. O que aprendemos com isso? Não importa se intenção é boa, o que importa é o respeito e temor ao Senhor. Lembra de Uzá? Os soldados de Israel carregaram a arca da aliança num carro de bois, certo momento os bois tropeçaram e Uzá estendeu a mão para não deixar a arca da aliança cair no chão, e no mesmo momento o Senhor o matou pela falta de respeito de Uzá para com Ele (2 Sm 6.1-8). A intenção dele era boa, mas mesmo assim Deus não se agradou.

Para finalizar, deixo um versículo para meditação: “Mas tudo deve ser feito com decência e ordem.” (1 Coríntios 14.40) 

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

O Outono da Vida


Já fui jovem e agora sou velho, mas nunca vi o justo desamparado (Sl 37.25). 

Chegou o outono! Foi-se o verde das árvores anunciando que o esplendor do clima já declinou no relógio do tempo. Há muitos que vivem o outono da vida. É a estação da coragem, transformação, mudança. São transformações necessárias para nos preparamos para os invernos que vamos viver. 

No outono de nossas vidas, muitas vezes vivenciamos mudanças que temos dificuldade em assimilar. É interessante ver o quanto essas transformações podem ser bem-vindas se não ficarmos presos ao medo das folhas que caem. Uma metáfora, claro, sobre as transformações que vão ocorrendo em nosso corpo e a percepção de que não somos mais tão jovens. Mas, tempo nos dá sabedoria para atravessar a vida. 

A velhice de quem teme a Deus é compensadora, não um período de angustia, depressão, magoa e separação, mas um período de paz, de sossego, de reflexão, de sonhos, de realizações, de experiências passadas a geração nova que se levanta para continuar a obra. 

Salomão, em sua velhice, escreveu um dos mais belos livros da Bíblia: Eclesiastes (o que prova que os velhos podem continuar sendo úteis). E em Eclesiastes 12:1 o velho sábio diz: “Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais dirás: Não tenho neles prazer” 

Salomão está dizendo, em outras palavras: “Lembra-te de Deus enquanto és jovem e forte, enquanto tens saúde e entusiasmo. Lembra-te de Deus antes que venham as dores reumáticas, as enxaquecas, os achaques da velhice. Antes que venham os maus dias e cheguem os anos dos quais dirás: Acabou-se a alegria” 

Pois, envelhecer não é caminhar no tempo, mas estacionar nele, pois na verdade "as pessoas não ficam velhas. Quando param de crescer é que envelhecem."

sábado, 18 de novembro de 2017

O Natal está chegando...

Em todos os Natais, quando celebramos o nascimento de Jesus, não fiquemos apenas pensando no pequeno e indefeso bebê na manjedoura. Jesus é o Senhor, o Rei de todos os reis, que em breve voltará triunfante. É para esse acontecimento grandioso que devemos direcionar nossa atenção.

Jesus é a prometida Luz, a brilhante Estrela da Manhã, da qual os profetas falaram: “O povo que andava em trevas viu grande luz, e aos que viviam na região da sombra da morte, resplandeceu-lhes a luz” (Is 9.2)

Onde ainda impera a escuridão do pecado, a luz da Sua graça pode iluminar cada recanto. Ele mesmo diz em João 8.12: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida”

Hoje, mais do que nunca, Jesus envia pessoas que levam mundo afora a clara luz do Evangelho, mensageiras da paz àqueles que vivem angustiados por seus pecados ainda não perdoados. O poder das trevas se levanta e tenta impedir que a luz avance e que o plano de paz divino se concretize em muitos corações. Mas Jesus é o Vencedor! Coloquemo-nos do Seu lado! O que Isaías ouviu Deus dizer a respeito de Seu Filho Jesus irá se cumprir integralmente: “Pouco é seres meu servo, para restaurares as tribos de Jacó e tornares a trazer os remanescentes de Israel; também te dei como luz para os gentios, para seres a minha salvação até à extremidade da terra” (Is 49.6). Logo, Zacarias 2.10 é válido também para nós e podemos nos alegrar juntamente com Israel: “Canta e exulta, ó filha de Sião, porque eis que venho e habitarei no meio de ti, diz o Senhor”. Nossa alegria será plena quando virmos Israel se alegrando conosco pela volta de Jesus.

O Natal deste ano poderá ser um Natal muito feliz, apesar das dificuldades e problemas, para todos os que experimentaram o perdão dos pecados através do sangue de Cristo. Em Jesus, desejo a você um Natal de genuína alegria, com as bênçãos de Deus! (Burkhard Vetsch )

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Brincando de Religião

Nas nossas Bíblias, Malaquias é o último livro do Antigo Testamento. O nome deste profeta quer dizer “meu mensageiro”, significado que bem descreve sua missão de comunicar uma das últimas mensagens do Senhor ao seu povo antes da chegada de Jesus Cristo. Malaquias foi escrito aproximadamente 400 anos a.C., mais ou menos um século depois da volta dos judeus do cativeiro na Babilônia.

Neste livro, o profeta trata de alguns dos mesmos problemas enfrentados pelos seus contemporâneos: Esdras e Neemias. Malaquias combateu a negligência e a hipocrisia, mesmo dos líderes religiosos. Confrontou o desprezo demonstrado pelo povo dos princípios divinos para o casamento. Criticou a mesquinharia de um povo que se preocupava com seu próprio bem-estar material enquanto negligenciava suas responsabilidades para com Deus.

Malaquias inclui, porém, uma mensagem esperançosa que olha para a vinda do Messias. Este profeta, como Isaías havia feito 300 anos antes, falou da vinda de João Batista para preparar o caminho do Cristo. Ele comparou João a Elias, um profeta do Antigo Testamento com algumas características parecidas.

Este pequeno livro trata dos seguintes assuntos:

Capítulo 1 chama atenção do povo judeu por não ter retribuído ao Senhor a honra e amor que ele merece. Especialmente, Deus condena as práticas dos sacerdotes que deveriam ter dado para Deus as primícias, mas ofereciam sacrifícios inferiores.

Capítulo 2 continua a crítica dos líderes religiosos, mostrando sua negligência em abandonar as obrigações dos descendentes de Levi e mostrar a santidade diante do Senhor e instruir o povo sobre a grandeza de Deus. No mesmo capítulo encontramos uma das mais fortes repreensões na Bíblia da prática do divórcio, comparando a quebra desta aliança à violência. Esta infidelidade é motivo do Senhor rejeitar a adoração das pessoas que não cumpriram seus votos matrimoniais.

Capítulo 3 prediz a vinda de um mensageiro para preparar o caminho do Senhor, uma profecia aplicada a João Batista e seu trabalho como precursor de Jesus. Neste capítulo, também, ele fala de um problema nas práticas religiosas da época, criticando os judeus que não davam os dízimos que a lei do Antigo Testamento exigia.

Capítulo 4 encerra o livro como uma nota final de esperança para o povo do Senhor. Comenta de novo do mensageiro que ajudaria o povo a voltar e se converter ao Senhor para evitar a rejeição total.
O livro de Malaquias é citado com grande frequência nas pregações dos dias atuais. Os defensores da teologia da prosperidade frisam alguns versículos, especialmente a ordem de Deus sobre os dízimos em Malaquias 3:10, para ensinar que as pessoas que dão o dízimo com fidelidade serão abençoadas materialmente. O aluno cuidadoso perceberá o erro deste argumento, pois a ordem e a promessa de Malaquias fazem parte do sistema do Velho Testamento, uma aliança temporária entre Deus e o povo judeu.

Nas passagens do Novo Testamento que falam sobre o dinheiro das igrejas, encontramos instruções de dar conforme a prosperidade de cada um, sem estipular uma porcentagem obrigatória (1 Coríntios 16:2; 2 Coríntios 9:7).


Se vamos aproveitar alguma lição de Malaquias para as igrejas de hoje, ajudaria refletir sobre o princípio ensinado no primeiro capítulo do livro. Quando Deus viu a falta de santidade e de dedicação por parte dos adoradores daquela época, ele falou que seria bom se alguém fechasse as portas do templo para não permitir a adoração insincera (Malaquias 1:10). Em outras palavras, ele pediu para parar de brincar de religião. Ou faça o certo, ou feche as portas!   Dennis Allan

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Onde Estão os Finados?

Dia de finados é um termo mais suave para dia dos mortos. O que a Bíblia, a Palavra de Deus, diz a respeito dos mortos, que também chamarei de finados, neste artigo? Um texto claro e objetivo sobre eles é Hebreus 9.27,28: “E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo, assim também Cristo, oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação”. Segundo essa passagem do Novo Testamento, está ordenado que os seres humanos morram uma vez e compareçam ante o Justo Juiz. Mas isso não quer dizer que, imediatamente após a morte, as pessoas são levadas a um julgamento.

O que acontece com os finados entre a morte e o Juízo Final? Embora a vida após a morte ainda seja um mistério, a Palavra de Deus nos apresenta detalhes importantes a respeito desse estado intermediário. Todas as pessoas, ao morrerem — sejam as salvas em Cristo, sejam as perdidas por rejeitarem ao Salvador (cf. Jo 3.16) —, ficam sob o controle de Deus (Ec 12.7; Mt 10.28; Lc 23.46). Os salvos em Cristo são levados ao Paraíso, no Céu (Fp 1.23; 2 Co 5.8; 1 Pe 3.22). E os perdidos, ímpios, vão para o Hades (hb. sheol), que não é a sepultura, e sim um lugar de tormentos (Sl 139.8; Pv 15.24; Lc 16.23).

Nos tempos do Antigo Testamento, Paraíso — por assim dizer — e Hades ficavam numa mesma região. E eram separados por um abismo separador, intransponível (Lc 16.19-31). Ao morrer na cruz, Jesus desceu em espírito a essa região e transportou de lá os salvos para o terceiro Céu (cf. Mt 16.18, Lc 23.43, Ef 4.8,9; 2 Co 12.1-4). Quanto aos ímpios, permanecem no Hades (uma espécie de antessala do Inferno), o qual não deixa de ser “um inferno”, um lugar de tormentos para a alma (Lc 16.23).

Conquanto, em algumas passagens da Bíblia, o vocábulo grego hades tenha sido traduzido por “inferno”, o Hades e o Inferno final não são o mesmo lugar. O Inferno final é chamado de Lago de Fogo (Ap 20.14,15 [gr. limnem ton puros]); de “fogo eterno” (Mt 25.41 [gr. pur to aiõnion]); de “tormento eterno” (v. 46 [gr. kolasin aiõnion]); e de Geena (5.22; 10.28; Lc 12.5).

Diferentemente do Hades, o Inferno final está vazio. Ele começará a ser povoado quando Cristo voltar em poder e grande glória e lançar o Anticristo e o Falso Profeta no Geena, inaugurando-o (Zc 14.4; Ap 19.20). Em seguida, os condenados do Julgamento das Nações irão para “o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos”, “o tormento eterno” (Mt 25.41,46). Mais tarde, será a vez do Diabo e seus anjos conhecerem o lugar para eles preparado (Ap 20.10). E, finalmente, após o Juízo Final, todos os ímpios estarão reunidos no Inferno final (Ap 20.15; 21.8).

Em Apocalipse 20.13 está escrito que o mar dará os mortos que nele há. E Jesus também afirmou que “vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz” (Jo 5.28). Onde quer que estiverem, os pecadores ressuscitarão para comparecer diante do Trono Branco. Segundo a Palavra de Deus, a morte (gr. thanatos) e o inferno (gr. hades) darão os seus mortos, os quais, após o Juízo Final, serão lançados no Lago de Fogo.

O vocábulo “morte”, em Apocalipse 20.13,14, tem sentido figurado. Trata-se de uma metonímia — figura de linguagem expressa pelo emprego da causa pelo efeito ou do símbolo pela realidade —, numa alusão a todos os corpos de ímpios, oriundos de todas as partes da Terra, seja qual for a condição deles. Há pessoas cujos corpos foram cremados; outras morreram em decorrência de grandes explosões, etc. Todas terão os seus corpos reconstituídos para que, em seu estado tríplice (pleno), espírito + alma + corpo (cf. 1 Ts 5.23), compareçam perante o Juiz. Entretanto, para que os ímpios compareçam ao Juízo Final em seu estado pleno, acontecerá a reunião de espírito, alma e corpo, os quais se separam na morte. Daí a menção de que “a morte” e também “o inferno” darão os seus mortos (Ap 20.13). Aqui, “inferno” é hades, também empregado de forma metonímica. A “morte” dará o corpo. E o “Hades”, a parte que não está neste mundo físico, isto é, a alma (na verdade, alma + espírito). Com base no que foi dito acima, podemos entender melhor a frase “a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo” (Ap 20.14). Isso denota que os corpos e as almas dos perdidos — que saíram do lugar onde estavam e foram reunidos na “segunda ressurreição”, a da condenação (Jo 5.29b) —, depois de ouvirem a sentença do Justo Juiz, serão lançados no Inferno propriamente dito, o Lago de Fogo.

Segue-se que a frase “a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo” tem uma correlação com o que Jesus disse em Mateus 10.28: “Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno [geena] tanto a alma como o corpo” (ARA). Ou seja, as almas (“o Hades”) e os corpos (“a morte”) serão lançados no Geena. E quanto aos que têm morrido salvos, em Cristo? Graças a Deus, nenhuma condenação há para eles (Rm 8.1). Serão julgados também, é evidente, logo após o Arrebatamento da Igreja, mas apenas para efeito de galardão (Rm 14.10; Ap 22.12). Depois da ressurreição dos que morreram em Cristo, nunca mais haverá morte, o último inimigo a ser vencido (1 Co 15.26). Apesar de já se encontrarem na presença de Deus, os salvos mortos em Cristo ainda não estão desfrutando do gozo pleno preparado para eles. Isso só acontecerá depois da ressurreição (1 Co 15.51). Seu estado agora é similar ao daqueles mártires que morrerão na Grande Tribulação (Ap 6.9-11). Esta passagem e a de Lucas 16.25 indicam que, no Paraíso, os salvos são consolados, repousam, estão conscientes e se lembram do que aconteceu na Terra (Ap 14.13). Contudo, após o Arrebatamento, estarão — no sentido pleno — “sempre com o Senhor” (1 Ts 4.17).

Em 1 Tessalonicenses 3.13 está escrito: “que sejais irrepreensíveis em santidade diante de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, com todos os seus santos”. Isso significa que os santos, de todas as épocas, que estão com o Senhor, no Paraíso, virão com Ele, no Arrebatamento da Igreja. Em outras palavras, o espírito e a alma (ou espírito + alma) deles se juntarão aos seus corpos, na Terra, para a ressurreição, num abrir e fechar de olhos (1 Co 15.50-52).


Consolemo-nos com essas palavras (1 Ts 4.18). Aleluia! “Ora, vem, Senhor Jesus” (Ap 22.20). 

Ciro Sanches Zibordi

terça-feira, 31 de outubro de 2017

REFORMA PROTESTANTE X DIA DAS BRUXAS: A necessidade urgente do discernimento Cristão.

Embora haja várias controvérsias sobre datas exatas, é senso comum de que MARTINHO LUTERO,  afixou suas 95 teses no Castelo de Winttenberg no dia 31 de outubro de 1517. Tradicionalmente este mês e este dia era comemorado como o dia da REFORMA PROTESTANTE.  Mas por que usar o verbo no passado? Por causa da batalha que as forças das trevas tem travado contra os cristãos, utilizando da influência sutil para que neste mês seja comemorado o DIA DAS BRUXAS.

Basta vermos o movimento que se cria em torno desta data, mormente nas escolas primárias e secundárias. Uma aceitação sem discernimento da cultura americana, mas mais do que isto, uma frente de batalha que se apresenta neste continente. Esta guerra se deve em muito a falta de hábito de estudo bíblico, a ausência de doutrinas sadias na igreja que lamentavelmente vem abrindo brechas no muro para que as influências satânicas sejam eficientes no seio de seu rebanho. Seria isto uma ausência de falta de cultura bíblica dos responsáveis pelo Povo de Deus, que pensa ser o rebanho uma fonte de lucros? Ou seria um rebanho preguiçoso que se preocupa somente em receber ensino bíblico em pequenas colheradas aos domingos?

Fato é que, este evento de singular importância para o Povo cristão está sendo esquecido e deixado de lado. Bruxas e duendes estão tomando o lugar de uma comemoração que deveria ser motivo de festas e debates no meio evangélico.

 Vamos portanto começar por lembrar   as 95 teses e depois ao longo da semana discorrer sobre este alerta para a Igreja, principalmente a Igreja  Cristã Brasileira.

95 TESES:

1 Ao dizer: "Fazei penitência", etc. [Mt 4.17], o nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo quis que toda a vida dos fiéis fosse penitência.
2 Esta penitência não pode ser entendida como penitência sacramental (isto é, da confissão e satisfação celebrada pelo ministério dos sacerdotes).
3 No entanto, ela não se refere apenas a uma penitência interior; sim, a penitência interior seria nula, se, externamente, não produzisse toda sorte de mortificação da carne.
4 Por conseqüência, a pena perdura enquanto persiste o ódio de si mesmo (isto é a verdadeira penitência interior), ou seja, até a entrada do reino dos céus.
5 O papa não quer nem pode dispensar de quaisquer penas senão daquelas que impôs por decisão própria ou dos cânones.
6 O papa não pode remitir culpa alguma senão declarando e confirmando que ela foi perdoada por Deus, ou, sem dúvida, remitindo-a nos casos reservados para si; se estes forem desprezados, a culpa permanecerá por inteiro.
7 Deus não perdoa a culpa de qualquer pessoa sem, ao mesmo tempo, sujeitá-la, em tudo humilhada, ao sacerdote, seu vigário.
8 Os cânones penitenciais são impostos apenas aos vivos; segundo os mesmos cânones, nada deve ser imposto aos moribundos.
9 Por isso, o Espírito Santo nos beneficia através do papa quando este, em seus decretos, sempre exclui a circunstância da morte e da necessidade.
10 Agem mal e sem conhecimento de causa aqueles sacerdotes que reservam aos moribundos penitências canônicas para o purgatório.
11 Essa erva daninha de transformar a pena canônica em pena do purgatório parece ter sido semeada enquanto os bispos certamente dormiam.
12 Antigamente se impunham as penas canônicas não depois, mas antes da absolvição, como verificação da verdadeira contrição.
13 Através da morte, os moribundos pagam tudo e já estão mortos para as leis canônicas, tendo, por direito, isenção das mesmas.
14 Saúde ou amor imperfeito no moribundo necessariamente traz consigo grande temor, e tanto mais, quanto menor for o amor.
15 Este temor e horror por si sós já bastam (para não falar de outras coisas) para produzir a pena do purgatório, uma vez que estão próximos do horror do desespero.
16 Inferno, purgatório e céu parecem diferir da mesma forma que o desespero, o semi desespero e a segurança.
17 Parece desnecessário, para as almas no purgatório, que o horror diminua na medida em que cresce o amor.
18 Parece não ter sido provado, nem por meio de argumentos racionais nem da Escritura, que elas se encontram fora do estado de mérito ou de crescimento no amor.
19 Também parece não ter sido provado que as almas no purgatório estejam certas de sua bem-aventurança, ao menos não todas, mesmo que nós, de nossa parte, tenhamos plena certeza.
20 Portanto, sob remissão plena de todas as penas, o papa não entende simplesmente todas, mas somente aquelas que ele mesmo impôs.
21 Erram, portanto, os pregadores de indulgências que afirmam que a pessoa é absolvida de toda pena e salva pelas indulgências do papa.
22 Com efeito, ele não dispensa as almas no purgatório de uma única pena que, segundo os cânones, elas deveriam ter pago nesta vida.
23 Se é que se pode dar algum perdão de todas as penas a alguém, ele, certamente, só é dado aos mais perfeitos, isto é, pouquíssimos.
24 Por isso, a maior parte do povo está sendo necessariamente ludibriada por essa magnífica e indistinta promessa de absolvição da pena.
25 O mesmo poder que o papa tem sobre o purgatório de modo geral, qualquer bispo e cura tem em sua diocese e paróquia em particular.
26 O papa faz muito bem ao dar remissão às almas não pelo poder das chaves (que ele não tem), mas por meio de intercessão.
27 Pregam doutrina humana os que dizem que, tão logo tilintar a moeda lançada na caixa, a alma sairá voando [do purgatório para o céu].
28 Certo é que, ao tilintar a moeda na caixa, podem aumentar o lucro e a cobiça; a intercessão da Igreja, porém, depende apenas da vontade de Deus.
29 E quem é que sabe se todas as almas no purgatório querem ser resgatadas? Dizem que este não foi o caso com S. Severino e S. Pascoal.
30 Ninguém tem certeza da veracidade de sua contrição, muito menos de haver conseguido plena remissão.
31 Tão raro como quem é penitente de verdade é quem adquire autenticamente as indulgências, ou seja, é raríssimo.
32 Serão condenados em eternidade, juntamente com seus mestres, aqueles que se julgam seguros de sua salvação através de carta de indulgência.
33 Deve-se ter muita cautela com aqueles que dizem serem as indulgências do papa aquela inestimável dádiva de Deus através da qual a pessoa é reconciliada com Deus.
34 Pois aquelas graças das indulgências se referem somente às penas de satisfação sacramental, determinadas por seres humanos.
35 Não pregam cristãmente os que ensinam não ser necessária a contrição àqueles que querem resgatar ou adquirir breves confessionais.
36 Qualquer cristão verdadeiramente arrependido tem direito à remissão pela de pena e culpa, mesmo sem carta de indulgência.
37 Qualquer cristão verdadeiro, seja vivo, seja morto, tem participação em todos os bens de Cristo e da Igreja, por dádiva de Deus, mesmo sem carta de indulgência.
38 Mesmo assim, a remissão e participação do papa de forma alguma devem ser desprezadas, porque (como disse) constituem declaração do perdão divino.
39 Até mesmo para os mais doutos teólogos é dificílimo exaltar perante o povo ao mesmo tempo, a liberdade das indulgências e a verdadeira contrição.
40 A verdadeira contrição procura e ama as penas, ao passo que a abundância das indulgências as afrouxa e faz odiá-las, pelo menos dando ocasião para tanto.
41 Deve-se pregar com muita cautela sobre as indulgências apostólicas, para que o povo não as julgue erroneamente como preferíveis às demais boas obras do amor.
42 Deve-se ensinar aos cristãos que não é pensamento do papa que a compra de indulgências possa, de alguma forma, ser comparada com as obras de misericórdia.
43 Deve-se ensinar aos cristãos que, dando ao pobre ou emprestando ao necessitado, procedem melhor do que se comprassem indulgências.
44 Ocorre que através da obra de amor cresce o amor e a pessoa se torna melhor, ao passo que com as indulgências ela não se torna melhor, mas apenas mais livre da pena.
45 Deve-se ensinar aos cristãos que quem vê um carente e o negligencia para gastar com indulgências obtém para si não as indulgências do papa, mas a ira de Deus.
46 Deve-se ensinar aos cristãos que, se não tiverem bens em abundância, devem conservar o que é necessário para sua casa e de forma alguma desperdiçar dinheiro com indulgência.
47 Deve-se ensinar aos cristãos que a compra de indulgências é livre e não constitui obrigação.
48 Deve-se ensinar aos cristãos que, ao conceder indulgências, o papa, assim como mais necessita, da mesma forma mais deseja uma oração devota a seu favor do que o dinheiro que se está pronto a pagar.
49 Deve-se ensinar aos cristãos que as indulgências do papa são úteis se não depositam sua confiança nelas, porém, extremamente prejudiciais se perdem o temor de Deus por causa delas.
50 Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa soubesse das exações dos pregadores de indulgências, preferiria reduzir a cinzas a Basílica de S. Pedro a edificá-la com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas.
51 Deve-se ensinar aos cristãos que o papa estaria disposto - como é seu dever - a dar do seu dinheiro àqueles muitos de quem alguns pregadores de indulgências extraem ardilosamente o dinheiro, mesmo que para isto fosse necessário vender a Basílica de S. Pedro.
52 Vã é a confiança na salvação por meio de cartas de indulgências, mesmo que o comissário ou até mesmo o próprio papa desse sua alma como garantia pelas mesmas.
53 São inimigos de Cristo e do papa aqueles que, por causa da pregação de indulgências, fazem calar por inteiro a palavra de Deus nas demais igrejas.
54 Ofende-se a palavra de Deus quando, em um mesmo sermão, se dedica tanto ou mais tempo às indulgências do que a ela.
55 A atitude do papa é necessariamente esta: se as indulgências (que são o menos importante) são celebradas com um toque de sino, uma procissão e uma cerimônia, o Evangelho (que é o mais importante) deve ser anunciado com uma centena de sinos, procissões e cerimônias.
56 Os tesouros da Igreja, dos quais o papa concede as indulgências, não são suficientemente mencionados nem conhecidos entre o povo de Cristo.
57 É evidente que eles, certamente, não são de natureza temporal, visto que muitos pregadores não os distribuem tão facilmente, mas apenas os ajuntam.
58 Eles tampouco são os méritos de Cristo e dos santos, pois estes sempre operam, sem o papa, a graça do ser humano interior e a cruz, a morte e o inferno do ser humano exterior.
59 S. Lourenço disse que os pobres da Igreja são os tesouros da mesma, empregando, no entanto, a palavra como era usada em sua época.
60 É sem temeridade que dizemos que as chaves da Igreja, que lhe foram proporcionadas pelo mérito de Cristo, constituem este tesouro.
61 Pois está claro que, para a remissão das penas e dos casos, o poder do papa por si só é suficiente.
62 O verdadeiro tesouro da Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus.
63 Este tesouro, entretanto, é o mais odiado, e com razão, porque faz com que os primeiros sejam os últimos.
64 Em contrapartida, o tesouro das indulgências é o mais benquisto, e com razão, pois faz dos últimos os primeiros.
65 Por esta razão, os tesouros do Evangelho são as redes com que outrora se pescavam homens possuidores de riquezas.
66 Os tesouros das indulgências, por sua vez, são as redes com que hoje se pesca a riqueza dos homens.
67 As indulgências apregoadas pelos seus vendedores como as maiores graças realmente podem ser entendidas como tal, na medida em que dão boa renda.
68 Entretanto, na verdade, elas são as graças mais ínfimas em comparação com a graça de Deus e a piedade na cruz.
69 Os bispos e curas têm a obrigação de admitir com toda a reverência os comissários de indulgências apostólicas.
70 Têm, porém, a obrigação ainda maior de observar com os dois olhos e atentar com ambos os ouvidos para que esses comissários não preguem os seus próprios sonhos em lugar do que lhes foi incumbido pelo papa.
71 Seja excomungado e maldito quem falar contra a verdade das indulgências apostólicas.
72 Seja bendito, porém, quem ficar alerta contra a devassidão e licenciosidade das palavras de um pregador de indulgências.
73 Assim como o papa, com razão, fulmina aqueles que, de qualquer forma, procuram defraudar o comércio de indulgências,
74 muito mais deseja fulminar aqueles que, a pretexto das indulgências, procuram defraudar a santa caridade e verdade.
75 A opinião de que as indulgências papais são tão eficazes ao ponto de poderem absolver um homem mesmo que tivesse violentado a mãe de Deus, caso isso fosse possível, é loucura.
76 Afirmamos, pelo contrário, que as indulgências papais não podem anular sequer o menor dos pecados veniais no que se refere à sua culpa.
77 A afirmação de que nem mesmo S. Pedro, caso fosse o papa atualmente, poderia conceder maiores graças é blasfêmia contra São Pedro e o papa.
78 Afirmamos, ao contrário, que também este, assim como qualquer papa, tem graças maiores, quais sejam, o Evangelho, os poderes, os dons de curar, etc., como está escrito em 1 Co 12.
79 É blasfêmia dizer que a cruz com as armas do papa, insignemente erguida, equivale à cruz de Cristo.
80 Terão que prestar contas os bispos, curas e teólogos que permitem que semelhantes conversas sejam difundidas entre o povo.
81 Essa licenciosa pregação de indulgências faz com que não seja fácil, nem para os homens doutos, defender a dignidade do papa contra calúnias ou perguntas, sem dúvida argutas, dos leigos.
82 Por exemplo: por que o papa não evacua o purgatório por causa do santíssimo amor e da extrema necessidade das almas - o que seria a mais justa de todas as causas -, se redime um número infinito de almas por causa do funestíssimo dinheiro para a construção da basílica - que é uma causa tão insignificante?
83 Do mesmo modo: por que se mantêm as exéquias e os aniversários dos falecidos e por que ele não restitui ou permite que se recebam de volta as doações efetuadas em favor deles, visto que já não é justo orar pelos redimidos?
84 Do mesmo modo: que nova piedade de Deus e do papa é essa: por causa do dinheiro, permitem ao ímpio e inimigo redimir uma alma piedosa e amiga de Deus, porém não a redimem por causa da necessidade da mesma alma piedosa e dileta, por amor gratuito?
85 Do mesmo modo: por que os cânones penitenciais - de fato e por desuso já há muito revogados e mortos - ainda assim são redimidos com dinheiro, pela concessão de indulgências, como se ainda estivessem em pleno vigor?
86 Do mesmo modo: por que o papa, cuja fortuna hoje é maior do que a dos mais ricos Crassos, não constrói com seu próprio dinheiro ao menos esta uma basílica de São Pedro, ao invés de fazê-lo com o dinheiro dos pobres fiéis?
87 Do mesmo modo: o que é que o papa perdoa e concede àqueles que, pela contrição perfeita, têm direito à remissão e participação plenária?
88 Do mesmo modo: que benefício maior se poderia proporcionar à Igreja do que se o papa, assim como agora o faz uma vez, da mesma forma concedesse essas remissões e participações 100 vezes ao dia a qualquer dos fiéis?
89 Já que, com as indulgências, o papa procura mais a salvação das almas do o dinheiro, por que suspende as cartas e indulgências outrora já concedidas, se são igualmente eficazes?
90 Reprimir esses argumentos muito perspicazes dos leigos somente pela força, sem refutá-los apresentando razões, significa expor a Igreja e o papa à zombaria dos inimigos e desgraçar os cristãos.
91 Se, portanto, as indulgências fossem pregadas em conformidade com o espírito e a opinião do papa, todas essas objeções poderiam ser facilmente respondidas e nem mesmo teriam surgido.
92 Fora, pois, com todos esses profetas que dizem ao povo de Cristo: "Paz, paz!" sem que haja paz!
93 Que prosperem todos os profetas que dizem ao povo de Cristo: "Cruz! Cruz!" sem que haja cruz!
94 Devem-se exortar os cristãos a que se esforcem por seguir a Cristo, seu cabeça, através das penas, da morte e do inferno;
95 e, assim, a que confiem que entrarão no céu antes através de muitas tribulações do que pela segurança da paz.