Dia de finados é um termo
mais suave para dia dos mortos. O que a Bíblia, a Palavra de Deus, diz a
respeito dos mortos, que também chamarei de finados, neste artigo? Um texto
claro e objetivo sobre eles é Hebreus 9.27,28: “E, como aos homens está ordenado
morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo, assim também Cristo,
oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez,
sem pecado, aos que o esperam para salvação”. Segundo essa passagem do Novo
Testamento, está ordenado que os seres humanos morram uma vez e compareçam ante
o Justo Juiz. Mas isso não quer dizer que, imediatamente após a morte, as
pessoas são levadas a um julgamento.
O que acontece com os
finados entre a morte e o Juízo Final? Embora a vida após a morte ainda seja um
mistério, a Palavra de Deus nos apresenta detalhes importantes a respeito desse
estado intermediário. Todas as pessoas, ao morrerem — sejam as salvas em
Cristo, sejam as perdidas por rejeitarem ao Salvador (cf. Jo 3.16) —, ficam sob
o controle de Deus (Ec 12.7; Mt 10.28; Lc 23.46). Os salvos em Cristo são
levados ao Paraíso, no Céu (Fp 1.23; 2 Co 5.8; 1 Pe 3.22). E os perdidos,
ímpios, vão para o Hades (hb. sheol), que não é a sepultura, e sim um lugar de
tormentos (Sl 139.8; Pv 15.24; Lc 16.23).
Nos tempos do Antigo
Testamento, Paraíso — por assim dizer — e Hades ficavam numa mesma região. E
eram separados por um abismo separador, intransponível (Lc 16.19-31). Ao morrer
na cruz, Jesus desceu em espírito a essa região e transportou de lá os salvos
para o terceiro Céu (cf. Mt 16.18, Lc 23.43, Ef 4.8,9; 2 Co 12.1-4). Quanto aos
ímpios, permanecem no Hades (uma espécie de antessala do Inferno), o qual não
deixa de ser “um inferno”, um lugar de tormentos para a alma (Lc 16.23).
Conquanto, em algumas
passagens da Bíblia, o vocábulo grego hades tenha sido traduzido por “inferno”,
o Hades e o Inferno final não são o mesmo lugar. O Inferno final é chamado de
Lago de Fogo (Ap 20.14,15 [gr. limnem ton puros]); de “fogo eterno” (Mt 25.41
[gr. pur to aiõnion]); de “tormento eterno” (v. 46 [gr. kolasin aiõnion]); e de
Geena (5.22; 10.28; Lc 12.5).
Diferentemente do Hades, o
Inferno final está vazio. Ele começará a ser povoado quando Cristo voltar em
poder e grande glória e lançar o Anticristo e o Falso Profeta no Geena,
inaugurando-o (Zc 14.4; Ap 19.20). Em seguida, os condenados do Julgamento das
Nações irão para “o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos”, “o
tormento eterno” (Mt 25.41,46). Mais tarde, será a vez do Diabo e seus anjos
conhecerem o lugar para eles preparado (Ap 20.10). E, finalmente, após o Juízo
Final, todos os ímpios estarão reunidos no Inferno final (Ap 20.15; 21.8).
Em Apocalipse 20.13 está
escrito que o mar dará os mortos que nele há. E Jesus também afirmou que “vem a
hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz” (Jo 5.28). Onde
quer que estiverem, os pecadores ressuscitarão para comparecer diante do Trono
Branco. Segundo a Palavra de Deus, a morte (gr. thanatos) e o inferno (gr.
hades) darão os seus mortos, os quais, após o Juízo Final, serão lançados no
Lago de Fogo.
O vocábulo “morte”, em
Apocalipse 20.13,14, tem sentido figurado. Trata-se de uma metonímia — figura
de linguagem expressa pelo emprego da causa pelo efeito ou do símbolo pela
realidade —, numa alusão a todos os corpos de ímpios, oriundos de todas as
partes da Terra, seja qual for a condição deles. Há pessoas cujos corpos foram
cremados; outras morreram em decorrência de grandes explosões, etc. Todas terão
os seus corpos reconstituídos para que, em seu estado tríplice (pleno),
espírito + alma + corpo (cf. 1 Ts 5.23), compareçam perante o Juiz. Entretanto,
para que os ímpios compareçam ao Juízo Final em seu estado pleno, acontecerá a
reunião de espírito, alma e corpo, os quais se separam na morte. Daí a menção
de que “a morte” e também “o inferno” darão os seus mortos (Ap 20.13). Aqui,
“inferno” é hades, também empregado de forma metonímica. A “morte” dará o
corpo. E o “Hades”, a parte que não está neste mundo físico, isto é, a alma (na
verdade, alma + espírito). Com base no que foi dito acima, podemos entender
melhor a frase “a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo” (Ap 20.14).
Isso denota que os corpos e as almas dos perdidos — que saíram do lugar onde
estavam e foram reunidos na “segunda ressurreição”, a da condenação (Jo 5.29b)
—, depois de ouvirem a sentença do Justo Juiz, serão lançados no Inferno propriamente
dito, o Lago de Fogo.
Segue-se que a frase “a
morte e o inferno foram lançados no lago de fogo” tem uma correlação com o que
Jesus disse em Mateus 10.28: “Não temais os que matam o corpo e não podem matar
a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno [geena] tanto a
alma como o corpo” (ARA). Ou seja, as almas (“o Hades”) e os corpos (“a morte”)
serão lançados no Geena. E quanto aos que têm morrido salvos, em Cristo? Graças
a Deus, nenhuma condenação há para eles (Rm 8.1). Serão julgados também, é
evidente, logo após o Arrebatamento da Igreja, mas apenas para efeito de
galardão (Rm 14.10; Ap 22.12). Depois da ressurreição dos que morreram em
Cristo, nunca mais haverá morte, o último inimigo a ser vencido (1 Co 15.26). Apesar
de já se encontrarem na presença de Deus, os salvos mortos em Cristo ainda não
estão desfrutando do gozo pleno preparado para eles. Isso só acontecerá depois
da ressurreição (1 Co 15.51). Seu estado agora é similar ao daqueles mártires
que morrerão na Grande Tribulação (Ap 6.9-11). Esta passagem e a de Lucas 16.25
indicam que, no Paraíso, os salvos são consolados, repousam, estão conscientes
e se lembram do que aconteceu na Terra (Ap 14.13). Contudo, após o
Arrebatamento, estarão — no sentido pleno — “sempre com o Senhor” (1 Ts 4.17).
Em 1 Tessalonicenses 3.13
está escrito: “que sejais irrepreensíveis em santidade diante de nosso Deus e
Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, com todos os seus santos”. Isso
significa que os santos, de todas as épocas, que estão com o Senhor, no
Paraíso, virão com Ele, no Arrebatamento da Igreja. Em outras palavras, o
espírito e a alma (ou espírito + alma) deles se juntarão aos seus corpos, na
Terra, para a ressurreição, num abrir e fechar de olhos (1 Co 15.50-52).
Consolemo-nos com essas
palavras (1 Ts 4.18). Aleluia! “Ora, vem, Senhor Jesus” (Ap 22.20).
Ciro Sanches Zibordi
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