Esta é uma pergunta que precisamos responder de forma muito sincera.
Há uma diferença muito grande entre existir e viver. São dois verbos
conjugados pelo ser humano. Deus criou o homem para viver, mas este
escolheu existir. Este verbo está ligado à desobediência do ser humano.
Existir é um verbo voltado para o mundo biológico, meramente instintivo.
O homem come, bebe, tem relações sexuais, trabalha, ganha dinheiro, se
satisfaz no entretenimento e busca o que é meramente visível, palpável e
que lhe traga prazer. Existir é trabalhar para si mesmo. Buscar os seus
próprios interesses. A pessoa está voltada para a satisfação dos seus
instintos mais primitivos. Existe de si e para si. Esta é a natureza de
Adão. O seu compromisso é consigo mesmo e com os que lhe interessam.
Conjuga muito bem o verbo ter, possuir, conquistar, explorar,
escravizar, amealhar e reter. Está mais preocupado com o estômago do que
com o coração. Mais com a razão fria do que com as emoções sinceras.
Mais com o ‘jeitinho’ para levar vantagem do que com a ética, com a
integridade. Para existir, o homem está disposto a negociar tudo o que
puder. A sua tranquilidade e o seu conforto são protegidos a todo o
custo. O seu sentimento em relação às pessoas está centrado na vantagem
pessoal. Está disposto a fazer tudo o que puder para manter o seu status
quo. O seu deus é o entretenimento. Está sempre se justificando diante
do injustificável. Procura se cercar de pessoas que lhe darão vantagens e
dividendos. Os seus interesses são escusos. A sua filosofia é
maquiavélica, ou seja, ‘os fins justificam os meios’. A sua postura é
instintiva. Isto significa que os seus instintos precisam ser
satisfeitos não importando os meios. O verbo existir é antropocêntrico,
isto é, a pessoa é o seu próprio centro. As características do homem que
existe para si mesmo estão em Romanos 1.18-32 e 2 Tm 3.1-5 e outros
textos das Escrituras. São dois textos impressionantes, que revelam o
homem que existe para si mesmo, alienado de Deus.
Por outro lado, viver é ter um compromisso com as dimensões
espirituais, emocionais e éticas do evangelho. Está ligado à Pessoa de
Cristo, à natureza do Cordeiro. É a nova criação (2 Co 5.17). A pessoa
que vive verdadeiramente está centrada em Cristo Jesus. O apóstolo Paulo
foi transformado de um homem que existia (um religioso) para um homem
que passou a viver (um cristão). Por esta razão ele testemunhou aos
irmãos em Filipos: “Para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro”
(1.21). Para aquele que vive, a vida é mais importante do que as coisas.
Cristo é o centro das decisões. O ser é mais importante do que o ter.
Viver é mais importante do que os instintos. Quem vive verdadeiramente
vislumbra o invisível pela fé. Tudo o que é invisível é mais importante
do que o visível. Viver é repartir o pão. É confiar na fidelidade de
Deus. Buscar o Reino de Deus em primeiro lugar (Mt 6.33). A sua
satisfação está em Deus. Os seus interesses são os interesses do Senhor.
Vive para o Senhor e para o outro. Os seus verbos preferidos são: amar,
repartir, encorajar, doar, levantar, entregar, consagrar, santificar,
solidarizar, enternecer e frutificar. O seu Deus é o que ama, guarda,
usa, provê, abençoa, justifica e encoraja. Quem vive está focado nos
relacionamentos saudáveis. Tem lazer à luz dos valores do Reino. Cristo é
o vinculo da comunhão com o próximo, é Aquele que mantém as pessoas
unidas em amor. Quem vive verdadeiramente não busca vantagem pessoal,
mas procura trabalhar para ajudar as pessoas nos seus objetivos nobres.
Viver é investir em pessoas. Ser um facilitador. É ter discernimento
dentro e fora da família. A sua filosofia é eminentemente cristã,
voltada para o bem do outro, para o altruísmo. O seu coração é
satisfeito à medida da sua doação, do seu serviço amoroso. Jesus é o
nosso exemplo de serviço abnegado, profundamente caridoso e desprendido
(Mt 20.28).
O nosso grande desafio é pregar o evangelho para o homem que existe a
fim de que, por meio da obra de Cristo em sua vida, passe a viver. Deus
quer nos usar para testemunhar o evangelho de Cristo (Rm 1.16). Não
podemos ficar parados, ensimesmados e absortos em nossos interesses
pessoais. Saiamos de nós mesmos para uma vida em Deus, tendo em vista o
beneficio do nosso próximo. Que o nosso prazer seja o Senhor. Estejamos
‘contidos no contentamento’. Dependamos do Senhor para ver pessoas
transformadas. À semelhança do Mestre, façamos o bem em toda a parte (At
10.38). Aproveitemos as oportunidades para revelarmos Jesus Cristo.
Vivamos o genuíno evangelho para que o homem seja salvo. Que a nossa
vida seja guiada pelo Espírito Santo. Proclamemos os valores do Reino de
Deus. Que a Bíblia seja o nosso manual de vida abundante,
significativa. Graças ao Pai, não mais existimos, mas vivemos. Não mais
voltados para nós mesmos, mas para o Senhor e para o próximo. Não mais
centrados em nossos interesses, mas nos Seus interesses. Seja Cristo o
centro da nossa vida. Na cruz, Ele morreu por nós para substituir o
existir pelo viver.
Pr. Oswaldo Luiz Gomes Jacob
Pastor da Segunda Igreja Batista em Barra Mansa – RJ
pitzerjacob@gmail.com
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