quarta-feira, 14 de julho de 2021

A Porta do Céu Está aberta!

O patriarca Jacó, em sua mudança repentina para Haram, onde vivia Labão, seu tio, se depara com uma visão surpreendente. Ele então declara: “Temível é este lugar! Não é outro, se não a casa de Deus; esta é a porta dos Céus’” (Gn. 28,17).
A experiência de Jacó se resume num sonho profético do qual Deus Se serviu para Se comunicar com ele. 

E foi quanto bastou para Jacó concluir que aquele lugar equivalia para ele como a casa de Deus. A declaração era a capitulação dos sentidos a uma lógica: “se Deus está aqui e aqui Se manifesta, fala e toma decisões, então este lugar é a casa de Deus”. Também porque ali ele pôde ver anjos em intenso movimento, indo e vindo.

Aquela visão tem grandes significados e a “Porta dos Céus” profundas revelações. Entre os céus e a terra estão os portais eternos. Estes são os portais que estavam abertos quando Adão foi criado, para que ele pudesse manifestar a glória de Deus.

Outro tanto havia essa visão de escada que servia de estrada aos anjos, no percurso entre a terra e o céu. Tudo era de fato sobrenatural, ou sobre- humano. Mais que a visão, no entanto, foi a palavra-promessa de Deus que deu a Jacó o êxtase ou ápice da bênção.

É então que devemos observar o que acontecia ali para levar Jacó a chegar a tal comparação conclusiva.

1- Presença perceptível de Deus ali. “O Senhor está neste lugar”. Quanta diferença faz! Como muda tudo! Não fala de coisas alusivas a Deus. Evidencia Sua presença. E por conseguinte:

2- A Voz divina se faz ouvir. “Ao lado dele estava o Senhor que lhe disse…” E de que fala essa voz? Traz promessa de segurança; proteção divina; fidelidade divina. Edifica, exorta e consola. É um novo idioma, porque há novo conteúdo.

3- Há algo sobre-humano ali. Anjos que sobem e descem. Isto nos lembra Hebreus 1,14 e Salmo 91,11. Escada da terra ao céu (acesso). Um intercurso entre o terreno e o celestial, entre o humano e o divino.

Seria natural pensar que a conclusão de Jacó fosse que aquele lugar era casa de Deus e pronto. Mas ele viu mais que isso. Viu ali uma porta do céu, uma vitrine, antevisão de coisas celestiais.

Acredito que este é um dos fenômenos mais marcantes do Antigo Testamento, não somente por causa do sonho, porque ele marcaria profundamente a vida de Jacó, mas devido ao simbolismo espiritual tão profundo em relação ao que sucederia mais tarde. Esse acontecimento era a realização completa e sumária da obra de Cristo Jesus no mundo.

Um paralelo interessante: na língua babilônica, a palavra babilônia é “Babili”, que significa a porta dos deuses, referindo-se ao local de acesso ao reino divino. Em Gn. 11, vemos que as pessoas construíram a Torre de Babel, Babilônia, para que ao seu próprio poder subissem ao nível divino de imunidade, sem terem que prestar contas a Deus. Por outro lado, quando Jacó teve aquele sonho enquanto dormia ao relento, tendo como travesseiro uma pedra, Jacó viu uma escada e anjos descendo e subindo por aquela escada que ligava o céu com a terra.

“Oh! Se fendesses os céus e descesses! Se os montes se escoassem diante da tua face!” (Is. 64,1).

Aquela escada representava Cristo, o Senhor Jesus, o Filho de Deus, o próprio Deus, que veio para salvar a humanidade. Jacó chamou aquele lugar de Betel, que quer dizer, porta do céu! Enquanto a escada partia do céu para a terra, a torre de babel construída por homens, partindo da terra.

“Erguei, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó portas antigas; e entrará o Rei da glória. Erguei, ó portas, as vossas cabeças; sim erguei-as, ó portas antigas; e entrará o Rei da glória.” (Salmos 24).

O Rei da Glória, Jesus, entrou por esses portais, Ele veio das dimensões dos céus para essa dimensão, trazendo consigo a Glória de Deus. O Filho de Deus, Jesus, realizou a maior obra na terra, instalando a Morada de Deus, Eterna e Santa.

Não seria, essa habitação, feita de pedra, nem por mãos de homens, mas seria o tabernáculo de Deus nos corações daqueles que haveriam de crer na Sua Palavra, a Casa de Deus habitada pelo Espírito Santo seria a vida de cada uma das pessoas que aceitaram e continuam aceitando o Senhor Jesus como Salvador de suas almas.

“Conheço as tuas obras; eis que diante de ti pus uma porta aberta, e ninguém a pode fechar; tendo pouca força, guardaste a minha palavra, e não negaste o meu nome.” (Apoc. 3,8).

Jesus é a nossa Casa de Deus, e Ele mesmo é a Pedra do Altar da nossa vida, onde o azeite do Espírito Santo está derramado.

Ele mesmo é a Escada, isto é, o Caminho que conduz ao Pai, assim como é também a Porta dimensional e eterna, onde os anjos de Deus sobem e descem, para ministração das bênçãos em nosso favor.

Na verdade, "Foi o Senhor que fez isto e é maravilhoso aos nossos olhos. Este é o dia que o Senhor fez; regozijemo-nos, e alegremo-nos nele." (Salmos 118.23-24).

Conforme está escrito: “Então Jesus afirmou de novo: Digo-lhes a verdade; Eu sou a porta das ovelhas. Todos os que vieram antes de mim eram ladrões e assaltantes, mas as ovelhas não os ouviram. Eu sou a porta; quem entra por mim será salvo. Entrará e sairá, e encontrará pastagem.” (João 10.7-9).

E ele tem a sua confirmação exata, quando Jesus argumenta com Natanael, no Evangelho de João, dizendo: "Em verdade, em verdade vos digo que vereis o céu aberto, e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem." (Jo 1.45-51).

Agora cada um de nós, como pessoa, é a casa de Deus, porque Ele habita em nós. Também somos um portal do céu, e precisamos ser erguidos como um portal nas dimensões celestiais para manifestar a glória de Deus.

Existe algumas maneiras de abrirmos a Porta do Céus, sendo que a oração é uma delas. As lágrimas também abrem a Porta dos Céus. E de fato a Bíblia afirma que: “A um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus” (Salmos 51.17).

Coisas começam acontecer quando levantamos nossas cabeças, como portais. Entendemos que cada um de nós é um portal para a manifestação da presença de Deus, um portal entre o céu e a terra. Isso acontece de tempos em tempos, e geralmente chamamos de novo nascimento, avivamento, conversão, despertar. Tudo isso são manifestações do poder de Deus e a presença Dele e muitas vezes, através dos anjos que vem por essas portas.

Tenha confiança em entrar pela “Porta”, pois ela está diante daqueles que buscam entrar no Reino dos Céus. 

Assim como Jacó teve atitudes que abriram a Porta dos Céus para ele, que nós venhamos a alcançar estas bênçãos.

domingo, 11 de julho de 2021

Vida no Planeta Terra - Um Projeto Inteligente

De acordo com a teoria da evolução, a vida teria surgido há mais de três bilhões de anos, numa “sopa primordial” que nada mais era que o nosso oceano “temperado” com aminoácidos e outras moléculas orgânicas.

A partir dessas primeiras moléculas, a vida teria evoluído em suas diversas formas, através do mecanismo da seleção natural proposto por Charles Darwin. Inclusive a própria definição de vida, de acordo com a Agência Espacial Americana (NASA) deixa muito claro o viés evolucionista ao declarar que “a vida é um sistema químico autossuficiente com a capacidade de ter uma evolução darwiniana”.

É importante deixar muito claro que, ao contrário do que a narrativa evolucionista afirma como fato, as hipóteses sobre a origem da vida na Terra estão apenas no campo das ideias, sendo uma questão que ainda está em aberto e continuará dessa forma.[1] Isso porque qualquer tipo de hipótese a respeito da origem inorgânica da vida ao acaso num passado distante não pode ser testada empiricamente, ou seja, com experimentos em laboratório. Além disso, eventos que teriam acontecido no passado não podem ser reproduzidos, observados, testados e repetidos. Portanto, considerando o próprio conceito de ciência aceito hoje, hipóteses sobre a origem da vida não podem ser falseadas, não podendo ser consideradas científicas.

Além de considerar a hipótese de que a vida teria surgido de forma espontânea em nosso planeta, cientistas têm explorado outras ideias. Desde a criação do programa Search for Extraterrestrial Intelligence [Busca por Inteligência Extraterrestre, em português] (SETI) da NASA, nos anos 1970, temos visto muitas iniciativas de diversas agências pelo mundo na tentativa de encontrar vida em outros lugares do espaço. São lançadas sondas espaciais, realizados estudos com imagens de telescópios e outros equipamentos de última geração. Até agora, não temos qualquer evidência conclusiva de que exista vida em outro lugar do cosmo que não seja na Terra. Alguns cientistas querem até mesmo mudar o conceito de vida para forçar uma grande descoberta científica, já que encontrar vida como conhecemos em nosso planeta tem sido uma tarefa muito desafiadora.[2]

Mas por que procurar vida em outros lugares do espaço? Se pensarmos pela perspectiva da teoria da evolução, duas respostas principais a essa pergunta se destacam: encontrar vida em outro planeta pode ajudar a entender como a vida teria surgido aqui na Terra, ou encontrar vida em outro planeta pode esclarecer dúvidas sobre como a vida poderia ter chegado aqui, já que existem alguns cientistas que acreditam que a vida ou as primeiras moléculas orgânicas teriam vindo ao nosso planeta na “carona” de um meteoro, uma ideia conhecida como panspermia cósmica.

Levando em conta esses aspectos, astrobiólogos consideram a presença de água em um planeta que orbita uma estrela nos mesmos moldes do nosso Sol como condições determinantes para a existência de vida.

Pesquisadores da Universidade de Nápoles e do Observatório Astronômico Capodimonte estudaram níveis de luz recebidos por dez exoplanetadas (planetas que estão fora do nosso sistema solar) potencialmente habitáveis, que estão na órbita de diferentes tipos de estrelas, e falharam em encontrar condições similares às da Terra. Considerando até mesmo o mais simples dos planetas pelos padrões terrestres, é necessário ter ampla luz solar, mas não qualquer tipo de luz. É preciso lembrar que organismos fotossintetizantes (que de acordo com a teoria da evolução foram fundamentais na modificação da atmosfera e produção de oxigênio) precisam de luz com a frequência exata e a correta quantidade de energia para transformar dióxido de carbono em glicose. Um desequilíbrio dessas condições destruiria prováveis proteínas já existentes. Ao testar a hipótese de que existiria tal estrela com a capacidade de emitir essa energia, os pesquisadores descobriram que condições similares às da Terra encontradas em outros planetas podem ser bem menos comuns do que eles imaginavam. Dentre os planetas considerados no estudo, nenhum deles teria condições suficientes de produzir um sistema fotossintético capaz de fazer o ciclo do carbono acontecer, como o que encontramos aqui.[3]

Até parece que todas essas condições foram planejadas para que a existência e a manutenção da vida fossem possíveis, não é mesmo?

É interessante perceber que quanto mais pesquisas são feitas, mais a teoria da evolução parece estar enfraquecida e a ideia de um ser inteligente que planejou todas as coisas se fortalece. Ao lançar seu livro Alone in the Universe: Why Our Planet is Unique (Sozinhos no Universo: Por que Nosso Planeta É Único), o astrofísico John Gribbin acredita ser difícil a possibilidade da existência de vida em outro planeta do sistema solar, e diz ser impossível encontrar vida “complexa e inteligente como em nosso planeta”.

Ele também afirma que a possibilidade de encontrar “ETs” é “baseada mais na fé do que na ciência”, e que “a vida em galáxias distantes não é palpável para nós”.[4]

Como disse um grande cientista do século 19, Louis Pasteur: “Pouca ciência nos afasta de Deus. Muita, nos aproxima.”

(Maura Brandão é bióloga e doutora em Ciências)

 Referências:

[1] https://cienciahoje.org.br/artigo/quando-a-vida-surgiu-no-universo/

[2] https://oglobo.globo.com/epoca/mundo/por-que-um-grupo-de-cientistas-quer-mudar-conceito-de-vida-como-isso-pode-revolucionar-busca-por-ets-1-24586099

[3] https://www.sciencealert.com/photosynthesis-made-our-atmosphere-what-it-is-and-it-could-be-an-extremely-rare-thing

[4] https://veja.abril.com.br/ciencia/nao-adianta-procurar-vida-inteligente-fora-da-terra/

quinta-feira, 1 de julho de 2021

O Passado do Velho Homem e a Novidade de Vida

Ninguém pode voltar ao passado. Pelo menos até hoje. Passado é algo que aconteceu, está fixo lá, não tem mais como mexer. Mas, ele está vivo, dentro de cada um de nós. Quando recordamos algo do passado, emocionamos e dá vontade de chorar, vontade de rir, de se alegrar. Por que o passado, embora não exista mais, existe dentro de nós; ele ainda está vivo dentro de cada um; ele ainda nos faz rir e nos faz chorar. Ele mexe com as nossas emoções, ele nos traz lembranças, ele conversa e fala conosco, com o tipo de emoção que gera em cada um.

Saber que o passado está vivo dentro de nós quando temos lembranças boas, tudo bem, mas existe um lado ruim nesta situação: quando as lembranças são de um passado triste e ruim!

Quando lembramos o passado que está dentro de nós, ele está conversando conosco, aqueles sentimentos voltam à nossa mente; os hábitos não passam, voltam à lembrança, é uma força dentro de nós. Embora o passado já tenha passado, ele está muito vivo em nosso coração.

O apóstolo Paulo, por exemplo, teve um passado muito difícil e quando se encontrou com Jesus, toda sua ideia e conceitos foram transformados.

O apóstolo Paulo compensou tudo isso, trabalhando, esforçando, mais que todos, porque tinha algo no seu passado, cheio de remorso, por isso tentou compensar emocionalmente o que fez no passado, sendo uma pessoa exagerada nas ações que fez. Quando à sua vida nova, foi muito exagerado também, por que tinha consciência do que fez.

Ao mesmo tempo teve uma estima muito baixa por ter feito o que fez. Disse ele:

“Porque eu sou o menor dos apóstolos, que não sou digno de ser chamado apóstolo, pois que persegui a igreja de Deus. Mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus, que está comigo” (1 Coríntios 15,9-10).

O que fazemos, hoje reflete o que fizemos no passado. Mergulhamos no passado de tal forma que o tornamos um passado gigante.

Tudo o que fazemos hoje é o passado que está mandando fazer. Tudo o que somos hoje é porque o trauma do passado diz que somos.

Todo o nosso passado, toda a nossa família, tudo o que aconteceu outrora, determina todas as nossas ações, hoje.

Estamos presos numa gaiola.

Nos vitimizamos. Somos assim por causa de nosso passado. Quem é que não teve um trauma em sua vida? Contudo, não podemos colocar isto como referência para nossa vida.

O apóstolo Paulo usou a palavra “esterco” (ou “lixo”, segundo algumas versões) para se referir aos valores que antes considerava superiores, e aos quais renunciou depois de conhecer Jesus Cristo como Salvador e Senhor. Ele disse:

“Mas o que para mim era lucro, passei a considerar perda, por amor de Cristo. Sim, de fato também considero todas as coisas como perda, comparadas com a superioridade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, pelo qual perdi todas essas coisas. Eu as considero como esterco para que ganhar Cristo. Comparado com a suprema grandeza do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, por cuja causa perdi todas as coisas. Eu as considero como esterco para poder ganhar a Cristo e ser encontrado nele, não tendo a minha própria justiça que procede da lei, mas a que vem mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus e se baseia na fé” (Filipenses 3,7-9).

Os valores a que Paulo se referiu diziam respeito a sua posição social, religião, prestígio pessoal, convicções pessoais, e outros. Evidentemente cada um de nós tem a sua escala de valores. Uns consideram importante possuir bens materiais, outros elegeriam como valor superior pertencer a um determinado grupo. Outros prezam mais um diploma. Assim como no caso de Paulo, há valores que abraçamos que se tornam incompatíveis com a fé em Jesus e com a vida cristã. Por isso, frequentemente é necessário avaliar se aquilo que estamos valorizando não precisa ser considerado como “esterco”.

Também nós, consideramos perda todos estes valores pelo conhecimento de Cristo. Toda a experiência do passado depois que encontramos com Jesus, e tinha valores e significados que determinavam a nossa vida, é considerado, agora, perda e esterco. Agora não tem valor algum, nenhum apego. Quando podemos ter Cristo, todo o resto é esterco!

Aquela vida com seus conceitos e ideias passou, quando conhecemos Jesus. E ao conhece-lo, a fé que é tão grande em nossa vida, faz com que hoje vivamos pelo novo conjunto de valores, conhecimentos que hoje tem valor para nós.

Temos uma nova referência de vida, que não é o nosso passado. O nosso passado já não nos define mais, já não diz quem somos, o que fazemos, já não move nossas mãos.

Esses valores se foram e novas coisas aconteceram. Novos valores, uma nova referência de vida se tornou nosso alvo, de maneira que esse ciclo do passado se fechou e um novo ciclo se abriu; nosso passado se fechou e agora não tem mais forças e poder sobre nós. Um novo ciclo se abriu daqui para frente, as coisas velhas já se passaram e tudo se fez novo. Nosso passado não tem mais poder sobre a nossa vida.

É surpreendente que muitos cristãos estejam trilhando o caminho inverso ao de Paulo. Ensinados desde crianças a prezar os valores cristãos, estão abandonando a comunhão com Cristo e com os demais cristãos, esquecendo a fé antes professada e a vida devocional, para aderir aos valores do mundo. Assim como fez com Jesus, o Diabo está mostrando a esses irmãos todas as “riquezas” e “vantagens” do mundo e propondo a eles: “Eu te darei tudo isto, se, prostrado, me adorares.” (Mt.4.9).

Admitamos, sinceramente, que a tentação é poderosa. Entretanto, a estratégia do inimigo de nossas almas às vezes é muito sutil, se dá em pequenos passos, como, por exemplo, deixar de ir à igreja num domingo para ir a uma festa de aniversário. Ou tomar uma pequena dose de bebida alcoólica para agradar a um amigo ou familiar. Ou, ainda, deixar para a última hora o momento de ler a Bíblia e orar. A repetição e multiplicação dessas situações aparentemente irrelevantes vão afastando o cristão de Deus e da igreja. Gradativamente ele irá gastando seu tempo com outros valores e, quando perceber, sua fé se tornou fria e fraca.

Precisamos, como Paulo, esquecer as coisas que ficaram para trás e avançar para as que estão adiante, pois nosso alvo é Cristo:

“Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Fl. 3, 13-14).

É necessário nascer de novo. Devemos nascer de novo. É um novo nascimento, por que aconteceu uma morte. Morremos com Cristo e fomos ressuscitados com Ele. Morremos para o antigo homem e renascemos para uma novidade de vida.

O antigo homem que morreu é o homem guiado pelo passado com suas Ideias e conceitos, que agora vai viver em novidade de vida por um novo tipo de referencial que é proposto por Deus. Essa é a proposta do novo nascimento e nos levará a ser uma nova criatura, com novos sentimentos com novos propósitos.

Convertemo-nos, mas este passado não desaparece, porque há uma força dentro de nós que milita contra essa força de fé, de maneira que o homem antigo morreu, mas ele está bem vivo dentro de nós. Aquilo que não queremos fazer acabamos fazendo, e o que queremos fazer não fazemos, por que há uma lei dentro do homem antigo que ainda está vivendo. E chamamos isso de “carne”, de “antigo homem”, de “homem velho”. Ele ainda está ali, e procura conversar conosco.

Precisamos dar vasão ao espírito, não ao antigo homem; temos que crescer no espírito, e não no velho homem. Se dermos ouvidos a esse velho homem, ele volta a conversar; por isso, devemos conversar com o Espírito de Deus.

Deus tem um projeto para os homens; uma nova imagem quer que sejamos, o que ainda não somos. Temos que continuar avançando, temos que seguir esse alvo, o conhecimento de Cristo. Caminhando avante, sem olhar para trás, esquecendo as coisas que ficaram para lá. Devemos focar na novidade de vida.

Esquecer é uma palavra forte; não somos máquinas, nem computador, para deletar a memória...É impossível esquecer nosso passado. Deus se relaciona mais juma vez com uma aliança eterna:

“Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. E não ensinará mais cada um a seu próximo, nem cada um a seu irmão, dizendo: Conhecei ao Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o Senhor; porque lhes perdoarei a sua maldade, e nunca mais me lembrarei dos seus pecados” (Jr. 31, 33-34).

Esquecer, biblicamente, é perdoar a si mesmo, perdoar o passado, com a sua maldade, é estar em paz com este passado. Não é deixar de lembrar dele, mas é ele não doer mais. Não esquecer que existiu e não ser mais condenado por aquilo que aconteceu lá atrás.

Deus poderia nos condenar pelo nosso passado, mas Ele veio ao nosso encontro por meio de Seu Filho, Jesus, e perdoou todo ele. Deus não leva em conta mais o nosso passado, aquilo que nos influencia, aquilo que nos deixa para baixo, que está pesando em nós.

Devemos estar em paz com esse passado. Se Deus perdoou o nosso passado, devemos nos perdoar também, porque somos imagem de Deus.

Coisas novas estão para acontecer... Deus tem uma proposta nova, um alvo. Deus está interessado no hoje, não em nosso passado.

Não devemos nos condenar mais. Fiquemos em paz! Deus é o Deus do hoje, do agora, do nosso futuro. Não temos como voltar ao passado, mas podemos criar um futuro com novas experiências, novos sentimentos.

“Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo. E tudo isto provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação; isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação” (II Coríntios 5,17-19).

Nova criatura! Já fomos alguém no passado com muitos problemas, mas hoje não queremos mais ter esse conjunto de valores e queremos viver em novidade de vida.

sexta-feira, 25 de junho de 2021

Campos do Jordão, um Pedacinho do Céu na Terra!

Campos do Jordão continua do jeito que Deus criou! Um pedacinho do céu na terra.

A Bíblia traz, sem sombra de dúvidas, um ensino completo a respeito dos mais diversos temas atuais. Fala-se muito na questão ambiental como um dos mais sérios desafios a serem vencidos pelo homem. Mas como estamos tratando o lugar onde vivemos? 

Em Gn 2.8 nos diz que Deus plantou um jardim no Éden e pôs ali o homem que tinha formado. Imagine Deus plantando um jardim! Qual a finalidade deste jardim?

Ele foi plantado especialmente para o homem viver e morar com sua família. É porque Deus está interessado onde você mora. Infelizmente, com o pecado, Deus o expulsou deste lugar de prazer, mas mesmo assim é desejo de Deus que o homem tenha um lugar agradável para morar.

O homem não foi feito para morar nas ruas, embaixo de pontes ou viadutos. Esta situação de miséria veio pela desobediência para com o Criador. Apesar disso, dentro de nós há, indiscutivelmente, aquele desejo de viver num lugar com águas limpas, árvores frutíferas, animais, pássaros e a paz e a tranquilidade do jardim que Deus preparou. O homem foi criado para viver em contato com a terra, mas, ao viver longe do seu “habitat”, não se sente realizado.

As cidades estão cada vez mais cheias de prédios e com menos verde. Já não se ouve o canto dos pássaros, o barulho das águas, não se vê mais o brilho das estrelas nem se consegue ver as nuvens e o céu. Se Abraão olhasse os céus hoje teria condições de contar as estrelas?

As cidades, os rios e a própria atmosfera estão poluídos. Como cristãos, o que temos feito para proteger a terra, já que Deus entregou ao homem a missão de cultivar e guardar o lugar onde vive? É, pois, nosso dever como cristãos proteger a terra da violência das mãos humanas, do fogo e preservar o meio ambiente onde vivemos.

Esta terra não nos pertence. Somos mordomos de Deus, e estamos aqui para cuidá-la. Do Senhor é a terra e tudo o que nela há. Ele é o criador de todas as coisas e, portanto, dono de tudo o que há neste maravilhoso universo e pretende aprofundar no coração do seu povo a convicção desta verdade. Nos dias da lei, não era permitido que se vendesse a terra em caráter definitivo. “A terra não se venderá em perpetuidade, porque a terra é minha” (Lv 25.23).

Talvez você esteja pensando que se tivesse esta informação há alguns anos, você teria plantado algumas árvores e teria cuidado melhor do meio ambiente. Mas agora já é tarde e você está velho demais para plantar uma árvore. Talvez nem chegue a comer do seu fruto ou gozar da sua sombra.

Quer um conselho? Imite o exemplo do velho patriarca Abraão. Ele tinha um projeto de fé. Em Gn 21.33, nos diz: “E plantou Abraão um bosque em Berseba, e invocou ali o nome do Senhor, o Deus eterno”.

Você sabia que quando Abraão plantou esse bosque tinha mais de cem anos, por ocasião de sua passagem por Berseba? Sabe por que ele resolveu cultivar esse bosque? É porque tinha noções muito claras do futuro. Esse amigo de Deus não pensava em si mesmo. Ao plantar um bosque, ele pensava nas gerações futuras que mais tarde o desfrutariam.

Do Gênesis ao Apocalipse nós vemos Deus preocupado em que o lugar onde moramos seja agradável para toda a nossa família. O lugar onde iremos morar, o céu, está preparado por Deus! Lá existe um rio puro com águas como cristal, uma praça no centro da cidade com a Árvore da Vida, que produz folhas, flores e frutos (Ap 22.1,2). Se você quer morar num lugar tão feliz assim, comece pelo lugar onde você mora. Transforme-o em um lugar onde você e sua família possam usufruir as bênçãos que Deus preparou para você. Cuide do lugar onde você mora. Ele é um pedacinho do céu na terra. (D. A. P. – Adaptado).

quinta-feira, 10 de junho de 2021

Negação do Amor Pelo Próximo: Egoísmo.

O propósito principal do homem e o maior objetivo na vida é glorificar a Deus e desfrutar Dele para sempre. O amor a Deus é a essência de toda moralidade e bondade.

Quem despreza a vida da graça, prejudica antes de tudo a si mesmo, mas prejudica também os outros; pois, quem ama Deus, procura ser útil ao próximo. Toda pessoa que vive longe de Deus prejudica a si mesmo e ao próximo.

Somos ordenados a amar a Deus, e ao próximo. O amor a Deus e ao próximo são a mesma coisa, pois de Deus se origina o amor do outro. O amor a Deus se consuma pelo amor ao próximo.

O próximo é o meio que Deus deu para praticar e manifestar a virtude que existe no homem. Todo e qualquer auxílio prestado ao próximo devem provir do amor que se tem por aquela pessoa, mas como consequência do amor que se tem por Deus.

Existe a obrigação aos homens de se ajudarem mutuamente com bons conselhos, ensinamentos, e qualquer outra obra boa de que se necessite. Amamos o próximo, espiritualmente pela oração, dando bom exemplo, auxiliando quanto ao corpo e quanto ao espírito, conforme as necessidades.

Entretanto, ninguém pode ser de fato útil aos demais através do ensino, do exemplo e da oração, se antes não cuidar de si pela aquisição interior das virtudes, que são concebidas interiormente no amor e depois se revelam, exteriorizam-se, através do próximo. Uma virtude não será perfeita, nem frutificará, senão em benefício dos homens.

O amor é a forma de todas as virtudes que se fundamentam no amor pelos outros. É do amor que as virtudes recebem a vida. Quem não ama a Deus, também não ama os homens; por isso, não os socorre. Graças ao amor que une o homem a Deus, torna-se útil ao próximo.

A origem dos pecados está na ausência do amor para com Deus e para com os homens. Pelas nossas faltas, somos o responsável dos sofrimentos que nosso próximo padece.

Somos sim, guardadores, protetores de nossos irmãos! O oposto é a escolha de si mesmo como o ser supremo. Um efeito da queda é que os homens perderam de vista a finalidade para a qual foram criados. Fomos criados por Deus para glorificá-lo e nos alegrarmos nele para sempre.

Uma forma pela qual exercemos esses chamados é servindo a Deus com os dons e talentos que Ele mesmo nos deu. Fomos vocacionados ao serviço, chamados por Deus para servir a Ele por meio de servir a ele e ao próximo:

“Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus” (1 Pe 4.10).

O egoísmo, negação do amor pelo próximo, destrói no homem o amor devido a Deus e ao outros. É a razão e fundamento de todo o mal. Ele é a raiz dos escândalos, do ódio, da maldade, dos prejuízos causados aos outros. O egoísmo é a essência da queda e o que segue são todos os outros crimes contra Deus. O egoísmo envenenou o mundo inteiro.

Adão e Eva tinham acesso a todas as árvores do jardim, exceto uma. Pois Deus os havia criado e dado um presente chamado, livre arbítrio. O poder de escolha. Deus disse a Adão que não comesse dessa árvore, mas enganados pela serpente, eles desobedeceram a Deus e passaram a olhar para si mesmos. Foi aí que o egoísmo entrou na história da humanidade.

“Os olhos dos dois se abriram, e perceberam que estavam nus; então juntaram folhas de figueira para cobrir-se” (Gênesis 3,7).

O egoísmo venda os olhos da fé. Pelo pecado, o homem perdeu a dignidade em que Deus o colocara...

O pecado formal do primeiro homem, Adão, contra Deus foi o da desobediência. Todavia, a desobediência não foi um pecado isolado no episódio do jardim, no qual estavam envolvidos também sua mulher, Eva e a serpente.

Esse pecado foi o resultado de uma série de coisas que foram maquinadas no coração de Adão antes que ele resolvesse obedecer a sua mulher e desobedecer a Deus. O pecado da desobediência foi acompanhado de ramificações que podem ser percebidas quando examinamos o contexto de tudo o que aconteceu no jardim de Deus.

Embora os pecados descritos a seguir não sejam explicitados na Escritura, uma boa análise do que se deu no jardim de Deus nos aponta seus vestígios, ainda que de forma incipiente: rebelião, cobiça, egoísmo, soberba, ingratidão, incredulidade.

De todas as formas, o pecado é voltar-se a si mesmo, o que é confirmado na forma como vivemos nossas vidas. Chamamos a atenção para nós mesmos e nossas boas qualidades e realizações.

Minimizamos os nossos defeitos. Buscamos favores especiais e oportunidades na vida, querendo uma vantagem extra que ninguém mais tem. Exibimos vigilância por nossos desejos e necessidades enquanto ignoramos os dos outros. Em suma, nós nos colocamos no trono de nossas vidas, usurpando o papel de Deus.

O egoísmo faz com que todas as coisas girem em torno de nós próprios. Por isso, sempre pensamos em ter a melhor parte para nós. Quando sou confrontado com duas escolhas, eu escolho aquela que mais me beneficia. Na verdade, o que um egoísta faz é ignorar a Deus porque, em última instância, ele faz do seu eu o próprio deus.

Adão comeu do fruto proibido porque preferiu as suas próprias leis às leis de Deus. Adão foi punido porque ele deu preferência à sua própria vontade, e não à de Deus. Ele preferiu se satisfazer a satisfazer a Deus. Provavelmente ele não compreendeu plenamente que a satisfação da vontade de Deus acaba sendo a nossa própria satisfação.

A desobediência também foi um pecado de egoísmo, uma das raízes iniciais do pecado em nossa vida. Desde pequeninos começamos a pensar mais em nós mesmos do que nas outras pessoas. Nós somos a pessoa mais importante do mundo.

A partir desse dia, os homens passaram a considerar suas próprias vontades, emoções, pensamentos e interesses mais importantes do que a Vontade de Deus e do próximo. Então o homem passou a experimentar dor e sofrimento, por causa do pecado de Adão.

Brigas, divisão, divórcio são frutos do egoísmo do coração do homem. Herança do pecado de Adão.

Mas Deus nos amou. Ele quis se reconciliar com a humanidade e por isso nos enviou Jesus, seu bem mais precioso.

“Foi assim que Deus manifestou o seu amor entre nós: enviou o seu Filho Unigênito ao mundo, para que pudéssemos viver por meio dele” (I João 4,9).

Jesus veio nos mostrar o caminho do amor, que é o contrário do egoísmo. Jesus esvaziou-se de si mesmo. Ele nos serviu ao ponto de morrer por nós.

Jesus é o Amor, o mais puro amor. O amor, ao contrário do egoísmo, produz unidade e não separação. Jesus veio nos mostrar o modelo de relacionamento perfeito.

quarta-feira, 9 de junho de 2021

Quero Voltar a Ser Humano!

O Criador dos céus e da Terra, o Senhor Deus Todo-Poderoso fez-me segundo a Sua imagem e semelhança. Que honra! Tinha tudo para ser feliz! Toda vida de qualidade que qualquer ser humano sonhava, almejava, desejava, estava ali contida, naquela criação ímpar, saída das mãos do Criador. Que fascinação! Que alegria! Que felicidade!

 Ser humano é isso. É gozar da presença do Todo Poderoso, seu Autor e Criador, por toda a eternidade. Ser humano é sentir toda a inspiração divina fluindo em nosso interior, como um rio caudaloso de águas vivas, comunicando-nos paz, alegria, serenidade.

 Ser humano é viver a vida abundante, eterna, bem-aventurada, de felicidade, que o próprio Criador havia pensado e planejado há muitos anos, até mesmo antes da fundação do mundo. É o “Zoe” de Deus, a vida do próprio Deus a fluir em nosso interior. É o amor em toda a sua plenitude!

 Ser humano, segundo os propósitos divinos, faz com que as criaturas caminhem passo-a-passo com seu Criador, em total harmonia e comunhão. É viver a vida plena, conforme os planos celestiais. É viver o céu na terra, é viver na terra, o céu!

 Ser humano é viver lado a lado com o Criador, sem o mínimo sentimento de solidão, estar só, ausência, vazio; ao contrário, é estar cheio de Deus, de Sua presença, de Seu Espírito, de Seu amor. É viver a vida divina que um dia foi inspirada e depois aspirada para uma vocação celestial. É responder ao chamado de Deus para viver com plenitude tudo aquilo que foi arquitetado para ele. É ser de Deus na terra, é ser na terra, de Deus!

 De repente, mais que de repente, houve uma hecatombe! Um grito de desespero vindo do íntimo de sua alma, a bradar: _ Socorro! Quero voltar a ser humano! Quero sair daqui! Quero sair de mim mesmo! Quero voltar a ser eu mesmo! Quero sair de mim mesmo! Quero voltar a ser eu mesmo! A minha vocação! Quero voltar para mim mesmo! Quero voltar para Deus! Quero sentir novamente a felicidade, a bem-aventurança, a alegria imorredoura, a paz, a harmonia e a comunhão fraterna; quero ter novamente a gloriosa presença divina em minha vida, a presença de Deus!

 Por que o homem teve essa consciência de ausência divina, de vazio de si mesmo? De perdido?

 Há muito e muito tempo, longe, tão longe da Terra, um ser celestial criado antes mesmo dos homens, a coroa da criação, sentiu inveja primeiramente de seu Criador, e em seguida, da obra prima do Seu Criador, ou seja, do ser humano. Que disparate! Que inveja! Que pecado! Que orgulho! Que pretensão! Que desdita! Que infelicidade!

 Sim, um ser celestial criado um pouco mais superior que os homens, dotado de maiores e melhores dons que ele, capaz de fazer melhor que ele, sentiu em si, no seu coração, o desejo de estar acima das estrelas nos céus, e, mais ainda, igualar-se a Seu Deus!

 No entanto, a sabedoria divina, Onisciente, Onipresente e Onipotente entrou, num átimo de tempo, em execução, acabando com toda aquela pretensão desmedida.

Logo, este ser caiu... de esfera em esfera... de estrela a estrela e veio parar justamente nessa Terra, feita justamente para os homens, exclusivamente nós, os seres humanos.

 Com astúcia e sagacidade, invejando toda a sorte, estabeleceu outro plano, um projeto com o intuito de fazer-nos perder a imagem e semelhança de nosso Criador. Sim, esta foi sua intenção e propósito.

 O homem, por sua vez, deu ouvidos a esse plano maligno, perturbador e destrutivo, perdendo assim, toda sua similaridade divina, uma boa parte da imagem e semelhança do seu Criador, estampada nele.  

 Hoje, o homem passou a viver tateando no escuro, como que às apalpadelas, procurando talvez encontrar um apoio para sua galgada terrena rumo ao seu lar celestial. Está peregrinando, do paraíso perdido, ao paraíso recuperado. O homem vê, como num espelho. Lamentável sorte esta, a do ser humano.

 Entretanto, o Criador, Todo Poderoso e Todo Bondade e Misericórdia que é a Sua essência, colocou em prática o soerguimento, a restauração do homem, segundo Sua imagem e semelhança.

 Deus amou o mundo de tal maneira que, entristecido pela queda humana, fez-Se homem a fim de salvar aquele que estava perdido.

O verbo de Deus se fez carne e habitou entre os seres humanos. Deus humanizou-se! Deus tomou para Si, a natureza humana, para assim, restaurar nele, a sua natureza, imagem e semelhança.

 É por isto que o homem, longe da presença gloriosa de Seu Criador clama a plenos pulmões: _ Socorro! Quero voltar a ser humano!

 O Criador dos céus e da Terra e do homem, fez mais do que este poderia esperar: deixou de ser criatura, para ser filho; deixou o céu e veio para a terra; deixou sua glória para habitar num mundo de trevas.

 Tudo isso, para que o plano divino o tome para Si, nos céus, com Seu Pai! O Espírito que Daquele ressuscitou a Seu Filho, agora habita nele. Que honra! Que felicidade! Que bem-aventurança! 

quarta-feira, 19 de maio de 2021

Martinho Lutero, Testemunha do Evangelho.

Martinho Lutero, Testemunha do Evangelho, nos interpela e nos recorda que não podemos fazer nada sem Deus.

Em 1517, Martinho Lutero expressou preocupações sobre o que ele via como abusos na Igreja de seu tempo, tornando públicas suas 95 teses.

Em 2017, aconteceu o 500º aniversário desse evento chave dos movimentos de Reforma que marcaram a vida da Igreja ocidental por vários séculos.

Separando o que é polêmico das coisas boas da Reforma, os católicos são capazes de ouvir agora os desafios de Lutero para a Igreja de hoje, reconhecendo-o como uma ‘Testemunha do Evangelho’. 


E assim, após séculos de mútuas condenações e depreciações, em 2017 católicos e luteranos comemoraram pela primeira vez juntos, o começo da Reforma. Uma das notas mais destacáveis desse centenário, aconteceu pela primeira vez em uma época ecumênica, após anos de diálogo e de vários acordos teológicos alcançados em temas importantes, tendo-se feito um importante esforço para deixar para trás a mútua desconfiança e as leituras parciais e tendenciosas da história.

A experiência espiritual de Martinho Lutero nos interpela lembrando que nada se pode fazer sem Deus. Como podemos ter um Deus misericordioso? Esta é a pergunta que constantemente atormentava Lutero. Na verdade, a questão da justa relação com Deus é a questão decisiva da vida. Como é sabido, Lutero descobriu este Deus misericordioso na Boa Nova de Jesus Cristo encarnado, morto e ressuscitado. Com o conceito, “só por graça divina”, recorda-nos que Deus tem sempre a iniciativa e que precede qualquer resposta humana inclusive no momento em que procura suscitar tal resposta. Assim, a doutrina da justificação exprime a essência da existência humana diante de Deus.

Em sua crítica de vários aspectos da tradição teológica e da vida eclesiástica de seu tempo, Lutero entendeu-se como testemunha do evangelho: “Sou evangelista digno de nosso Senhor Jesus Cristo". Invocou o testemunho apostólico da Escritura com cuja interpretação e pregação sentiu-se comprometido, na qualidade de "doutor da Escritura Sagrada".

Conscientemente, ele baseou-se na fé da Igreja antiga que confessava a Trindade e a pessoa e obra de Cristo e viu nesta confissão uma expressão autêntica da mensagem bíblica.

Em sua luta pela Reforma, que lhe trouxe hostilidades externas e tensões internas, encontrou certeza e consolo em ter sido chamado pela Igreja para o estudo e o ensino da Escritura Sagrada. Nesta convicção sentiu-se sustentado pelo próprio Senhor.

Na consciência de sua responsabilidade como mestre e guia espiritual e, concomitantemente, em circunstâncias de provações na fé, experimentadas pessoalmente, o estudo intensivo da Escritura Sagrada levou-o ao redescobrimento da misericórdia de Deus em meio às angústias e incertezas de seu tempo. Este "redescobrimento reformador" consistiu, de acordo com o testemunho do próprio Lutero, em reconhecer, à luz de Romanos 1.7, a justiça de Deus como justiça gratuitamente concedida, não como a justiça exigente que condena o pecador. “O justo viverá pela fé", e é., ele vive da misericórdia que Deus concede através de Cristo.

Esta redescoberta, que ele encontrou confirmada em Agostinho, revelou-lhe a mensagem bíblica como sendo boa nova, "evangelho". Conforme suas próprias palavras, abriram-se lhe “as portas do paraíso". Por seus escritos, sua pregação e atividade docente, Lutero tornou-se testemunha desta mensagem libertadora. A “doutrina da justificação do pecador pela fé somente" constitui-se centro orientador de seu pensamento e de sua exegese bíblica.

Pessoas cujas consciências sofreram sobre o domínio da lei e dos estatutos humanos e que se sentiram angustiados por suas falhas e preocupadas com a salvação eterna, puderam experimentar a promessa libertadora da graça divina, pela fé no evangelho. Pesquisas históricas demonstraram que se esboçava um acordo sobre este propósito central de Lutero, ainda nos diálogos religiosos do tempo da Reforma. Este acordo, no entanto, não encontrou aceitação real em ambas as partes e ficou novamente encoberto por polêmica, tornando-o sem efeito.

Em nossos dias, as pesquisas evangélicas e católicas sobre Lutero, assim como estudo científico-bíblicos em ambas as igrejas reabriram o caminho para um acordo sobre o tema central da Reforma Luterana.

Também a compreensão do condicionamento histórico de nossas formas de falar e pensar contribuiu para que o pensamento de Lutero seja amplamente reconhecido no âmbito católico, justamente na reforma da justificação, como legítima expressão da teologia cristã.

Testemunha do evangelho, Lutero anunciou a mensagem bíblica do julgamento e da graça de Deus, do escândalo e poder da cruz, da perdição do homem e da ação salvífica de Deus.

Sendo "Evangelista indigno de nosso Senhor Jesus Cristo", Lutero não prende seu testemunho à sua pessoa a fim de que nos confrontemos tanto mais inelutavelmente com a promessa e exigência do evangelho por ele testemunhado.

Referências bibliográficas;

Revista, Caminhando, v. 2, n. 2, p. 21-29, 2010 [2ª ed. on-line; 1ª ed. 1984].

Instituto Humanitas Unisinos, 06 de janeiro de 2017.