sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

A Fé e a Ciência

Enquanto o livro de Hebreus nos diz que a fé é a prova das coisas que não vemos e a certeza daquilo que esperamos, por definição, a ciência é exatamente o oposto disso. 
A ciência é a prova das coisas que são vistas, tocadas, manuseadas, observadas, documentadas, quantificadas e medidas. 

A ciência trabalha com o sensível. Os cientistas sempre dizem que só acreditam naquilo que veem, que tocam. O desconhecido para a ciência não existe. A ciência é orgulhosa. Ela tem um complexo tão grande porque não sabe criar a vida, e nem saberá nunca. É preciso mais fé para acreditar na ciência, do que na existência de adão e Eva. (Ariano Suassuna)

Ao contrário da ciência, a fé não precisa de provas. A fé consiste em acreditar naquilo que não vemos. Então, se é para acreditar naquilo que não vemos, não tocamos, há como questioná-la? 

A arma da ciência, só se manifesta em longo prazo: ao longo dos anos, ela vai explicando o universo e as coisas de forma lógica e racional em vez de atribuí-las a fenômenos sobrenaturais, enquanto a Espada do Espírito, segundo Romanos 1,17, diz: “Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé”. 

A fé é representada por uma espada, mas não foi feita para apresentação em um dia de gala, nem para ser usada em ocasiões solenes, nem para ser exibida em um desfile. É uma espada que foi feita para cortar, ferir e matar. E aquele que a tem empunhado pode esperar, entre aqui e o céu, que saberá o que significa a batalha. 

Enquanto a função dos cientistas são fabricantes de mapas do mundo físico, nenhum mapa diz tudo o que poderia ser dito sobre um terreno particular, mas em uma determinada escala pode fielmente representar a estrutura existente. No sentido de uma verosimilitude crescente, de aproximações cada vez melhores da verdade sobre a matéria, a ciência proporciona um domínio cada vez mais firme da realidade física (John Polkinghorne)

A missão do cristão e da fé é explicada pelas Sagradas Escrituras: são testemunhas de fé de mapas do mundo espiritual. A fé revela tudo o que existe e é verdade nesse mapa espiritual: 

“E levou-me em espírito a um grande e alto monte, e mostrou-me a grande cidade, a santa Jerusalém, que de Deus descia do céu. E tinha a glória de Deus; e a sua luz era semelhante a uma pedra preciosíssima, como a pedra de jaspe, como o cristal resplandecente. E tinha um grande e alto muro com doze portas, e nas portas doze anjos, e nomes escritos sobre elas, que são os nomes das doze tribos dos filhos de Israel. Do lado do levante tinha três portas, do lado do norte, três portas, do lado do sul, três portas, do lado do poente, três portas. E o muro da cidade tinha doze fundamentos, e neles os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro”. Apocalipse 21,10-14. 

Se o mundo visível foi formado a partir de materiais que foram objetos de observação humana, não haveria espaço para a fé; a ciência poderia apenas ter traçado de volta à sua origem. Conclui-se que de acordo com hebreus 11,3: 

“Pela fé compreendemos que o Universo foi criado por intermédio da Palavra de Deus e que aquilo que pode ser visto foi produzido a partir daquilo que não se vê”. 

O tempo iria nos faltar para dizer dos poderes, dos privilégios, das posses e das perspectivas da fé. Para a fé, acreditar é uma graça de Deus, porque se Deus também não ajudar, também não iríamos acreditar. Temos que cooperar com a graça de Deus. Aquele que a possui é abençoado. 

A fé é certa, mais certa que qualquer conhecimento humano, porque se funda na própria Palavra de Deus, que não pode mentir. 

O motivo de crer não é o fato de as verdades reveladas aparecerem como verdadeiras e inteligíveis à luz da nossa razão natural. Cremos por causa da autoridade do próprio Deus revelador, que não pode enganar-se nem nos enganar. Contudo, para que a homenagem da nossa fé fosse conforme à razão, Deus quis que os auxílios interiores do Espírito Santo fossem acompanhados de provas exteriores da sua Revelação. 

Assim, os milagres de Cristo e dos homens, as profecias, a propagação e a santidade da Igreja, a sua fecundidade e estabilidade são sinais certos da Revelação, adaptados à inteligência de todos, motivos de credibilidade, mostrando que o assentimento da fé não é, de modo algum, um movimento cego do espírito. 

Muito embora a fé esteja acima da razão, nunca pode haver verdadeiro desacordo entre ambas: o mesmo Deus, que revela os mistérios e comunica a fé, também acendeu no espírito humano a luz da razão. E Deus não pode negar-Se a Si próprio, nem a verdade pode jamais contradizer a verdade. 

É por isso que a busca metódica, em todos os domínios do saber, se for conduzida de modo verdadeiramente científico e segundo as normas da moral, jamais estará em oposição à fé: as realidades profanas e as da fé encontram a sua origem num só e mesmo Deus. (Catecismo da Igreja Católica – 156-159).

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