quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Getsêmani, o Lagar de Azeite


“Mas eu sou como uma oliveira que floresce na casa de Deus; confio no amor de Deus para todo o sempre” (Salmo 52:8).

Uma das características mais impressionantes da oliveira é sua perenidade! Elas crescem praticamente sob quaisquer condições: nas montanhas ou nos vales, nas pedras ou na terra fértil. Crescem otimamente sob o intenso calor, com pouca água e são quase indestrutíveis! Seu desenvolvimento é lento, porém contínuo. Quando é bem cuidada, pode atingir até 7 metros de altura. Até as oliveiras doentes continuam a lançar novos ramos!

Algumas árvores tem troncos torcidos e velhos, mas sempre com folhas verdes. Ainda que estejam velhas, as oliveiras não deixam de lançar de si novos ramos e dar frutos! Até 10 ou mais mudas brotam das raízes longas que buscam água nos lugares mais profundos da terra. Ainda que cortada e queimada novos ramos emergirão de sua raiz. Algumas brotam e crescem num sistema de raízes com mais de 2.000 anos de idade, mas o lavrador tem que esperar 15 anos para a colheita de uma árvore nova.
Os frutos da oliveira são as azeitonas. Mas de que nos servem as azeitonas? Sabemos que elas são uma fonte de comida, luz, higiene e cura.
A palavra em hebraico para azeite de oliva é שׂמנּ (shemen). A segunda é que a palavra para a prensa ou lagar usados na produção do azeite é גת (gath). Quando você junta essas duas palavras גת (gath) e שׂמנּ (shemen), prensa de azeite ou azeites, você tem “gathshemen” ou “gatshmanim”. Na antiguidade os frutos das oliveiras eram postas na prensa, para que, pelo peso da alavanca mais o peso das pedras que imprensavam a azeitona, o azeite fosse extraído.
Você talvez não se lembre, mas conhece bem o som dessa palavra, pois representa um lugar muito conhecido pelos cristãos … “Getsêmani”, em grego γεθσημανι (Gethsemane), que significa … “lagar de azeite” … o lugar onde começou o sofrimento do Messias. Foi onde a prensa começou a se movimentar sobre Jesus, por isso não tinha local mais apropriado em todo o Israel para tal … perceba que tudo tem um propósito, nada é por acaso. Esse movimento da prensa sobre Jesus começou a extrair dEle todo o seu “azeite”, começando primeiro por retirar a sua vontade própria (fazer a vontade do Pai) até terminar tirando dEle a sua vida. Mas todo esse “azeite” por Ele derramado não foi em vão, visto que todo esse “azeite” mais do que puro, esse fantástico “óleo de unção” extraído do Senhor, tem sido então derramado sobre a Igreja através do Espírito Santo ao longo dos séculos, desde o dia do pentecostes até os dias de hoje.
Jesus, às vésperas de Sua prisão e execução, passou por momentos de oração no Jardim das Oliveiras, no Getsêmani. Foi exatamente ali que Ele enfrentou sua mais esmagadora batalha, onde envolto em angústia, pavor, terror, aflição, confessou: “minha alma está triste até a morte”, e revelando sua humanidade, intimidade, e sentimentos aos seus discípulos, lhes pediu: “ficai aqui, vigiai e orai”. Foi ali no Getsêmani que Jesus se angustiou profundamente. Tão profundamente que se achou nele uma tristeza mortal. Foi aí que o cálice seria passado, se possível fosse. O lugar onde se prensava o azeite, lugar ainda hoje cheio de oliveiras (por isso chamado de Monte das Oliveiras), se assemelhava com o "lugar" do sofrimento de Deus na alma de Jesus. O Getsêmani foi o lugar onde o azeite da vida eterna foi prensado dentro de Jesus. Foi tão prensado, tão prensado, tão esmagado pelos nossos pecados, que suou gotas como de sangue. Jardim do Getsêmani... Lugar de prensa. Lugar de agonia. Lugar de sangue. Lugar de dor. Mas também é lugar de flores, lugar de ressurreição, lugar de vitória, lugar de elevação.

Não é notável que Deus nos tenha comparado justamente a esta tão significativa árvore? Assim como Cristo tinha que passar pela “prensa de azeite”, nós também teremos. Haverá coisas em nossa vida que vamos sentir como se estivéssemos sendo colhidos, esmagados e prensados. Mas, se deixarmos que essas coisas nos ensinem, irão se transformar em algo doce, benéfico, curativo e nutritivo para os outros. Essa prensa de azeite continua funcionando até hoje. Assim como a oliveira, nós fomos chamados por Deus para darmos frutos independentes do local onde formos plantados. Não importam as condições do terreno, mas sim a nossa perseverança em frutificar ali. Deus nos chamou justamente para que sejamos "plantados" em solos hostis para ali darmos os frutos necessários naquela situação. E se porventura formos momentaneamente vencidos, não nos desanimaremos! Assim como a oliveira que é queimada, lançaremos novos ramos de nossas raízes e continuaremos vivendo e frutificando! Há também conosco um período de amadurecimento até que possamos frutificar abundantemente! Durante esse período vamos crescendo em estatura e finalmente produzimos a quantidade desejada de frutos. O “Getsêmani” ainda atua sobre nós cristãos da mesma forma, buscando começar primeiro retirando de cada um de nós a nossa vontade própria, pecadora e egoísta, que está ligada a “velha natureza“; e então vai trabalhando e se movimentando sobre nós até que essa “velha natureza” morra, para que então ganhemos uma “nova vida“, sendo “nova criatura” em Cristo, com quem morremos e renascemos.
Nascidos agora do “alto“, sendo livres da “velha natureza” e com a promessa de uma vida abundante e eterna no Senhor. Esse processo se tornará efetivamente completo em toda a sua extensão quando o Senhor voltar novamente; enquanto isso, nós vamos derramar o nosso “azeite”, alcançando e “ungindo” no processo a muitos outros, buscando terminar a nossa carreira plenos na realização dos propósitos do Senhor para as nossas vidas e, ao mesmo tempo, … vazios … sem que sobre qualquer “azeite” para ser extraído de nós …

Este azeite não procede de qualquer um, mas somente daquelas azeitonas que foram previamente escolhidas e depois prensadas a fim de liberarem de si este óleo para unção dos reis, sacerdotes e profetas. Muitas vezes você está sendo "prensado" por Deus e este ato está lhe causando muitas dores. Para alguns chega a ser quase insuportável e chegamos até mesmo a dizer: "Senhor, por favor, pare, pois a dor está me massacrando!" Mas, quando o Senhor acaba de nos "prensar" sai o óleo fresco que ungirá a muitos para a seara do Deus vivo!
O azeite propriamente dito nesta passagem, são os nossos atos com Deus. O azeite para ser produzido era algo notório às azeitonas, primeiramente eram selecionadas e depois elas passavam em uma prensa ou em moinhos de pedra. Ou seja, para se extrair o mais puro azeite as azeitonas sofriam grandes atritos onde eram literalmente massacradas nessas prensas e moinhos.

Assim somos nós, com nossas vidas, fomos atraídos a Cristo, ou seja, selecionados. Satanás, o mundo com todos os seus perigos e pecados atraentes são as prensas e moinhos, que vão nos levar em atritos contra a nossa fé e obediência à Palavra de Deus, afim de que nessas tribulações e tentações venha o óleo ser extraído de nós, para que não falte o puro azeite, Espírito Santo, para que a Luz do Evangelho e de Cristo nunca pare de brilhar em nós, assim como na Menorah do Antigo Testamento da qual estava dentro do Tabernáculo não podia se apagar.
O arrebatamento será num piscar de olhos (50 milésimos de segundo), e aí, nesse momento, não será possível pedir perdão pelos nossos pecados; não haverá tempo de nos arrependermos afim de que o azeite seja restabelecido em nós. Tribulações, dificuldades, seja de qual gênero for, tentações e fraquezas, são as prensas e moinhos extraindo e fabricando em nós o melhor óleo do Santo Espírito em nós.

Faz-se necessário o uso da prensa para que o azeite possa ser produzido! Não se engane, somente quando nossas vidas são "prensadas" por Deus é que somos habilitados a produzirmos o "puro azeite para unção".

Somente quem ama incondicionalmente permite ser prensado como o azeite. E quem é prensado como o azeite da oliveira torna suco saudável daquilo que antes era só o cheiro. Imaginem o cheiro das oliveiras. Melhor que o cheiro é o próprio azeite que dá o cheiro e também o sabor. Jesus dá sabor a nossa vida.

O azeite de oliva é um símbolo do Espírito Santo, a fonte e o meio da iluminação espiritual. Usando azeite de oliva porque é facilmente atraído para o pavio, sua luz arde claramente.

O azeite na antiguidade também era conhecido por seus efeitos terapêuticos. Nós fomos comissionados pelo Senhor a trazer cura às nações, povos, tribos e homens em toda a terra! Isaías profetizou isso quando disse:
"O Espírito do Senhor Deus está sobre mim; porque o Senhor me ungiu para pregar boas novas aos mansos, enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos e a abertura de prisão aos presos" (Is 61.1).

O azeite também abastecia as lâmpadas que traziam luz, e esta é justamente nossa função primordial: iluminar um mundo em trevas! O próprio Jesus nos disse: "Vós sois a luz do mundo", e quando a luz chega em qualquer lugar, imediatamente as trevas têm que recuar!

O apóstolo Paulo nos adverte: “Não apaguem o Espírito”. Para que os seus propósitos eternos sejam plenamente cumpridos em nós e através de nós!

Não são poucas as passagens da Bíblia, tanto do Antigo quanto do Novo Testamento, em que o azeite de oliva aparece com um importante significado. Hoje mais popular na alimentação, também teve ao longo da história um forte sentido espiritual, além de outros usos, como em medicamentos e cosméticos. A oliveira, cujo fruto dá origem ao tipo de azeite mais usado no mundo (existem os feitos com outros vegetais), surgiu na região que hoje compreende a Síria – não por acaso, segundo a Bíblia, onde já se situou o famoso Jardim do Éden, primeira morada do homem. Também já foram achadas oliveiras fossilizadas na área do atual Irã.
Há indícios de que o óleo extraído das azeitonas já era usado há 6 mil anos. Os povos da Mesopotâmia o usavam como protetor contra o frio. Untavam a pele com o azeite, que “pega emprestado” o calor do ambiente e não deixa o corpo perder o seu com facilidade. Guerreiros da época também o passavam para ressaltar a musculatura, a fim de intimidar os adversários.
O óleo extraído das azeitonas foi usado por milênios como combustível para lamparinas, fornecendo iluminação noturna nos imóveis, acampamentos ou com intuito cerimonial, como nas menorás (candelabros judaicos de sete lâmpadas, como os que eram usados no Tabernáculo e no Templo de Salomão).
Os mercadores de Tiro eram importantes comerciantes de azeite. Vendiam-no até mesmo ao Egito, já que as azeitonas egípcias não eram de boa qualidade. Israel também produzia muito azeite, mas também o comprava de Tiro. Relatos da comercialização do produto aparecem em livros bíblicos como 2 Crônicas, 1 Reis, Isaías, Ezequiel e Oseias.
Os fenícios e gregos espalharam o uso do azeite pelas outras regiões mediterrâneas (até hoje o óleo grego figura entre os melhores do mundo). Médicos da Grécia já o utilizavam em seus unguentos no século VII (a.C.), assim como os romanos e os próprios israelitas, além dos mesopotâmicos e egípcios, como atestam vários achados arqueológicos.

Além da utilização em temperos e para fritar alimentos, e também para conservá-los, o azeite era matéria-prima de medicamentos de uso tópico (como cremes e pomadas), de cosméticos (cremes e óleos para cabelos e pele) ou ainda misturado a essências perfumadas para uso no corpo ou em ambientes. Misturado a especiarias e flores, com ele era feito uma espécie de incenso.

O sentido espiritual do azeite é frequente até os dias atuais para povos como os judeus e os cristãos. O óleo simboliza a presença do Senhor, também representando o Espírito Santo. Com ele, eram ungidos reis e sacerdotes, conforme a vontade de Deus. Jacó, em suas experiências com Deus em Betel, por duas vezes ergueu altares de pedra, sobre os quais deitou azeite.
Nos sacrifícios diários, também era usado o azeite, sempre de ótima qualidade, assim como na purificação dos leprosos. Manjares para ofertas a Deus eram comumente usados sem fermento e com azeite. A ausência do fermento significa a abstinência do pecado, enquanto o azeite simboliza a presença do Senhor. Quando as ofertas eram feitas para a expiação de pecados ou por causa de ciúmes, entretanto, não se usava o azeite. Também era comum os judeus untarem levemente o corpo com azeite após o banho (tem um eficiente efeito hidratante e suavizante da pele) ou antes de importantes festas. Mas em ocasiões tristes como a de luto, ele não devia ser usado – o óleo simbolizava, entre muitas coisas, a alegria.

Em uma das famosas parábolas contadas por Jesus, um samaritano encontra um judeu vitimado por agressão, e, piedosamente, trata suas feridas com vinho (desinfecção, por causa do álcool) e azeite (com propriedades cicatrizantes). Este uso terapêutico também aparece em Isaías 1:6 (amolecimento de chagas para tratamento), além da cura espiritual. Graças aos antigos mercadores do Mediterrâneo, o uso do azeite se propagou para outras terras, que também passaram a produzi-lo.

Hoje, o óleo é usado na culinária, cosmética e medicina de várias culturas, inclusive no Brasil, onde chegou pelas mãos dos colonizadores portugueses e espanhóis, cujos países produzem azeite em larga escala, exportado para várias regiões do planeta. Nosso país é o sétimo maior importador mundial de azeite e o segundo de azeitonas, produtos presentes maciçamente em nossa culinária diária. Embora não tenhamos tradição no plantio de oliveiras, pesquisas já começam a dar frutos em Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, e logo poderemos consumir muito azeite de olivas brasileiras, cuja cultura se propagará para outros estados de clima propício.

2 comentários:

  1. Muito obrigado pelo texto. Sempre me ancantei com simbolismo dessa plata e, agora, aprendi mais um pouco. Sejas feliz, prospero e saudavel em Deus!!!

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  2. Que sejam alvas as tuas vestes e nunca falte o óleo sobre a tua cabeça (Ecl 7,8).

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