Os insensatos que não creem na vida futura, estimulam-se com o pensamento da morte a passarem bem a vida. De maneira bem diferente devemos nós proceder, os que sabemos pela fé que a alma sobrevive ao corpo. Nós, lembrando-nos de que em breve temos que morrer, devemos cuidar da nossa eternidade e por meio de oração e santificação.
I. Para compreendermos em toda a sua extensão o sentido destas palavras, imaginemos ver uma pessoa que acaba de exalar o último suspiro.
Ó Deus, a cada um que vê este corpo, inspira nojo e horror. Não passaram bem nem vinte e quatro horas depois que aquela pessoa morreu, e já o mau cheiro se faz sentir. É preciso abrir as janelas e queimar bastante incenso, afim de que o fedor não infeccione a casa toda. O parentes com pressa mandam levar o defunto para fora da casa e entregar à terra.
Metido que foi o cadáver na sepultura, vai se tornando amarelo e depois preto.
Em seguida, aparece em todos os membros uma lanugem branca e repelente, donde sai um pus infecto que corre pela terra e donde se gera uma multidão de vermes.
Os ratos vêem também procurar o pasto neste cadáver, roendo-o uns por fora, ao passo que outros entram na boca e nas entranhas.
Despegam-se e caem as faces, os lábios, os cabelos; escarnam-se os braços e as pernas apodrecidas, e afinal os vermes, depois de consumidas todas as carnes, consomem-se a si próprios.
E deste corpo só restará um esqueleto fétido, que com o tempo se divide, ficando reduzido a um punhado de pó.
Eis aí o que é o homem, considerado como criatura mortal. Eis aí o estado a que tu também, meu irmão, serás, talvez em breve, reduzido: um punhado de pó fedorento. Nada importa ser alguém moço ou velho, são ou enfermo: “Lembra-te, ó homem, que és pó e em pó te hás de tornar”.
Os insensatos que não creem na vida futura e têm as verdades eternas por fábulas, estimulam-se, com a lembrança da morte, a levar vida folgada e a gozarem. “Comamos e bebamos, porque amanhã morreremos”.
De maneira bem diferente, porém, deve proceder o cristão, que pela fé sabe que a alma sobrevive ao corpo, e que depois da morte deste, terá de dar contas rigorosíssimas de tudo quanto tiver feito. – O cristão, que se lembra que em breve deverá deixar o mundo, cuidará da sua eternidade e procurará aplacar a justiça divina com santificação e oração. – “Fazei soar a trombeta em Sião, santificai o jejum”.
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