A pergunta: “Por que Deus não nos criou diretamente no céu ou
no inferno”, causa muitas vezes dúvida na cabeça das pessoas, pois passa a ideia
de um Deus “anti-lógico”. Se Ele poderia fazer isso, por que então ele não fez?
A seguir, alguns dos motivos pelos quais Deus, em Sua onisciência, preferiu
criar os seres humanos na Terra para, depois, integrar o céu:
1) Em primeiro lugar, Deus nos deu a decisão de escolha. Deus
criou anjos e deu o livre-arbítrio a eles; e se assim não fosse, não haveria
rebelião no céu, onde Lúcifer arrastou consigo um terço dos anjos em sua
rebelião, sendo expulso do céu. Deus criou seres-humanos. E o que Ele fez? Deu
o livre-arbítrio a eles também. Tudo o que Deus criou, Ele dotou de
livre-arbítrio, a decisão de escolher entre segui-lo ou não. De outra forma,
Deus teria criado “robôs” que o seguiriam simplesmente porque não tinham outra
escolha. Se fosse para fazer isso, então nem criaria nada. Seguiríamos a Deus
por obrigação, e não por escolha. Deus fez com que verdadeiramente tivéssemos o
livre-arbítrio e escolhesse se gostaríamos ou não de segui-lo.
Se Deus nos criasse diretamente no céu, não seria preciso ter
fé para acreditar Nele. Nós não seríamos justificados pela fé, como está
escrito: “Pela graça sois salvos,
mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus”. Deus nos deu diversas
provas, no céu e na terra, e em todo o universo, da Sua existência, de modo que
não temos desculpa para negarmos a Ele, pois o próprio universo em si atesta
para a Sua existência: “Porque os atributos
invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a própria divindade,
claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio
das cousas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis”
(Rm.1:20).
Ele quis dar a oportunidade de escolher para onde gostaríamos
de ir, mostrando assim que é um Deus de amor e de respeito, respeitando nossa
decisão. Se Deus tivesse criado todos no céu, poderiam dizer: “Ah! eu estou
aqui porque o Senhor me criou aqui, me obrigou a viver aqui, não fui eu quem
escolhi.” E se Deus tivesse criado todos no inferno poderiam dizer: “Ah! eu
estou aqui porque o Senhor não me deu chance de escolher.” Então a escolha é
nossa. E o que determina para onde iremos é a nossa fé, Nele, que produzirá em
nós boas obras. E isso não é nenhum trabalho difícil, pois, como disse, o
próprio universo atesta para a Sua existência. O que realmente é difícil são as
pessoas admitirem que há um Deus, pois assim teriam também que abandonar ao
pecado, porque seguir a Cristo é renunciar, renunciar a este mundo e viver uma
vida de santidade. Isso é demais para muitos aceitarem.
2) Deus está fazendo uma seleção. Não é todo mundo que entra
no céu. Apenas os santos entram no Céu. Hebreus 12:14 diz que “sem santidade ninguém verá ao Senhor”.
O lugar onde Deus habita é um lugar santo, não é um lugar onde entra qualquer
um. Todos pecaram, isso é fato.
Mas o sangue de Jesus purifica todo o pecado daqueles que o
aceitam como o Senhor e Salvador de sua vida, e seguem em uma vida de santidade
ao Senhor. É sobre isso que Paulo escreve em Romanos 11:5: “Assim, hoje também há um remanescente escolhido pela graça”.
Noutras palavras, Deus está fazendo uma seleção. Aqueles que
são moldados, aperfeiçoados, e declarados santos, esses sim vão desfrutar da
glória com Cristo, pois apenas os santos entrarão no céu (Hb.12:14). O resto
irá ser aniquilado na segunda morte, que é o lago de fogo. Aos santos será dado
a vida eterna, aos perdidos a vergonha e o desprezo eterno, que é passar a
eternidade longe de Deus. É muito comum hoje em dia a referência (falsa) de que
“muita gente vai para o céu”, simplesmente porque Deus é bom.
Mas a Bíblia deixa muito bem claro que serão poucos aqueles
que desfrutarão da vida eterna. Mateus 7:13,14 diz: “Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o
caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; E porque
estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a
encontrem”. Muitos são os que entram no caminho da perdição, e poucos
entram pelo caminho que leva à vida (eterna). Jesus Cristo nosso Senhor ensina
que apenas “aquele que perseverar até o fim,
este será salvo” (Mt.24:13). A teoria falsa de que “muita gente” vai para o
céu parte do princípio de que os não-salvos irão passar a eternidade queimando
no fogo do inferno e, sendo assim, um Deus bom e de amor não poderia deixar
pessoas sofrendo tudo isso; logo, muito mais gente iria para o céu. O lago de
fogo não é um lugar onde as almas passam a eternidade queimando; o lago de fogo
é um lugar onde a alma dos não-salvos será lançada; o lago de fogo é a segunda
morte (Ap.20:14). A conclusão é que apenas o grupo mais seleto, moldado,
aperfeiçoado, escolhido, e que passou pelas tribulações e aflições dessa terra
perseverando até o fim, é que será salvo, e esse povo santo irá reinar com Deus
no céu. Essa é a verdade.
3) Se Deus nos criasse diretamente no céu, jamais saberíamos
o quão bom é o céu. Como nós saberíamos que o céu é um lugar bom, bem-aventurado, se não temos nenhum comparativo? Ora, o rico só se dá conta de como
é boa a sua vida, quando vai para a África viver em condições sub-humanas! Aí
sim ele aprende a valorizar aquilo que ele tem! Ora, se nós fossemos feitos
para estar diretamente no céu, sem nenhum comparativo, sem nenhum outro lugar
que tivéssemos passado, jamais saberíamos o quão bom é este lugar, para onde os
salvos vão. O céu é um lugar onde não há tristeza, nem pranto, nem luto, nem
aflição. Ora, apenas se tivéssemos passado em algum lugar por tristeza, pranto,
luto e aflição é que saberíamos o significado disso. Estaríamos no céu sem saber o porquê, sem
valorizar aquilo que temos e adorando a Deus por obrigação! “E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá,
já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram”.
(Ap.21:4).
4) E, por fim, o que considero o maior dos motivos: Jamais
saberíamos o quanto Deus é bom! Jamais Deus ofereceria o seu próprio Filho, o
seu filho único, para morrer por nós, pelos nossos pecados, porque não teríamos
pecados! O amor de Deus o Pai se derramou em nós, a saber, por meio do
sacrifício vicário de Jesus Cristo por nós, porque “Deus amou ao mundo de tal maneira que deu seu Filho unigênito, para
que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo.3:16). Deus
amou o mundo!
Ele amou tanto eu e você que deu o seu próprio Filho para morrer
por nós, pecadores, para sabermos o quanto Deus é bom! Se Deus nos tivesse
feito diretamente no céu, jamais saberíamos o quanto Deus nos ama ao ponto de
fazer uma atitude dessas por amor a todos nós! Louvado seja o Senhor! Jamais
saberíamos o que é a “graça”, jamais saberíamos o significado da graça de Deus,
pois “pela graça Dele nós somos salvos,
e isso não vem por obras, para que ninguém se glorie” (Ef.2:8,9). Não vem
por obras, vem pela graça, a graça que atua pelo amor, pelo amor do próprio
Deus vivo por nós! Quão maravilhosos são os desígnios de Deus! “Maravilhosos são os teus testemunhos,
portanto, a minha alma os guarda” (Sl.119:129).
“Mas Deus prova o seu
próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda
pecadores.”
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