No
Antigo Testamento as crianças participavam da Páscoa judaica. Inclusive, uma
das orientações era que os pais explicassem aos seus filhos o porquê de todo
aquele ritual:
“Quando vossos filhos vos perguntarem:
Que rito é este? Respondereis: É o sacrifício da Páscoa ao SENHOR, que passou
por cima das casas dos filhos de Israel no Egito, quando feriu os egípcios e
livrou as nossas casas. Então, o povo se inclinou e adorou.” (Ex 12.26)
É
evidente que é possível que uma criança a partir de certa idade (talvez quando
já estiver entrando na pré-adolescência) consiga compreender com exatidão todas
as implicações envolvidas na Ceia do Senhor. Se essa criança tem essa
possibilidade, poderá fazer seu discipulado, ser examinada, fazer sua profissão
de fé e participar da Ceia normalmente. Os pais devem se esforçar por explicar
o que está acontecendo ali e preparar seus filhos para que possam participar
totalmente desse momento único.
Outra
observação importante é que as crianças, mesmo não participando dos elementos, não
devem ser excluídas do momento de comunhão. Pelo contrário, devem ser
incentivadas a compreendê-lo cada vez mais, a fim de crescerem espiritualmente
e no conhecimento das coisas de Deus. Pois, muito da Páscoa estava focalizado
sobre as crianças e requeria a participação das mesmas. As crianças não ficavam
em alguma outra sala, numa “igreja para crianças”. Os pais não devem fugir das
perguntas, antes, devem aproveitar esse momento para a instrução de seus
filhos, no Senhor.
A
doutrina da Ceia do Senhor apenas de adultos é um erro da Igreja Católica
remanescente, que se incorporou à Igreja devido à adoção da doutrina da
transubstanciação pelo IV Concílio de Latrão, em 1215. A comunhão é para os
crentes e suas crianças. Este é o fato evidenciado pela relação da Páscoa
com a Ceia do Senhor, pela natureza familiar dos pactos e sacramentos bíblicos,
pela natureza de uma “ceia” e pelo registro histórico.
A
Páscoa era uma refeição da qual as famílias judaicas participavam, a despeito
da idade dos seus membros (a refeição era para a “família” - Êxodo 12:3) e foi
antecipado que as crianças perguntariam qual era significado daquele culto
Pascoal (Êxodo 12:26). Além do mais, a Páscoa se focalizava, em parte, sobre as
crianças, porque ela celebrava como o Senhor em Sua misericórdia livrou os
primogênitos, mesmo os infantes (Êxodo 12:27-30). A noção de que as crianças
devem ser excluídas da ceia não tem precedente na Escritura. Por exemplo, as
crianças dos levitas podiam comer a mesma carne dos sacrifícios que os pais
deviam comer: a Páscoa já mencionada acima. Todas as referências às crianças no
contexto dos pactos dizem que as crianças estavam incluídas no pacto. A criança
bem pequena não tem consciência de pecado, por isso pode participar da Ceia do
Senhor. Nessa idade ela ainda não sabe sobre o significado dos elementos da Ceia,
mas sua participação não traz condenação e pode ser uma oportunidade para
ensiná-las o amor que Jesus demonstrou por nós e a necessária reverência desse
momento, lembrá-las de como Cristo se importa conosco e ir despertando esses
sentimentos em relação ao sacrifício de Jesus.
No
caso de crianças maiores, que não nasceram de novo, mas já tem entendimento
para participar com consciência, é importante fazer o apelo antes para que ela
tenha oportunidade de receber a Cristo como Senhor da sua vida. Essas crianças
precisam ser orientadas a só participar se realmente sentirem que são nascidas
de novo. Quanto às crianças que já nasceram de novo, elas estão aptas a
participar de tudo que o Reino de Deus disponibiliza para elas, inclusive a Ceia.
No antigo testamento os meninos e meninas participavam ativamente da vida
religiosa junto com os adultos. Em várias passagens na Bíblia podemos observar
esse fato. Em Deuteronômio 31:12 está escrito:
“Congregai o povo, homens, mulheres e
crianças e os estrangeiros, que estão dentro de vossas portas, para que ouçam e
aprendam e temam ao senhor vosso Deus, e tenha cuidado de cumprir todas as
palavras desta lei”.
A
Bíblia também ensina as crianças a aprenderem através da atenção que lhes é
dada nas respostas às suas perguntas, em Êxodo 12. 26 e 27 a Palavra ensina
sobre a páscoa dizendo:
“E acontecerá que, quando vossos
filhos vos disserem: que culto é este? Então direis: este é o sacrifício da
páscoa ao Senhor, que passou as casas dos filhos de Israel no Egito, quando
feriu aos egípcios, e livrou as nossas casas. Então o povo inclinou-se, e
adorou”.
O
próprio Jesus em Lucas 18:16 disse:
“Deixai vir a mim os meninos, e não os
impeçais, porque dos tais é o Reino de Deus.”
Baseado
na importância que o próprio Deus deu às crianças e de como elas foram tratadas
como pessoas que precisam, tanto quanto o adulto, dos benefícios da vida
cristã, poderão serem incluídas em atividades do culto como a Ceia do Senhor. O
cuidado será trazer para criança o verdadeiro sentido do que ela está
participando, trazer o conhecimento, a consciência e compreensão chegará com a
maturidade do seu crescimento físico emocional e espiritual.
Faça
sempre o apelo para novo nascimento, antes da cerimônia da Ceia, não deixe esse
momento para o final do culto para que todas as crianças participem da ceia, só
peça que haja reverência por esse momento, ensinando-as a discernir o corpo de Cristo
para que conheçam e tenham consciência do Seu sacrifício.
Finalmente,
se prepare para celebrar o culto de Ceia com muita propriedade, trazendo para a
criança o sentimento e a seriedade que o momento pede, não deixando que haja
brincadeiras e nem conversas paralelas para que o momento com as crianças seja
especial.
É
importante sublinhar que há uma diferença importante entre a Eucarístia dos
católicos e a ceia dos protestantes. Os católicos acreditam que o corpo e o
sangue de Cristo, apresentados pelo padre, se transformam em corpo e sangue de
Cristo.
Os
protestantes, invés, não tem essa fé, embora historicamente a questão seja bem
complexa, visto que Lutero era favorável à "consubstanciação" (o pão
e o vinho mantêm sua natureza, mas ao mesmo tempo se tornam substância do
sangue e corpo de Cristo), Zwingli diz que há somente um significado simbólico
e Calvino fala de uma presença espiritual e de uma participação real ao corpo
de Cristo.
Na
Bíblia, o fundamento para essa celebração se encontra no momento em que Jesus
diz para repetir, em sua memória, o gesto que fez com os discípulos (1Coríntios
11,24). Mas nada é dito sobre quem pode ou não participar dessa celebração,
exceto a recomendação de Paulo aos Coríntios, sobre a coerência que supõe tal
liturgia (1Coríntios 11,17-33).
A
Ceia do Senhor é uma refeição comunitária. Para os povos antigos havia um
sentido especial para as famílias estarem em união. Famílias inteiras
participavam destas celebrações, inclusive as crianças.
Nas
refeições o chefe da família abençoava os alimentos, assim todos os que
participavam da refeição recebiam uma participação na bênção.
A
Ceia da Páscoa, era também a recordação dos atos misericordiosos de Deus que
livraram o povo de Israel da opressão e da escravidão no Egito. O ritual se
iniciava quando um filho (uma criança) perguntava: “Que ritual é este?”. Então
o chefe da família começava a celebração lembrando do significado da Páscoa.
Ninguém do povo de Israel podia ficar sem participar da Ceia da Páscoa, ninguém
do povo de Israel podia ser excluído. Em Ex 12:3-5, Deus ordena às famílias
pequenas que convidassem seus vizinhos para a refeição pascal.
“Jesus explica o significado salvador de sua
morte: dar a salvação “Em favor de muitos”, ou seja, de todos. Deus quer
colocar toda a humanidade em uma nova relação com ele, sendo assim; É
impossível excluir as crianças.
Podemos
dizer, portanto, que, ao instituir a Ceia do Senhor, Jesus inaugura o culto
cristão: cultuar a Deus significa celebrar a morte e a ressurreição de Jesus. O
culto era a reunião do Corpo de Cristo, judeus e gentios, homens e mulheres,
adultos e crianças. Acreditava-se que das crianças vinha o perfeito louvor. (Mt
21:15-16).
Assim
como a aliança de Deus era com uma pessoa, mas envolvia toda sua família e sua
descendência, o culto cristão era algo para o adulto que entrava em aliança com
Deus e também sua família e sua descendência, inclusive seus filhos, suas
crianças.
A
criança como herdeira do Reino de Deus, deve participar da Ceia do Senhor, preferencialmente
junto com seus pais, ou outros familiares, ou acompanhadas pelas pessoas
responsáveis pela sua educação cristã, depois de terem sido orientadas pelos
mesmos sobre a relevância da celebração e o seu significado.
Criança
não entende o sacrifício de Jesus – No Antigo Testamento, eram os pais, os
responsáveis legais e espirituais da criança que deviam ter a fé em Deus, optar
por participar da Aliança com Deus e buscar entender a vontade de Deus.
Ensinamos
nossos filhos a falar, mesmo sabendo que pequeninos ainda não conseguem
entender o sentido das palavras. Eles são educados através da repetição, do
testemunho, do amor.
A Bíblia em Provérbios 22:6: “Educa a criança no caminho em que deve andar”.
Em
1Corintios 3:6-7 diz: Nós “lançamos a
semente” e “regamos a semente”, mas quem dá o crescimento é Deus".
A
criança deve participar da Ceia do Senhor não porque é capaz de entender ou não
entender, mas porque é amada por Deus.
Certa vez eu ouvi de um Pastor a
seguinte frase; “Jesus não deu Ceia para criança”. É verdade, mas Jesus também
nunca batizou ninguém, nem criança nem adulto. Jesus nunca nomeou um pastor ou
pastora. Nunca construiu um templo nem nunca recolheu ofertas. Jesus nunca teve
um discípulo brasileiro. Jesus não se casou nem teve filhos. O fato de Jesus
não ter feito não quer dizer que não temos de fazê-lo, poderemos fazer sim se
parecer bem ao Espírito Santo de Deus (At 15:28). A não ser quando que a
palavra de Deus determine que não.
Hoje
o mesmo Espírito que chamou brasileiros para serem discípulos de Jesus, que
chamou mulheres para o pastorado da igreja, também nos desafia a pensar nas
crianças como parte da Igreja de Jesus e em particular a participação das
crianças na Ceia do Senhor. Não há nenhuma restrição bíblica quanto à
participação das crianças na Ceia do Senhor. Todos os argumentos contrários à
participação das crianças na Ceia do Senhor resumem-se de fato a preconceitos e
desinformação, sem falar na cegueira espiritual.
A
Bíblia fala do autoexame para discernir o Corpo de Cristo –1Co 11:17-34. O
objetivo deste texto era para os adultos que tinham condições de discernir o
Corpo e não o estavam fazendo. Apresentavam um modo de vida indigno do
Evangelho de Cristo. Pecavam deliberadamente. A Igreja estava dividida em
grupos inchada de orgulho, tolerando a imoralidade, a prostituição, a
idolatria, a confusão e a desordem nos cultos inclusive na celebração da Ceia
do Senhor. O medo de alguns é que a
participação das crianças na Ceia do Senhor vulgarize a Ceia e tire a
“expectativa” das crianças de tornarem-se membros da Igreja.
Nós
respeitamos todos os grupos cristãos. Deus nos deu um caráter e uma
personalidade própria. Assim como os dedos das mãos e os membros de uma mesma
família não são iguais. Não devemos ser como as demais denominações apenas por
que eles não concordam com a nossa prática.
Não
fomos autorizados a impedir o acesso de quem quer que seja à mesa da Ceia do
Senhor. As crianças devem ser incentivadas a participar da Ceia do Senhor.
Temos
a responsabilidade de orientar as famílias e as crianças sobre a participação delas
na Ceia do Senhor; é um momento de comunhão.
Com certeza “Onde há o Espírito
do Senhor aí há liberdade”; (1Co 14:40); “Mas, devemos fazer tudo com ordem e decência”.
A
participação das crianças na Ceia do Senhor não fere a santidade da Ceia, mas a
falta de seriedade com as coisas do Senhor, com certeza, fere a santidade
necessária à celebração da Ceia do Senhor, com ou sem as crianças.
Naquele momento os discípulos chegaram
a Jesus e perguntaram: “Quem é o maior no Reino dos Céus?” Chamando uma
criança, colocou-a no meio deles, e disse: “Eu lhes asseguro que, a não ser que
vocês se convertam e se tornem como crianças, jamais entrarão no Reino dos
céus. Portanto, quem se faz humilde como esta criança, este é o maior no Reino
dos céus. Quem recebe uma destas crianças em meu nome, está me recebendo. Mas
se alguém fizer tropeçar um destes pequeninos que creem em mim, melhor lhe
seria amarrar uma pedra de moinho no pescoço e se afogar nas profundezas do
mar. (Mateus: 18.1-6); e, também: “Deixai os pequeninos e não os
estorveis de vir a mim, porque dos tais é o Reino dos Céus”.
Agora,
quando elas tiverem com a idade de 12 anos, daí sim, precisam arrepender-se de
seus pecados para que se possam participar da Ceia do Senhor. A Ceia é para os
santos e, as crianças também são santas; ou não são? Você desejaria que seus
filhos, ainda pequenos, ficassem aqui, no arrebatamento da Igreja de Cristo?
Certamente que não; então, por que é que não participam da Ceia? Sendo que
serão também arrebatadas por Cristo!
Que
nossas crianças possam ser aceitas e reconhecidas como chamadas pelo amor e
pela graça de Deus. Que possam ser aceitas e reconhecidas na resposta de
gratidão e amor que a Igreja presta com seu culto ao Senhor. Que as crianças
possam ser aceitas e reconhecidas como parte da Igreja do Senhor Jesus.
Que
fique bem claro para adultos, leigos ou pastores, pais e mães, etc., que não há
orientação ou motivos bíblicos e teológicos contra a participação de crianças
na Ceia do Senhor. Uma das coisas que as pessoas querem saber é o que a Bíblia
diz. Por isso é importante explicar bem que na Bíblia não há argumentos
contrários à participação de crianças na Ceia do Senhor.
Não
há argumentos contrários à Ceia do Senhor para crianças. Pelo contrário, parece
haver vários argumentos a favor. Parece-nos cada vez mais importante não
excluir, mas incluir as crianças. Geralmente argumentos contrários à
participação das crianças na ceia do Senhor resumem-se de fato a preconceitos e
desinformação.
A
prática da participação das crianças poderia começar com os pais levando junto
de si seus filhos para participarem da Ceia do Senhor e ali repartirem com os
filhos, se possível, o pão e o cálice (onde não for possível, os próprios pais
devem tomar os elementos da ceia e entregá-los às crianças, dizendo ali mesmo
de forma reverente e sintética do amor de Jesus por elas e de como é bom sermos
povo de Deus!). Possivelmente podem aparecer algumas situações delicadas que
serão precisos ser administradas com tato, sensibilidade e amor.
“O amor cobre todas as transgressões” (Pv 10:12). “Onde está o espírito do Senhor aí há liberdade” (2Co3:17). “Não por força nem por violência, mas pelo
meu Espírito – diz o Senhor dos Exércitos” (Zc 4:6).
Não
devemos ter um culto separado exclusivamente para as crianças. Pelo contrário,
o nosso culto, como toda a nossa igreja, deve ser projetado para todas as
idades. O Senhor Jesus diz:
“Deixai vir os meninos a mim, e não os
impeçais; porque dos tais é o reino de Deus”.
Será
que esse impedimento ou embaraço, como diz outras traduções bíblicas, não seria
a atitude insana de pseudo-teólogos, que insistem em negar a participação de
nossas crianças em cerimoniais bíblicos em nossas igrejas? Não poderá existir
imagem mais linda do que esta: um
menino, uma menina, uma criança participando do Corpo e do Sangue do Senhor
dentro de um templo!
Também
não deixemos de participar e nem proibamos as criancinhas. “Deixai vir a mim os pequeninos”, os visitantes, os pecadores...
A
ceia foi feita principalmente para eles! A ceia é um ato de adoração que relembra
o Salvador na cruz; e lá na cruz, ele não excluiu ninguém do seu sacrifício.
Que
história é essa que inventaram de que A, B e C não podem participar? Onde está
na Bíblia esse critério? Onde é que diz que a Ceia do Senhor é só para os
batizados? Jesus disse simplesmente para “fazer isso em memória de mim, pois
quando comerdes este pão e beberdes deste cálice, anunciais a minha morte, até
que eu venha”.
Deixemos
Jesus cear conosco, abramos a porta de nossa Igreja para o que Ele estabeleceu.
Abramos a porta de nossa Igreja para a verdade que é Ele. Abramos a porta,
chega de pré-conceitos, de pré-tradições, chega de portas fechadas, de mentes
fechadas.
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