quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Darwin e sua Presença na Teologia

Charles Darwin continua polêmico duzentos anos após seu nascimento e cento e cinqüenta anos depois da publicação de A Origem das Espécies. O medo que teólogos no correr desses cento e cinqüenta anos tiveram de Darwin nos leva a esta pequena reflexão sobre o assunto. Serei breve, não pretendo, nem acho possível esgotar o assunto, desejo apenas apresentá-lo. Creio que o medo referido é mantido por tradição baseada mais em desconhecimento do que em fatos.
É importante entender que Darwin sempre conviveu com o cristianismo inglês, o anglicanismo. Nosso cientista nasceu durante as guerras napoleônicas, quando os conservadores governaram em estreita associação com a igreja. Embora o alto clero tenha adotado uma postura que se aproximava em muito do fundamentalismo, a família de Darwin procurou não se afastar de sua tradição iluminista, quando os não-conformistas levantavam a bandeira da “unidade sem uniformidade”. Assim Darwin, seguindo uma tradição escandalosa para o anglicanismo oficial da época, se posicionou no campo do unitarianismo, que prega a unidade absoluta de Deus, a liberdade de cada pessoa para buscar a verdade e a espiritualidade sem a necessidade de dogmas ou instituições, como fizera um de seus avós, Erasmus, que era livre-pensador. Aliás, Charles foi batizado numa capela unitarista. Quando sua mãe faleceu, ele tinha oito anos e foi estudar em Shrewsbury School, uma escola pública sob administração da igreja anglicana.
O pai de Charles, Robert Darwin, era médico e livre pensador como Erasmus. Quando a família constatou que Charles não pretendia fazer medicina, como o pai, sugeriu que seguisse a carreira eclesiástica. Mais tarde, Darwin escreveu: "Gostei da ideia de ser pastor no interior. Passei a ler com atenção o Credo de Pearson e livros sobre Deus. E como não tinha a menor dúvida sobre a verdade absoluta e literal de cada palavra da Bíblia, logo me convenci de que os nossos princípios deveriam ser aceitos integralmente”. E, assim, foi matriculado no Christ's College Cambridge para o bacharelado em Artes exigido.
Mas, por obra do destino (ops!), ele frequentava as aulas de história natural ministradas pelo pastor John Stevens Henslow, que também era professor de teologia. E passou a ler os textos de outro pastor, William Paley, que trabalhava Filosofia Moral e Política e dava umas aulas muito criativas sobre As Evidências do Cristianismo. Darwin escreveu que apreciava tanto os textos de Paley que poderia expor todos seus argumentos, embora não com a mesma precisão. Disse que gostou tanto do livro A Teologia natural, obra maior de Paley, que era quase capaz de recitá-lo de memória.
Depois de ter sido aprovado nos exames de teologia, Charles não abandonou a Teologia Natural de Paley, que apresentava provas da existência de Deus recorrendo à complexidade dos seres vivos, que foram colocados num mundo organizado e feliz, conforme escolha e finalidade definidas pelo Criador. E foi assim que Charles começou a se interessar pela ciência. E tal escolha aconteceu num momento em que Cambridge recebia a visita de dois missionários que nadavam contra a corrente, Richard Carlile e Robert Taylor. Aliás, Taylor, “o capelão do Diabo”, já tinha, inclusive, sido preso por blasfêmia. A presença dos dois e suas posturas não-conformistas geraram tumultos e ambos foram expulsos de Cambridge. Essas surumbambas fizeram Charles repensar sua escolha.
A teologia deu lugar à ciência. E a viagem na expedição do Beagle foi um acontecimento benfazejo. Quando retornou à Inglaterra e desenvolveu a teoria da seleção natural, então sim, começou a entrar em conflito com o argumento teleológico que marcara seus estudos teológicos.
A morte esteve presente na vida de Darwin: pensou sobre ela e sua leitura cristã e acabou por considerar a construção da fé produto e desenvolvimento da própria sociedade. Mas, foi com a morte da filha Annie que se afastou da crença em um Deus bom, deixando o cristianismo de lado, embora não tenha rompido formalmente com sua igreja local: continuou a ajudar financeiramente suas ações sociais e missionárias. Aos domingos, no entanto, preferia sair para caminhar, enquanto a família ia aos cultos. É interessante notar que quando escreveu A Origem das Espécies ainda era teísta: acreditava na existência de Deus como causa primeira.
Foi no final da vida que Darwin passou a questionar a religião como avalista da ciência. Disse que a ciência não pertence a Cristo e que o hábito da investigação científica faz um homem sábio quando busca e admite o óbvio. Disse não crer que houvesse sempre revelação, embora sobre a futura vida, caberia a cada um julgar por si próprio entre probabilidades vagas e contraditórias. Nunca afirmou ser ateu, preferia ser visto como agnóstico.
Caso convidássemos Darwin para uma conversa tranquila, e se isso fosse viável hoje, muito possivelmente nos contasse que não tinha ouvido para música a ponto de questionar como poderia tirar algum prazer dessa arte. Ou dizer como, em um período em que colecionava besouros, tendo encontrado dois deles segurou um em cada mão. Mas eis que um terceiro aparece! Então, sem pensar, coloca um deles na boca para liberar uma das mãos. O inseto libera um líquido que queima sua língua e como resultado dois besouros se perdem.
História simples, quase sem importância, uma bobagem, mas serve para situar o homem. Alguém que não teve vergonha de incluir estes detalhes em suas memórias.
Às vezes, um de meus estudantes, querendo se fazer apologista, diz em sala de aula: “Não concordo que viemos dos macacos!” Bem, quem quiser atacar a teoria de Darwin, que ataque, não ficarei no caminho. Mas descartar ou abominar o que não se conhece é base segura para o fundamentalismo, para o preconceito, para a violência. Ainda hoje, mesmo na Europa e nos Estados Unidos, a teoria da evolução só é bem aceita em meios científicos. Mas muito possivelmente as reservas por parte da população possam ser explicadas pelos equívocos e folclores atribuídos a Darwin, como a afirmação prematura de meu aluno em sala de aula. De todas as maneiras, sabemos como é difícil para a fé simples aceitar que o ser humano visto enquanto elemento de um ecossistema não é autônomo e independente em relação às outras espécies.
Mas voltemos aos equívocos e folclores. Um exemplo de equívoco é o chamado “darwinismo social", que afirma existir raças superiores e raças inferiores. O que foi amplamente utilizado pelo nazismo. Darwin não defendeu tais idéias. Ao contrário, quando deixou o Brasil disse que não voltaria mais a um país escravagista. Já folclore é a ideia linear da evolução, presente naqueles desenhos de um macaco de quatro, outro semi-ereto na frente e, por último, o homo sapiens. De acordo com Darwin, o homo sapiens não veio do macaco, mas de um ancestral comum tanto ao homo sapiens como aos macacos. E, mais ainda, não há uma espécie menos evoluída e outra mais evoluída: todas emergem como ramificações da vida que se espraia.
Assim, Darwin nos apresenta a probabilidade de termos um antepassado comum com os macacos, que não era homem e não era macaco, ao menos não como os conhecemos hoje. Este antepassado, por sua vez, provavelmente tinha antepassados comuns com vários mamíferos de seu tempo e assim por diante.
Mas alguém que vê sua fé ameaçada pela teoria da evolução poderia dizer: “Mas dá na mesma, a alternativa é ainda mais primitiva!”. É verdade. Por isso, eu diria ao estudante de religião: tão primitiva quanto os vários estágios do processo da produção de um vaso. Neste caso partimos de terra, moldamos até obter a forma desejada, deixamos secar, levamos ao forno, e por aí vai. É algo que não sei fazer, mas admiro os que sabem. É uma arte. Se eu disser que acredito que exista a etapa da modelagem da argila ninguém me acusaria de não acreditar que o oleiro fez o vaso. Se eu for em frente com a metáfora do vaso posso dizer que ambos são fruto de um processo de criação. É certo que Darwin não disse isso, nem pensava assim. Estou apenas construindo pontes.
No livro dos princípios, o de Gênesis, os períodos de tempo nomeados normalmente são traduzidos como dias, mas podem ser qualquer unidade de tempo,yom ou eras como aparece no hebraico. Quanto tempo é uma era? Pode ser muito tempo. Talvez tempo bastante para o surgimento dos primeiros pedacinhos unicelulares de vida através de variações genéticas e seleção natural, equivalentes ao processo de modelagem dos animais, do vaso-humano, da vida neste planeta. Esta opinião pode ser questionada, como tudo sob o sol. É perfeitamente possível questionar Darwin. Ele mesmo questionava suas descobertas o tempo todo. Mas, podemos crer no oleiro, na existência do vaso e em sua modelagem.
O evolucionismo cristão
A origem das espécies de Darwin levou a teologia a repensar o surgimento do universo e do ser humano. E quem fez essa caminhada inusitada e criativa foi o jesuíta Pierre Teilhard de Chardin, precursor do evolucionismo cristão: cientista e teólogo proibido pela igreja. Só depois da morte, em 1955, aos poucos suas pesquisas e produção saíram do ostracismo. Hoje é leitura obrigatória quando em teologia se discute cristianismo e evolução.
Assim, as discussões sobre a origem da vida continuam a gerar polêmicas, principalmente porque leitores tomam o relato de Gênesis, em seus três primeiros capítulos, como literalidade absoluta. Por isso, as idéias de Darwin causam tanto desconforto hoje como quanto em 1858, quando apresentou a teoria da evolução à comunidade científica.
Quase setenta anos depois daquele desconforto, em 1926, Teilhard de Chardin, com 45 anos de idade, vivendo e trabalhando como paleontólogo em Tientsin, na China, escreveu à sua prima Margueritte Chambom. Disse que estava decidido a relatar o mais simplesmente possível a experiência ascética e mística que vivia e ensinava. Mas não pretendo abandonar o rigor do cristianismo. Queria, antes que nada, ir adiante.
Na época de Darwin, outra leitura sobre a origem da vida, defendida pelo pastor William Paley, ganhara força: dizia que a adaptação dos organismos vivos era fruto de um projeto inicial, de um desenho inteligente. Mas, como vimos, Darwin rompeu com as idéias de Paley e partiu uma hipótese radical: os seres vivos se desenvolveram a partir de mudanças aleatórias e as particularidades do humano se deram por razões adaptativas.
Para Chardin, ir adiante era uma postura de paleontólogo. Mas ele não era só um paleontólogo, era teólogo e místico. Assim, ir à frente significava que arriscaria tornar-se o Darwin da teologia. E em Tientsin, onde a Companhia de Jesus acabara de abrir um instituto de estudos superiores e para onde foi mandado numa espécie de exílio, pois lá suas idéias não repercutiriam, mergulhou em pesquisas de campo e produção teórica.
É interessante ver que as oposições que Darwin e Chardin enfrentaram foram semelhantes.
A Companhia de Jesus sem desejar colocou Chardin no lugar certo, pois em Tientsin estavam sendo realizadas escavações e expedições paleontológicas. De 1923 a 1946, ele permaneceu lá. E não se afastou de suas pesquisas. Aprofundou-se na ciência, a procura de um novo pensar teológico. E foi assim que surgiu sua principal obra: O fenômeno humano (1955), onde apresentou os conceitos que passaram a balizar o evolucionismo cristão. Mas escreveu também outros trabalhos importantes: O coração da matéria (1950), O surgimento do homem (1956), O lugar do homem na natureza (1956), O meio divino (1957), O futuro do homem (1959), A energia humana (1962), Ciência e Cristo (1965).
Chardin formatou novas leituras da evolução, da estrutura orgânica do universo e da tendência do ser a alcançar um estado cada vez mais orgânico, de unificação. O fim da existência passou a ser visto como a convergência das consciências individuais na consciência do centro ômega, momento de completude do processo evolutivo.
"Uma só liberdade, tomada isoladamente, é fraca, incerta e pode facilmente errar nos seus tateios. Uma totalidade de liberdades, agindo livremente, acaba sempre por encontrar o seu caminho. E eis por que, incidentemente, sem minimizar o jogo ambíguo da nossa escolha em face do Mundo, eu pude sustentar implicitamente, no decurso desta conferência, que nós avançávamos, livre e inelutavelmente, para a Concentração através da Planetização. Na evolução cósmica, poder-se-ia dizer, o determinismo aparece nas duas pontas, mas, aqui e lá, sob duas formas antitéticas: em baixo, uma queda no mais provável por defeito, - em cima, uma subida para o improvável por triunfo de liberdade".
O universo, para Chardin, está impregnado de pensamento, o que se torna patente com a evolução, através da crescente complexidade estrutural que a matéria alcança. Chardin intuiu laivos de consciência nos graus ínfimos da existência, no plano físico do universo. A evolução levou esta consciência a revelar-se mais avançada no ser humano. Ora, a organicidade do todo implica uma lógica, seria absurdo determo-nos neste ponto do caminho sem continuá-lo.
Assim, para Chardin, o fenômeno humano não completou a sua trajetória e não alcançou a necessária conclusão, mas tal movimento está implícito na lógica do desenvolvimento do próprio fenômeno. Então o Cristo, para este cientista e teólogo, pode ser proposto à ciência como biótipo do fenômeno humano, como modelo que o humano poderá atingir com a evolução, e o Evangelho como a lei social da unidade coletiva representada pela humanidade do futuro. Esse é o processo da evolução, numa correlação das compreensões da ciência e da espiritualidade cristã. E o humano faz parte deste processo.
Chardin constrói, assim, uma teologia da evolução, onde a santificação se dá por meio da presença universal do pensamento imanente da divindade. É a sagração da evolução. Chardin caminhou no terreno do cristianismo, mas fez uma nova leitura da origem da existência, onde a estrutura mais íntima do ser é de natureza psíquica, para concluir que a vida é pensamento coberto de morfologia e a espiritualidade é o ápice da evolução.
Ou como disse numa oração:
"Rico da seiva do Mundo, subo para o Espírito que me sorri para além de toda conquista, revestido do esplendor concreto do Universo. E, perdido no mistério da Carne divina, eu já não saberia dizer qual é a mais radiosa destas duas bem-aventuranças: ter encontrado o Verbo para dominar a Matéria, ou possuir a Matéria para atingir e receber a luz de Deus".
A partir de Darwin e de sua presença na teologia, através de Chardin, podemos dizer que pensar a existência humana é tarefa aberta e permanente para a ciência e a teologia. Mais do que perder-se em formulações dogmáticas, quer na ciência ou na teologia, o desafio humano é a busca para compreender como (ciência) e por que (teologia) estamos conectados à existência e ao Universo.

Referências
Charles Darwin
Autobiography of Charles Darwin, editor Francis Darwin, 1887.
Life and Letters of Charles Darwin, (ed. Francis Darwin). vols. I e II, 1887:
More Letters of Charles Darwin, editores Francis Darwin e A.C. Seward, vols. I e II, 1903.
Sobre o autor
Teilhard de Chardin
Oeuvres, 13 volumes, Paris, Seuil, 1955-1976.
O fenômeno humano, São Paulo, Herder, 1965.
L’ambiente divino, Milão, Il Saggiatore, 1968.
Le Coeur de la Matiére, Paris, Seuil, 1976.

Sobre o autor
Borne, É., De Pascal à Teilhard de Chardin, Clermont-Ferrand, Ed. G. de Bussac, 1963.
Gibellini, R., Teilhard de Chardin: l’ópera e le interpretazioni, Brescia, Queriniana, 1981.
Schellenbaum, P., Le Christ dans l’energétique teilhardienne, Paris, Cerf, 1971.
 

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

A Mensagem dos Cristais de Neve

A mensagem dos cristais de neve
Wilson Bentley foi um fazendeiro e meteorologista estadunidense de Vermont, pioneiro da microfotografia dos cristais de neve. Em 1931 ele publicou um livro intitulado Snow Crystals (Cristais de Neve). Sua obra, com inúmeras micro fotos em preto e branco, ilustrando as diferentes formas desses cristais, é referência ainda hoje.

 Depois de fotografar milhares de cristais de neve, Bentley observou que:

• Não há dois cristais iguais
• Todos são de um padrão formoso
• Todos são hexagonais

Os cristais de neve, como tudo o mais, são controlados por Deus. O justo Jó exaltou a Deus, dizendo:
“Com sua voz troveja Deus maravilhosamente; faz grandes coisas que não compreendemos. Porque ele diz à neve: Cai sobre a terra…” (Jó 37.5-6).
E o salmista:
“Ele envia as suas ordens à terra… dá a neve como lã e espalha a geada como cinza” (Sl 14715-16. Ver 148.7-8).
Tente imaginar quantos bilhões, trilhões ou quatrilhões de cristais de neve caem sobre uma pequena extensão de terra durante uma curta tempestade, sendo que cada cristal tem um formato específico e sua própria beleza, sem duplicata… Impressionado, A.J. Pace, famoso desenhista cristão evangélico, contemporâneo de Bentley, perguntou-lhe como ele explicava essa infinita variedade e beleza dos cristais de neve. Bentley, encolhendo os ombros, respondeu: “Somente o Artista que os desenhou pode explicar!”
O citado A.J. Pace observou que os cristais de neve, de algum modo, envolvem o número 3. Formam-se nas nuvens quando a temperatura destas cai abaixo de zero graus; são água gelada. E a água, como sabemos, é composta de três moléculas, 2 de hidrogênio e 1 de oxigênio (H2O). O mais curioso é que a palavra hebraica para neve, 

(sheleg), tem três letras e, na numerologia hebraica, equivale ao numero 333. Não precisa ser poeta para pensar nos belíssimos cristais de neve como rubricas das três Pessoas da Santíssima Trindade em sua Criação!

Pasmamos diante desta criação, os minúsculos cristais de neve… e todas as outras maravilhas que observamos na natureza. Todavia, nada se compara ao homem criado à imagem e semelhança de Deus (Gn 1.27). Com reconhecimento e gratidão, o salmista orou:
“Tu me moldaste por dentro e por fora; tu me formaste no útero da minha mãe. Obrigado, grande Deus – é de ficar sem fôlego! Corpo e alma, sou maravilhosamente formado! Eu te louvo e te adoro – que criação!” (Sl 139.13-15, Bíblia A Mensagem, E. Peterson).
Não há muitas referências à neve na Bíblia, certamente porque a Palestina é uma terra muito quente. Todavia, a brancura da neve é usada em algumas passagens como ilustração de purificação do pecado e de pureza moral (Sl 51.7; Is. 1.18). Na visão apocalíptica de Daniel, o “Ancião de dias”, Deus no seu trono de julgamento, aparece usando uma “veste branca como a neve” (Dn 7.9). Quando Jesus transfigurou-se diante dos seus discípulos mais chegados, “suas vestes tornaram-se resplandecentes e sobremodo brancas, como nenhum lavandeiro da terra as poderia alvejar” (Mc 9.3). A King James Version (KJV, famosa versão inglesa) traduz “exceeding white as snow”(sobremodo brancas, como a neve). O anjo do Senhor que desceu do céu e removeu a pedra que fechava o sepulcro de Jesus, também usava uma veste “alva como a neve” (Mt 28.3; Mc 16.5).
Como pode alguém duvidar da existência e da obra criadora e redentora de Deus? Se ele aplicou e aplica poder, sabedoria e tamanha criatividade a essas gotículas de água gelada, os cristais de neve, e se ele nos criou “de modo assombrosamente maravilhoso”, ele é capaz de tudo, inclusive e principalmente de redimir, purificar e santificar nosso caráter, tornando-nos, moral e espiritualmente falando, “brancos como a neve”. Entretanto, como os cristais de neve, somos todos diferentes uns dos outros e… lindos. O apóstolo Paulo garantiu aos cristãos de Filipos:
“Aquele que começou a boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus” (Fp 1.6).
Naquele dia, pela graça de Deus, estaremos, com milhões de outros, diante do trono de Deus e do Cordeiro, Jesus, vestidos de vestiduras brancas, lavadas e alvejadas no sangue do Cordeiro (Ap 7.9-14; I Jo 1.7-9). Amém!
Eber Lenz Cesar
Recife, 1979. Reescrito em 08/11/2012, no Rio de Janeiro.

Anos atrás, quando ministrei esta palavra na Igreja Presbiteriana das Graças, em Recife, uma querida irmã e ovelha, Juraci Fialho Viana, escritora, hoje com 103 anos, escreveu para o boletim dominical da igreja o poema a seguir:

Mistérios da Criação

A uma ordem do Senhor, os cristais de neve, microscópicos, caem sobre a terra.
Aos milhões, aos bilhões, aos trilhões… numa avalanche macia, branca…
Cada cristal de neve tem sua própria forma, estranhas figuras geométricas,
Traçadas sob o compasso, a régua, o esquadro, os cálculos da matemática divina.
Às vezes, eles são círculos, ângulos, traços retos, sinuosos, paralelos,
Outras, são estrelados, florados, ponteagudos ou bordados com fios de ouro e prata, de enredada filigrana,
Desenhados todos na base do hexágono.
Pintados com tinta celeste, eles têm manchas jamais vistas, de todas as cores do universo.
Invisíveis a olho nu os microscópicos cristais de neve são um segredo, um mistério de Deus no seio da branca neve.
Ó criatividade divina!
No entanto, Senhor, o que me extasia mais do que o teu poder criador é pensar que tu és Deus,
Imenso, poderoso, tremendo e majestoso, o artífice dos cristais de neve.
És o Deus a quem chamo “Pai”, com quem converso, que me escuta,
Que para mim inclina os ouvidos no meio do seu trabalho universal.
Então, Senhor, pasmada, eu concluo: a despeito de minhas fraquezas e notória imperfeição
- Ó graça inaudita! – Sou para ti mais… muito mais
Do que os incrivelmente microscópicos, formidáveis cristais de neve!

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Existe Uma Conspiração Mundial?

O chamado à sobriedade

Quando a Bíblia fala dos acontecimentos dos últimos tempos encontramos sempre o chamado à sobriedade e à cautela. Por exemplo, em 1 Tessalonicenses 5.6: “Não durmamos, pois, como os demais, mas vigiemos, e sejamos sóbrios!” (ACF). Em 1 Pedro 1.13 está escrito: “Portanto, cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios, e esperai inteiramente na graça que se vos ofereceu na revelação de Jesus Cristo!” (ACF). Justamente os acontecimentos dos últimos tempos podem gerar uma grande insensatez entre os crentes, até mesmo por meio de um falso anseio sensacionalista piedoso e da constante ocupação com o mal.
O perigo de esperar pelo fim dos tempos sem a devida sobriedade havia vitimado a igreja em Tessalônica, ainda que de outra forma. Por isto Paulo escreve em 2 Tessalonicenses 2.2: “…que não vos movais facilmente do vosso entendimento, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como de nós, como se o dia de Cristo estivesse já perto.Thomas Smith traduz esta passagem da seguinte forma:[1] “Não permitam que sua impressão pessoal lhes tire o equilíbrio e a sensatez e os impeça de avaliar este importante assunto com base na verdade”. Precisamos agir desta forma em relação a todas as teorias conspiratórias que já causaram tanto pânico e inquietação não bíblica.
Devemos ser sóbrios e não permitir que nos tirem o equilíbrio e a sensatez. Mas como surgem as teorias conspiratórias? Este tipo de teoria tem um núcleo de verdade. Em seguida fatos isolados são arrancados de seu real contexto e combinados entre si mediante especulações impossíveis de serem provadas – e muitas vezes habilmente misturadas a meias verdades ou distorções da verdade. Forma-se uma construção que não pode ser comprovada nem refutada. Mais precisamente, trata-se de uma construção de fé.
É verdade que um terço dos signatários da Declaração de Independência dos EUA, era maçons. Mas ninguém diz que estes maçons eram minoria entre aqueles que assinaram a declaração.
Foi, por exemplo, o caso dos signatários da Declaração de Independência dos EUA. É verdade que um terço deles, mais precisamente 13 de 39 pessoas, era maçons.[2] Mas ninguém diz que estes maçons eram minoria entre aqueles que assinaram a declaração. Também é verdade que uma série de presidentes americanos foram maçons. Este núcleo de verdade é combinado então com a afirmação totalmente impossível de ser provada de que os maçons controlam os EUA desde sempre e há muito tempo também a política mundial. Devemos ser sóbrios diante destas coisas e não nos deixar arrastar por qualquer tipo de especulação.
Uma segunda característica de muitas teorias conspiratórias é a citação de fontes secundárias. Não é feita uma pesquisa sobre o que a OMS realmente decidiu em relação à gripe A e as etapas da epidemia, mas há referências a outros especialistas e fontes escritas que afirmam uma ou outra coisa. Isto por si só é suficiente para questionar a veracidade dos fatos conforme são apresentados.[3]
Eu disse há pouco que as teorias conspiratórias são, no fim das contas, uma construção de fé fechada em si mesma. Isto fica claro na forma como lidam com críticas de bom senso. Quem questiona as teorias conspiratórias é visto como ingênuo e inexperiente por aquele que acredita nelas. Ou é considerada simplesmente uma pessoa manipulada, sem que tenha percebido isto. Possivelmente esta pessoa atrairá para si a suspeita de ser ela mesma parte da conspiração. Desta forma, elimina-se a base para qualquer tipo de discussão sensata. Se alguma parte da teoria conspiratória se mostrar como falsa, supostamente isto é parte do disfarce e do jogo de confusão promovido pelos conspiradores. Mas a Bíblia nos chama à sobriedade!
Ao olhar com atenção, a maioria dos fatos misteriosos das conspirações acaba tendo uma explicação simples e racional. Por exemplo: os especialistas em conspirações afirmam que os atentados do 11 de Setembro não foram promovidos pelo Islã, mas pelos EUA, pela maçonaria mundial e pelo serviço secreto de Israel. Por isto o Pentágono não foi atacado por um avião, mas por um míssil de cruzeiro. Como prova alega-se que os EUA não liberaram as gravações das câmeras do circuito interno dos serviços secretos. Aparentemente há algo a ser escondido.
Basta ler um pouco a respeito dos serviços secretos americanos para saber que a ocultação de material relativo à segurança nacional é algo totalmente normal nos EUA. Os americanos reagem de forma histérica quando se trata da segurança nacional. Isto já foi assim no passado. Por causa disto, outros incidentes militares deram origem a especulações sobre a derrubada de alienígenas, como, por exemplo, o caso Roswell, em 1947. Apesar de, em 1997, o país ter publicado documentos sobre este incidente que deixavam claro que se tratava da queda de um balão de medição militar secreto, os conspiradores afirmam até hoje que uma nave alienígena tinha sido abatida. De volta ao 11 de Setembro, o simples argumento de que os EUA não liberam as gravações do atentado devido ao seu princípio de segurança nacional é considerado insuficiente. E, por isto, afirma-se que os americanos teriam algo a esconder.
Outra observação a respeito da sobriedade: a origem de grande parte das teorias conspiratórias pode ser associada a quatro fontes principais:
  1. Fontes socialistas de ideologia esquerdista;
  2. Fontes nacional-socialistas da direita radical;
  3. Fontes esotéricas;
  4. Fontes islâmicas;
O exemplo do 11 de Setembro mostra com clareza como estas quatro fontes diferentes acreditam firmemente em uma conspiração. Especialmente o limite entre a direita radical e o esoterismo é volátil. O nacional-socialismo era totalmente permeado por conceitos esotéricos. Esta afirmação não se baseia apenas nos meus próprios estudos sobre o assunto. Há cerca de vinte anos, ao tratar do movimento new age, Dave Hunt já havia estabelecido uma relação entre a ideologia marrom e o esoterismo.
São, em parte, os mesmos especialistas que falam de experiências com OVNIs e também dos aparentes bastidores da conspiração mundial.
Além das teorias conspiratórias esotéricas, o limite entre os ufólogos e os teóricos das conspirações também é volátil. São, em parte, os mesmos especialistas que falam de experiências de tirar o fôlego com OVNIs e também dos aparentes bastidores da conspiração mundial.
Falei antes das quatro fontes principais das teorias conspiratórias. Uma quinta fonte, citada com menos freqüência, são as revelações de católicos conservadores, que relatam uma suposta infiltração da maçonaria na Igreja Católica no contexto da conspiração mundial. Neste ponto quero chamar atenção para o fato de que um ou outro jesuíta alertou para uma suposta conspiração mundial de maçons e judeus. Estas fontes ultracatólicas também são levianamente aproveitadas por cristãos adeptos de teorias conspiratórias, que as usam ao invés de questionar profundamente que tipo de objetivo estaria sendo perseguido por meio delas. Será que forças, que no passado não hesitavam em usar qualquer tipo de intriga política ou inquisição para conseguir poder e domínio para si mesmas, hoje realmente teriam interesse em revelar quem são os verdadeiros conspiradores do mundo? Ou será que estão jogando bombas de fumaça para desviar a atenção das suas próprias ambições de poder?
Mais uma observação sobre as teorias conspiratórias e a sobriedade recomendada: nestes quatro sentidos há, normalmente, dois culpados principais nas conspirações mundiais:
  1. Por um lado, os EUA são a causa de todo o mal, ou, nas palavras do Islã, Satanás.
  2. O mau judaísmo mundial ou o Estado de Israel, que conduzem os EUA e a maçonaria.
É neste ponto que os crentes devem escutar o som de alarmes e isso com todo o cuidado.
Quero fazer quatro breves comentários sobre a transformação dos EUA em alvo principal das teorias conspiratórias. Se o reino anticristão deve surgir das cinzas do Império Romano mundial, como crêem muitos intérpretes da Bíblia, os EUA não desempenharão papel decisivo no final. Esta possibilidade já foi indicada por Dave Hunt há cerca de vinte anos, no livro “Global Peace and the Rise of Antichrist” (A Paz Global e o Surgimento do Anticristo”, em tradução livre).
Em segundo lugar, quero mencionar que renomados observadores da situação mundial, como por exemplo Peter Scholl-Latoure, identificam que os EUA passaram pelo ápice do seu poder há algum tempo e agora se encontram num caminho de decadência. Até agora, os EUA só conseguiram passar pela crise mundial com ajuda da China, já que esta dispõe de longe das maiores reservas de moeda em todo mundo (2.650 bilhões de dólares)[4]. Também não é segredo que, apesar da crise mundial, os EUA olham com preocupação para a Europa e tentam fazer de tudo para impedir que a Europa se levante.
Agora os EUA são responsabilizados por todo o mal. Mas isto será verdade? Lembremos do pensamento neomarxista do movimento de 68, na região de fala alemã. É perfeitamente conhecido que era impulsionado pela chamada Escola de Frankfurt, e não pela Escola de Nova Iorque.
Por um lado, suspeita-se que os EUA sejam o charco de todas as intrigas conspiratórias maçons, que submetem também a Europa. Por outro lado, podemos reconhecer um perigo óbvio na crescente islamização do mundo ocidental. Mas como explicar esta evolução tão contraditória se os destinos são supostamente guiados pela maçonaria ou por uma outra sociedade secreta?
Permita-me uma última pergunta neste contexto: se maçons, Bilderberger & cia conduzem a política mundial e manipulam a população mundial há anos e décadas, por que já não instalaram seu governo mundial há muito tempo? Oportunidades não faltaram, a começar pelo fim da Segunda Guerra Mundial ou mesmo pela queda do bloco soviético.

O chamado à autenticidade

Em Romanos 13.12, Paulo nos conclama a, em vista da hora avançada, deixar as obras das trevas e vestir as armas da luz. As armas da luz, sem dúvida, incluem também a verdade e a autenticidade, ainda que não estejam explicitamente mencionadas no texto. Mas encontramos em muitos outros trechos a constante advertência à autenticidade.
Como já mencionamos, quase todos os livros reveladores estão baseados em especulações e conclusões habilmente extraídas de fatos aleatórios. Uma análise mais detalhada mostrará que isto também acontece no caso de livros cristãos que pretendem revelar a maçonaria no mundo. Há muitas conclusões e especulações, mas poucas coisas que realmente podem ser provadas. Não se trata de enfeitar a sedução e a decadência dentro do cristianismo, mas da afirmação não comprovável de que a maçonaria mundial esteja por trás de tudo que leve a estes acontecimentos.
Neste contexto, no entanto, não encontramos apenas especulações, mas também supostos fatos que se revelam ser simplesmente informações erradas e inverdades. Como exemplo quero citar o suposto símbolo dos Illuminati na cédula de um dólar. Eu mesmo tive de encarar o fato de ter transmitido informações inverídicas em várias ocasiões.
Diversos livros cristãos supostamente reveladores afirmam que esta é a pirâmide dos Illuminati, o sinal da sociedade mundial.
Diversos livros cristãos supostamente reveladores afirmam que esta é a pirâmide dos Illuminati, o sinal da sociedade mundial. A inscrição latina significaria: “Nova ordem mundial” ou “Por uma nova ordem mundial”, justamente o objetivo do governo mundial secreto que supostamente já existe hoje.
Mas os fatos mostram que nem a descrição como pirâmide dos Illuminati nem a tradução da inscrição latina estão corretos. Não se tem mesmo certeza de que haja qualquer relação entre este símbolo e a maçonaria. Seguem alguns fatos a respeito.
O único ponto em comum entre os EUA e a ordem dos Illuminati que pode ser comprovado é o ano da sua fundação: 1776. Aí está a sementinha de verdade comum a tantas teorias conspiratórias. Mas este ano de fundação também é a única coisa que os Illuminati têm em comum com os EUA. A sociedade não foi fundada na América, mas em Ingolstadt (Baviera, Alemanha), por Adam Weishaupt. Isto aconteceu numa época em que não era possível dar um pulinho de avião nos EUA nem havia outras possibilidades de conexão. O grupo incluía pessoas como o Barão von Knigge e Franz Xaver von Zwack, entre outros. Mas esta sociedade secreta rapidamente foi abalada por discórdias e ciumeiras, o que levou à saída de von Knigge em 1784, apenas oito anos depois da fundação do grupo. A sociedade secreta foi proibida no mesmo ano pelo barão bávaro Karl Theodor e provavelmente terminou em 1785.[5]
Em 1896/97 Leopold Engel, maçom de Dresden e escritor ocultista, tentou reorganizar a ordem dos Illuminati. Somente em 1925 ele convocou o concílio mundial da ordem dosIlluminati e depois ela foi – acredite se puder – extinta definitivamente pelos nazistas, em 1933 e nunca mais ressurgiu. Até aqui, dados históricos. A dissolução pelos nazistas não foi mero acaso, nem tentativa de ocultação. Hitler e Himmler estavam convencidos da conspiração mundial dos maçons, que eles combatiam com todos os meios possíveis. A conspiração mundial era um dos pilares do nacional-socialismo e da Ordem da SS.[6]
A única coisa que se sabe a respeito dos Illuminati é que tentaram, sem sucesso, infiltrar-se nas lojas maçônicas na Alemanha e na Europa. A influência sobre os EUA é impossível de ser comprovada historicamente.[7] De acordo com as minhas pesquisas, as teorias conspiratórias que atribuem o símbolo da cédula de um dólar aos Illuminati começaram somente depois da Segunda Guerra Mundial. Isto dá o que pensar. Mas o divulgador de teorias conspiratórias William Guy Curr cometeu um erro ainda mais grave em seus livros. Ele afirma que a pirâmide foi incluída no brasão dos EUA e, com isto, na cédula do dólar, por meio de Henry A. Wallace (vice-presidente dos EUA na gestão de Franklin D. Roosevelt), suposto membro dos Illuminati. Mas isto não é possível, visto que Wallace nasceu em 1888, sendo que o brasão dos EUA já fora finalizado em 1776, ou seja, 112 anos antes do seu nascimento.
Não é nem mesmo possível comprovar que este sinal sequer tenha relação com a maçonaria, como é freqüentemente afirmado. Possivelmente seja até mesmo um símbolo cristão. Os treze degraus da pirâmide simbolizam os treze Estados fundadores dos EUA. A pirâmide incompleta faz referência aos Estados ainda não organizados dos EUA. O olho dentro da pirâmide flutuante é um antigo símbolo cristão, encontrado em algumas igrejas. A pirâmide possivelmente só foi introduzida na maçonaria em um período tardio, depois de 1863,[8] ou seja, muito tempo depois da fundação dos EUA. Não há uma única fonte histórica que comprove uma relação entre o brasão americano e a maçonaria. De acordo com as pesquisas do Pr. Reinhard Möller, até mesmo as lojas norte-americanas, que são sempre muito abertas sobre as suas relações, se distanciam deste símbolo.
Há alguns anos, um irmão quis me convencer de que numa imagem ampliada seria possível ler a sigla CVJM (conhecida no Brasil como ACM – Associação Cristã de Moços) numa das pedras da pirâmide e que, por isto, esta organização também faria parte da maçonaria mundial. Na verdade não existe inscrição nenhuma nas pedras, é possível ver alguns padrões pontilhados.
Agora sobre a inscrição: “Nova Ordem Mundial”, ou “Ordem dos Novos Mundos”. Aqui a tradução simplesmente trapaceou. Na verdade a inscrição diz “Novus Ordo Seculorum”, o que significa algo como “Nova ordem dos séculos”, mas não “Nova Ordem Mundial” ou “Por uma nova ordem mundial”. Trata-se de uma citação do poeta romano Virgílio, do ano 40 a.C. Com a fundação do novo país, os pais dos EUA queriam criar uma ordem religiosa, política e social exemplar, em contraste com a escravidão e as muitas perseguições religiosas na Velha Europa. Também queriam que sua Constituição os separasse definitivamente da Inglaterra. Podemos excluir assim o pensamento da busca por um governo mundial.[9]
Acho que isto é suficiente. Seja como for, estas teorias falsas como o suposto sinal dosIlluminati não têm nada que ver com as armas da luz e a verdade relacionada a elas. Como cristãos devemos evitar estas coisas inventadas, afastando-nos delas.
Houve e ainda há muitos maçons ativos na política, mas não há indícios de uma política mundial maçônica uniforme.
Uma obra básica sobre sociedades secretas mostra que houve e ainda há muitos maçons ativos na política, mas que não há indícios de uma política mundial maçônica uniforme. Mesmo a assim chamada loja mundial deve fazer parte do reino das lendas. Muitas lojas continentais estão até mesmo em conflito por causa de suas convicções totalmente divergentes. A loja inglesa monarquista é um grande contraste à maçonaria francesa e às ênfases defendidas por esta.[10]
Neste contexto também precisamos ser muito cautelosos ao chamar alguém de maçom ou coisa parecida. Especialmente quando não há provas irrefutáveis e as suposições e especulações foram expressas por auto-denominados especialistas. Às vezes fico espantado com a leviandade e superficialidade com que mesmo grupos fiéis à Bíblia lidam com a verdade.
Há alguns anos alertei um irmão que se ocupava com as teorias conspiratórias e a maçonaria mundial sobre erros factuais e informações erradas, mas ele apenas respondeu: “Pode até ser, mas ainda assim acredito que a teoria conspiratória esteja certa”. Como eu disse: trata-se de um verdadeiro sistema de crenças. Johannes Pflaum

Notas

  1. Smith, Thomas “Was die Bibel lehrt” vol. 11, p. 141; CV-Dillenburg
  2. Rothkopf, David, “Die Super-Klasse”, p. 409, Goldmann.
  3. Cf. Harder, Bernd, “Elvis lebt! – Lexikon der unterdruckten Wahrheiten”; p. 111 – 120; Herder.
  4. Revista “Focus” No 42/10; p. 146.
  5. Harder Bernd, “Elvis lebt! – Lexikon der unterdruckten Wahrheiten”, p. 73-82, Herder.
  6. Ibid p. 73-82; Wolfgang Wippermann “Agenten des Bösen”; p. 143-152; be.bra Verlag.
  7. Cf. de.wikipedia.org/wiki/Siegel_der_Vereinigten_Staaten.
  8. Cf. Harder, Bernd, “Elvis lebt! – Lexikon der unterdruckten Wahrheiten”, p. 88.
  9. Ibid, pg. 177.
  10. “Geheimgesellschaften und Geheimbunde” Moderne Universalgeschichte der Geheimwissenschaften; p. 331-333; Gondrom.
As opiniões expressas nos artigos assinados são de responsabilidade dos seus autores.

sábado, 7 de novembro de 2015

Por que sou cristão?

Por que sou cristão? Não só porque o cristianismo explica quem Jesus foi e o que ele conquistou na cruz, mas porque explica também quem eu sou. (…)
Perguntar “o que é o homem?” é uma maneira de perguntar “quem sou eu?”. Isso nos capacita a satisfazer tanto à antiga fórmula grega Gnothi Seautun (“conhece-te a ti mesmo”) quanto a busca atual por nossa própria identidade. Não há campo mais importante para a pesquisa e para a busca do que esse.
Até que tenhamos descoberto nós mesmos, não conseguimos descobrir facilmente nenhuma outra coisa.
Há uma história sobre Arthur Schopenhauer, o filósofo alemão do pessimismo, que viveu no século 19. Certo dia, ele estava sentado em um banco na praça de um parque em Frankfurt. Estava tão maltrapilho e desalinhado (como os filósofos ocidentais às vezes andam!), que o guarda do parque o confundiu com um mendigo. Ele lhe perguntou asperamente: “Quem é você?”, ao que o filósofo respondeu amargamente: “Por Deus, eu gostaria de saber”.
Douglas Coupland faz a mesma pergunta hoje. Ele é o inventor da agora popular expressão “Geração X” – “X” quer dizer a identidade desconhecida da sua geração. “As pessoas não têm um nome”, ele escreve, “elas são uma geração ‘X’”. Então, “o que torna os seres humanos… humanos?” ele pergunta. “Nós sabemos qual é o comportamento dos cachorros: eles fazem coisas de cachorro – correm atrás de pedaços de pau… colocam a cabeça para fora das janelas dos carros em movimento.” Assim, conhecemos o jeito de ser dos cachorros; mas “o que seria exatamente aquilo que os seres humanos fazem e que é especificamente humano?”. Novamente, “qual é o você de você?”, ou seja, “qual é o seu você verdadeiro?”
Tem-se dado muitas respostas a essa pergunta, especialmente a que se relaciona à superioridade dos seres humanos. É interessante observar algumas dessas respostas. O ser humano foi descrito por Aristóteles como um animal político; por Thomas Willis, como um animal sorridente; por Benjamin Franklin, como um animal fazedor de ferramentas; por Edmund Burke, como um animal religioso; por James Boswell (o gourmet), como um animal que cozinha.
Outros escritores têm se concentrado em algumas características físicas como sendo nossas características distintas. Platão falou muito sobre a postura ereta, de modo que os animais olham para baixo, enquanto somente os seres humanos olham para céu. Aristóteles acrescentou a peculiaridade que somente os seres humanos são incapazes de mexer as orelhas. Um médico de Stuart, no entanto, ficou muito impressionado com os nosso intestinos, com os seus “circunlóquios sinuosos, curvas e desvios”. E, então, no final do século 18, Uvedale Price prestou bastante atenção em nosso nariz: “o homem é, eu creio, o único animal que possui uma projeção marcante no meio da face”.
No entanto, nenhuma dessas descrições de nossa distinção é completa, nem chega ao âmago da questão. (…)
As Escrituras preservam o paradoxo, a saber, a glória e a vergonha de nossa humanidade, nossa dignidade e nossa depravação.
Glória
E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra. E criou Deus o homem à sua imagem: à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. (Gn 1.26-27). (…)
No desenrolar da narrativa bíblica a imagem divina é claramente aquela que distingue os seres humanos dos animais, a saber, o conjunto de qualidades humanas distintas.
Primeiro, temos a capacidade de pensamento racional. (…)
Como o arcebispo Willian Temple certa vez disse: “Sou maior do que as estrelas, pois eu sei que elas estão lá no alto, enquanto elas não sabem que estou aqui embaixo
Segundo, temos a capacidade de escolha moral. Temos consciência para discernir entre o bem e o mal, bem como um grau de liberdade para escolher entre eles. (…) Mas os animais não possuem senso moral. (…)
Terceiro, temos a capacidade de criatividade artística. Quando Deus nos criou à sua própria imagem, ele nos fez criativos como ele. (…)
Quarto, temos a capacidade de nos relacionarmos socialmente. Todos os animais possuem pares, se reproduzem e cuidam de seus filhotes. (…) Mas os seres humanos anseiam por autênticos relacionamentos de amor. (…) Além disso, os cristãos sabem porque o amor é proeminente – porque Deus é amor em essência, tanto que, quando ele nos fez à sua imagem, nos deu a capacidade de amar e de sermos amados.
Quinto, temos a capacidade de uma adoração humilde. (…) Os seres humanos não vivem – e na verdade não podem viver – só de pão, Jesus disse, citando o Antigo Testamento (Mt 4.4; Dt 8.3). Ou, como Dostoiévski escreveu: “o homem deve prostrar-se diante do infinitamente grande”. Somos mais verdadeiramente humanos quando estamos adorando a Deus.
Aqui estão cinco capacidades humanas (pensar, escolher, criar, amar e adorar) que nos distinguem dos animais e que juntas constituem a imagem de Deus em nós. (…)
Vergonha
Como Mark Twain afirmou: “o homem é o único animal que cora de vergonha. Ou que precisa corar”.
Porque do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adultérios, as prostituições, os homicídios, Os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Todos estes males procedem de dentro e contaminam o homem. (Mc 7. 21-23).
Jesus não ensinou a bondade fundamental da natureza humana; ele insistiu em nossa capacidade interior para o mal. (…) Nessa passagem há quatro aspectos da perversidade humana que merecem nossa atenção.
Primeiro, a extensão do mal é universal. (…) Ele (Jesus) fez uma declaração genérica acerca de toda a raça humana, a saber, que do coração do homem (todos os homens, mulheres e crianças) coisas ruins brotam.
Segundo, a essência do mal é a autocentricidade. Já observamos isso. Jesus agora apresenta uma lista de treze “maldades” e, quando as estudamos, notamos que são todas manifestações da autocentricidade humana. (…)
Terceiro, a origem do mal é o coração humano. Como já foi dito muitas vezes: “o coração do problema humano É o problema do coração humano”. (…) O que nos corrompe não é o que vai para dentro de nós (para o nosso estômago), mas o que sai de nós (do nosso coração). (…)
Quarto, o resultado do mal é que ele nos degenera. Ou seja, ele nos torna impuros aos olhos de Deus e incapacitados para a sua presença. (…)
Então, essa é a vergonha da nossa humanidade. A maldade humana é universal em sua extensão, autocentrada em sua natureza, interior em sua origem e degradante em seus efeitos. Não se trata somente do diagnóstico do (compreensivelmente) maior professor de ética da história; isso é verdadeiro em nossa própria experiência. É certamente verdadeiro na minha. (…)
Esse é o paradoxo da nossa humanidade. Somos ao mesmo tempo nobres e ignóbeis, racionais e irracionais, morais e imorais, criativos e destrutivos, amorosos e egoístas, parecidos com Deus e bestiais. (…)
Devemos reconhecer com gratidão tudo em nós que diz respeito à nossa criação à imagem de Deus e repudiar ou negar, resolutamente, tudo em nós que diz respeito à queda. Assim, somos chamados tanto à auto-afirmação quanto à autonegação. (…)
Está claro, a partir disso, que temos uma necessidade dupla: de um lado, a purificação da degradação; do outro lado, um novo coração, com novos desejos e aspirações. Para mim, é verdadeiramente maravilhoso que ambos nos sejam oferecidos no Evangelho. Pois Cristo morreu para nos purificar e, pela obra interior do Espírito Santo, ele pode nos tornar novos. Essa é aplicação lógica do Evangelho em resposta ao paradoxo da nossa humanidade. Eis a (…) razão por que sou cristão (em uma lista de seis razões, publicadas em seu livro).
Referência:
Por que Sou Cristão – John Stott – Editora Ultimato, excertos das p.71-86.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Há Ainda Sementes no Celeiro?


Há ainda sementes no celeiro? Nem a videira, nem a figueira, nem a romeira, nem a oliveira têm dado os seus frutos; mas desde este dia vos abençoarei. (Ag 2:19). 

O que é um celeiro? É um lugar de reservas, local apropriado para guardar mantimentos para que esses não venham a faltar. Entendemos em Pv. 4,23 que o nosso coração é o celeiro, no qual devemos guardar a Palavra de Deus, e a semente é a Palavra de Deus. Esta gloriosa Palavra é o nosso alicerce que nos prepara para as lutas e dificuldades que surgirem em nossas vidas, e com ela vencermos tudo. E esta semente tem que está guardada em nossos corações.

Disse o salmista Davi: “Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti”. (Salmo 119:11)

Hoje o Senhor pergunta: Como está o seu celeiro? Ainda há semente no seu celeiro? Ainda há fé no seu coração? Ainda há esperança? Ainda há perspectiva? Ou o seu celeiro está vazio? Não deixe que as aves de rapina (satanás e os demônios) roubem a semente que Deus depositou dentro de você. Não deixe que os cuidados dessa vida, os prazeres efêmeros o sufoquem, fazendo com que você se esvazie da Palavra de Deus. Deus quer contar com você! Mas só contará se encontrar a semente (Palavra Dele) em seu coração.

Essa passagem de Ageu 2:19, mostra-nos algo fantástico. O povo ainda não estava sendo abençoado por causa da desobediência, porque não estava aplicando o coração a Palavra de Deus, a qual já havia ouvido . Nesse episódio Deus fala não somente para o povo, mas também para os sacerdotes. Eles só eram ouvintes e não praticantes. Deus quer que sejamos praticantes e não simplesmente ouvintes. Então a videira, a figueira, a romeira e a oliveira não estavam dando frutos, ou seja, aquele povo não estava sendo alimentado. Não estava tendo as suas necessidades supridas por causa da sua desobediência; não era porque a videira, figueira, romeira, oliveira, não quisessem o alimentar, mas ele próprio não fazia com que a benção de Deus o alcançasse.

Dependendo do contexto, entendemos que a videira simboliza Cristo, a figueira o Deus Pai, e a oliveira o Espírito Santo. Nesse contexto essas árvores simbolizam a trindade. E a romeira? A romeira simboliza a vida do homem. Pois na simbologia bíblica, a árvore, também, simboliza o homem (Sl 1:3; Mc 8:24).

O povo estava passando por uma situação tão apertada, tão difícil, que o Pai, o Filho e o Espírito Santo estavam calados, não estavam respondendo às suas orações. Estavam em silêncio esperando que o povo tomasse uma posição diante deles. E o homem, (a romeira) também, não estava dando fruto algum. Deus não permitiu nem que outros povos o ajudasse. Ninguém poderia ajudá-lo. Ele, tão somente ele, deveria tomar uma posição diante de Deus. E quando se posicionou a vida dele mudou e foi abençoado pelo Senhor.

Tome uma posição diante do Senhor! Abandone a vida de pecado! Se não, os céus reterão as suas bênçãos e você ficará murmurando o tempo todo dizendo: Mas porque Deus me prometeu e isso não aconteceu? Não aconteceu porque você saiu do rumo da direção, você não está mais na posição de quando Deus te falou. Deus hoje lhe diz: Volta, deixa essa vida medíocre de aparências, de desobediência! Ele está  esperando você de braços abertos. Se não voltar ao propósito de Deus, pode ter certeza que a videira, a romeira, a figueira e a oliveira não darão mais frutos para alimentar, e sendo assim morrerá.

Comparei essa passagem de Ageu com a de Habacuque 3:17-18 que diz: “Portanto, ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimentos; as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja vacas, todavia, eu me alegrarei no Senhor, exultarei no Deus da minha salvação”. E perguntei ao Senhor como o produto da oliveira pode mentir se a oliveira é símbolo do Espírito Santo, e o Espírito Santo não mente? E o maravilhoso Espírito Santo me revelou que a simbologia desse texto nada tem a ver com a trindade, e sim com a vida do próprio homem (que também é símbolo de árvore). A figueira é uma árvore que não floresce, ela põe folhas e frutos. Interessante detalhe: os frutos nascem antes das folhas. 

Deus quer que venhamos produzir frutos para alimentarmos vidas, caso contrário secaremos. Essa figueira aqui simboliza a nação de Israel. Quando Jesus procurou fruto naquela figueira e não os encontrou, logo em seguida a amaldiçoou. Ele amaldiçoou a nação de Israel que não produziu frutos de fé, negando a Palavra revelada, o Verbo que se fez carne (Jesus). Logo, a sua sentença foi decretada!

Olha e veja hoje retrato da nação de Israel! Vive em plena guerra e destruição, pois estão debaixo de maldição, pois rejeitaram o sacrifício do Messias. Quando Habacuque disse: “Ainda que a figueira não floresça”. Ele quis dizer: Ainda que Israel não se converta, não queira largar o seu mau caminho, queira ficar com as suas idolatrias, isso não me afetará em nada, pois a minha comunhão com esse Deus é individual. Eu me alegrarei e exultarei nesse Deus maravilhoso, o Deus da minha salvação. Só Ele pode me livrar da destruição.

Para os povos antigos a videira era um símbolo de prosperidade e paz. A videira também era um meio de subsistência daquele povo, pois das uvas eles extraiam o vinho que era consumido por todos daquela época. E a oliveira? Como o produto da oliveira poderia mentir? O produto da oliveira é o azeite. O azeite era muito importante para a nação de Israel, pois eles o exportavam e era um meio de sobrevivência econômica para o povo. Às vezes a oliveira não dava um bom azeite. Esse tipo de oliveira era chamado de jambuzeiro bravo, por não produzir um azeite de qualidade e com isso dificultava o meio de comercializar e influenciava no meio de subsistência do povo de Israel. Logo se dizia que o produto da oliveira mentiu, foi falso e não saiu conforme o esperado.

Deus está olhando para você como árvore frutífera. Ele quer contar com você! Os que estão a sua volta e ao seu redor, quer se alimentar dos frutos que produzem a sua vida. E se o que as pessoas estão esperando de você não estiver acontecendo? E se aquela palavra que elas querem ouvir dos teus lábios, vindo direto do Espírito Santo, não estiver mais sendo pregada? Será que o produto da oliveira não está saindo como o esperado? Será que ao invés de você ser uma benção, está se tornando em maldição? Será que você está causando escândalos no reino de Deus, ao invés de estar dando bom testemunho? Não deixe que para você, o produto da oliveira minta. Não deixe que da sua vida saia frutos que para nada prestam e que sirvam somente para destruir a perspectiva que os outros tem a respeito de você.

Hoje, tome uma posição diante do Senhor! Mesmo que as coisas não estejam saindo conforme você esperava. Faça como Habacuque e não murmure, mas exalte ao Senhor. Mesmo que nos campos não tenham alimentos, as ovelhas foram arrebatadas, as vacas sumiram dos currais, ou seja, tudo ao teu redor está dando errado, exalte ao Senhor! Esse quadro nos mostra uma situação de angústia, desespero, carências materiais. Mesmo Habacuque vendo esse quadro crítico diante dos seus olhos, não se deixou ser contaminado e nem abatido pelos problemas. Muito pelo contrário, abriu os seus lábios e declarou essa linda frase de exaltação ao nome do Senhor. Exalte ao Senhor, pois Ele preparou um dia pra te abençoar! O que Ele quer é olhar para dentro de você e encontrar semente no teu celeiro. Pois Ele disse: “Desde esse dia eu vos abençoarei”. Desde que dia? Desde o dia em que os sacerdotes e o povo se arrependeram dos seus maus caminhos, e dedicaram as suas vidas na construção do templo do Senhor. Desde o dia em que Deus olhou e achou semente nos seus corações. Observe que Deus disse: Vos abençoarei desde esse dia. O que passou, passou! Deus quer te abençoar desde esse dia. Ele vai tratar contigo de agora em diante. Não se prenda ao passado! Confesse o teu pecado, pois Ele quer escrever na tua vida uma nova história. Se Ele marcou um dia é porque Ele está esperando tomarmos uma posição de abandonarmos tudo aquilo que nos atrapalha, somente assim Ele marcará o dia da nossa vitória.

Deus quer olhar para você agora nesse exato momento e ver no teu celeiro a semente da fé, do amor, do perdão, da misericórdia, do arrependimento, da humildade, da mansidão. Enfim, Ele quer olhar para você e ver os frutos do Espírito dentro do teu coração. Quando Ele olhar para você e ver todas essas coisas, tenha a certeza, Ele vai te abençoar! Pois Ele não é homem para que minta e nem filho de homem para que se arrependa. Tudo o que Ele promete ele cumpre. Se as promessas de Deus ainda não aconteceram na sua vida, é hora de você olhar para dentro de si mesma e procurar se ainda há semente no teu celeiro. Pois Deus só conta com quem tem dentro de si conteúdo Dele, ou seja, a Sua Palavra.

Por isso encha-se da Sua Palavra! Encha o seu celeiro da semente do Espírito Santo e verá a glória de Deus! Ele continua perguntando: Há ainda semente no celeiro?