“Quando vejo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as
estrelas que preparaste; que é o homem mortal para que te lembres dele? E o
filho do homem, para que o visites?”.
Considerando a magnificência e a vastidão do universo, Davi
admirou-se por Deus se preocupar tanto com os seres humanos e seu futuro. Ele
entendeu que, diante da grandeza dos céus e do espaço, somos insignificantes;
todavia, ele viu que, no plano do grande Deus Criador, nenhuma parte da criação
pode ser comparada ao propósito que Ele tem para os seres humanos.
Compreendendo que só Deus pode revelar o Seu propósito de nos
criar, Davi continuou a sua reflexão sobre o destino do homem:
“Contudo, pouco menor o fizeste do que os anjos e de glória e
de honra o coroaste. Fazes com que ele tenha domínio sobre as obras das tuas
mãos; tudo puseste debaixo de seus pés: Todas as ovelhas e bois, assim como os
animais do campo; as aves dos céus, e os peixes do mar, e tudo o que passa
pelas veredas dos mares”
Davi estava refletindo sobre o domínio que Deus deu à
humanidade ao criá-la, usando alguma da mesma linguagem de Gn. 1,26, onde diz:
“Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança;
e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e
sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se move sobre a terra.”
Assim o homem foi feito à semelhança de Deus para governar
sobre toda a Sua criação.
Davi percebeu que Deus já tinha dado às pessoas a capacidade
de gerir uma parte significativa da Sua criação — o nosso planeta e as suas
maravilhas. Mas ele sabia que muito mais estava por vir.
As palavras de Davi em Salmos 8 são citadas em Hb. 2,6-8, com
um comentário explicativo no fim:
“Mas, em certo lugar, testificou alguém, dizendo: ‘Que é o
homem, para que dele te lembres? Ou o filho do homem, para que o visites? Tu o
fizeste um pouco menor do que os anjos, de glória e de honra o coroaste e o
constituíste sobre as obras de tuas mãos. Todas as coisas lhe sujeitaste
debaixo dos pés.’ Ora, visto que lhe sujeitou todas as coisas, nada deixou que
lhe não esteja sujeito. Mas, agora, ainda não vemos que todas as coisas lhe
estejam sujeitas”.
Aqui a expressão “Todas as coisas” é traduzida do termo grego
ta panta, significando “o tudo” ─ essencialmente “o universo”. Isto é o que
Deus determinou ficar sob o controle do homem, mas como está claro aqui, isso
ainda não é assim.
Com efeito, enquanto observava a grandeza celestial, Davi
pode ter-se lembrado da maravilhosa proclamação de Deus, dada através de
Moisés, em que fala:
“O sol, e a lua, e as estrelas, todo o exército dos céus…que
o Senhor, teu Deus, repartiu a todos os povos debaixo de todos os céus” (Dt 4:1.
É impressionante contemplar isto! Estes versículos revelam
que o homem foi criado para compartilhar com Deus o domínio de todo o universo.
Todavia, isto é somente um aspecto de uma realidade ainda maior.
Muito além de nossos mais incríveis sonhos
O que significa dizer que Deus fez o homem “um pouco menor
que os anjos”? Enquanto Davi olhava para o vasto céu sobre si, será que ele
estava dizendo realmente que o homem era somente um pouco menor que os seres
espirituais imortais? Como criaturas mortais, físicas, nós somos muitíssimos
inferiores àquilo que as Escrituras revelam como o poder e a glória dos seres
do reino celestial.
Talvez em lugar de “um pouco menor”, uma melhor tradução de Hb.
2,7 seria a da Bíblia na Linguagem de Hoje:
“Tu o colocaste por pouco tempo [temporariamente] em posição
inferior à dos anjos…”
Isto parece provável, tomando em conta a enorme diferença
entre nós e domínio celestial e as implicações são impressionantes. Assim, se
nós só estamos temporariamente a um nível de existência inferior à dos anjos,
então que dizer do futuro?
Observe novamente o que Deus disse em Gn. 1,26:
“Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança;
e domine…”.
Deus, em toda a Sua criação, só criou o homem à Sua Própria
imagem e semelhança. Apenas ao homem Ele deu domínio ou poder sobre a criação.
A humanidade é única [especial] na criação de Deus. E Deus tem planejado um
destino incomensurável para nós.
Sobre o maravilhoso plano de Deus o apóstolo Paulo disse:
“Essa mensagem é o segredo que ele escondeu de toda a
humanidade durante os séculos passados, porém que agora ele revelou ao seu
povo” (Coloss. 1,26).
Ao longo dos tempos, a grande maioria das pessoas não tem
entendido o extraordinário futuro que Deus tem reservado para as pessoas que
entram em uma relação justa com Ele. Como diz o apóstolo Paulo:
“As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não
subiram ao coração do homem são as que Deus preparou para os que o amam” (1 Cor.
2,9).
As Escrituras Sagradas dizem-nos que o nosso destino pode
exceder o nosso mais mirabolante sonho! Por isso, não seria a hora de deixarmos
Deus nos explicar ─ em Sua Palavra ─ o que Ele tem em mente para nós?
Uma passagem profética dá-nos a primeira chave para o nosso
fantástico futuro. Ela diz respeito à ressurreição dos mortos e que virá tempo
em que
“Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para
a vida eterna e outros para vergonha e desprezo eterno.”
E junta:
“Os sábios, pois, resplandecerão como o resplendor do
firmamento; e os que a muitos ensinam a justiça refulgirão como as estrelas,
sempre e eternamente” (Dn. 12,2-3).
Isto é simplesmente uma indicação do maravilhoso futuro que
Deus tem planejado para nós ─ viver eterna e gloriosamente como estrelas
refulgentes! Fomos feitos para brilhar!
Poucas coisas do mundo material nos convidam tanto a ascender
à esfera superior dos princípios e das ideias, até mesmo a sonhar de olhos
abertos, como as estrelas...
Quantas vezes, afastados do corre-corre diário, numa noite
com o céu límpido e longe das luzes da cidade, não nos encantamos contemplando
o firmamento celeste repleto de estrelas que cintilam misteriosamente?
E quantas vezes não tivemos vontade de apalpá-las, saber do
que são feitas, por que reluzem de maneira tão atraente? A ciência define as
estrelas como corpos celestes produtores e emissores de energia, com luz
própria. A física nos elucida que são compostas de plasma e que, por causa de
sua pressão interna, produzem energia por fusão nuclear. Aceitamos a
explicação, mas ela não nos contenta. Será que aqueles pontinhos tão
fascinantes, que parecem criados para os nossos olhos contemplá-los e nossos
dedos tocá-los, se reduzem a uma confusa massa de gás incandescente?
Desde tempos imemoriais, os astrônomos estudaram as estrelas,
as agruparam em constelações e lhes deram nome; por elas se guiavam viageiros,
navegantes e povos em suas locomoções.
O homem sempre as contemplou, analisou e sonhou com elas…,
mas nunca conseguiu transpor as distâncias incomensuráveis que delas nos
separam.
Contudo, podemos dizer que Deus não criou estrelas apenas na
abóbada celeste, mas também na Terra.
Deu-lhes formas, tamanhos, cores e brilhos os mais variados,
e não as pôs a distâncias incalculáveis, mas, pelo contrário, ao alcance da
mão, onde podem ser admiradas bem de perto.
O cientista Carl Sagan explicou, depois das Escrituras
Sagradas, em seu livro “A Conexão Cósmica”, que os seres humanos são feitos de
uma matéria extraordinária: pó de estrelas. Em nosso DNA está presente a mesma
fibra com a qual são bordadas as estrelas e nebulosas que todas as noites nos
inspiram desde o infinito. Portanto, nós também fomos feitos para brilhar e
tocar o céu. Em nosso interior, em cada célula de nosso coração ou em cada
partícula de cálcio de nossos ossos, está inscrita uma história cósmica.
“Seja humilde porque você foi feito de terra. Seja nobre pois
foi feito de estrelas”. – Antigo provérbio sérvio.
Toda matéria orgânica que contém carbono se produziu por uma
geração muito antiga de estrelas. Além disso, se levarmos em conta que toda a
matéria prima da Terra tem esta mesma origem, devemos assumir que 97% da massa
de nosso corpo é formada pelo material das estrelas.
É algo misterioso, não há dúvida. Fomos
feitos para brilhar, para reluzir como o ouro, para iluminarmos uns aos
outros como pó de diamantes.
No entanto… por que nos esquecemos de brilhar? Se somos
feitos de estrelas, por que não somos mais felizes? Somos feitos de pó de
estrelas, mas às vezes vivemos na escuridão...
Quando mais escura está a noite, mais reluzem as estrelas. Em
alguns casos, basta ir a uma janela e admirar o infinito para encontrar ânimo e
inspiração. O mundo dos astros, com seus ciclos, seus movimentos, sua música
silenciosa e sua beleza cósmica, sempre serviu de referência para a humanidade
em muitas áreas e disciplinas relacionadas à agricultura, às ciências e
inclusive à espiritualidade.
No entanto, e aqui está o verdadeiro mistério do assunto, nos
limitamos a ver desde sempre este plano relativo aos astros como algo distante
e, inclusive, superior a nós mesmos:
“Quando vejo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as
estrelas que preparaste; que é o homem mortal para que te lembres dele? E o
filho do homem, para que o visites? Contudo, pouco menor o fizeste do que os
anjos e de glória e de honra o coroaste. Fazes com que ele tenha domínio sobre
as obras das tuas mãos; tudo puseste debaixo de seus pés: Todas as ovelhas e
bois, assim como os animais do campo; as aves dos céus, e os peixes do mar, e
tudo o que passa pelas veredas dos mares”. (Sl. 8,3-4).
É o momento de entender, de vislumbrar e de assumir que somos
um todo, que esta matéria astral está, por sua vez, integrada a cada fragmento
de nosso ser. Nós também temos pequenos pedacinhos de estrelas em nossos
tecidos, astros muito antigos daquele renascer cósmico que nos outorga,
portanto, um poder e uma capacidade: a de brilhar em qualquer cenário, situação
ou momento adverso, independentemente de quão escuro estiver tudo que nos
envolve.
Não é fácil, sabemos. As pessoas costumam navegar com muita
frequência pelos oceanos da escuridão, pelas marés da infelicidade perpétua e
pelos áridos territórios onde não crescem mais as sementes do amor próprio.
A esperança, nosso afã por ajudar os outros e lutar, por sua
vez, pela sobrevivência comum, é algo que caracteriza a grande maioria de nós.
Embora seja verdade que com frequência nos esquecemos de como brilhar, sempre
há quem estará ao nosso lado acalentando-nos e recuperando nossa força e ânimo.
Se nos esquecermos de que somos formados por pó de estrelas,
nossos amigos, parceiro, família ou algum desconhecido de bom coração sempre
estarão presentes para acender novamente o fogo dos sonhos e da alegria. Porque
não há nada como acariciar a alma de uma pessoa para receber, por sua vez, a
grandeza do próprio cosmos.
Portanto, que o pó volte-se ao ouro! As pedras
preciosas são estrelas caídas do céu!
“Como se escureceu o ouro! Como se mudou o ouro puro e bom!
Como estão espalhadas as pedras do santuário sobre cada rua! Os preciosos
filhos de Sião, avaliados a puro ouro, como são agora reputados por vasos de
barro, obra das mãos do oleiro. Os seus nobres eram mais puros do que a neve,
mais brancos do que o leite, mais vermelhos de corpo do que os rubis, e mais
polidos do que a safira. Mas agora escureceu-se o seu aspecto mais do que o
negrume; não são conhecidos nas ruas; a sua pele se lhes pegou aos ossos,
secou-se, tornou-se como um pedaço de madeira (Lam.5, 1,2,7,8).
Os diamantes e as pedras preciosas têm uma simbologia muito
especial e ocupam uma posição de destaque. O diamante é a primeira entre as
pedras preciosas e se notabiliza por sua raridade, brilho, dureza, não cede a
qualquer matéria, nem ao ferro, nem ao fogo; e por sua transparência. Uma pedra
preciosa, além de seu esplendor natural, irradia o brilho de seus valores
simbólicos. Associavam-se às pedras preciosas certas virtudes maravilhosas que,
se bem utilizadas, só podiam ser proveitosas aos homens. Estas extraordinárias
propriedades de que seriam dotadas provinham, entre outras coisas, de sua
intimidade com o céu. As gemas raras, especialmente os diamantes, seriam como
estrelas brilhantes caídas na terra. Este raciocínio é inteiramente concebível
dentro do espírito medieval, pois a analogia está na essência do pensamento
desta época e assegura a semelhança das coisas através do espaço, podendo,
através desta propriedade, aproximar as figuras do mundo, estabelecendo-lhes
identidades.
A analogia permite que a relação, por exemplo, dos astros com
o céu onde cintilam, reencontra-se igualmente(...) nos diamantes com as rochas
onde se enterram.
O brilho do diamante era uma de suas virtudes mais cultuadas
na Idade Média, principalmente porque incapazes de dar uma explicação
satisfatória à beleza, reduziam-na à sensação de luz e esplendor. Este gosto
por tudo o que brilha, fez com que as pedras preciosas fossem fartamente
utilizadas como adorno para o vestuário, até nas obras de arte...
... O garimpeiro fica peneirando, até encontrar... Encontrar
em meio a tanto cascalho e pedras comuns, uma pedra preciosa! Um diamante! Ele
trabalha incansavelmente porque sabe que, mesmo se estiver cansado, quando
encontra a preciosidade é tomado pela profunda alegria de finalmente tê-la, e
isto compensa imensuravelmente todo trabalho empenhado. É intrigante observar
que o trabalho atribui certas habilidades aos profissionais, neste caso, o
garimpeiro conhece tão bem a pedra preciosa que consegue encontrá-la mesmo se
estiver misturada a outras, envolvida pelo lodo do mar, mesmo se for um
diamante bruto, porque ele vê além das aparências, vê não somente aquilo que a
pedra é, mas também o que ela pode ser se for bem lapidada... E se empenha em
fazê-lo.
Deus, o tempo todo trabalha incansavelmente para nos
conquistar, se empenha ao máximo em nos encontrar nas vezes que dele nos
escondemos. Por que faz tudo isso? Porque sabe o quanto somos valiosos para
ele. O mais lindo é que Deus nos conhece tão bem a ponto de nos encontrar mesmo
se estivermos envolvidos pelo "lodo" do mundo, pelo pecado e por
tantas outras coisas que ofuscam o brilho e a beleza de Deus no ser humano. E
quando nos deixamos ser encontrados por Ele, Seu coração se enche de profunda
alegria por finalmente nos ter em Seu abraço.
Tudo isso porque Deus vê além das aparências, vê não somente
aquilo que nós somos, mas também o que podemos ser se formos bem lapidados... E
esse próprio Deus se empenha em fazê-lo! São coisas inexplicáveis do tão grande
amor de Deus por nós! É triste pensar que existem muitas "pedras
preciosas" pelo mundo sendo desvalorizadas, escondidas no
"lodo", sendo tratadas como pobres pedras comuns, e sendo julgadas
por um preço muito baixo, simplesmente por não se deixarem encontrar por Aquele
que pode lapidá-las como nenhum outro.
Ou seja, existem muitas pessoas que se esqueceram do tão
grande valor que tem aos olhos de Deus, e se esconderam em meio a tantas coisas
que o mundo oferece.
O pecado nos desvaloriza, mas o Filho de Deus, Jesus, o
salvador, pagou um preço muito alto por nós: Seu precioso sangue, jorrado na
cruz do calvário, para nos devolver o valor e para que ninguém queira nos
tratar como pedrinhas qualquer, pois o que na verdade somos é filhos amados e
valiosos aos olhos de Deus, o Pai.
O profeta Jeremias descreveu um povo, antes, valioso; agora,
vulgar, ordinário, comum. Valiam ouro; passaram a mero barro. Se, nos elementos
naturais não se verifica essa alquimia, a transformação de um elemento em
outro, no prisma moral, espiritual, ocorre com frequência. Normalmente usamos
outra figura quando queremos denunciar uma transformação radical; sobretudo, no
aspecto positivo; dizemos: fulano mudou da água para o vinho. No entanto,
aquela fora uma mudança "para baixo"; do ouro para o barro. Embora os
evolucionistas pleiteiem uma evolução contínua, estaríamos num processo que
ignoramos onde vai chegar, a Bíblia apresenta a criação como obra acabada, em
estágio de decrepitude. O homem como caído da posição original, "Imagem e
Semelhança" de Deus, descendo célere a ladeira da degeneração.
Quando Deus mostrou num sonho ao rei Nabucodonosor o esboço
da saga humana desde então até o reinado de Cristo, figurou com uma estátua
que, começou com cabeça de ouro; desceu para prata, bronze, ferro e por fim,
barro.
Da criação diz:
"A Terra pranteia, murcha; o mundo enfraquece e murcha;
enfraquecem os mais altos do povo da Terra. A Terra está contaminada por causa
dos seus moradores; porquanto têm transgredido as leis, mudado os estatutos, e
quebrado a Aliança Eterna. Por isso a maldição consome a terra" (Is.
24,4-6).
Diz mais:
"Sabemos que toda a criação geme; está juntamente com
dores de parto até agora. Não só ela, mas, nós que temos as primícias do
Espírito também gememos em nós mesmos, esperando a adoção; a saber, a redenção
do nosso corpo" (Rm. 8,22-23).
Longe de combinar com um cenário evolutivo, o que vemos
denuncia a degeneração; a causa não é nenhum super asteroide ou cometa
colidindo com o planeta e ameaçando a vida; antes, os efeitos colaterais do
pecado:
"A Terra está contaminada por causa dos seus
moradores".
Mas, o que faz alguém “áureo” aos olhos divinos, precioso,
como ouro? A primeira decepção que causamos ao Pai foi duvidar de Sua Palavra;
isso soou como se o chamássemos de indigno de confiança, mentiroso. O
contraponto que Ele deseja a essa blasfêmia é a confiança irrestrita, fé.
Pedro aquilata-a:
"...vossa fé, muito mais preciosa que o ouro..." (I
Pd. 1,7).
Se, em nossa estrutura ainda somos o velho barro, mediante a
fé, nos abrimos a Deus para que assopre outra vez o Seu Espírito, apagando as
manchas pretéritas no sangue de Cristo e dando nova vida. Esse dom excelso é
que nos faz valiosos ante Ele; dá-nos porque nos ama; depois, nos aprecia como
valiosos pelo que Ele mesmo fez valer.
"Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a
luz foi quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento
da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. Temos, porém, este tesouro em vasos
de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, não, nossa." (II Cor.
4,6- 7).
Se o "tesouro" é o Espírito, e o corpo mero vaso de
barro, necessária se faz a conclusão que, degenerar alguém do ouro para o barro
equivale a deixar de andar em espírito e passar a seguir os anseios da carne.
Essa é a tendência do homem natural depois da queda:
"Porque a inclinação da carne é morte; mas, a inclinação
do Espírito vida e paz" (Rm. 8,6).
Então, quando o Salvador nos desafia a ajuntar tesouros no
céu, outra coisa não significa, senão, que andemos em Espírito.
"De maneira que, irmãos, somos devedores, não à carne
para viver segundo a carne. Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas,
se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis. Porque todos que
são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus" (Rm.
8,12-14).
Por isso, a humanidade emprega todos os meios, lícitos e
ilícitos para progredir na aquisição de posses, enquanto, sequer se dá conta da
grave indigência no que tange aos valores eternos; escava fundo por barro;
despreza o ouro oferecido em Cristo. Vasos podem ser moldados pela mão humana;
porém, como Deus não habita em templos feitos por nós, ou deixamos que Ele nos
edifique segundo Sua Palavra, ou, o labor será inútil:
"Se o Senhor não
edificar a casa, em vão trabalham os que edificam..." (Sl. 127,1).
Se, os coevos de Jeremias, em sua apostasia migraram do ouro
para o barro, somos desafiados ao caminho inverso na conversão:
"Aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo,
para que enriqueças; roupas brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha
da tua nudez; e unjas teus olhos com colírio, para que vejas" (Ap. 3,18).
Se deixe encontrar, e ser lapidado por Deus, o garimpeiro por
excelência, pois, para Ele, você sempre teve, e sempre terá um valor.
Sobre de onde viemos, e para onde iremos, a Bíblia diz
claramente que o mundo atual, o atual cosmos hostil a Deus, é passageiro:
“Então vi novos céus e nova terra, pois o primeiro céu e a
primeira terra tinham passado; e o mar já não existia” (Ap. 21.1).
Ou seja, haverá novos céus e nova terra.
Os elementos se fundirão pelo fogo. Surgirá então um novo e
maravilhoso mundo que terá dimensões bem diferentes do que nossa realidade
conhecida e imaginável. Sua glória será tão imensa que é comparada com uma
cidade que possui portas de pérolas e as mais belas pedras preciosas. Palavras
humanas conseguem apenas fazer uma alusão a essa glória.
Sobre a Nova Jerusalém:
“A construção do seu muro era de jaspe, e a cidade de ouro
puro, semelhante a vidro puro. E os fundamentos do muro da cidade estavam
adornados de toda a pedra preciosa. O primeiro fundamento era jaspe; o segundo,
safira; o terceiro, calcedônia; o quarto, esmeralda; O quinto, sardônica; o
sexto, sárdio; o sétimo, crisólito; o oitavo, berilo; o nono, topázio; o
décimo, crisópraso; o undécimo, jacinto; o duodécimo, ametista” (Ap. 21,18).
Descrições semelhantes a estas podem ser encontradas na
literatura doutrinária do bramanismo, do budismo e do islamismo. O céu é sempre
uma região de pedras preciosas. Qual a razão para isso? Os que raciocinam
baseados em todas as atividades humanas, dentro de um quadro de referência
social e econômica, hão de encontrar respostas deste gênero: as gemas são
raríssimas na Terra. Poucos as possuem. Esse tesouro no céu, contém, sem
dúvida, grandes verdades.
Falamos das pedras preciosas…
Ao longo da História, os povos utilizaram diamantes, safiras
ou ametistas para prestar homenagem aos seus soberanos. Ao incrustá-las em um
cetro, ou em uma coroa, visavam simbolizar a autoridade do governante e
manifestar sua riqueza e poder.
O homem tem consumido tempo, energias e dinheiro, em enorme
escala, para encontrar, explorar e lapidar essas pedras brilhantes. O homem
encontra uma profusão do que o profeta Ezequiel chama de pedras de fogo. Essas
coisas têm luz própria, exibem um colorido preternatural e possuem um valor
também extraterreno. Os objetos materiais que mais se assemelham a essas fontes
de iluminação das visões são as pedras preciosas. Adquirir uma dessas pedras é
possuir algo cuja preciosidade está assegurada pelo fato de elas já existirem
no céu. Daí essa paixão, de outro modo inexplicável, que o homem possui pelas
gemas. As palavras de Sócrates, no Fédon, assumem um valor novo. Existe,
diz-nos ele, um mundo ideal, acima e além do mundo material.
Nessa outra terra as cores são muito mais puras e
esplendorosas do que cá embaixo [...]. As próprias montanhas, as pedras mesmas,
possuem maior brilho e matizes mais belos, por sua nitidez e intensidade.
As pedras preciosas deste nosso mundo, nossas apreciadíssimas
cornalinas, nossos jaspes, esmeraldas, e todas as demais, não passam de
minúsculos fragmentos dessas pedras das alturas. No céu, não há pedra que não
seja preciosa nem exceda em beleza quaisquer de nossas gemas.
As pedras preciosas guardam uma débil semelhança com as luminosas
maravilhas entrevistas pelo do profeta. O panorama desse mundo, diz Platão, é
uma visão para espectadores bem-aventurados; pois ver as coisas tais como elas
são em si mesmas é uma bênção suprema e inexprimível.
O conhecido pastor, Charles Haddon Spurgeon, falou
acertadamente sobre a glória celestial: “As ruas de ouro pouco nos
impressionarão e os sons das harpas dos anjos pouco nos alegrarão em comparação
ao Rei no meio do trono. É ele quem atrairá para si os nossos olhares e
pensamentos, que despertará nosso amor e levará nossos sentimentos santificados
ao nível máximo de infindável adoração. Nós veremos Jesus!”.
Textos para Pesquisas:
Bíblia para Estudos: Aplicação Pessoal;
FURTADO. Júnia Ferreira. As Pedras Preciosas: Estrelas
Caídas do Céu;
HUIZINGA. Johan. O Declínio da Idade Média.
Lousã: Ulisseia, sd. P. 212/6;
FOUCAULT. Michel. op. cit., p. 37-8;
Aldous Huxley. As Portas da Percepção - Céu e Inferno;
SAGAN, CARL. A Conexão Cósmica;
TORRES, Filipe de Matos Oliveira; Revista Arautos do
Evangelho, maio/2009, n. 89, p. 50-51.
SL, Grupo M Contigo. Somos pó de estrelas, fomos feitos
para brilhar. 2017. Disponível em:
https://amenteemaravilhosa.com.br/somos-po-estrelas-feitos-brilhar/. Acesso em:
14 ago. 2020;
__________________. A Maior Incógnita do Homem. 2011. United Church of God.
Disponível em: https://portugues.ucg.org/ferramentas-de-estudo-da-biblia/guias-de-estudo/why-were-you-born/a-maior-incognita-do-homem.
Acesso em: 14 ago. 2020;
ABREU, Bruna A. O. de. Deus garimpeiro. 2010.
Disponível em: http://jrenovados.blogspot.com/2010/07/deus-garimpeiro.html.
Acesso em: 14 ago. 2020.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui seu comentário.