“Tu o fizeste um pouco
menor do que os anjos, de glória e de honra o coroaste, e o constituíste sobre
as obras de tuas mãos” (Hebreus 2:7)
Ao criar o homem, Deus colocou de Si mesmo nele. O homem
não foi apenas uma criação de Deus, mas uma criação a partir de Deus, ou seja,
carregamos em nossa natureza, a essência divina. Essa verdade é
estonteante e serve de base para a compreensão da natureza humana.
Ao ser formado do “pó da terra” (Gênesis 2.7), o homem
trás consigo características terrenas, ou seja, seu ser é dotado de habilidades
e sensações próprias de um ser terreno – pode respirar, sentir sabores, odores,
prazeres etc., capacitando-o a nos relacionar com a criação. Mas ao receber o
sopro divino (Gênesis 2.7), ele carrega também a natureza celestial, ou seja,
trazemos marcas morais que só encontram-se em Deus. Assim, vivemos transitando
entre essas duas naturezas que se abrigam num único ser: o homem.
O homem é um ser fascinante e não pode ser compreendido a
parte da sua essência espiritual. Reduzi-lo a um animal produzido a partir de
uma ameba que evoluiu espontaneamente, digo, a partir do acaso,
transformando-se nesse ser altamente complexo não apenas do ponto de vista
biológico, mas psicológico, é no mínimo ingenuidade. Somos mais do que
interconexões elétricas e impulsos animais. Não somos puro instinto, somos
seres que se constroem e reconstroem tomando decisões imprevisíveis. Temos
volição, arbítrio, podemos fazer nossas próprias escolhas: nem todos nós agimos
da mesma forma diante das mesmas situações, diferente dos animais que agem
determinados por seus instintos, estando condenados às mesmas reações diante
dos mesmos estímulos.
Alguma vez você já teve aquela sensação de que pertence a
esse lugar e ao mesmo tempo não pertence? Isso ocorre porque há em nós um
anseio celeste que está gravado em nossa essência e que só pode ser satisfeito
em Deus (2 Coríntios 2.5). Não somos apenas seres biológicos e culturais, somos
seres espirituais dotados de necessidades que só podem ser supridas enquanto
seres espirituais. Se Deus é a nossa fonte, só Deus pode alimentar-nos; se Dele
viemos, só Nele podemos existir; se fomos criados por Ele, só podemos viver a
partir Dele.
Infelizmente o pecado degenerou as marcas da glória de
Deus que estavam estampadas no homem, mas tais marcas não foram arrancadas de
todo. Ainda permanecem um anseio, uma saudade e algumas qualidades morais.
Através dos tempos o homem tem buscado preencher tais necessidades por Deus,
para tanto, criou a religião (“re-ligar”), aventurou-se nos prazeres carnais,
na satisfação dos seus desejos e vontades corrompidos pelo pecado, mas isso só
o tem lançado para mais longe de Deus.
Deus enviou o Seu único Filho, dando-lhe um corpo como o
nosso. Jesus entrou no mundo dos homens, viveu como homem e sentiu aquilo que
sentimos a fim de trazer-nos de volta à nossa essência celestial. Em Cristo
podemos voltar a ser quem somos: filhos de Deus (João 1.12). Podemos nos
relacionar corretamente com o mundo e podemos nos relacionar com Deus em
espírito e em verdade (João 4.24).
Em Cristo a glória perdida foi restaurada e podemos viver
um novo relacionamento com o Pai, relacionamento esse que não necessita de
mecanismos criados pelo homem, pois estamos ligados intrinsecamente a Deus. A
glória que perdemos com o “primeiro Adão”, não apenas nos foi restaurada com o
“Último Adão” (1 Coríntios 15.45-49), como podemos vive-la de forma mais intensa
uma vez que agora nos tornamos habitação de Deus em Espírito (1 Coríntios
3.16).
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