segunda-feira, 14 de julho de 2014

A Máquina de Brincar com o Diabo



Hoje fui abordado por minha esposa acerca de uma postagem na página "Vigilantes dos Pequeninos", no Facebook (o que, originalmente, veio de outro perfil, de uma mãe descontente com a descoberta). A leitura e imagens proporcionaram a necessidade de uma pesquisa sobre o assunto, afinal, somos cristãos e tal conteúdo não é compatível com nossa fé. Veja o texto e as imagens:
"PARA VOCÊ QUE ACHA QUE SEUS FILHOS ESTÃO SEGUROS NO QUARTO LENDO LIVROS. LEIA O QUE ACONTECEU COM A MINHA FAMÍLIA. Todos sabem como incentivo leitura para minhas filhas desde bebê. O contato das crianças com os livros passa por várias fases. Primeiro eu lia para elas, depois eu lia com elas e hoje elas leem sozinhas. Na hora de comprar um livro eu olho a capa, o tema, a sinopse, sobre o autor e a faixa etária. Depois peço que elas me falem sobre o que leram. Achei que isso era mais do que suficiente até o dia em que Ana Ester (9 anos) disse: "Mãe, tem algo errado com esse livro, no meio dele encontrei uma página "para ler no escuro" e depois coisas horríveis...". Me desculpe o autor, mas se alguém torna uma obra publica, eu tenho o direito de criticar e emitir minha opinião. Um livro para criança que invoca o diabo para ser amigo da mesma, diz que Deus não aparece porque é covarde e pequenino e termina dizendo que o capeta venceu para mim é uma literatura totalmente imprópria. Não venha me dizer que isso é poesia. Isso, para mim, é pura heresia. Estou indignada por ter colocado algo assim na minha casa e nas mãos das minhas filhas. Que critério usar quando compro livros infantis? Vou ter que ler antes todas as páginas? Como algo assim pode ser liberado para publicação e considerado literatura infantil?"

Pesquisei seriamente o assunto na internet e foi isso que obtive:

1) SOBRE O AUTOR: O escritor, poeta e crítico Paulo Bentancur (Roberto Ribeiro) é gaúcho, tem 57 anos, possui muitos prêmios e é autor de, pelo menos, trinta livros adultos e infanto-juvenis. Ela já conhece a opinião postada pelos "Vigilantes dos Pequeninos" (ou pelo outro perfil); já falou sobre ela.

2) SOBRE O LIVRO: O que fora anunciado por jornais como o gaúcho Zero Hora e o Jornal de Brasília, também foi adotado pelo Governo do Estado de São Paulo através do PNLD, o Programa Nacional do Livro Didático. Infelizmente, em virtude da lei eleitoral, informações mais precisas não podem ser obtidas junto ao PNLD/SP.


Não obstante, "A máquina de brincar" (Editora Bertrand Brasil, 2005), conforme o próprio autor, é "dividido em duas partes, 'Para Ler no Claro' e 'Para Ler no Escuro', este conjunto de 25 poemas nos faz rir e curtir na primeira parte e bater os dentes, atemorizados, na segunda. Metade do livro tem páginas brancas com letras e desenhos coloridos e fala de coisas boas. A outra metade traz poemas impressos em papel pintado de preto e fala de bruxas, fantasmas, castelos em ruínas, seres esquisitos, muito esquisitos...".



3) MINHA OPINIÃO: "Quem não lê, não vê"... concordo.


Em todas as áreas da vida os pais são extremamente responsáveis pelo conteúdo ministrado sobre seus filhos. Definitivamente, precisam estar presentes, de corpo, alma e instrução. Quando os pais são omissos em seu papel educador e formador os resultados são desastrosos. Assim, quem não lê (isto é, quem não se envolve no processo), não vê (ou seja, não contempla um bom resultado).


Quando um pai ou uma mãe, até pais, assume seu papel é natural que se depare com informações que entende que não devem ser repassadas aos seus filhos, seja pela maneira, seja pelo gosto, seja pela idade, seja pelo conteúdo, seja pela religião, etc. É um direito deles. No escopo religioso cristão, por exemplo, os pais perceberão pontos de contato com a Bíblia que, para eles, podem ser nocivos aos filhos.

Sim, é fato que na parte "Para ler no Claro" se fala de Deus; contudo, "Para ler no Escuro" se refere ao Diabo. É claro que, para o cristão, descrever Deus para as crianças não é um problema; falar do diabo, contudo, é um grande. A questão não é um poema sobre o Diabo (pois a Bíblia - e outros veículos - narra acerca de Satanás), mas apresentá-lo de uma perspectiva contrária a fé cristã. O diabo não é amigo do cristão e não vem brincar, exemplo.

Assim, entre as cores branca e preta, entre o claro e o escuro, entre o leve e o pesado, entre o bom e o mau, entre Deus e o Diabo, creio que uma obra assim devesse ser evitada por crianças, principalmente cristãs. Aos mais maduros, também creio que é possível acessar tal conteúdo ao lado da criança, ensinando-a dentro do caminho em que ela deva andar. É uma questão de foro familiar.




Em entrevista ao Jornal de Brasília, o escritor Paulo Bentancur defendeu sua narrativa e seus personagens. “Quis fazer um livro diferente. As crianças de hoje são inteligentes, gostam de suspense, de figuras lendárias. E qual o problema de brincar com Deus e o diabo? Não faço apologia ao demônio, apenas brinco com o lado bom e o lado mau das coisas”, pontuou. Paulo Betancur questiona o lugar da literatura, que deveria dar espaço para falar do “surreal”. Para o autor, a religião tem podado a liberdade dos artistas e escritores, que muitas vezes fazem apenas uma “brincadeira”. “Os pequenos sabem que existe esse mito em torno de Deus e do diabo. O que fiz foi jogar uma piada, de forma leve”, frisa.

Se é "brincadeira" ou "recurso literário" do autor, como pai e leitor, sou responsável pelo conteúdo literário que meu filho queira acessar. É meu direito opinar e decidir. É minha responsabilidade diante do infante, ainda em fase de desenvolvimento. Por isso, entendo que o livro infanto-juvenil possui muitas incompatibilidades com a fé cristã. Além de apresentar um deus distante, medroso e derrotado, com uma aparente "mensagem subliminar", por meio de figuras e termos, endossa um perfil diabólico contrário às Escrituras. Termos? "As guampas afiadas" (recipiente feito a partir de chifres) são sua coroa, diz o autor. Eu digo, porém, que o livro aparenta uma obra de "terror" feita com muito amor, ao amigo diabo, àquele que o cristão tem que se opor. Brincadeira? Dispenso. Escritores são livres para escrever e devem ser respeitados. As opiniões distintas (mesmo as religiosas) também são livres e devem ser respeitadas. É o que penso.

Rev. Ângelo Vieira da Silva


Texto retirado do blog Regulae Fidei - Regra de Fé http://revavds.blogspot.com/2014/07/a-maquina-de-brincar-com-o-diabo.html#ixzz37RaZxdup
Blog do Rev. Ângelo Vieira da Silva, Ministro Presbiteriano
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