segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Um Povo Peregrino


“O cristão vive não em si mesmo, mas em Cristo e no próximo. De outro modo, ele não será um cristão”. Lutero

Introdução: A carta aos Hebreus foi escrita para pessoas muito desanimadas. Sabemos pouco sobre o autor e os recipientes da carta, mas podemos estar certos pelo conteúdo da mesma que os leitores tinham desistido do chamado cristão. Embora não haja nenhuma sugestão de que os leitores estivessem planejando converter-se a uma outra fé, tal como o judaísmo, o livro está cheio de insinuações de que eles pretendiam deixar a fé. O livro traz exortações encorajando os leitores a não abandonar a fé (Hb 13:22), ele está profundamente preocupado com o assunto da fraternidade, isto porque apenas quando a igreja é uma comunidade estreitamente unida é que ela pode sobreviver num mundo como o nosso.


I – NÃO SE TRATA DE UMA PEREGRINAÇÃO PARTICULAR
Os leitores da carta poderiam ter pensado que podiam manter a identidade cristã em separado do restante da igreja. Muitos pensadores daquela época haviam separado a vida cristã da vida comunitária. O autor de Hebreus pinta um quadro muito diferente, não apresentando nenhuma possibilidade de vida cristã em particular, pelo contrario ele apresenta a vida cristã como uma peregrinação constante, empreendida pela igreja inteira. As almas não vão a Deus individualmente; pelo contrario, a igreja inteira é o povo peregrino de Deus. A igreja se acha onde Israel achou-se um dia, aguardando a terra prometida. “Porque também a nos foram anunciadas as boas novas, como se deu com eles” (Hb 4:2). Mas a igreja também se acha em perigo de repetir a apostasia de Israel enquanto caminhava pelo deserto (Hb 3:6; 12 e 4:2). Isto requer cuidado especial até que cheguemos a Jerusalém celestial.


II – UM POVO A CAMINHO
Lendo a carta percebemos como o autor considera a igreja como um povo a caminho. Ela é considerada a geração do deserto. Jesus é a bússola que mostra o norte (O caminho) (Hb 2:10). Os grandes heróis da fé mostrado pelo capítulo 11, estavam sempre a caminho procurando um lugar para morar. A igreja inteira repetiu a peregrinação da geração do deserto (Hb 12:18). Ser cristão é pertencer à comunidade que está sempre a caminho, não pode haver peregrinação sem a comunidade; a força para continuar a jornada existe quando os membros do corpo de Cristo cuidam uns dos outros. É desastroso ser abandonado pelo caminho. A única maneira de chegar ao destino está no cuidado da comunidade. Podemos até estranhar a imagem da igreja como um povo peregrino, é difícil imaginar um povo nômade sempre em movimento, sem raízes firmes. Existe uma unidade para o povo peregrino que provavelmente não pode ser encontrada entre nenhuma instituição ou grupo. Infelizmente nossa sociedade tornou-se cada vez mais nômade, sem raízes fixas. As pessoas mudam, muitos vão e vem e na maioria das vezes não se sentem parte integrante do corpo de Cristo. Esta mobilidade faz com que estejamos distantes dos nossos queridos parentes, talvez seja justamente aqui que a igreja possa suprir o amor, o calor e a assistência de que precisamos. A comunidade cristã de hoje, assim como a daqueles tempos, está a caminho, existindo um mistério para aqueles que se ferem ao longo da estrada.


III – QUANDO OS MEMBROS SE AFASTAM
Se a igreja é um povo peregrino é inevitável que entre esses peregrinos haja alguns que impeçam o progresso do grupo como um todo. Alguns não suportam o cansaço e se afastam do corpo. Outros interpretam que a corrida tornou-se de longa distancia (Hb 12:1-2). Outros irão ferir-se ou ficar doentes pelo caminho (Hb 12:13). Toda igreja enfrenta esse problema, portanto faz-se necessário uma palavra de precaução (Hb 3:12). Quando a igreja se torna impessoal, ela deixa de cumprir sua missão. Por essa razão a igreja é mais do que um numero de pessoas, ela é o corpo vivo do Senhor sobre a terra. Quando a igreja torna-se pragmática, reduzindo seus membros a números, ela fracassa na sua missão.

Conclusão: A tarefa da igreja é prover ocasião para que as pessoas encontrem integridade espiritual quando a deficiência ameaça seu progresso. A fraternidade naquele tempo se concretizava quando os ricos ajudavam os pobres (Hebreus 13:16), por isso a igreja contemporânea tem hoje ocasião de praticar a fraternidade de modo concreto. A comunhão pode ser prejudicada quando os irmãos se separam devido às barreiras econômicas, mas ela pode ser fortalecida quando os irmãos partilham aquilo que possuem.

“QUE O ESPÍRITO DE SABEDORIA NOS FAÇA COMPREENDER A SANTA PALAVRA”


Pr. Natanael Ribeiro

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