No
dia 7 de Outubro de 1571, após três horas de combate, a Liga Santa derrota o
Império Otomano na Batalha de Lepanto. A Liga Santa era constituída por barcos e
homens de Veneza, Espanha, Malta e Estados Pontifícios.
A
Batalha de Lepanto (ao largo de Corinto, Atenas) deteve o avanço turco. Em 1570,
os turcos otomanos tomaram a Ilha do Chipre, que antes estava sob o domínio da
República de Veneza. Esta República pediu ajuda ao Papa e o Papa, Pio V,
mobiliza forças para repelir os otomanos. Foi mais uma guerra religiosa, uma
cruzada. O Papa insiste com Espanha que se trata da defesa da fé católica.
Espanha não queria participar porque Veneza aliara-se várias vezes aos turcos,
noutros contextos.
Duzentas e oito galés e seis galeaças cristãs, comandadas
por João da Áustria (filho ilegítimo de Carlos V) capturaram 193 das 230 galés
turcas. Do lado europeu perderam-se 12 navios.
I -
Contextualização Histórica
A)
Principal Inimigo: Decadência da cristandade com o Renascimento.
Problemas
internos com o Protestantismo (1527) que levara a Inglaterra (Henrique VIII) e
estava corroendo a Alemanha e a França
Cobiça dos Reis católicos influenciados pelo humanismo,
que já não eram movidos pelo zelo da Fé e adesão à Igreja, chegando a fazer
alianças com os próprios muçulmanos para garantir seus interesses particulares.
B)
Expansão Muçulmana (império Otomano) -
- 1453 - Queda
de Constantinopla
- Domínio da Pérsia e do Egito com Selim I
- Queda de Rhodes em 1522 (forçando a Ordem de S. João de
Jerusalém a ir para a ilha de Malta.
- Solimão II, chamado o Magnífico, sucessor de Selim I,
ocupava Belgrado e atacava, através de Barba-Ruiva, temível corsário, várias
cidades que estavam sobre a tutela da Sereníssima República de Veneza: Clissa,
Prevesa, Castelnuovo, e as ilhas mais ao sul, próximas à Grécia. Isso sem falar
dos ataques em outras regiões e das alianças com reis católicos contra outros
reis católicos, fruto da decadência da cristandade.
- Seu desejo era de invadir Roma e entrar à cavalo na
Basílica de S. Pedro.
C) Outras
Datas:
1) Brasil anexado à Espanha
(1580) com a morte de D. Sebastião. Mesma época em que vivia o Beato José de
Anchieta. Aliás, consta que este santo teve a visão da morte de D. Sebastião e
da vitória em Lepanto.
2) A Invencível Armada (1587) - Derrota dos Espanhóis para os
Ingleses.
II - Início da
Reação Católica
A)
1565 - Vitória da Ordem de S. João
de Jerusalém
(chamada de “escorpiões do mediterrâneo”
pelos infiéis) sobre os otomanos, quando estes tentaram invadir a ilha de
Malta, ao sul da Sicília. Os muçulmanos perderam 30.000 homens e seu grande
general: Dragut Rais.
B) 1566 - Eleição de S. Pio V.
ardia na alma do novo pontífice o desejo de soerguer a Cristandade para um
duplo combate: contra o protestantismo e contra o adversário otomano.
1)
convidou os príncipes católicos a celebrarem uma aliança contra o Sultão.
2)
Escreveu carta ao Grão-Mestre da Ordem de S. João de Jerusalém, que tencionava
abandonar a ilha diante da iminente vitória dos turcos, para que não
abandonasse seu posto: “Ponde de lado a
idéia da abandonar a ilha. Vossa simples presença em Malta inflamará a coragem
dos cristãos e imporá respeito ao Otomano, pelo terror do nome que o fulminou
no ano passado. Sabei que ele teme vossa pessoa mais que todos os vossos
soldados reunidos”. La Valette, Grão-Mestre, leu a carta do Papa diante do
Conselho da Ordem, beijou respeitosamente o documento pontifício e depois o
solo da ilha, e exclamou: “A voz de vosso
vigário, ó Jesus, indica o meu dever. Ficaremos aqui, e aqui morreremos”.
III - Formação
da Liga em Defesa da Cristandade
A) Retrocesso:
1) queda da cidade de Quios,
no arquipélago jônico, e da cidade de Szigethvar, na Hungria, com o conseqüente
avanço Otomano
2) morte de Solimão II,
sucedido por seu filho Selim II, conhecidamente mole e sensual.
3) Otimismo nos católicos,
não acharam necessário a Liga, visto que Selim II não representava um grande
inimigo, apesar dos apelos do Papa. em sentido contrário.
4) Em dezembro do mesmo ano,
1566, S. Pio V dirige às nações católicas novo brado de alarma e o convite a se
unirem numa Liga em defesa da Cristandade. Ninguém quer ouvi-lo, pois estão
ocupados com seus problemas internos.
5) Três anos de espera
B) Selim
II ameaça Veneza:
1) Em fins de 1569 chegava a
Constantinopla a notícia de que o arsenal veneziano fôra destruído pelo fogo e,
devido a uma má colheita, a Península toda estava ameaçada pela fome.
2) Selim II rompe a paz e
envia um ultimatum: ou Veneza entregava uma de suas possessões preferidas,
Chipre, ou era a guerra.
C) Veneza pede auxílio, mas não
quer a aliança com a Espanha, apenas a mediação do Papa junto aos demais
Estados para conseguir dinheiro, tropas e mantimentos.
D) A Espanha também não quer a Liga,
pois Veneza várias vezes fez alianças com os Turcos.
E) S. Pio V intervém e exorta a
Espanha a mandar uma esquadra poderosa para proteger Malta e garantir a rota
que levaria socorro à ilha de Chipre. A Liga entre Espanha e Veneza deveria ter
um caráter defensivo e ofensivo, e ajustar-se para sempre ou, pelo menos, por
um tempo determinado.
F) Felipe II inicia negociações,
enviando embaixadores.
G) S. Pio V nomeia Marco Antônio
Colonna (conhecido de Felipe II e de Veneza) como chefe da esquadra
auxiliar pontifícia.
H) Seis Meses perdidos em
negociações.
1) Sob a égide e mediação do
Pontífice Romano, começaram as negociações. Com um discurso inflamado, o Papa
convocava a todos para uma nova cruzada.
2) Jogos de interesses de
ambas as partes. Os Espanhóis desconfiavam das intenções dos venezianos e
queriam cobrar mais caro pelos cereais. Os venezianos se diziam
impossibilitados de contribuir com mais de uma quarta parte dos gastos de
guerra, quando eram sobejamente conhecidas as possibilidades do tesouro da
Senhoria...
3) Apesar de seu
temperamento fogoso, S. Pio V intervinha com uma paciência e cordura heróicas.
4) Sugestão de D. João
d’Áustria como generalíssimo dos exércitos cristãos. Irmão bastardo de Felipe
II, jovem de 24 anos e maneiras profundamente aristocráticas que à todos
impressionava.
5) Peste atacava a esquadra
veneziana e os turcos atacavam a ilha de Chipre, a qual caía depois de 48 dias
de resistência heróica.
6) Desânimo na cristandade.
Não seria melhor atacar separados mesmos?
7) S. Pio V reclama e diz
que a culpa é dos príncipes católicos, os quais deviam arrepender-se de sua
atitude antes que fosse tarde demais e só expiariam sua falta se se resolvessem
afinal a unir-se na defesa da causa da Cristandade.
8) Os turcos sitiavam
Famagusta, ameaçavam Corfu e Ragusa.
9) O Núncio em Veneza,
Facchinetti, anunciava, já em fevereiro de 1571, que se não se finalizasse a
Liga, havia o perigo de que Veneza pedisse a Paz e cedesse Chipre, desfazendo a
possibilidade de reagir contra os otomanos.
I) Forma-se a Liga. Em março
chegaram, com diferença de apenas dois dias, as resposta do Rei da Espanha e do
Doge de Veneza.
1) Superadas as pequenas desavenças
restantes, forma-se a Liga, que devia ser estável, ter um caráter defensivo e
ofensivo, e dirigir-se não somente contra o sultão, mas também contra seus
Estados tributários, Argel, Túnis e Trípoli.
2) A tríplice aliança
contaria com duzentas galeras, cem transportes, 50 mil infantes espanhóis,
italianos e alemães, 4.500 cavalos-ligeiros, e o número de canhões necessários.
3) O Papa arcaria com a
sexta parte dos gastos, a Espanha com três sextos e Veneza com o resto.
4) O Sumo Pontífice publica
um jubileu, toma parte nas procissões rogatórias e manda cunhar uma medalha
comemorativa.
IV -
Preparativos para a Batalha
A) S. Pio V lembra D. João d’Áustria
que ele ia combater pela Fé católica e de que por isso Deus lhe daria a
vitória.
B) O Papa envia o estandarte da Liga:
era de damasco de seda azul e ostentava a imagem do Crucificado, tendo aos pés
as armas do Papa, da Espanha, de Veneza e de D. João.
1)
D. João recebeu o estandarte solenemente, das mãos do Cardeal Granvela, na
Igreja de Santa Clara, com a presença de muitos nobres, entre os quais os
Príncipes de Parma e de Urbino. “Toma,
ditoso Príncipe, disse-lhe o Cardeal,
a insígnia do verdadeiro Verbo Humanado; toma o sinal vivo da santa Fé, da qual
és defensor nesta empresa. ele te dará uma vitória gloriosa sobre o ímpio
inimigo, e por tua mão será abatida sua soberba. Amém!”.
C) Avanço Turco. Angustiado com
as notícias do avanço turco, S. Pio V mandou uma carta a D. João exortando-o a
zarpar para Messina.
D) D. João chega a Messina. De
uma formosura varonil, louro e de olhos azuis, no esplendor da juventude,
profundamente aristocrático, o filho do imperador causou enorme impressão em
Messina, onde foi recebido com júbilo indizível.
E) Ardor
da juventude de D. João soma-se à experiência dos oficiais. Três semanas de
deliberações por alguns desentendimentos. Uns queriam apenas a defesa, outros o
ataque. O próprio D. João hesitou.
F) O
Núncio exorta ao combate em nome de S. Pio V. O Núncio Odescalchi, que
viera distribuir partículas do Santo Lenho para que houvesse uma partícula em
cada nau, comunicou ao Príncipe que o Pontífice lhe prometia em nome de Deus a
vitória, por cima de todos os cálculos humanos, e mandava dizer que se a
esquadra se deixasse derrotar “iria ele
mesmo à guerra com seus cabelos brancos para vergonha dos jovens indolentes”.
G) Medidas
morais de D. João para preservar o caráter sacral da expedição:
1) proibiu a presença de mulheres a bordo
2) cominou pena de morte para as blasfêmias
3) enquanto esperava o regresso de uma esquadrilha de
reconhecimento, todos jejuaram três dias e nenhum dos 81.000 marinheiros e
soldados deixou de confessar-se e comungar, o mesmo fazendo os condenados que
remavam nas galeras.
H) Saída
de Messina à caminho da guerra. Nos dias 16 e 17 de setembro o espetáculo
foi deslumbrante. As naus começaram a mover-se duas a duas, encimadas por
bandeiras cujas cores as distinguiam segundo a posição que assumiriam na
batalha. À frente tremulavam as bandeiras verdes de Andrea Doria, o comandante
dos espanhóis. Em seguida vinha a batalha,
ou centro, com suas bandeiras azuis , e o gonfalão de Nossa Senhora de
Guadalupe sobre a nau de D. João d’Áustria. Os estandartes do Papa e da Liga
ficaram guardados para o momento do embate. À direita da batalha vinha Marco Antônio Colonna na nau-capitânia do Papa; à
esquerda, o veneziano Sebastião Veniero, grande conhecedor das lides do mar,
com seus setenta anos vigorosos, altivamente em pé na Prôa de sua nau. A
divisão de Veneza, comandada pelo nobre Barbarigo, seguia atrás, com bandeiras
amarelas; as bandeiras brancas de D. Álvaro de Bazán, Marquês de Santa Cruz,
fechavam aquele imponente cortejo naval. O Núncio papal dava a benção a cada
barco que passava com seus cruzados piedosamente ajoelhados.
V - Em Direção
à Batalha
A) Sinais da passagem dos turcos:
restos carbonizados de igrejas e casas, objetos de culto profanados, corpos
dilacerados de Sacerdotes, mulheres e crianças covardemente assassinados.
B) Inconformidade católica
C) Localização da esquadra inimiga:
Lepanto, porto localizado pouco mais ao sul, no estreito de igual nome, o
qual liga o Golfo de Patras ao de Corinto.
D) 6 de outubro, notícia de que
Famagusta, capital de Chipre, caíra em poder do Crescente e que o general
Mustafá cometera as piores atrocidades com o comandante da praça, Marco Antonio
Bragadino, a quem mandara esfolar vivo e cuja pele, cheia de palha, fizera
conduzir por toda a cidade.
E) Cresce a inconformidade católica
e o desejo de combater os infiéis.
F) Céu cinzento e cheio de névoa,
vento que detinha os católicos e puxava os otomanos para fora do estreito de
Lepanto, facilitando o combate.
G) 7 de outubro, domingo, duas
horas da madrugada, um vento fresco vindo do poente limpou o céu, prometendo um
dia ensolarado.
H) Antes do amanhecer as naus
católicas levantaram âncoras e adentraram no estreito de Lepanto.
I) Levanta-se a bandeira que
sinaliza a presença do inimigo. Ordem para formar para a batalha. Troar de
canhão. Içado o estandarte da Liga no mastro mais alto da galera-capitânia.
J) “Aqui venceremos ou morreremos”, bradou D. João.
VI - Formação
para o Combate
A) A esquadra católica
procurou-se estender o quanto pôde, desde o litoral etólio até o alto mar. D.
João comandava o centro, ladeado por Colonna e Veniero; o catalão Roqueséns
vinha um pouco mais atrás. A esquadra espanhola de Andrea Doria, com 60 naus,
formava a ala direita, em direção ao mar alto. As 35 embarcações do Marquês de
Santa Cruz aguardava ordens à retaguarda, para uma eventual intervenção.
B) Ali-Pachá - almirante otomano
- também dispôs sua esquadra para o combate
-
O Generalíssimo turco parecia querer investir resolutamente pelo centro e ao
mesmo tempo envolver os cristãos, aproveitando-se da sua superioridade numérica
sobre estes (286 naus contra 208).
C) O Vento soprava de leste,
favorável aos infiéis, enquanto os católicos tinham que se mover à força de
remos.
D) 4 horas até que as duas
armadas estivessem prontas para o combate. O vento amainara.
E) “Não
é mais hora de falar, mas de lutar”, respondeu D. João à Doria, que
queria propor um conselho de guerra e discutir se convinha ou não dar combate a
um inimigo numericamente superior.
F) Conselho prudente de Doria
indicando que cortasse o enorme esporão que pesava na prôa das galeras.
G) Passagem em revista às tropas.
O comandante supremo apresentou-se aos nobres e à tripulação de cada nau
levando na mão um crucifixo, e conclamando com ardor para o lance iminente: “Este é o dia em que a Cristandade deve
mostrar seu poder, para aniquilar esta seita maldita e obter uma vitória sem
precedentes”. E, mais adiante: “É
pela vontade de Deus que viestes todos até aqui, para castigar o furor e a
maldade destes cães bárbaros. todos cuidem de cumprir seu dever. Ponde vossa
esperança unicamente no Deus dos Exércitos, que rege e governa o mundo universo”.
A outros dizia: “Lembrai-vos de que
combateis pela Fé: nenhum poltrão ganhará o Céu”. Distribuía escapulários,
medalhas e rosários.
H) O inimigo cantava com suas
cornetas, vociferações, címbalos e cimitarras. Diziam: “Esses cristãos vieram como um rebanho para que os degolemos”. A
ordem dada por Ali-Pachá era de não fazer prisioneiros.
I) O Príncipe D. João ajoelha e reza.
Todos os seus homens fazem o mesmo. No meio de um silêncio grandioso os
Religiosos davam a última benção e a absolvição geral aos que iam expor-se à
morte pela Fé.
VII - A
Batalha tem início
A) Ali-Pachá dá o tiro de canhão
para chamar os cristãos à luta. D. João aceita o desafio, respondendo com outro
tiro.
B) O Vento mudara inesperadamente
C) O primeiro tiro que partira
contra os infiéis lhes afundara uma galera. Aos gritos de “vitória, vitória, Viva Cristo!”, os
cruzados lançaram-se com toda a energia na
batalha.
D) Descrição da Batalha: Os
turcos procuram dar a maior amplitude a seu deslocamento, para envolver um dos
flancos do adversário. Doria tenta impedir-lhes a manobra, mas afasta-se demais
da zona que lhe havia sido designada, abrindo um perigoso vão entre a ala sob
seu comando e o centro da esquadra cristã.
Os
264 canhões de Duodo, abrindo fogo, conseguem romper a linha inimiga. Começam
as abordagens.
O
apóstata italiano Uluch Ali entra pelo vazio deixado por Doria. Com suas
melhores naves lança-se no combate em que o centro dos cristãos estava
engajado, e com algumas galeras pesadas mantém Doria afastado. Neste lance iam
sendo aniquiladas as tropas de Doria, e a reserva do Marquês de Santa Cruz não
podia socorrê-las, pois estava empenhada em auxiliar os venezianos da ala
esquerda, junto ao litoral. Ali-Pachá, reconhecendo pelos santos estandartes a
galera de D. João, abalroou-a com seu próprio navio, proa contra proa, e lançou
sobre ela toda uma tropa de janízaros (renegados) escolhidos. Neste momento o
conselho de Doria provou sua eficácia: desembaraçada do esporão, a artilharia da
nau católica pôs-se a dizimar a tripulação da “Sultana”, a nave de Ali-Pachá. em socorro desta acorreram mais sete
galeras turcas, que despejaram mais janízaros sobre a ponte ensangüentada da
capitânia de D. João. Duas vezes a horda turca penetrou nesta até o mastro
principal, mas os bravos veteranos espanhóis obrigaram-na a recuar. D. João
contava agora com apenas dois barcos de reserva, sua tropa tinha sofrido muitas
baixas e ele mesmo fora ferido no pé. a situação ia-se tornando cada vez mais
perigosa, quando o Marquês de Santa Cruz, tendo liberado os venezianos, veio em
socorro do generalíssimo, e este pôde repelir os janízaros.
Um
após outro, caíram Juan de Córdoba, Fabio Graziani, Juan Ponce de León. O velho
Veniero lutava de espada na mão, à frente de seus soldados. O general veneziano
Barbarigo tombara ferido por uma flecha no olho quando, para dar ordens a seus
homens, afastara o escudo que o protegia. “É
um risco menor do que o de não conseguir fazer-me entender numa hora destas!”
- respondera a alguém que o advertia do perigo.
O
momento era crítico, e ainda deixava muitas dúvidas quanto ao desenlace da
batalha, quando Ali-Pachá, defendendo a “Sultana”
de mais uma investida cristã, caiu morto por uma bala de arcabuz espanhol (ou
suicidou-se segundo outra versão). Eram 4 horas da tarde.
O
Corpo do generalíssimo dos infiéis foi arrastado até os pés de D. João. Um
soldado espanhol avançou sobre ele e cortou-lhe a cabeça. Esta, por ordem do
Príncipe, foi então erguida na ponta de uma lança para que todos a vissem. Um
clamor de alegria vitoriosa levantou-se da capitânia católica. Os turcos
estavam derrotados, e o pânico espalhou-se celeremente entre suas hostes a
partir do momento em que o estandarte de Cristo começou a drapejar sobre a “sultana”.
O
veneziano Girolamo Diedo conta que “uma
grande parte dos escravos cristãos que se encontrava nos navios inimigos
compreende que os turcos estão perdidos. Apesar dos guardas, estes infelizes
multiplicam seus esforços para buscar a salvação na fuga e favorecer a vitória
dos nossos. Em pouco tempo, ei-los combatendo em todos os setores onde há
guerra, com uma coragem sem igual. Seu ardor é decuplicado pelos gritos que
ecoam de todos os lados: - A vitória é nossa!”. Nos navios da Liga, os
galés - que tinham sido armados de espada - abandonavam os remos quando havia
abordagem e lutavam valentemente contra os turcos.
Os
restos da esquadra inimiga batem em retirada e se dispersam, enquanto as
trombetas católicas proclamam a todos os ventos a vitória da Santa Liga na
maior batalha naval que a História jamais registrara.
E) As perdas dos infiéis tinha
sido enormes: 30 a 40 mil mortos, 8 a 10 mil prisioneiros (entre os quais dois
filhos de Ali-Pachá e quarenta outros membros das famílias principais do
império), 120 galeras apresadas e cinqüenta postas a pique ou incendiadas,
numerosas bandeiras e grande parte da artilharia em poder dos vencedores. Doze
mil cristãos escravizados alcançaram a liberdade.
F) A Liga perdeu doze galeras e
teve menos de 8 mil mortos.
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