Muitos de nossos erros nas áreas onde estão envolvidos os dons espirituais surgem quando queremos que o extraordinário e o excepcional sejam transformados no freqüente e no habitual. Que todos que desenvolvem desejo excessivo pelas “mensagens” transmitidas por meio dos dons possam aprender com os enormes desastres das gerações passadas com nossos contemporâneos [...] As Sagradas Escrituras é que são lâmpada que ilumina nossos passos e a luz que clareia nosso caminho.
Donald Gee, pastor assembleiano em 1963.
Reteté ou repleplé são manifestações cúlticas extravagantes atribuídas ao Espírito Santo. No “culto” reteté a um imperativo de desordem e indecência, onde a racionalidade é desprezada e o caos é celebrado. O “cair”, “runir”, “dançar”, “pulos elétricos” são comuns em reuniões super-ultra-mega agitadas e “fervorosas”. Em reuniões pentecostais, o reteté se tornou uma moda constante e tolerável.
Características do culto “reteté”
Segundo o pastor pentecostal Ciro Sanches Zibordi, esse tipo de “culto” caracteriza-se pelos “hinos” que “são apresentados com ritmos como axé, com batuques que lembram reuniões do candomblé, e muito forró. Pura carnalidade! Pessoas rodopiam, caem, riem, berram etc.” O historiador pentecostal Isael de Araújo o assim descreve:
Nos cultos “reteté”, pessoas marcham, pulam, contorcem, caem, riem, berram, ficam rodopiando pra lá e pra cá num verdadeiro reboliço. Geralmente, essa desordenada movimentação se dá enquanto hinos são cantados em ritmos como forró ou axé, com batuques e pandeiros que lembram reuniões do candomblé. Para os crentes do “reteté” só os seus cultos são verdadeiramente pentecostais e têm o mover de Deus. Mas esses cultos ultrapassam os limites da meninice e muitas vezes são pura expressão de carnalidade e falta de temor a Deus. Seus dirigentes são obreiros neófitos que não estimulam o povo a ler mais a Bíblia e ser mais equilibrados.
No culto “reteté” a extravagância, os exageros, a irracionalidade, a falta de exposição das Escrituras com uma doxologia que leva a reflexão são características marcantes. Os freqüentadores desses cultos são cristãos, normalmente neófitos ou imaturos, que não crescem de maneira sólida. Um grande problema é ver vários pastores envolvidos em tais modismos!
Qual o problema do reteté?
São vários os problemas com essa modalidade de culto e seria necessário rasgar I Co 14 das Sagradas Escrituras, para aceitar o reteté.
a) A passagem ensina ordem e decência (v.40), além de mostrar que os dons têm propósitos para edificação da Igreja (v.26). “Faça-se tudo para edificação”.
b) Deus não é de confusão (I Co 14.33). O reteté encarna o caos!
c) O “reteté” infantiliza, contrariando o bom-senso exortado pelas Escrituras (I Co 14. 20)
d) O culto é racional (Rm 12.1), enquanto o “reteté” inspira os mais primitivos instintos emocionais, desprezando por completo o intelecto.
O culto cristão é formalista e monótono?
Não, pois experiências esporádicas e não normativas são possíveis no culto cristão, seja ele pentecostal ou tradicional. Experiências são aceitáveis, desde que não se torne moda e provoque desordem no culto. Experiências não podem servir para outros, pois são pessoais, relativas, únicas e exclusivas. Os dons espirituais devem ser exercidos nos cultos, mas segundo os parâmetros da doutrina bíblica exposta nas epístolas.
Exposição bíblica?
Em nenhum culto de “reteté” é possível ver uma boa exposição das Sagradas Escrituras. Os pregadores do “reteté” usam a Bíblia com amuleto ou para extrair versículos sem contexto para apoiar as trágicas pregações. A Bíblia nada vale nos cultos do reteté. Nessas reuniões, às vezes acontece que nem a leitura bíblica é feita!
Conclusão:
Culto pentecostal é composto de hinos, exposição das Escrituras, exercício na coletividade dos dons espirituais (I Co 14.26). A liturgia pentecostal não deve ser o extremo oposto da equilibrada liturgia tradicional, pois o que diferencia é o exercício dos dons, com toda moderação e seguindo as diretrizes da Bíblia.
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