segunda-feira, 15 de abril de 2019

Vale de Refaim, Vale de Conquista!


“E os filisteus vieram, e se estenderam pelo vale de Refaim. E Davi consultou ao SENHOR, dizendo: Subirei contra os filisteus? Entregar-mos-ás nas minhas mãos? E disse o SENHOR a Davi: Sobe, porque certamente entregarei os filisteus nas tuas mãos. Então foi Davi a Baal-Perazim; e feriu-os ali Davi, e disse: Rompeu o SENHOR a meus inimigos diante de mim, como quem rompe águas. Por isso chamou o nome daquele lugar Baal-Perazim.” (II Samuel 5:18-20)

Quando você pede um grande futuro, Deus coloca um grande inimigo a sua frente. Quando você ora a Deus para viver todo projeto que Ele tem para sua vida e quando você quer receber todas as suas bênçãos e seus milagres, então o SENHOR te levará para o Vale de Refaim.

O Vale de Refaim é um vale de gigantes. É um lugar cercado por gigantes. Então quando você quer viver integralmente o projeto de Deus, você terá que enfrentar muitos gigantes. No Vale de Refaim, Deus coloca-nos frente a frente com nossos gigantes: medos, enfermidades, problemas familiares, orgulho, soberba, altivez, problemas financeiros, problemas de caráter, dificuldades ministeriais, independência... Você terá que ser um perito em derrubar gigantes. Serás conhecido como exterminador de gigantes.
Deus tem nos chamado a sermos a geração de Davi, a geração de conquista. Então temos que ser como Davi, um destruidor de gigantes, pois os gigantes são promoções para aqueles que os enfrentam, enquanto é barreira para aqueles que não os enfrentam.

1-  José. José recebeu da parte de Deus o sonho de ser um grande governador. A primeira etapa no treinamento que Deus lhe deu para chegar a ser o primeiro ministro da fazenda da história, foi permitir que os irmãos de José o vendessem como escravo. José teve que enfrentar os gigantes do ciúme, do orgulho, da independência. Só após vencer esses gigantes ele passou a estar na posição que Deus tinha para ele estar.

2-  Daniel. Deus chamou Daniel três vezes de amigo. Daniel era fiel a Deus, mas para cumprir com o projeto de Deus para sua vida, teve que vencer gigantes. Para que todo o reino soubesse quem era seu Deus, foi necessário ir para a cova dos leões. Após vencer estes gigantes, foi colocado como o segundo governador em sua nação. Talvez você ache que Deus se esqueceu de você, devido aos gigantes que estás enfrentando. O que o SENHOR está fazendo, permitindo que você enfrente estes gigantes, é preparar-te para a posição que ele tem para ti.

3-  Davi. Quando observamos a vida de Davi, identificamos nele um exterminador de gigantes. Primeiro ele teve que vencer a rejeição de sua família por ser um filho bastardo. Teve que enfrentar toda ira de seus irmãos, e a complacência de seu pai em não se posicionar para defendê-lo. E quando cuidava das ovelhas de seu pai, serviço mais humilhante da casa, teve que enfrentar um urso e um leão. Mas a grande promoção de Davi foi o gigante Golias.

Antes de Davi enfrentar a Golias, ele não passava de um pastorzinho de ovelhas. Mas quando venceu a Golias, foi reconhecido por toda a nação. Você quer ser um grande vencedor, ter um grande futuro? Então terás que enfrentar muitos gigantes. Muitos inimigos terás que derrotar. Depois veio Saul. Davi teve que enfrentar toda a perseguição do rei, devido ao ciúme que este tinha de Davi. Depois veio Absalão e todos os problemas com seus filhos. Em todas estas situações Davi esteve figurativamente no Vale de Refaim – vale de gigantes. Mas verdadeiramente ele é o guerreiro que nos deu modelo em como passar por Refaim.
“E os filisteus vieram, e se estenderam pelo vale de Refaim. E Davi consultou ao SENHOR, dizendo: Subirei contra os filisteus? Entregar-mos-ás nas minhas mãos? E disse o SENHOR a Davi: Sobe, porque certamente entregarei os filisteus nas tuas mãos. Então foi Davi a Baal-Perazim; e feriu-os ali Davi, e disse: Rompeu o SENHOR a meus inimigos diante de mim, como quem rompe águas. Por isso chamou o nome daquele lugar Baal-Perazim.” (II Samuel 5:18-20)

a. Deus não te deixa só nesta batalha. Quando você passa por este vale de gigantes, Deus não quer te deixar sozinho. Se você o consultar, como Davi fez, e o convidar para estar junto de você, Ele estará contigo. Deus nunca te abandona, porque as tuas guerras, também são as guerras do SENHOR.

b. O SENHOR enviará pessoas que te ajudarão. Pessoas adestradas para a guerra, para pelejar juntamente contigo. “E dos gaditas se desertaram para Davi, ao lugar forte no deserto, valentes, homens de guerra para pelejar, armados com escudo e lança; e seus rostos eram como rostos de leões, e ligeiros como corças sobre os montes.” (I Crônicas 12:8)

Os gaditas nunca perderam uma guerra. Deus quer te fazer um gadita diante da guerra, com forma e rosto de leão, e com a velocidade das gazelas. O leão é um animal que não tem medo de nada e de ninguém. Assim você deve ser, pois você tem o SENHOR dos exércitos ao seu lado. Uma gazela tem a habilidade de pular em média seis metros para cima e nove metros para frente. A gazela cansa seu predador porque consegue correr muito rápido. Assim como a gazela, você não foi feito para ser comida de predador. Você foi feito para ser cabeça e não cauda.

Enfrente os gigantes, confronte-os, então serás promovido. Quanto mais gigantes enfrentares, mais promovido serás. Seja um exterminador de gigantes

terça-feira, 2 de abril de 2019

Uma Bíblia que jorra óleo, você acredita?

Dezenas de pessoas visitam diariamente o local na Geórgia (EUA). Tudo começou em Janeiro de 2017, quando um cristão carismático chamado Jerry notou que sua bíblia estava pingando óleo na página do Salmo 39. Por todos os dias, durante meses, ele leu os Salmos e se reuniu com irmãos no fundo de sua pequena loja de presentes. Certo dia, após ser visitado pela bisneta, Jerry pegou a Bíblia para ler quando notou uma mancha úmida que ensopava as páginas dos Salmos. Ele estranhou e perguntou a bisneta Joyce se ela havia derramado algum produto em sua Bíblia, a mãe da Joyce respondeu que não havia dado nada para sua filha beber ou segurar. Após examinarem minuciosamente a Bíblia, concluíram que era óleo.

Um químico foi convidado para examinar o óleo. Ele disse que era semelhante ao óleo mineral: "Não é fabricado e tem outros elementos não contidos no óleo mineral. O resultado é que é inexplicável".

Algumas questões são suscitadas diante de acontecimentos como esse:

  • O que acontece vem de Deus ou é fruto de produção dos homens a fim de fazerem discípulos para si?
  • Seria idolatria depositar a fé no óleo que sai da Bíblia?
  • Se Deus multiplicou o azeite da viúva pobre, não poderia multiplicar azeite nos dias de hoje a fim de revelar seu poder?

Haverá sempre quem acredite e quem discorde, particularmente, prefiro manter o ceticismo em relação a objetos que vertem sangue, lágrimas, óleo, perfumes, entre outros. Por temor em desagradar a Deus e ferir a fé em Cristo ressuscitado, invisível, porém real e eteno. 


Publico a titulo de curiosidade e debate, afinal, muitos acontecimentos semelhantes tem sido noticiados por todo o mundo.



Fonte: Wilma Rejane
https://www.atendanarocha.com/2019/04/uma-biblia-que-jorra-oleo-voce-acredita.html

segunda-feira, 1 de abril de 2019

A Crucificação





















A crucificação foi inventada pelos persas em 300 a. C., e aperfeiçoada pelos romanos em 100 a. C., sendo aplicada nas diversas nações onde o Império se impunha. 
Confira os detalhes da morte de cruz a partir do ponto de vista médico, reunidos por Truman Davis: 

1. É a morte mais dolorosa já inventada, excruciante!; 
2. Era restrita inicialmente aos piores criminosos; 
3. Jesus foi despojado de suas vestes que foram divididas entre os guardas romanos – Salmos 22:19 – “Repartem entre si as minhas vestes e sobre minha túnica tiram a sorte”; 
4. A crucificação deu a Jesus uma morte lenta, extremamente dolorosa, agonizante;
5. Os joelhos foram flexionados a 45 graus e Jesus foi forçado a suportar seu peso com os músculos da coxa, e por não ser uma posição anatômica, em poucos minutos leva a cãibras nos músculos da coxa e panturrilhas;
6. O peso de Jesus estava todo em Seus pés, com os pregos cravados. Assim com o estiramento dos músculos dos membros inferiores, o peso do Seu corpo era transferido para os pulsos, braços e ombros; 
7. Em alguns minutos após ser colocado na cruz, Seus ombros foram deslocados e alguns minutos mais tarde, Seus cotovelos e pulsos também se deslocaram; 
8. O resultado deste deslocamento dos membros superiores levou a um alongamento de 22,8 cm em Seus braços, como se vê nitidamente no Santo Sudário;
9. Nas profecias há citações em Salmos 22:15 – “Como água sou derramado, deslocam-se todos os meus ossos”; 
10. Após o deslocamento dos pulsos, cotovelos e ombros, o peso de Seu corpo sobre os membros superiores levou à tração do músculo peitoral maior em seu tórax. 
11. A força da tração causou deslocamento da caixa torácica para cima e para fora. Seu tórax se manteve em posição respiratória de inspiração máxima e para poder respirar, Jesus requeria um esforço supremo de Seu corpo;
12. Para respirar, Jesus tinha que empurrar os pregos nos Seus pés para baixo, para poder levantar seu corpo permitindo que a caixa torácica se movimentasse para dentro e para fora para expirar o ar dos pulmões;
13. Seus pulmões estavam em posição constante de inspiração máxima. A crucificação é uma catástrofe médica; 
14. Jesus não podia facilmente se mover em torno dos pregos pois os músculos de suas pernas, dobrados a 45 graus, estavam extremamente fatigados, com cãibras severas e numa posição anatomicamente comprometida;
15. Diferente do que se vê nos filmes sobre a crucificação, Jesus se movimentou inúmeras vezes na cruz, aproximadamente 30 cm, pois fisiologicamente se viu forçado a se mover para baixo e para cima para poder respirar; 
16. Este processo de respiração Lhe causou uma dor excruciante e um absoluto temor de asfixia; 
17. Na sexta hora da crucificação, Jesus estava cada vez menos capaz de suportar Seu peso e Suas pernas. Suas coxas e os músculos das panturrilhas se tornaram extremamente fatigados. Houve aumento do deslocamento dos pulsos, cotovelos e ombros, com elevação da parede do tórax, tornando Sua respiração mais e mais difícil, tornando-O severamente dispneico;
18. Os movimentos para cima e para baixo na cruz para poder respirar causaram dor intensa nos pulsos, pés, ombros e cotovelos deslocados;
19. Os movimentos se tornaram menos frequentes e Jesus se tornou extremamente exausto, mas o terror iminente da morte por asfixia forçou-O a continuar os esforços para respirar; 
20. Os músculos dos membros inferiores evoluíram com cãibras intensas devido ao esforço para levantar as pernas com intuito de elevar Seu corpo e poder assim respirar, no comprometimento anatômico em que Se encontrava;
21. A dor dos nervos medianos dos pulsos, dilacerados, explodiam a cada movimento;
22. Jesus estava coberto de sangue e suor; 
23. O sangue foi resultado da flagelação e o suor foi resultado de Seu violento e involuntário esforço para tentar respirar. Além disso, estava completamente nu e o chefe dos judeus, a multidão e os ladrões que estavam ao Seu lado, zombavam, blasfemavam e riam d’Ele, na presença de Sua mãe; 
24. Fisiologicamente, o corpo de Jesus estava sendo submetido a inúmeros eventos catastróficos e terminais;
25. Como Jesus não conseguia manter uma ventilação adequada pelos pulmões, Ele entrou num estado de hipoventilação; 
26. Seus níveis de oxigênio começaram a cair evoluindo para hipóxia, e devido à restrição dos movimentos respiratórios os índices de dióxido de carbono (CO2) começaram a se elevar levando à Hipercapnia; 
27. O aumento dos níveis de CO2 estimularam o coração a bater mais rápido para tentar aumentar a entrada de oxigênio e a remoção do CO2;
28. O centro respiratório no cérebro de Jesus enviou mensagens urgentes aos Seus pulmões, para respirar mais rápido e Jesus começou a se tornar ofegante;
29. Seus reflexos fisiológicos faziam com que ele respirasse de forma profunda e involuntária, movimentando-Se para cima e para baixo na Cruz de forma rápida apesar da dor excruciante. Os movimentos agonizantes começaram em minutos, para delírio da multidão que d’Ele zombava, dos soldados romanos e do Sinédrio; 
30. Contudo, devido ao cravamento de Jesus na cruz e o aumento da exaustão, Ele foi incapaz de aumentar a demanda de oxigênio para Seu corpo ávido por ar; 
31. Os quadros de hipóxia e hipercapnia levaram o coração a bater cada vez mais rápido evoluindo para taquicardia; 
32. Os batimentos cardíacos de Jesus cada vez mais rápidos, atingiram provavelmente 220 batimentos/minuto que é o máximo batimento possível para um ser humano; 
33. Jesus não havia bebido nada nas últimas 15 horas, provavelmente desde as 18h da véspera e suportou uma flagelação que quase o levou à morte;
34. Ele sangrou por todo o corpo seguindo-se à flagelação, à coroação de espinhos, aos pregos em seus pulsos e pés e às lacerações que se seguiram ao espancamento e quedas; 
35. Jesus já estava muito desidratado e sua pressão sanguínea começou a cair muito;
36. Sua pressão deveria estar provavelmente em 80/50;
37. Ele estava na primeira fase do choque, com hipovolemia, taquicardia, taquipneia e hiperhidrose; 
38. Por volta de meio dia o coração de Jesus provavelmente começou a falhar;
39. Os pulmões de Jesus provavelmente começaram a se encher de liquido, causando edema pulmonar; 
40. Este fato só serviu para aumentar sua respiração que já estava severamente comprometida; 
41. Jesus estava em Insuficiência cardíaca e falência respiratória;
42. Jesus disse, “Tenho sede” porque Seu corpo estava clamando por líquidos;
43. Jesus estava desesperadamente necessitando de infusão venosa de sangue, plasma e líquidos para salvar Sua vida; 44. Jesus não podia respirar corretamente e foi lentamente se sufocando até a morte; 
45. Neste momento provavelmente Jesus desenvolveu um hemopericárdio;
46. Plasma e sangue se acumularam no espaço que envolve o coração, chamado pericárdio; 
47. Este líquido ao redor do coração causou um tamponamento cardíaco, impedindo também que o coração batesse corretamente; 
48. Devido ao aumento da demanda do coração de Jesus e ao avanço do quadro de hemopericárdio, Jesus provavelmente sofreu uma ruptura cardíaca. Seu coração literalmente explodiu, e esta foi provavelmente a causa da morte; 
49. Para retardar o processo de morte os soldados colocavam um pequeno assento de madeira na cruz, que permitiria a Jesus o privilégio de suportar Seu peso no sacro; 
50. O efeito deste assento é que poderia levar até nove dias para morrer na cruz;
51. Quando os romanos queriam acelerar a morte, eles simplesmente quebravam as pernas da vítima, causando uma sufocação em minutos. Este proceder era chamado de crurifragium; 
52. Às três horas da tarde, Jesus disse “Tetelastai”, que significa, “Está consumado”. E neste momento, entregou Seu espírito e morreu;
53. Quando os soldados vieram até Jesus para quebrar Suas pernas, Ele já estava morto. Nenhum osso de Seu corpo foi quebrado, em cumprimento à profecia (Salmos 34,21); 
54. Jesus morreu após seis horas de agonia, da mais excruciante e terrível tortura já inventada; 
55. Jesus morreu para que pessoas como você e eu pudéssemos ir para o Céu. Tudo isso ele sofreu para que através desse ato de aceitação de julgamento e dor aguda, pudesse ser uma ponte entre o Homem e Deus. É pedir muito reconhecer essa forma de amor pela humanidade? (Dr. Truman Davis).

domingo, 24 de março de 2019

A Segunda Vinda de Jesus Cristo

Desse o momento em que Deus criou o mundo e tudo que nele existe com o poder de sua palavra, formando o ser humano com suas próprias mãos, soprando nele o fôlego da vida, ocorreram muitos dias importantes na história da humanidade, porém, desde o pecado há grande expectativa no coração humano sobre o futuro que o aguarda. As Escrituras registram a volta do Senhor Jesus a este mundo, este será o mais significativo evento de todos os tempos.        

A Bíblia Sagrada diz que o céu é a habitação de Deus. E esclarece que o caminho da vida é para cima, a fim de que se desvie do inferno, que está para baixo.


A Bíblia fala em três céus:

1º. Auronos. Este é o nome dado ao que conhecemos de "primeiro céu". É o "céu atmosférico" que Jesus descreveu como "extremidades dos céus".

2º Mesoranjos. Este é o nome dado ao céu intermediário, chamado de "céu estelar"; "céu planetário" e também "céu astronômico". A Bíblia descreve como "alturas".

3º. Eporaneos. Este é o nome dado ao céu superior, que a Bíblia chama de "terceiro céu"; "céu dos céus" (Números 9.6).

A esperança que sustenta o povo de Deus hoje

Todas as profecias registradas no Antigo Testamento sobre a primeira vinda do Senhor Jesus, descritas em seus mínimos detalhes, cumpriram-se literalmente. A doutrina da volta de Senhor Jesus, de igual modo, tem fundamentos profundos na palavra profética, oferecendo certeza e segurança aos que creem no retorno do Senhor a este mundo. Jesus afirmou que iria ao céu - à habitação de Deus - preparar o lar que será o destino final dos cristãos e voltaria para nos levar para lá. Ele foi ao céu e, através de anjos, reafirmou sua promessa que voltará.  

O céu não saiu da prancheta de projetistas humanos, a estadia foi pensada de maneira perfeita para ser o lugar de todos que aceitaram a Cristo como Senhor e Salvador. Não é uma tenda ou um tabernáculo. Não é uma casa alugada construída por mãos de seres mortais. É uma permanência perpétua edificada através do poder do Supremo Criador, erigido com o objetivo de propiciar felicidade eterna. Considere que receberemos a posse no tempo devido. No céu há muitas mansões, há espaço distinto para cada um que ali chegar, há muitos filhos para serem levados à glória. Lá, todos os verdadeiros cristãos são bem-vindos, para morar permanentemente.


Ao retornar, Jesus levará o seu povo para estar com Ele para sempre no céu. O céu seria um lugar incompleto para um cristão se Cristo não estivesse lá. Enquanto não volta, Jesus age como nosso advogado ou defensor, protege nossos direitos e provê por nós.

As promessas infalíveis sobre a vinda do Senhor são citadas 1.527 vezes no Antigo Testamento e 320 vezes no Novo Testamento. Reis, sacerdotes, profetas, pessoas comuns, evangelistas e até anjos mencionaram a vinda de Jesus a este mundo.

Da mesma maneira, cerimônias, parábolas e ilustrações sinalizam com muita contundência que Jesus virá outra vez. 

A vinda majestosa de Jesus Cristo se dará em duas fases distintas, divididas em um período de sete anos.
Isto é mostrado claramente nas páginas sagradas, portanto, precisamos deixar bem claro o que diz as Escrituras a esse respeito, evitando interpretações equivocas.        

As Escrituras mencionam sinais que apontam ao advento da volta:

• Em cima, no céu (Joel 2.30, 31; Lucas 21.11; Atos 2.19;
• Em baixo, na terra (Mateus 24.7; Lucas 21.12; Atos 2.19);
• Na vida social (Mateus 24.12; Lucas 17.26-28; 21.12; 2 Timóteo 3.1-4);
• Na vida moral (Lucas 17.28-30);           
• Entre o povo judeu (Ezequiel 37.1-4; Lucas 21.24, 29; Romanos 11.25, 26);   
• Na vida política (Daniel 2.19, 31-33; 7.23-27; Ezequiel 38.6;  Lucas 21.29; Apocalipse 17.7, 12)    
• Na vida religiosa (Mateus 24.5; Lucas 21.12; Apocalipse 13.12);
• No meio do povo de Deus (Mateus 24.12; 25.5; Lucas 17.26; 18.8; 2 Timóteo 4.3, 4; 2 Pedro 3.4);        
• Na vida científica (Isaías 60.8; Jeremias 51.53; Daniel 12.4; Naum 2.4). 


Primeira fase: o Arrebatamento da Igreja

A palavra "arrebatado" é traduzida do verbo grego "harpazo", que significa "tirar", "arrancar com força"; o vocábulo latim "raptare", que em português é "raptar", também significa "arrebatar". 

Este assunto é um mistério que só será compreendido plenamente quando ocorrer.

Nesta primeira fase, Jesus virá secretamente para a Igreja que o está velando e esperando. Ele virá até as nuvens, seus pés não tocarão o solo, nos encontrará nos ares. O Arrebatamento ocorrerá antes da Grande Tribulação.

A abordagem sobre o Arrebatamento do povo de Deus, feita com mais detalhes pelo apóstolo Paulo é encontrada em 1 Tessalonicenses 5.2, 4. Na primeira etapa da vinda de Jesus, acontecerá o Arrebatamento: o retorno será invisível aos olhos de quem vive segundo o estilo do mundo, pois este não serve a Deus.

O Arrebatamento acontecerá em data e hora desconhecidas e as pessoas do mundo só saberão o que houve depois, quando notar a ausência de milhões de cristãos. O Senhor Jesus voltará secretamente para levar consigo todos quantos morreram salvos e todos os que estiverem vivos e preparados, isto é, àqueles que estiverem, em vida, servindo-o fielmente. Os mortos ressuscitados e os vivos serão transformados, numa ação muito rápida, tal qual o movimento de pálpebras, num abrir e fechar de olhos. Repentinamente, os dois grupos, juntos, irão ao encontro do Senhor e serão transladados por Ele às mansões celestiais. A maioria dos salvos será composta de gentios e não de judeus, estes subirão com Cristo nos ares.

Segunda fase: a vinda em forma visível 


Este evento apocaliptico acontecerá sete anos após o Arrebatamento da Igreja, já no final da Grande Tribulação. Cristo voltará em corpo glorioso, revestido de poder (João 14.3, ocasião em que sinais espantosos acontecerão no céu, na terra e entre os seus habitantes, em especial o povo judeu. O som de trombetas será ouvido no céu, na terra, no inferno e em todos os lugares.  Neste evento, Jesus estará acompanhado da Igreja glorificada composta dos crentes que subiram no Arrebatamento, os santos que passaram pelas bodas do Cordeiro e pelo Tribunal de Cristo. Esta vinda será contemplada por todos os habitantes da terra - isto será possível devido á tecnologia da comunicação, extremamente desenvolvida.        

A volta de Jesus, em sua segunda etapa, será como a sua ascensão: real, corporal, literal e visível: os homens o verão novamente com os olhos carnais. Jesus ascendeu ao céu quando estava rodeado de discípulos no monte das oliveiras, e neste mesmo ponto geográfico acontecerá a revelação do seu retorno.           

A ascensão de Jesus ocorreu no monte das Oliveiras, o solo deste monte foi o último lugar da terra em que os pés de Cristo pisaram e seu retorno acontecerá ali também, à vista de Jerusalém, cujos cidadãos ingratos o desprezaram e o crucificaram, não quiseram que reinasse sobre eles.

Sobre esta segundo momento do retorno, o profeta Zacarias, no capítulo 14 e versículo 4 de seu livro, profetizou que os pés de Cristo estarão sobre o monte das Oliveiras, que está defronte de Jerusalém, e o monte das Oliveiras será fendido ao meio. Como o primogênito de Maria, Ele veio e experimentou a  vergonha quando julgado injustamente, mas virá outra vez em glória para julgar como o Justo Juiz.       

No instante da segunda vinda, Jerusalém estará em guerra, sendo destruída pelos seus inimigos, e nesta situação Deus inspecionará os judeus como o refinador coloca seu ouro na fornalha e fica ao lado para ver se não vai sofrer nenhum dano. Segundo a profecia escatológica de Zacarias, Jerusalém é o ouro do Senhor a ser refinado.

O padrão dos crentes de Tessalônica para os últimos dias

Paulo se mostrou um missionário atento ao seu tempo. Quando esteve com os gregos no Areópago, como registra Lucas em Atos, usou de toda a sua retórica, advinda de sua formação educacional num contexto romano. Ao escrever aos crentes tessalonicenses, sabe que a temática relativa às últimas coisas é uma questão a ser abordada de forma complexa em virtude da presença do forte politeísmo existente em Tessalônica. Naquela cidade, havia o culto a Dionísio, Asclépio e Deméter. Existia uma forte influência da religiosidade egípcia e greco-romana, o sincretismo chegou a tal ponto que se construiu o Grande Sarapeum, templo destinado à adoração simultânea de deuses romanos e egípcios.     

Diante do conhecimento desse aspecto histórico, podemos refletir no enorme desafio que se impôs a Paulo na evangelização daquela cidade, havia a possibilidade de haver uma rejeição completa de tudo o que estava sendo anunciado. Se o anúncio do Evangelho não houvesse sido feito sob a orientação da graça divina, Jesus seria apenas mais um dos deuses a entrar na lista da religiosidade sincrética no coração dos tessalonicenses. Porém, felizmente, o apóstolo apresentou Jesus que, literalmente, se entregou pela humanidade.

Diante da extraordinária narrativa de Paulo sobre Jesus, aquela população foi impactada pelo poder da Palavra, e consequentemente fez com que a fé para a salvação brotasse no coração daqueles irmãos, houve uma significativa adesão ao convite do Senhor e os tessalonicenses se converteram dos ídolos a Deus.          

Sabemos, a religiosidade transcende os aspectos litúrgicos ou ritualísticos da própria religião, associa-se, na maioria dos casos e de maneira íntima, a componentes sociais e culturais de um povo. Ao ser humano, não basta o rótulo de cristão e a acomodação às reuniões em um templo evangélico, é necessário receber a Jesus como Senhor e Salvador de sua alma, arrepender-se dos pecados cometidos e firmar o propósito de não viver em pecado sistemático ou continuado. Jesus muda o modo de viver das pessoas que o seguem com inteireza de coração.       

Assim como a verdade do Evangelho prevaleceu sobre a ficcionalidade dos mitos greco-romanos na vida dos crentes tessalonicenses, e em consequência deste fato nasceu a Igreja composta por irmãos tessalonicenses, toda pessoa que ouve a voz de Jesus a bater na porta de seu coração, e permite que Ele entre em sua vida e passa a ter comunhão com Cristo, todos os embaraços existentes em sua vida são vencidos, sua vida é transformada de idólatra à espiritualidade viva e dinâmica. E assim passa a ser alguém apto a entrar no céu.           

Conclusão

Segundo as palavras bíblicas, ninguém no céu, na terra, no inferno ou em qualquer outro lugar, sabe o dia ou a hora quando arrebatará a Igreja. Estipular um dia é transgredir contra o sigilo de Deus. Alguns ousaram afirmar que estamos às 23 horas e 59 minutos do advento. Todos os especuladores que tentaram determinar data e horário foram envergonhados ao ficar patente a sua ignorância.    
Jesus prometeu voltar para nos buscar e isto acontecerá de súbito. Ele virá surpreendendo a humanidade, por este motivo todos precisam estar prontos para sua chegada. Eliseu Antonio Gomes.                  


Compilações:

1ª Escola Bíblica para Obreiros (EBO): Escatologia, Valdir Nunes Bícego, página 24, data do evento não declarado, Lapa, São Paulo/SP (Assembleia de Deus setor Lapa
Bíblia de Estudo Mattew Henry, páginas 1675 e 1706, 1ª edição 2014, Taquara, Rio de Janeiro/RJ (Editora Central Gospel)
Escatologia Bíblica. Um tratado sobre o fim do mundo, Erivaldo de Jesus, páginas 46 a 48, e 55; 8ª edição, 2017, São Paulo (ADIB Editora).


Lições da Palavra de Deus - Grandes Temas do Apocalipse - Uma Perspectiva Profética Impressionante dos últimos Tempos. Lição 1: A Volta do Senhor Jesus. Joá Caetano, ano 14, número 53, 1º trimestre de 2018, páginas 6 a 10, Taquara, Rio de Janeiro/RJ (Editora Central Gospel).        

sábado, 16 de março de 2019

A época parece lembrar o pôr-do-sol…

Nada menos que um genuíno avivamento poderá nos poupar do juízo de Deus. Precisamos de verdadeiro avivamento – não de uma campanha de avivamento, com reuniões devidamente programadas e divulgadas – porém, de um autêntico mover de Deus em que seu povo se humilhe, ore, busque sua face e abandone seus caminhos perversos. 

Precisamos sentir convicção de pecados, ser purificados e transformados pelo poder do Espírito Santo. Só assim ele poderá manifestar sua glória através de nós a um mundo perdido que precisa desesperadamente da sua graça.

Uma igreja apóstata, centrada em si mesma, não tem interesse em evangelizar os perdidos, nem tem poder de Deus para convencer as pessoas dos seus pecados. Não podemos permanecer do jeito que estamos e esperar conquistar o mundo para Cristo. Só quando adotamos os valores, as prioridades e as preocupações do coração de Deus é que poderemos ser capacitados pelo seu Espírito para cumprir nosso verdadeiro chamamento de ser o sal da terra e a luz do mundo.

O avivamento é necessário para trazer a igreja de volta ao cristianismo do Novo Testamento e liberar o poder de Deus na nossa geração. Tal avivamento nos santificará e nos purificará, trazendo maior arrependimento pelo pecado em nossas vidas. Também nos revestirá com o poder do Espírito Santo, para não termos de usar nossas engenhosas estratégias, soluções e artimanhas humanas. Levará nossos corações a correr após Deus com novo vigor e devoção. E, finalmente, tal avivamento nos dará uma nova visão da obra de Deus nesta terra.

Quando o avivamento vier, levará embora tudo que não glorifica a Deus, e nos deixará focados nele, somente nele. Seremos incapazes de nos interessar em qualquer outro objetivo ou atração. A madeira, o feno e a palha do esforço humano serão consumidos pela presença de Deus. Somente o ouro, a prata e as pedras preciosas, que são resultado de atividade sobrenatural, permanecerão. Enquanto Deus forma seu caráter em nós, a glória da sua presença se manifestará através das nossas vidas.

O clamor de coração por avivamento foi expresso pelo salmista quando escreveu: “Porventura, não tornarás a vivificar- nos, para que em ti se regozije o teu povo?” (SI 85.6). Quando Deus é glorificado em nossas vidas, experimentamos o verdadeiro propósito para o qual fomos criados. Então, e somente então, poderemos conhecer o poder da sua presença e a alegria da nossa salvação.

A glória de Deus é a manifestação da sua presença. Em todo lugar onde Deus for reconhecido, adorado e obedecido, ele manifestará sua glória. Os israelitas no Velho Testamento a chamavam shekinah ou a glória de Jeová. Moisés a viu e seu rosto passou a brilhar, por ter estado na presença de Deus. Mais tarde, a shekinah pousou sobre a arca da aliança, no tabernáculo, por quase quinhentos anos. Finalmente, a arca foi colocada no templo de Salomão em Jerusalém. Lá permaneceu por mais de quatrocentos anos.

Por quase um milênio, a glória de Deus habitou com o povo de Israel. Mas chegou um tempo quando Deus retirou sua glória e partiu, deixando Israel sem esperança contra seus inimigos. Se nós, hoje, não nos arrependermos dos nossos pecados, receio que o mesmo ocorrerá conosco. Na verdade, Deus já pode estar se retirando de nós.

Quando a Glória se afasta

Ezequiel, que era, ao mesmo tempo, um profeta e um sacerdote, foi levado ao cativeiro pelos babilônios. Enquanto estava no cativeiro, Deus lhe apareceu do meio de um redemoinho, numa grande nuvem de glória e fogo, semelhante àquela que guiou os israelitas, enquanto caminhavam pelo deserto. A visão de Ezequiel nos leva a uma estranha jornada à terra de Israel, quando foi arrebatado pelo Espírito de Deus e transportado de volta a Jerusalém.

Os babilônios haviam tomado o poder naquela região do Oriente e estavam ameaçando o reino de Judá. Profetas como Jeremias, Daniel e Ezequiel levantavam a voz para advertir o povo do iminente desastre que viria, se o povo não se arrependesse dos seus pecados – porém, o povo não deu ouvidos aos avisos.

Jerusalém estava às margens do desastre. Mais um ato de rebeldia e os babilônios ameaçavam voltar e destruir a cidade e seu amado templo. Durante os dez anos seguintes, o povo se recusou a arrepender-se e a buscar o Senhor. Ao invés disso, aprofundaram-se ainda mais na idolatria e na corrupção do pecado.

Os cativos, como Ezequiel, esperavam por alguma notícia de avivamento espiritual, lá da sua amada terra natal. Quem sabe, Jerusalém ainda seria poupada – porém, nenhuma notícia de avivamento chegou aos seus ouvidos. Pelo contrário, as Escrituras nos dizem:

“Também todos os chefes dos sacerdotes e o povo aumentavam mais e mais as transgressões, segundo todas as abominações dos gentios; e contaminaram a casa que o Senhor tinha santificado em Jerusalém. O Senhor; Deus de seus pais, começando de madrugada, falou-lhes por intermédio dos seus mensageiros, porque se compadecera do seu povo e da sua própria morada. Eles, porém, zombavam dos mensageiros, desprezavam as palavras de Deus e mofavam dos seus profetas, até que subiu a ira do Senhor contra o seu povo, e não houve remédio algum” (2 Cr 36.14-16).

O que poderia ter acontecido para chegar a este ponto de não existir mais remédio? Ezequiel iria descobrir de primeira mão. Deus lhe disse que havia colocado Jerusalém estrategicamente “no meio das nações” (Ez 5.5). Mas, ao invés de permanecer fiel a Deus como testemunha àquelas nações, ela mudara as ordens do Senhor em maldade e rebelara contra suas leis. Por isto, Deus anunciou-lhe: “Eis que eu, eu mesmo, estou contra ti… por causa de todas as tuas abominações” (Ez 5.8,9).

O Espírito de Deus, então, levantou Ezequiel e o transportou a Jerusalém, ao templo. O profeta testificou que a glória de Deus ainda estava lá (Ez 8.4), mas ficou chocado ao ver o que mais estava naquele lugar sagrado. Primeiro, viu ali um ídolo pagão babilônio (uma “imagem de ciúmes”), à porta do altar. Depois, Deus cavou um buraco na parede do santuário, para deixar Ezequiel ver dentro da casa de Deus (Ez 8.7).

Quando o profeta entrou, viu os ídolos da casa de Israel (o reino do norte), semelhantes a répteis e animais abomináveis, pintados sobre as paredes (v. 10). Na porta do santuário, viu mulheres chorando por Tamuz, uma deusa assíria (v. 14). Finalmente, encontrou vinte e cinco homens, de frente para o oriente, e de costas para o templo, adorando o deus egípcio do sol (v. 16).

Eu creio que Deus quer rasgar um buraco na parede da igreja hoje e expor seu pecado. Somos fracos e impotentes para impedir a maré de humanismo e modernismo, porque não somos um povo santo de Deus. Se pudéssemos ver o interior das vidas dos pregadores, líderes e povo de Deus em geral, ficaríamos abismados. Revelações recentes de corrupção moral e financeira na vida de alguns dos mais proeminentes representantes cristãos são apenas a ponta do iceberg de decadência espiritual e moral nas nossas igrejas.

As sociedades ocidentais estão em apuros hoje porque suas igrejas estão em apuros. Não temos direção nesta hora de crise porque não temos líderes espirituais. Muitos dos pregadores mais famosos estão mais interessados em promover a si mesmos do que em promover a Jesus Cristo.
Estão mais preocupados com sua própria prosperidade material do que com o bem-estar espiritual da igreja. Abra um buraco na parede de hipocrisia da igreja atual e certamente verá as pessoas se inclinando aos ídolos deste século também.

Tudo isto deve ter parecido inacreditável ao profeta Ezequiel. Como o povo de Jerusalém poderia se abaixar a tal corrupção e ainda esperar o favor de Deus? Talvez estivessem apenas achando que seu favor era um privilégio automático. Muitos acreditavam que Deus nunca permitiria que seu templo fosse destruído; assim, tinham um falso senso de segurança. Estavam confiando no edifício e não no Senhor.

Outros sabiam que a glória shekinah repousava sobre a arca da aliança no Santo dos Santos. Tão poderosa era a glória de Deus que ninguém ousava olhar dentro da arca, nem se aproximar dela. Mesmo o sumo sacerdote só podia entrar no Santo dos Santos uma vez por ano no Dia da Expiação.

Certamente, Ezequiel deve ter se perguntado como Deus podia permanecer com seu povo, quando este havia violado seu templo de forma tão severa. Foi então que algo aconteceu que Ezequiel pensou que nunca presenciaria – a glória de Deus partiu! Em três estágios distintos, a glória de Deus se levantou do querubim onde estava (10.4), saiu da entrada da casa (10.18), e finalmente subiu da cidade, indo para o monte ao oriente (11.23).

Posso apenas imaginar a glória shekinah começando a sair da arca pela primeira vez em mil anos. Oh, como Deus devia estar entristecido! Aos poucos, a nuvem de glória saiu das asas do querubim e começou a levantar-se acima da arca da aliança. Mais e mais alto subia, até que a nuvem encheu o átrio exterior, e depois começou a se afastar do templo, deixando-o vazio, escuro e sem vida.

Ninguém Notou Que Deus Foi Embora

Aos poucos, e com pesar, Deus foi embora de Jerusalém, e ninguém notou, com exceção de Ezequiel. Todos estavam ocupados demais com suas rotinas diárias, agendas cheias e rituais religiosos, para observar que Deus os havia abandonado. Só podemos presumir que, durante os anos seguintes, continuaram brincando de religião sem Deus. Talvez o sumo sacerdote mentiu ao povo, quando entrou no Santo dos Santos aquele ano e descobriu que estava escuro, e que a glória de Deus não estava mais lá. Afinal, não daria para contar ao povo que a glória de Deus desaparecera. O que pensariam? Por isso, provavelmente ficou quieto e não confessou que a glória já tinha partido.

Estou profundamente incomodado com a situação das nossas igrejas hoje. Estão cheias dos ídolos da civilização moderna. Achamos que podemos ter tudo que este mundo tem para oferecer e, de alguma forma, ficar com Deus também. A profecia de Ezequiel foi dirigida à nação de Israel, que tinha um relacionamento especial de aliança com Deus. Porém, há uma semelhança marcante com a igreja no mundo ocidental hoje. As acusações do profeta de Deus não foram direcionadas aos babilônios pagãos, mas ao povo de Deus.

Há gente demais fazendo os atos exteriores da religião, porém sem a presença de Deus. Temos cultos, programas, projetos, casamentos, funerais, e comunhão; porém não temos a presença e o poder de Deus. Billy Graham disse uma vez que se o Espírito Santo fosse embora da igreja, 90% de todas as atividades continuariam sem qualquer alteração!

Grande parte do que acontece nas nossas igrejas pode ser explicada por esforço próprio, diligência e manipulação psicológica. Nunca me esquecerei do que Adrian Rogers disse, certa vez, em uma conferência de quatro mil homens: “Não podemos esperar que alguém acredite em nós enquanto pudermos ser explicados”. Só a intervenção inexplicável de Deus no coração do seu povo poderá demonstrar seu verdadeiro poder ao nosso mundo hoje.

O problema é que as coisas não estão melhorando. Charles Colson disse: “Há uma sensação de que as coisas estão desmoronando e que, de alguma forma, a liberdade, a justiça e a ordem estão desvanecendo imperceptivelmente. Nossa grande civilização talvez ainda não esteja em ruínas fumegantes, mas o inimigo está dentro dos nossos portões. A época parece lembrar o pôr-do-sol…”

Esta sensação assustadora das trevas que avançam sobre nós é o que preocupa os líderes cristãos de hoje. Como crianças que têm medo do escuro, gostaríamos de correr e nos esconder. Mas, no nosso medo, esquecemo-nos de que nossa maior arma contra as trevas é a luz da Palavra de Deus e a presença do seu Espírito em nossas vidas. Como Israel na antiguidade, somos recipientes da glória de Deus, porque ele habita em nós. E, como naquele tempo, a igreja hoje parece estar perdendo a glória, embora poucos queiram admiti-lo.

Os problemas que enfrentamos hoje não são uma questão de apenas alguns elementos corruptos no nosso meio. Receio que se trata de um mal canceroso que está corroendo a própria fibra do cristianismo. Nossa condição é profunda e séria, e não vai simplesmente desaparecer. Deus está se afastando de nós pelas mesmas razões que foi embora de Israel. Se não nos arrependermos do nosso egocentrismo e maldade, ele também nos deixará aos nossos próprios recursos, até que não haja mais “remédio”.

(Del Fehsenfeld Jr. foi fundador do ministério Life Action Ministries, que continua até hoje, mesmo após o seu falecimento em 1989).

quarta-feira, 13 de março de 2019

O perfume esquecido das azinheiras


No texto de Isaías 6, conhecido como “o chamado do profeta Isaías”. Deus diz a Isaías para pregar a sua Palavra, mas avisa que o povo não vai dar atenção. E Isaías, talvez consciente do que significava isso pergunta: “Até quando, Senhor?” e Deus responde o que está em Is. 6. 11-13. É nesse momento que Deus compara o povo com o carvalho e com a azinheira.

Assim Como o Carvalho 

Por que o carvalho, se ele não dá fruto comestível? Devido às características do próprio carvalho. Se você chegar em um bosque com muitas árvores e nele houver um carvalho, não há como não distingui-lo. Ele provavelmente será a árvore mais velha e mais alta do bosque. O carvalho tem uma vida média entre 500 a 1000 anos e alcança entre 30 a 40 metros de altura. Ou seja, vida longa. Isso lhe proporciona uma característica sofrida, caule enrugado e raízes profundas. Mas isso não tem nada a ver com sua idade. 

Assim, como quem vive muito passa por muita experiência, o carvalho tem uma característica muito interessante: quando passa por uma tempestade e recebe fortes pancadas de vento e chuva, seu tronco, que é uma das madeiras mais resistentes do mundo, não se quebra, mas se contorce, enverga e se molda ao vento. O carvalho tem forte resistência às situações da vida. Por incrível que pareça, quanto mais ele se sujeita às intempéries, mais fortalecido ele sai delas, pois suas raízes se arraigam ao solo a cada tempestade, seu tronco se revigora, e a possibilidade dele ser extraído do solo pelos temporais diminui drasticamente, até se tornar nula. O carvalho se embebe de todas as consequências dos temporais e, assim, adquire um aspecto desproporcional, exatamente como um ser que houvesse realizado um grande esforço ao longo de sua constituição. Chega mesmo a parecer entristecido. 

É o tipo de árvore que quanto mais forte, vento, tempestade, mais forte fica, seu tronco se firma e não se quebra. Suas raízes não são profundas por causa dos longos anos de vida, mas sim, quando a tempestade passa, procura aprofundar mais ainda as raízes. Seu objetivo é permanecer em pé, sem quebrar, firme, forte. 

Ao contrário de outras árvores, o carvalho resiste no inverno, continua frondoso, cheio de vida, mesmo no período mais difícil do ano. Ao que parece, Deus criou o carvalho para resistir. 

Quando Deus compara os seus filhos a um carvalho, Ele sugere que é assim que as coisas deveriam ser. Mesmo quando atacado por qualquer situação, seja natural como uma tempestade, fortes ventos, queimadas, ou seja, o machado de um lenhador, o carvalho se determina a não sair de sua posição e, mesmo derrubado, por causa de suas raízes profundas é muito difícil arrancar o “toco”, que fica. E isso leva o carvalho a brotar e começar a crescer novamente. 

Assim como a azinheira 

A azinheira é umas das árvores da mesma família do carvalho, mas possui alguns pontos diferentes. Costuma ultrapassar os 300 anos, podendo chegar excepcionalmente aos 1000. 

A azinheira, também conhecida por sardão, terebinto, é uma planta da família das fagáceas, que incluem grupos vegetais conhecidos como os outros carvalhos, as faias e os castanheiros. A azinheira é assim um carvalho, uma espécie do gênero Quercus, e dentro deste grupo tem como parente mais próxima a azinheira-de-folhas-de-louro. Estas atingem normalmente um porte arbóreo de até cerca de 15 metros de altura, em contraste com a azinheira-de-folha-de-louro que cresce mais frequentemente acima dos 20 metros; casca acinzentada, inicialmente lisa nos jovens e que vai ficando rugosa nas árvores adultas; folhas perenes, arredondadas, por vezes com margens espinhosas, verde-escuras e rígidas, típicas de plantas de ambientes quentes, densamente pilosas na página inferior e glabras, lisas, sem pilosidades na página superior. 

A floração dá-se no início da primavera, através de flores de aspecto discreto geralmente polinizadas pela ação do vento, originando depois um fruto bastante característico dos carvalhos, as bolotas, um tipo de fruto a que damos o nome de glande. As bolotas da azinheira são aliás uma das suas riquezas mais reconhecidas e um dos recursos mais aproveitados pelas comunidades humanas que aprenderam a conviver com esta árvore. Dentro da espécie Quercus ilex, a sub-espécie rotundifolia é a que possui as bolotas mais doces, tendo, por isso, sido utilizadas durante muito tempo como alimento humano. 

Eram misturadas com trigo e outros cereais para se fabricar pão em anos de escassez, sendo por vezes assadas do mesmo modo que as castanhas. Ao contrário das bolotas dos outros carvalhos, as da azinheira são menos amargas, podendo ser usadas para confeccionar vários alimentos como pão ou mesmo assadas como se fossem castanhas! 

Durante muitos séculos, a azinheira alimentou e aqueceu o homem. A sua bolota doce podia ser utilizada para fazer pão ou era assada como as castanhas. A lenha fornecia um combustível de eleição. Além de que os seus ramos mais baixos completavam a alimentação do gado em anos difíceis, como o atual, em que o pasto não abunda. 

Na maioria das vezes, as bolotas são colhidas para dar aos animais domésticos, como aos porcos que bem as apreciam. A sua principal utilização é a produção de fruto que serve de alimento para porcos denominados de montanheira. São estes porcos de cor preta que produzem um presunto de alto valor comercial, o de pata-negra. Também os animais selvagens se aproveitam dos nutrientes fornecidos pelas bolotas, desde grandes mamíferos como javalis e veados a várias espécies de aves que delas se alimentam. 

As frutificações aparecem muito cedo sendo extremamente abundantes em anos favoráveis. As folhas mais baixas ou deixadas no solo como resultado de podas ou desbastes, servem como complemento de alimentação para o gado nas épocas do ano em que o pasto escasseia. 

A medicina popular atribui aos frutos da azinheira propriedades curativas para diarreias e desinterias. 

A azinheira é uma árvore tipicamente mediterrânea, bem adaptada a climas quentes e secos, no sul da Europa, onde existe um verdadeiro azinhal. É chamada uma "árvore de sombra", é muito resistente ao ensombramento, pelo que cresce melhor debaixo de árvores adultas. Tolera climas com períodos estivais secos e pluviosidade baixa, bem como altitudes elevadas. Suporta bem todos os tipos de solos incluindo os esqueléticos e os calcários. A azinheira era chamado de ilex pelos romanos e Lineu manteve este nome no seu epíteto específico. 

A azinheira é muito resistente ao inverno. Suas folhas não caem com o frio e só na primavera é que muda a folhagem. Porém, uma azinheira não cresce tanto quanto o carvalho. 

A azinheira nasce nas florestas do Jordão, em Israel, tem madeira extremamente resistente, sendo a última a apodrecer. A madeira é muito dura e compacta, resistente ao polimento, não sendo muito utilizada. É, no entanto, um óptimo combustível para lume, sendo muito utilizada nas lareiras. É largamente usada para fazer objetos de extrema resistência, como a roda de carroças e também usada para manter o fogo por mais tempo aceso, como fonte de combustão doméstica. Esta árvore tem ainda nos seus frutos poder desinfetante, poder de cura, quase que antibiótico. Ela exala um perfume característico, mas para experimentar desse aroma agradável, é necessário que uma parte do seu tronco ou dos galhos seja ferida ou podada. Quanto mais essa árvore é atingida, mais forte é o aroma expelido ao ponto de se propagar por quilômetros de distância. O que mais chama a atenção na azinheira é exatamente isso: para se experimentar da sua melhor essência, é necessário que a sua casca seja arrancada, o seu tronco ferido, ou os seus galhos podados, se não assar por estes processos ele será confundido com uma árvore comum correndo o risco de ser usada como lenha, por não servir para nenhuma outra finalidade. Outra característica da azinheira é que mesmo com o tronco cortado ele volta a nascer. 

Assim devemos ser todos nós cristãos; mesmo que alguém nos corte e tente nos destruir, não podemos deixar de lutar, de tentar, de sonhar e de realizar algo só porque alguém se levantou contra nós. Deus está ensinando ao seu povo que ele deve aprender utilizar as circunstâncias em que ocorrem dores, mágoas, perdas e problemas como matéria prima para produzir perfumes. Há pessoas que quando são feridas, sua reação natural é se derramarem em sentimentos de raiva, ira e amargura, e contaminam e poluem a atmosfera espiritual do ambiente em que vivem. Mas elas, na verdade, precisam descobrir que Deus pode extrair desses momentos difíceis a mais pura essência à medida que se deixarem ser submetidas ao processo da cura divina. Devemos ser como o terebinto: quanto mais formos feridos, cortados, podados e machucados, mais reagiremos com atitudes de amor, respeito e compreensão. 

A azinheira possui duas características que o carvalho não possui: seu perfume pode ser sentido a mais de um quilômetro de distância, e, para que isso aconteça, ele deve perder parte da sua casca. Quanto maior e mais profunda sua ferida, maior será o perfume exalado. 

Ao perder sua casca, libera uma seiva, também medicinal. Serve como antisséptico, anti-inflamatório e ajuda em doenças como ascite, uma acumulação de fluidos na cavidade do peritônio, comum, devido à cirrose e doenças graves do fígado. 

Quanto mais a azinheira é ferida, mais exala perfume e ajuda a curar. 

Muitos dos cristãos das Igrejas hoje deveriam aprender com o carvalho e a azinheira. Pois, o que mais encontramos, são pessoas com raízes superficiais, sem resistência às situações da vida em que quanto mais Deus os prova, mais causam mal aos outros. Alguns podem dizer que os problemas da vida ou as provações são como castigos de Deus. 

Claro que essas coisas nos aproximam dEle e deve ser assim mesmo, mas as coisas ruins que acontecem servem para nos moldar, ajustar e nos incentivar a sermos diferentes, com atitudes que seguem na contramão da sociedade. Não é simples! Algumas tempestades duram anos… Porém, o desejo de Deus é que sejamos assim, como o carvalho, com raízes profundas e resistência e como a azinheira, que quanto mais sofre, mais perfuma e cura.

Bibliografia:

https://www.publico.pt/2005/03/28/jornal/azinheiras--as-arvores-esquecidas-13103

sábado, 2 de março de 2019

O Cristão e a Cultura

Antes de falar da relação do cristão com a cultura, é necessário definir o que é cultura: 

Em sentido amplo, refere-se ao cultivo de hábitos, interesses, língua e vida artística de uma nação: histórias, símbolos, estruturas de poder, estruturas organizacionais, sistemas de controle, rituais e rotinas. 

Tudo o que caracteriza uma realidade social de um povo ou nação, ou então de grupos no interior de uma sociedade: valores, atitudes, crenças e costumes. 

Não raro o cristão se torna uma subcultura dentro de uma nação. Ele tem seus valores, atitudes, crenças e costumes. Mas daí, surgem as perguntas: O cristão pode participar das festas nacionais? O cristão pode beber? Como o cristão lida com arte, cinema, etc.? O cristão pode ser um diretor, ator, etc.? O cristão pode ouvir música do mundo? Como o cristão lida com economia, política, filosofia? O cristão deve impor sua cultura quando sai em missões? O que pode ser tolerado? O que deve mudar? 


Modelos de como os cristãos lidaram com a cultura ao longo da história:

Para falar sobre o cristão e a cultura, precisamos lembrar que a igreja não nasceu em nossa geração. Temos que ser humildes e olharmos para a história da igreja para ver como os cristãos do passado lidaram com a cultura. 

H. Richard Niebuhr (1894-1962), apresentou em seu livro Cristo e cultura (download gratuito) cinco categorias de classificação do relacionamento entre o cristão e a cultura, fornecendo, assim, ferramentas para descrever a forma que os cristãos encaram questões sociais, éticas, políticas e econômicas. 


1. O cristão contra a cultura 

Os que seguem esta corrente enfatizam que, diante da natureza decaída da criação, é necessário que se criem estruturas alternativas, e que estas sigam mais de perto o chamado radical do evangelho. 

Esta posição foi afirmada no Didaquê, na Primeira Epístola de Clemente, e nos escritos de Tertuliano (c.160–c.225) e dos anabatistas do século xvi, como Michael Sattler (c.1490–1527). 

Resumidamente, a cultura é caída, má e demoníaca; rejeite tudo. Exemplos: 

“A filosofia é a matéria básica da sabedoria mundana, intérprete temerária da natureza e da ordem de Deus. De fato, é a filosofia que equipa as heresias… Ó miserável Aristóteles! Que lhes proporcionaste a dialética, esse artífice hábil para construir e destruir, esse versátil camaleão que se disfarça nas sentenças, se faz violento nas conjecturas, duro nos argumentos, que fomenta contendas, molesta a si mesmo, sempre recolocando problemas antes mesmo de nada resolver. Por ela, proliferam essas intermináveis fábulas e genealogias, essas questões estéreis, esses discursos que se alastram, qual caranguejos, e contra os quais o Apóstolo nos adverte na sua carta aos Colossenses: ‘Cuidado que ninguém vos venha a enredar com suas sutilezas vazias, acordadas às tradições humanas, mas contrárias à providência do Espírito Santo’. Este foi o mal de Atenas… Ora que há de comum entre Atenas e Jerusalém, entre a Academia e a Igreja, entre os hereges e os cristãos? Nossa formação nos vem do pórtico de Salomão, ali nos ensinou que o Senhor deve ser buscado na simplicidade do coração. Reflitam, pois, os que andam propalando seu cristianismo estóico ou platônico. Que novidade mais precisamos depois de Cristo? […] Que pesquisa necessitamos mais depois do Evangelho? Possuidores da fé, nada mais esperamos de credos ulteriores. Pois a primeira coisa que cremos é que para a fé, não existe objeto ulterior.” (Tertuliano, De praescr. haeret., VII) 

“Quarto, unimos nossas forças no que diz respeito à separação do mal. Devemos nos afastar do mal e da perversidade que o diabo semeou no mundo, para não termos comunhão com isso e não nos perdermos na confusão dessas abominações. Aliás, todos que não aceitaram a fé e não se uniram a Deus para fazer a sua vontade são uma grande abominação aos olhos de Deus. Deles não poderão acrescentar ou surgir nada mais do que coisas abomináveis. Não existe nada mais no mundo e em toda a criação do que o bem e o mal, crentes e incrédulos, trevas e luz, os que estão no mundo e fora do mundo, os templos de Deus e dos ídolos, Cristo e Belial, e nenhum deles poderá ter comunhão um com o outro" 

"Para nós, pois, é obvio o imperativo do Senhor, pelo qual nos ordena que nos afastemos e nos mantenhamos longe dos maus. Assim, ele será nosso Deus e nós seremos seus filhos e filhas. Além disso, ele nos exorta a abandonar a Babilônia e o paraíso terreno egípcio, para não passar pelos sofrimentos e dores que o Senhor enviará sobre eles. (…) Devemos nos afastar de tudo isso e não participar com eles. Porque tudo isso não passa de abominações, que nos tornam odiosos diante do nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos libertou da escravidão da nossa natureza pecaminosa e nos tornou aptos para o serviço de Deus, por meio do Espírito que nos ortogou.” (Confissão de Schleitheim, IV) 


2. O cristão da cultura 

Os ensinos do evangelho têm íntima relação com as estruturas culturais, num processo de acomodação a esta. Ou seja, toda e qualquer cultura é incorporada no cristianismo. 

Apesar das objeções que são lançadas a esta posição, ela tem sido influente na história da igreja. Os ensinos de gnósticos do século III, Abelardo de Paris (1079–1142) e dos teólogos liberais do século XIX refletem esta posição.. A igreja evangélica na Alemanha, por influência deste entendimento, trocou seu nome para Igreja do Reich e seus pregadores juraram obediência a Hitler. 

O fundamentalismo americano acabou espelhando esta posição, afirmando os valores básicos da cultura dos Estados Unidos. Aqui no Brasil, se por um lado rejeitamos toda cultura local (o cristão contra a cultura), por outro acabamos abraçando a cultura americana (o cristão da cultura), como se ela fosse uma cultura cristã e achamos que uma cultura é intrinsicamente superior a outra. 


3. O cristão acima da cultura 

Este é o conceito católico, influenciado por Clemente de Alexandria (c.150–c.215) e Tomás de Aquino (1225–1274), que busca uma unidade entre o cristão e a cultura, onde toda a sociedade aparece hierarquizada. Na Idade Média o ensino eclesiástico alcançou quase todos os aspectos da sociedade: 

Suas práticas religiosas formaram o calendário; seus rituais marcaram momentos importantes (batismo, confirmação, casamento, ordenação) e seus ensinamentos sustentavam crenças sobre moralidade, significado da vida e a vida após a morte. A igreja e sua mensagem são institucionalizadas e o que deveria ser condicionado culturalmente é absolutizado. Neste terceiro modelo, o que é levado não é o evangelho, mas uma cultura. 


4. O cristão e a cultura em paradoxo 

Posição comumente associada a Martinho Lutero (1483-1546) e Søren Kierkegaard (1813-1855). Esta posição mantém o entendimento bíblico da queda e da miséria do pecado, e o chamado para se lidar com a cultura. A relação do cristão com a cultura é marcada por uma tensão dinâmica entre a ira e a misericórdia. 

Lutero enfatizou este tema com sua doutrina dos “dois reinos”: a mão esquerda, mundana, segura a espada do poder no mundo, enquanto a mão direita, celeste, segura a espada do Espírito, a Palavra de Deus. Não se pode tentar coagir a fé, nem se pode tentar acomodar a fé aos modos seculares de pensamento. 

Um exemplo: espancamento feminino. A mulher deve processar o marido? Nesta visão paradoxal, como cristã, ela não deveria (pois o crente não leva outro ao tribunal secular), mas como cidadã, sim. Então, a mulher vive um conflito paradoxal. 


5. O cristão como agente transformador da cultura 

A cultura deve ser levada cativa ao senhorio de Cristo. Sem desconsiderar a queda e o pecado, mas enfatizando que, no princípio, a criação era boa, os que estão nesse grupo enfatizam que um dos objetivos da redenção é transformar a cultura. Sendo assim, por mais iníquas que sejam certas instituições, elas não estão fora do alcance da soberania de Deus. Ou seja, mesmo sabendo da queda, o cristão não abandona a cultura (o cristão contra a cultura), mas busca redimi-la, levá-la aos pés de Cristo. 

Agostinho (354-430), João Calvino (1509-1564), John Wesley (1703-1791) e Abraham Kuyper (1837-1920) são alguns dos que entenderam que os cristãos são agentes de transformação da cultura, posição que é exposta nesta obra de Niebuhr. Em Apocalipse, vemos que Deus redime tanto a pessoa, como a diversidade cultural. 

Nesta posição, não há divisão entre o sagrado e o profano – essa é uma dicotomia católica (a divisão sagrado/profano afirma que na igreja fazemos atividades sagradas e, no mundo, atividades profanas; ou seja, rezar, ser padre é algo sagrado, mas construir um prédio e ser um engenheiro são coisas profanas). A divisão bíblica é entre o que é santo e está em pecado; e que está em pecado deve ser santificado. 


Relatório de Willowbank 

A afirmação de que o cristão é um agente transformador da cultura pode ser resumida na compreensão de que “uma vez que o homem é criado por Deus, parte de sua cultura será rica em beleza e bondade. Por causa da queda e do pecado do homem, toda a sua cultura [usos e costumes] está manchada pelo pecado, e parte dela é demoníaca” (Pacto de Lausanne §10) — o evangelho nunca é hóspede da cultura, mas sempre seu juiz e redentor. 

O Grupo de Teologia e Educação de Lausanne propôs um modelo hierárquico de ação sobre a entrada do evangelho na cultura (Relatório de Willowbank, 1978) que pode ser de auxílio em nosso trato com a cultura ao nosso redor. 


Categoria de costumes 

Como um missionário deve proceder em uma cultura diferente? O Relatório de Willowbank propõe uma relação quádrupla do cristão com a cultura: 

Alguns costumes não podem ser tolerados, como a idolatria, infanticídio, canibalismo, vingança, mutilação física, prostituição ritual, entre outros. 

Alguns costumes podem ser temporariamente tolerados [por uma geração], como a escravidão, o sistema de castas, o sistema tribal, a poligamia, entre outros. 

Há alguns costumes cujas objeções não são relevantes para o evangelho, como o costume de o homem e a mulher sentarem separados nos cultos, os costumes alimentares, vestimentas, hábitos de higiene pessoal, entre outros. 

Assuntos secundários (adiáforos) sobre os quais há controvérsias, mas que se pode ter liberdade de análise, como escatologia, governo da igreja, ceia e batismo. 

Exemplo do ponto 2: quando chefes tribais polígamos se convertiam, eles eram obrigados pelos missionários a abandonar todas suas esposas, que ou morriam de fome ou se prostituiam, podendo morrer apedrejadas. Vendo isso, os missionários acharam uma medida sábia não exigir desse chefe tribal o abandono da poligamia, mas exigir tal atitude da próxima geração de cristãos. 

Aplicação do ponto 3: Se você é um novo pastor, não tente mudar a cultura da igreja, se ela se encaixa neste nível. Pregue o evangelho! 

“Não se distinguem os cristãos dos demais, nem pela região, nem pela língua, nem pelos costumes. (…) Seguem os costumes locais relativamente ao vestuário, à alimentação e ao restante estilo de viver, apresentando um estado de vida admirável (…). Enquanto cidadãos, de tudo participam, porém tudo suportam como estrangeiros. (…) Se a vida deles decorre na terra, a cidadania, contudo está nos céus. Obedecem às leis estabelecidas, todavia superam-nas pela vida. Amam a todos, e por todos são perseguidos (…) Para simplificar, o que é a alma no corpo são no mundo os cristãos”. (5-6) (Epístola a Diogneto). 


Bibliografia:

Bruce J. Nicholls – Contextualização: uma teologia do evangelho e cultura 

H. Richard Niebuhr – Cristo e cultura (download gratuito) 

Comissão de Lausanne – O Evangelho e a Cultura 

Michael Horton – O Cristão e a Cultura (leia um trecho) 

D. A. Carson – Cristo & Cultura: Uma releitura 

Franklin Ferreira. Palestrado no dia 11/02/13, na 15ª Consciência Cristã (VINACC). 
Copyright © Franklin Ferreira.