segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

O Profeta Jeremias e o Fogo Ardente

Em Jeremias 19, Deus dá ao profeta uma palavra dirigida a Israel. A seguir o envia ao templo para profetizar. Jeremias diz essas palavras: "Assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Eis que trarei sobre esta cidade e sobre todas as suas vilas, todo o mal que pronunciei contra ela, porque endureceram a sua cerviz, para não ouvirem as minhas palavras" (Jer. 19:15).

Pasur era o presidente do templo na época. E ficou enraivecido com as palavras de Jeremias; imediatamente se enfureceu atacando o profeta, e convocou os serviçais para o prenderem num tronco (tora de madeira). Eles o colocariam à porta da cidade, onde seria humilhado para ser visto por todos.
O tronco era um instrumento de tortura. E Jeremias sofreria dor constante vinte e quatro horas inteiras. Primeiro, sua cabeça era aferrolhada e presa; a seguir o corpo era entortado, com os braços presos em transversal. Ele teria de permanecer nessa posição torturante por um dia e uma noite.

Que cena terrível. Lembre-se - Jeremias era um profeta ungido do Senhor. Ele sabia desde a juventude que fora chamado para falar a palavra de Deus ao povo escolhido. Mas agora Jeremias estava amarrado e sendo torturado por estar fazendo exatamente isso.

Mesmo assim, apesar do sofrimento, Jeremias nunca duvidou do seu chamado. Ele conhecia a palavra que havia recebido de Deus. E havia sido assim desde o início do seu ministério.
O próprio Senhor havia testificado quanto ao Seu relacionamento com Jeremias: "Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci, e antes que saísses da madre, te consagrei e te constituí profeta às nações" (Jeremias 1:5). Deus basicamente estava dizendo: "Eu te conheci antes de a terra ser formada, Jeremias. Desde então Eu tinha um plano para a tua vida. Eu te criei para pregar a Minha palavra".

No começo, Jeremias respondeu: "Ah! Senhor Deus! Eis que não sei falar; porque não passo de uma criança". Mas Deus respondeu: "Não digas: Não passo de uma criança" (1:6-7). Em outras palavras: "Eu te chamei, Jeremias; então - não diga que não é capaz".
E o Senhor acrescenta: "A todos a quem eu te enviar irás; e tudo quanto eu te mandar, falarás. Não temas diante deles; porque eu sou contigo para te livrar" (1: 7-8).
Nesse ponto, Jeremias nos diz: "Estendeu o Senhor a mão, tocou-me na boca, e me disse: Eis que ponho na tua boca as minhas palavras" (1:9).

Que momento incrível na vida de Jeremias. Como é maravilhoso saber que Deus estendeu as mãos sobre você, lhe revelou os Seus pensamentos, e o ungiu para falar por Ele. Eis aqui porquê Jeremias nunca duvidou das palavras que Deus lhe deu.

Então o Senhor dá a Jeremias a ordem para marchar: "Cinge os teus lombos, e levanta-te, e dize-lhes tudo quanto eu te mandar; não desanimes diante deles, porque eu farei com que não temas na sua presença" (1:17).

Finalmente, Deus declara essa poderosa palavra ao Seu servo: "Eis que hoje te ponho por cidade fortificada, por coluna de ferro, e por muros de bronze, contra todo o país; contra os reis de Judá, contra os seus príncipes, contra os seus sacerdotes e contra o seu povo. Pelejarão contra ti, mas não prevalecerão; porque eu sou contigo, diz o Senhor, para te livrar" (1: 18-19).

Atente para a tremenda mensagem que Deus deu a esse homem. Ele está dizendo: “Jeremias, Eu planejei um ministério para ti na eternidade. E agora estou te enviando para arrancar a raiz de todas as mentiras de Satanás. Quero que você derrube todos os ídolos, e os destrua diante do Meu povo. E você também irá edificar a Minha igreja. Quero que você plante as sementes das boas novas. Não se preocupe, Eu lhe darei toda palavra de que necessitar, bem na hora em que precisar.“
“Mas nunca tenha medo do homem. Não tema caras feias ou ameaças. E jamais tema o fracasso. Lembre-se, enquanto você viver, estarei contigo. Nenhum demônio ou inimigo pode lhe tocar. Por isso, você não precisa ficar desencorajado. Então, levante-se em fé já, e faça como lhe ordenei. Você possui um propósito divino que é declarar o quê está em Minha mente. Não deixe que ninguém ou nada lhe derrube”.
O Senhor então acrescenta essa palavra final: “Porque eu farei com que não temas na sua presença” (Jeremias 1:17).

Amado, cá está a mensagem de Deus não apenas para Jeremias, mas para todo pastor e obreiro cristão que alguma vez tenha sido chamado por Ele. Ele está nos dizendo: “Não deixe que ninguém lhe derrube! Não há razão para você se desesperar. Não há motivo para que fique confuso diante dos homens. Eu lhe disse que estou consigo; Eu disse que és uma fortaleza inexpugnável. Então, não há razão para esgotamento, não há razão para desistir...”

“... Se você não crer no que lhe disse - se duvidar da Minha fidelidade para consigo - então não há como evitar que você se apague. Você acabará amargo, abatido - e irá desistir. E será perturbado por todo aquele que se opuser a ti. Mas isso será porque não confiou em Minha palavra para consigo...”

“... Quero lhe dizer o seguinte: não importa quê dificuldades você enfrente. Não importa se as pessoas lhe tratem mal, ou lhe ofendam. Os seus amigos, a sua família, mesmo príncipes ou reis podem se virar contra ti. Mas eles jamais prevalecerão. Eu coloquei paredes de metal e fortes pilares lhe cercando. Eu estou contigo, para te livrar”.


Esta Mensagem é Para Todo Aquele Que, 
Como Jeremias,
Foi Chamado Antes da Criação Para Servir a Cristo 


O apóstolo Paulo diz o seguinte em relação a Deus: “Que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos eternos” (2 Timóteo 1:9).

Simplificando, toda pessoa que está “em Cristo” é chamada pelo Senhor. E todos temos o mesmo mandato: ouvir a voz de Deus, proclamar a Sua palavra, nunca temer o homem, e confiar no Senhor diante de toda provação imaginável.
Na verdade, o quê Deus prometeu a Jeremias se aplica a todos os Seus servos. Quer dizer, nós não temos de ter uma mensagem preparada para dizer diante do mundo. Ele se comprometeu a encher a nossa boca com a Sua palavra, no exato momento em que seja necessária. Mas isso acontecerá somente se confiarmos nEle.
Paulo nos diz que muitos são designados como pregadores, mestres e apóstolos, e que todos eles irão sofrer por esse motivo. Ele se inclui entre esses: “para o qual eu fui designado pregador, apóstolo e mestre, e por isso estou sofrendo estas cousas” (2 Timóteo 1: 11-12). Ele está dizendo, em resumo: “Deus me deu uma obra santa para realizar. E porque eu tenho esse chamado, vou sofrer”.
As escrituras mostram que Paulo foi testado como poucos ministros algum dia foram. Satanás tentou matá-lo vez após outra. Os assim chamados agrupamentos religiosos o rejeitavam e ridicularizavam. Por vezes, até mesmo os que o sustentavam o deixaram ofendido e abandonado.
Mas Paulo nunca se perturbou diante dos homens. Ele nunca se apavorou ou se envergonhou diante do mundo. E Paulo nunca se apagou. A cada ocasião, ele tinha uma palavra ungida para falar de Deus, sempre que necessário.

O fato é o seguinte: Paulo simplesmente nunca seria abalado. Ele jamais perdeu a confiança no Senhor. Antes, testifica: “Sei em quem tenho crido, e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele dia” (2 Timóteo 1:12). Em termos simples: “Eu compromissei a minha vida inteira à fidelidade do Senhor. Vivo ou morto sou dEle”. E insiste com o jovem Timóteo para que faça o mesmo: “Mantém o padrão das sãs palavras que de mim ouviste com fé e com o amor que está em Cristo Jesus” (1:13).

Na semana passada dei o mesmo conselho a um pastor. Ele havia acabado de entregar a igreja; sentiu que havia falhado por não ter tido conversões, e nem levado o seu povo à maturidade como crentes.
A sua esposa sofria vendo o marido caindo num desespero tão grande. Ela disse: “Ele é um homem de Deus dedicado, que ora fielmente pelo povo. Mas ficou desencorajado porque não estava gerando filhos espirituais. Ele prega com unção, mas as pessoas simplesmente não queriam ouvir. Ele achou que nada restava senão desistir”.
Eu me assegurei de enviar a esse homem o encorajamento de Paulo. Insisti para que se mantivesse no padrão da fé, e à palavra que lhe fora dada. Deus seria fiel para operar tudo que prometera.


Jeremias Chegou ao Seu Ponto Fraco 
No Tronco 


Não era só o corpo de Jeremias que estava sendo torcido - a sua alma estava sendo atacada. Foi uma noite negra e torturante para esse homem consagrado e dedicado.
Finalmente, após vinte e quatro horas de dor e humilhação, Jeremias foi solto. Ele foi direto a Pasur, o homem que o havia prendido. E profetizou: “O Senhor tem um novo nome para ti, Pasur. Significa: ‘Você vai viver com medo e em terror constantes o resto dos teus dias’”. Veja, Jeremias sabia o quanto é perigoso para qualquer um tocar no ungido de Deus. Estremecido, Pasur simplesmente chamou o profeta de mentiroso.
Àquela altura, Jeremias tinha chegado ao limite da resistência; e começou a usar a linguagem do servo acabado: “Iludiste-me, ó Senhor, e iludido fiquei, mais forte foste do que eu, e prevaleceste, sirvo de escárnio todo o dia; cada um deles zomba de mim” (Jeremias 20:7). A palavra em hebraico para “iludiste” aqui quer dizer “me abri”. Jeremias estava dizendo, basicamente: “Senhor, Tu me expuseste a uma grande ilusão. Eu acabei como um ministro totalmente enganado”.

Não podemos adoçar a pílula quanto ao que Jeremias está acusando Deus de fazer, aqui. Ele está dizendo: “Senhor, me chamaste para pregar a Tua palavra; me mandaste profetizar, derrubar e edificar. Puseste uma palavra dura e difícil em minha boca. Mas então, quando a proferi, Tu me abandonaste...”.

“... Não entendo. Eu Te obedeci, Senhor. Fui fiel. Não pequei contra Ti. Na verdade, pus a minha cabeça a prêmio por Ti. E o quê ganhei? Desilusão, engano, abandono e ofensa.”
Tente imaginar o quê passou pela cabeça deste homem durante aquelas vinte e quatro horas de tortura: “Preguei misericórdia a todas estas pessoas que estão passando. Mas agora a única coisa que fazem é me agredir. Senhor, falei a eles como Teu oráculo. Lhes supliquei que tornassem para Ti; lhes disse que Tu os curarias e abençoarias. Mas eles se voltaram contra mim com toda a maldade...”

“... Chorei por esses homens e por essas mulheres durante dias. O meu coração se partiu por causa deles. Cheguei a sofrer por seus pecados. O meu interior se moveu de compaixão por eles. Eles me ridicularizam todo dia. Deus, Tu me puseste num inferno vivo. A própria palavra que Tu me deste se tornou repreensão para mim.”

Você pode se perguntar: “Deus prometeu que Jeremias nunca seria envergonhado. Mas não é isso que está acontecendo aqui?”.
Eu lhe asseguro: o servo de Deus não foi exposto à vergonha. Pelo contrário, o Senhor estava operando algo poderoso na terra, e isso só seria revelado ao tempo dEle. Ele iria mostrar à nação que Jeremias não foi envergonhado diante de homem algum. Pelo contrário, Jeremias seria um testemunho. E isso permaneceria assim pelos séculos.


Recebo Cartas de Pastores do Mundo Todo 
Que Sentem o Mesmo que Jeremias Sentiu


Um ministro me escreveu: “Me sinto derrotado. Eu era fiel em fazer tudo que Deus me mandava. Mas quando dei um passo a mais na fé, Ele me deixou lá exposto”.
Tenho um jovem amigo missionário que acabou de deixar o seu posto. Ele ingressou no ministério com grande expectativa, mas agora o está abandonando arrasado. Ele carregava uma tremenda preocupação pelas almas, e batalhava com diligência. Mas após vários anos, ele ainda não havia visto resultados significativos. Ele nunca foi aceito pelas pessoas em cujo meio trabalhava; os seus filhos eram agredidos pelas crianças do local, e a esposa ficou cansada e sem coragem.
Esse homem ama profundamente o Senhor, é um precioso servo de Jesus. Mas finalmente, não agüentou mais. E me disse: “Irmão David, me sinto um fracasso. Eu tinha tanta esperança; mas nada daquilo ocorreu”.
Cada ano, um número crescente de missionários passa pela mesma coisa. Vão ficando sem coragem, desistindo e voltando para casa. Eles podem não falar de maneira tão precipitada como Jeremias, acusando Deus de os enganar; mas lá no fundo, carregam amargura contra o Senhor. Acham que Ele os guiou a uma certa direção, mas após isso os desapontou.
Um outro precioso missionário escreveu ao nosso ministério em relação a deixar o seu posto. Ele explica: “Eu me senti como se Deus tivesse me levado a um deserto, e me deixado lá sozinho. Ele me expôs aos inimigos, e me abandonou. Deixei o ministério totalmente arrasado. E falhei tremendamente nesse teste devastador. Me tornei amargo...”
"...Agora eu vejo qual foi o meu problema. Eu não aprofundei raízes de confiança durante a provação. Quando as lutas chegaram, não me apropriei daquilo que eu conhecia quanto à palavra de Deus e à Sua fidelidade. Me esqueci de Sua promessa: “Não te deixarei, nem te desampararei."
Eu pessoalmente sei o quê é passar por esse tipo de provação. Há cerca de quinze anos atrás, quando a Igreja de Times Square estava apenas no começo, Satanás tentou arruinar o nosso ministério e destruí-la. Houve acusações incríveis de conflitos raciais, e ataques pessoais contra a minha família e a mim. A cabeça de muitos jovens foi envenenada pelos fuxicos que se fizeram. Alguns chegaram a mim depois do culto e perguntaram: "Você é falso mesmo, como disseram?".
Até hoje, ainda dói ler os meus artigos daquela época. Eu comecei a detestar as manhãs de domingo, quando tinha de pregar. Muitas vezes me sentava em meu gabinete e chorava, até que minha esposa, Gwen, punha os braços em torno de mim e dizia, "David, está na hora".
Chorei por semanas pela dor que sentia com tudo isso. Finalmente, disse a Gwen: "Eu não preciso disso. Por que não volto a escrever livros e a evangelizar?". E tudo que ela conseguia fazer era sacudir a cabeça e dizer: "Como alguns cristãos conseguem ser tão cruéis?".
É claro que não desisti. E jamais desistirei. Por que? Pela mesma razão que Jeremias não desistiu. É a razão pela qual os outros ministros e obreiros cristãos não desistem: "Isso me foi no coração como fogo ardente, encerrado nos meus ossos; já desfaleço de sofrer, e não posso mais [desistir]" (Jeremias 20:9).


Deus Não Repreendeu Jeremias Por Sua Declaração 


Em Jeremias 20:14-18, o profeta desabafa com uma declaração que soa quase suicida:
"Maldito o dia em que nasci; não seja bendito o dia em que me deu à luz minha mãe. Maldito o homem que deu as novas a meu pai, dizendo: Nasceu-te um filho...Seja esse homem como as cidades que o Senhor, sem ter compaixão, destruiu...Por que não me matou Deus no ventre materno?...Por que saí do ventre materno tão somente para ver trabalho e tristeza, e para que se consumam de vergonha os meus dias?"

Ouvi esse mesmo desespero na voz de um ministro que me telefonou recentemente. Ele disse: “David, entristeci profundamente o Senhor. Estou tão derrotado pelo meu fracasso, tão vazio - não sobrou nada. Parece que a vida não tem mais valor”.

Tantos servos de Deus nas escrituras expressam o mesmo sentimento. Quando Jó se encontrava na mais profunda de suas trevas, uma voz insistiu com ele: “Desista de Deus, e morra”. Elias ouviu uma voz semelhante. E esse profeta, antes tão poderoso acabou pedindo: “Senhor, leve a minha vida. Sou um derrotado, como todos os que me antecederam”.

Talvez nesse momento você se sinta como todos eles. Você foi torcido e retorcido pelo inimigo, com a cabeça presa ao tronco. E você diz “peço dia e noite, mas as orações não são respondidas. Não aguento mais isso. Eu não preciso disso em minha vida. As coisas eram mais fáceis quando eu estava no mundo, quando nem conhecia a Deus. Ele agora me deixou ao léu”.
Bem, alguns cristãos podem responder: “Essa conversa toda vai contra Deus. Ela exige repreensão severa”. Mas a verdade é que conseguimos avaliar apenas o homem exterior. Deus vê o coração. E Ele conhecia o interior de Jeremias. E optou por não repreender o profeta em desespero. Por que?
O Senhor sabia que o fogo ainda ardia nesse homem. É como se Deus dissesse: “Jeremias não vai desistir. Sim, ele perde impulso ao descarregar sua frustração; mas ainda crê na Minha palavra; ela queima em sua alma. E sairá desse incêndio com uma fé inabalável...”.
“... Sei que o Meu servo não aguenta ficar sem pregar a Minha palavra. Eu imprimi isso em sua alma, no seu coração, em sua mente. E os melhores dias de sua vida estão à frente dele. Ele continua sendo Meu servo escolhido.”

Jeremias realmente ganhou novo sopro. De repente, se encheu de vida nova. E se levantou como dizendo: “Espere aí, Satanás - você não me engana. Você não vai me tirar do ministério que Deus me deu. O Senhor me chamou, e sei que a Sua palavra é certa”.
O profeta então testifica: “Ouvi a murmuração de muitos: Há terror por todos os lados!... Todos os meus íntimos amigos que aguardam de mim que eu tropece, dizem: Bem pode ser que se deixe persuadir; então prevaleceremos contra ele, e dele nos vingaremos. Mas o Senhor está comigo como um poderoso guerreiro; por isso tropeçarão os meus perseguidores, e não prevalecerão...Cantai ao Senhor, louvai ao Senhor; pois livrou a alma do necessitado da mão dos malfeitores” (Jeremias 20: 10-11, 13).

Talvez agora você ache que o seu fogo se apagou. Está certo de que não sobrou nem fagulha. Talvez tenha sido o pecado que afastou o fogo. Você foi fisgado, e pouco a pouco o seu fogo diminuiu. Tenho ouvido histórias trágicas de homens e mulheres de Deus que foram levados à ruína pela Internet. Para a maioria dos homens, a sedução foi pornografia. Para as mulheres, foi encontrar um homem numa sala de bate-papo e começar um caso.
Lamentavelmente, boa parte do corpo de Cristo de hoje relembra um moderno vale dos ossos secos. É um deserto cheio de esqueletos de cristãos que caíram. Ministros e outros crentes consagrados se apagaram devido àquele pecado que os assedia. E agora estão cheios de vergonha, se escondendo em cavernas que eles mesmos cavaram. Tal como Jeremias, se convenceram de que “Não me lembrarei dele (do Senhor) e já não falarei no seu nome” (Jeremias 20: 9).

Não deixe que o diabo lhe derrube!


David Wilkerson
Copyright © 2002 by World Challenge, Lindale, Texas, USA.

sábado, 27 de dezembro de 2014

As flechas da Vitória para 2015

“Estando Eliseu doente da enfermidade de que morreu, Jeoás, rei de Israel, desceu a ele e, chorando sobre ele exclamou: Meu pai, meu pai! carro de Israel, e seus cavaleiros! E Eliseu lhe disse: Toma um arco e flechas. E ele tomou um arco e flechas. Então Eliseu disse ao rei de Israel: Põe a mão sobre o arco. E ele o fez. Eliseu pôs as suas mãos sobre as do rei, e disse: Abre a janela para o oriente. E ele a abriu. Então disse Eliseu: Atira. E ele atirou. Prosseguiu Eliseu: A flecha do livramento do Senhor é a flecha do livramento contra os sírios; porque ferirás os sírios em Afeque até os consumir. Disse mais: Toma as flechas. E ele as tomou. Então disse ao rei de Israel: Fere a terra. E ele a feriu três vezes, e cessou. Ao que o homem de Deus se indignou muito contra ele, e disse: Cinco ou seis vezes a deverias ter ferido; então feririas os sírios até os consumir; porém agora só três vezes ferirás os sírios.” (2Reis 13:14-19)

Jeoás, rei de Israel, necessitava urgentemente de uma intervenção Divina em relação à sua batalha com os sírios. Por isso ele foi buscar conselhos junto ao profeta Eliseu. O temido exército sírio era bem mais poderoso e numeroso que o exército de Israel.

O profeta Eliseu mandou então que o rei Jeoás apanhasse seu arco e flechas e, de posse delas, atirasse em direção ao solo. O rei obedece e dá três tiros (três tentativas) e para. O profeta fica enfurecido diante da atitude do rei e, repreendendo-o, diz que ele deveria ter atirado pelo menos cinco vezes, ou até mesmo seis vezes – o dobro de tentativas feitas pelo rei. Com isso, a vitória do rei diante dos sírios seria proporcional à persistência do mesmo em atirar as flechas.

Hoje, todos nós vivemos em um período histórico completamente diferente daquele vivido pelo rei Jeoás, mas o contexto da problemática vivida pelo monarca é mesmo para a maioria de nós. A diferença é que os exércitos dos povos inimigos foram substituídos por exércitos compostos não apenas por pessoas, mas também, por problemas, por concorrências desleais e injustas, e até mesmo por situações consideradas muitas vezes como sendo intransponíveis. E as flechas podem representar nossas decisões e ações, isto é, a nossa postura diante das circunstâncias que nos afligem.

Diante desse quadro problemático em que muitas vezes nos encontramos, ficamos perdidos, sem direção e sem sabermos o que fazer. Às vezes são nesses momentos que Deus costuma nos dar ordens “estranhas”, como por exemplo, o que atirar flechas contra o chão tinha haver com a vitória sobre o exército sírio? Além disso, o profeta não havia especificado quantas vezes o rei deveria atirar. Sendo assim, a cada tiro que o rei dava, a impressão que ficava era que Jeoás estava representando o papel de “bobo da corte”, desperdiçando suas flechas e o seu tempo (que poderia estar sendo gasto com outra coisa). Da mesma forma o nosso Deus, às vezes, nos orienta a fazer algo que não parece ter muito sentido.
E mesmo quando obedecemos, fica-nos a impressão de que toda a nossa dedicação e o nosso trabalho foram em vão.
Mas o rei Jeoás havia recebido uma ordem: “ATIRE!”. Quantas vezes? Não importava, ele apenas deveria atirar e continuar atirando. A decisão de quantos tiros de flecha deveriam ser dados não competia a ele, mas sim a Deus – através do profeta. Infelizmente o rei optou por atirar tão somente três vezes e, com isso apenas obteve uma vitória parcial.

O fracasso não acontece quando você deixa de acertar o alvo. O fracasso acontece quando você desiste de atirar.
Independentemente da situação que você esteja passando, e das incertezas que te cercam, se Deus te orientou a atirar, atire! Quantas vezes? Isso também não importa; simplesmente atire! Atire até que não haja mais flechas em sua aljava; atire até que se esgotem todos os recursos. Não esqueça que a “flecha da vitória” é do Senhor (e não sua). Sua função é atirar flechas, a função de Deus é guiá-las até o alvo.

As flechas atiradas ao chão, representam as nossas ações nesta terra (tempo presente). Quantas flechas você já atirou? Três, assim como o rei? Atire mais uma vez, depois mais outra e outra... Atirar flechas é um exercício de fé, onde você crê que no momento certo (momento esse estabelecido por Deus), uma de suas flechas, atingirá o alvo dos sonhos e projetos (Jó 19:25)!

Se os seus caminhos forem os caminhos de Deus, significa que o próprio Deus estará caminhando nele. E o nosso Deus nunca caminha em vão. Antes, Sua estrada nos conduz a um destino repleto de esperança: “Pois eu bem sei os planos que estou projetando para vós, diz o Senhor; planos de paz, e não de mal, para vos dar um futuro e uma esperança.” (Jeremias 29:11)

Voltando ao texto bíblico observamos que, antes do rei Jeoás receber ordens para atirar as flechas contra o chão, o profeta mandou que ele pegasse o arco (apenas o arco, sem as flechas), abrisse a janela para o oriente e atirasse:
“Então Eliseu disse ao rei de Israel: Põe a mão sobre o arco. E ele o fez. Eliseu pôs as suas mãos sobre as do rei, e disse: Abre a janela para o oriente. E ele a abriu. Então disse Eliseu: Atira. E ele atirou.” (2Reis 16-17)

O interessante nesse trecho é que, por estar sem as flechas e apenas com o arco em suas mãos, o rei teria que simular o uso de uma flecha... Ou seja, o rei atirou uma “flecha invisível”! Invisível como a fé: “Certeza das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se veem” (Hebreus 12:1). Do mesmo modo, Deus deseja que nós atiremos “flechas de fé”, mesmo que imediatamente não vejamos o resultado do impacto delas em nosso alvo (projeto) de vida. É essa “flecha invisível” que o texto bíblico denomina como sendo a “flecha da vitória do Senhor”. É uma flecha que trafega no invisível da nossa vida, é a ação de Deus no horizonte da nossa história (tempo kairós).

Atire até você tenha plena convicção de que Deus disse: “Chega! Pare de atirar! Desista!”. Você já O ouviu dizer isso? Eu também não ouvi. E com certeza o apóstolo Paulo também não ouviu, pois ele mesmo escreveu: “Não que já a tenha alcançado (...); mas vou prosseguindo, (...). Não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo...” (Filipenses 3:12-14)

Faça com Paulo, prossiga para o alvo que está diante de você. Se houver persistência e perseverança da sua parte, no tempo certo você fará suas as palavras do salmista que disse a plenos pulmões: “Vinde, e vede as obras de Deus; ele é tremendo nos seus feitos para com os filhos dos homens. Vinde, e ouvi, todos os que temeis a Deus, e eu contarei o que ele tem feito por mim.” (Salmo 66:5,16)


Nele, que o opera em nós tanto o querer quanto o efetuar (Filipenses 2:13).

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Natal: Celebrando a Salvação!

Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o principado está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus forte, Pai da eternidade, Príncipe da paz.' Isaias 9.6.

As cidades anoitecem com o resplandecer de suas luzes coloridas. Nos comércios o movimento de pessoas parece superar todas as ocasiões festivas do decorrer do ano. Presentes são comprados, trocados, enviados. Famílias planejam seus encontros numa das mais propagadas festas cristãs de todo o Ocidente: O Natal.

Comemorado com muita alegria o nascimento de Jesus, a festa do Natal ainda divide o mundo protestante. Há os que tratam a data com tanta importância e dedicação, que o preparo de programações alusivas à data se torna obrigatório nas igrejas e motivo para grande evangelização e confraternização. Nesse grupo estão as igrejas Históricas ou mais conhecidas como Tradicionais. Outros, porém, entendem tratar-se de uma festa oriunda do paganismo, não cristã, cuja comemoração não deve ser observada pela igreja. Se destacam nessa ideia uma minoria pentecostal e as seitas pseudo-cristãs. De antemão, quero deixar bem claro que não vou apresentar objeções contrárias aos grupos cristãos que não participam de comemorações natalinas. Respeitamos essa opção, pois entendo aqui que se trata de uma questão secundária.

Mas o que significa então o natal em meio a toda essa inquietação na esfera cristã? A palavra natal vem do latim natale, relativo ao nascimento. O mundo protestante define o natal como a celebração do nascimento de Jesus Cristo.

natal não nasceu com a exploração comercial que invade os muitos lares na semana que o antecede. O natal não nasceu também com as cores e objetos hoje adquiridos e exibidos em todo o mundo. Não nasceu em meio ás mesas fartas de guloseimas e variedades de bebidas. Não! O natal nasceu numa manjedoura, num lugar distante, numa família humilde, mas temente a Deus. Nasceu primeiro no coração de Deus para o homem e depois no coração do Deus-homem.

O primeiro grande momento de reflexão que temos oportunidade de absolver por ocasião de tão especial data é encararmos de fato a realidade do nascimento de Jesus não unicamente por Si próprio, mas para nos oferecer um novo nascimento. Nascemos de fato de novo pelo nascimento de Jesus.

Com o nascimento de Cristo Jesus nasceu também a esperança que faltava ao coração humano. Com o nascimento de Jesus nasceu também a paz que o homem tanto busca. Com o nascimento de Jesus nasceu a oportunidade de resgatar nossos sonhos e mais que tudo, nasceu a salvação de todas as raças e de todos os povos.

natal se torna então não simplesmente a celebração da vida de um menino, que cresceu e se tornou homem, mas a celebração da Salvação pelo sacrifício na cruz. Sim, o nascimento de Jesus é o nascimento da salvação única e verdadeira, que leva o homem ao Caminho, á Verdade e á Vida.

É tempo então de celebração. Não a celebração mística ou de uma espiritualidade sem vida. Mas a celebração da salvação de nossas almas. Acelebração que um dia foi entendida pelos anjos: “Glória a Deus nas alturas, Paz na terra, boa vontade para com os homens” Lc. 2.14. A celebração buscada um dia pelos magos: “Dizendo: Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? porque vimos a sua estrela no oriente, e viemos a adorá-lo. E, tendo eles ouvido o rei, partiram; e eis que a estrela, que tinham visto no oriente, ia adiante deles, até que, chegando, se deteve sobre o lugar onde estava o menino. E, vendo eles a estrela, regozijaram-se muito com grande alegria. Mt 2. 2-10.

Que nesse natal o sentido da vida possa girar em torno da figura principal, Jesus Cristo, e seu maior ato de amor pela humanidade: A morte e ressurreição que trouxe a incomparável salvaçãoAlex Belmonte 

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Jesus, o Rei!

Jesus afirmou que é Rei, mas não deste mundo. Quando Pilatos o interrogou, “És porventura rei?”, Ele respondeu: “Sim, eu sou rei!”, (Jo 18,37). Mas, “meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus súditos certamente teriam pelejado, para que eu não fosse entregue aos judeus” (Jo 18,36). O Reino de Cristo é o Reino dos Céus; que Ele veio inaugurar, e disse que “já estava no coração” dos homens. Ele quer reinar em nós, não no mundo. Ele quer o nosso coração, nada mais.
Cristo não reina na glória e no poder dos homens, mas nos corações dos “pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus”. Ele reina nos mansos, nos pacíficos, nos construtores da paz, nos puros de espírito, nos misericordiosos, nos que sabem perdoar, enxugar as lágrimas dos irmãos, dos aflitos, dos que têm sede e fome de justiça, dos que são perseguidos por causa Dele.
Ele é Rei porque venceu; não no triunfo do poder humano, mas na vitória contra o Mal e contra o pecado e morte: “Por isso Deus  o exaltou soberanamente e lhe outorgou o Nome que está acima de todos os nomes, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho no céu, na terra e nos infernos. E toda língua confesse, para a glória de Deus Pai, que Jesus Cristo é o Senhor.” (Fp 2,8-11)
Logo no início o livro do Apocalipse revela a Majestade do grande Rei: “Jesus Cristo, testemunha fiel, primogênito dentre os mortos e soberano dos reis da terra. Àquele que nos ama, que nos lavou de nossos pecados no seu sangue e que fez de nós um reino de sacerdotes para Deus e seu Pai, glória e poder pelos séculos dos séculos! Amém. Ei-lo que vem com as nuvens. Todos os olhos o verão, mesmo aqueles que o traspassaram. Por sua causa, hão de lamentar-se todas as raças da terra. Sim. Amém. Eu sou o Alfa e o Ômega, diz o Senhor Deus, Aquele que É, que era e que vem, o Dominador.” (Ap 1,5-8)
“O seu rosto se assemelhava ao sol, quando brilha com toda a força… Eu sou o Primeiro e o Último, e o que vive. Pois estive morto, e eis-me de novo vivo pelos séculos dos séculos; tenho as chaves da morte e da região dos mortos.” (Ap 1,16-18)
Ele é Aquele que “segura as sete estrelas na sua mão direita” (Ap 2,1); “que tem a espada afiada de dois gumes” (2,12); “que tem os olhos como chamas de fogo”(2,18); “Aquele que tem a chave de Davi – que abre e que ninguém pode fechar; que fecha, e ninguém pode abrir” (3,7); “o princípio da criação de Deus” (3,14). “Ele é Leão da tribo de Judá, o descendente de Davi” (5,5).
Os anjos cantam sem cessar: “Digno é o Cordeiro imolado de receber o poder, a riqueza, a sabedoria, a força, a glória, a honra e o louvor” (5,12). “E todas as criaturas do céu e da terra, debaixo da terra e no mar, e tudo que contém, clamam: “Aquele que se assenta no trono e ao Cordeiro, louvor, honra, glória e poder pelos séculos dos séculos. Amém!” (5,11-14). Por isso o povo canta com alegria: “Ao que está assentado no trono e ao Cordeiro seja o louvor, seja a honra, seja a glória, seja o domínio, pelos séculos dos séculos. Amém!”
Esse é nosso Rei e Senhor; um Rei diferente. Seu reinado é diferente; seu berço foi um cocho; sua casa foi um buraco na rocha; seu púlpito um barco, sua corte a natureza, seu veículo um jumentinho, sua glória é servir e seu trono é a Cruz. Que Rei diferente! Mas é Dele o Reino dos Céus, que “olhos humanos jamais viram, ouvidos humanos jamais ouviram e coração humano jamais sentiu, o que tem preparado para os que o amam” (1 Cor 2,9).
Mas, por ser o “Rei dos Reis”, Ele é exigente, e tem que ser mesmo. Como o seu Reino se assenta em nosso coração, Ele não aceita dividi-lo com outros reis. Ele exige a renúncia ao nosso eu que quer tomar o Seu lugar no trono do nosso coração. “Renuncie a ti mesmo, tome a cruz a cada dia e me siga” (Lc 9,23). Perca a sua vida para ganha-la. É um Rei que sabe o que quer; e sabe que nos quer dar o melhor; a alegria eterna e infinita; por isso arranca dos nossos corações os falsos reis.

Esta é a nossa grande decisão: a que rei vamos entregar o nosso coração?

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Nasce um Rei!

Em Lucas 1.26-33 o evangelista relata: “No sexto mês, foi o anjo Gabriel enviado, da parte de Deus, para uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com certo homem da casa de Davi, cujo nome era José; a virgem chamava-se Maria. E, entrando o anjo aonde ela estava, disse: Alegra-te, muito favorecida! O Senhor é contigo. Ela, porém, ao ouvir esta palavra, perturbou-se muito e pôs-se a pensar no que significaria esta saudação. Mas o anjo lhe disse: Maria, não temas; porque achaste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem chamarás pelo nome de Jesus. Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; Deus, o Senhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai; ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim”.
Cada um dos escritores dos quatro evangelhos colocou uma ênfase especial em seu livro, mesmo que todos eles proclamassem a mesma mensagem:
  • Mateus fala de Cristo, o Rei.
  • Marcos mostra Cristo, o Servo.
  • Lucas apresenta Cristo, o Homem.
  • João anuncia Cristo em Sua divindade.
Por isso, é tão interessante que justamente Lucas, o evangelista, que fala especialmente sobre Cristo, o Homem, se estenda sobre o nascimento do Rei: “ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim” (Lc 1.33).
O Evangelho do Rei, que é Mateus, menciona claramente que os magos do Oriente procuravam um rei: “Tendo Jesus nascido em Belém da Judéia, em dias do rei Herodes, eis que vieram uns magos do Oriente a Jerusalém. E perguntavam: Onde está o recém-nascido Rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente e viemos para adorá-lo” (Mt 2.1-2).
Porém a menção direta, mais literal, ao Rei cujo reinado jamais teria fim não é encontrada em Mateus, mas justamente em Lucas, tão preocupado em mostrar Jesus como Homem.
Há mais uma passagem em um dos quatro evangelhos onde nosso Senhor é chamado de Rei. Está no Evangelho de João. No contexto da entrada triunfal de nosso Senhor em Jerusalém no Domingo de Ramos, João cita Zacarias 9.9: “Não temas, filha de Sião, eis que o teu Rei aí vem, montado em um filho de jumenta”(Jo 12.15). Essa é, sem dúvida, uma clara indicação da honra real que cabe a Jesus Cristo.

Pensamos no Rei ou num bebê indefeso?

Quando você celebra o Natal e rememora o bebê na manjedoura, em quem você pensa? Certamente no Salvador, no Redentor, no Libertador. Aliás, a mensagem dos anjos aos pastores foi: “é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lc 2.11). Então, é correto nos alegrarmos pela vinda de nosso Salvador, nosso Redentor, nosso Libertador e pela vinda de nosso Rei quando festejamos o Natal! Quando Ele veio como criança ao mundo em Belém naquela época, nascia um Rei! – um Rei acerca de quem está escrito: “ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim” (Lc 1.33). Muitas vezes é justamente esse aspecto que se perde no meio de todas as festividades natalinas. Não está errado lembrar do bebê na manjedoura, não é errado adorar o Salvador, mas essa criancinha é Rei, e como Rei Ele merece ser honrado e adorado!
No anúncio dos anjos aos pastores não faltou a reivindicação de que o recém-nascido era Rei. Pelo contrário! Os anjos falaram com todas as letras: “é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lc 2.11). Além da afirmação“nasceu, na cidade de Davi, ...o Senhor”, que já alude claramente a domínio e reinado, a palavra “Cristo” igualmente indica honra de rei. O nome Cristo significa “Ungido”. Em Israel, os sacerdotes e reis eram empossados em seus cargos através de uma cerimônia solene de unção com azeite. Por isso, especialmente no início do tempo dos reis de Israel, a expressão “o ungido” era título de rei. O Senhor Jesus carrega esse título e tem direito a essa designação de cargo, o que significa que Ele é Rei e que veio ao mundo como Rei!

Mateus e o Rei

Mesmo quando lemos a história do Natal em Mateus, o Evangelho do Rei, nossos pensamentos facilmente se desviam da realidade de que Ele é soberano. Tomamos conhecimento de que os magos procuravam um rei. Mas esquecemos rapidamente a reivindicação do próprio Jesus de ser rei. Apressamo-nos a ir à estrebaria de Belém para admirar o Salvador. Mas os magos procuravam um Rei! Honraram um Rei! Eles“entrando na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se, o adoraram; e, abrindo os seus tesouros, entregaram-lhe suas ofertas: ouro, incenso e mirra” (Mt 2.11).Os pastores procuravam um bebê, seu Salvador, seu Libertador, e os magos procuravam uma criança que era rei – e ambos são parte integrante da história do Natal!
A mensagem de Lucas deveria nos tocar de uma forma totalmente nova e muito profunda. Repetindo: “ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim” (Lc 1.33). De fato, Ele veio para nós. Ele veio para nós como Salvador. Ele veio para nós como nosso grande Rei! Olhemos essa verdade um pouco mais de perto.

Jesus é realmente nosso Rei?

O texto diz explicitamente: “ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó...” (Lc 1.33). A casa de Jacó é o povo de Israel. Nós, cristãos, temos um comportamento curioso: costumamos tomar como obviamente destinadas a nós muitas coisas que são, em primeiro lugar, destinadas a Israel; a outras não! É lógico que Jesus veio como Rei – em primeiro lugar para Israel, mas Seu reinado tem um significado muito mais profundo do que ser o futuro Rei de Israel. Aliás, Sua reivindicação de ser Rei alcança até o Milênio, quando, no final, entregará o Reino a Seu Deus e Pai. Mesmo assim, Ele também é oseu e o meu Rei – muito pessoalmente. É exatamente a história do Natal que torna impossível dissociar nosso Salvador do nosso Rei.
Na mesma frase em que Lucas fala do Salvador, ele também menciona o Rei: “é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor”. Você consegue separar uma coisa da outra? “O Salvador é para mim, o Rei é para Israel”? Não, obviamente não! Isso é impossível! Ou o Salvador é também seu Rei –, ou seja, Aquele que reina sobre você – ou você não tem Salvador!
O Senhor Jesus tem o direito de reinar sobre nossa vida. Nesse sentido Ele é, de fato, nosso Rei e nosso Senhor. Ele mesmo diz: “Vós sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando” (Jo 15.14). É Ele quem manda. Você percebe que nesse versículo encontramos os dois, o Rei e o Salvador? O Salvador diz: “vocês são meus amigos”. O Rei diz: “se fazeis o que eu vos mando”. Aceitar Jesus como Salvador pessoal sempre significa submeter-se à autoridade dEle como nosso Rei. Por essa razão, em Romanos 1.5, quando menciona seu apostolado, Paulo fala acerca da obediência por fé, que gostaria de ver crescer entre todos os gentios. A fé não é apenas um recurso da graça que nos permite chegar até o Salvador; fé sempre tem relação com obediência. Em Romanos 15.18, Paulo menciona que deseja conduzir os gentios à obediência em palavras e obras. Em Romanos 16.19 ele testemunha acerca dos romanos: “...a vossa obediência é conhecida por todos...”.
Na Segunda Carta aos Coríntios, Paulo fala acerca da obediência a Cristo: “levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo” (2Co 10.5). Está claro? Você não recebeu apenas um Salvador, um Redentor e um Libertador quando Jesus nasceu em Belém, mas também passou a ter um Rei a quem você pertence de corpo e alma. Isso está bem evidente e bem nítido diante de seus olhos? Você consegue admitir Jesus como o Rei da sua vida?

As reivindicações soberanas de um rei

Este será o direito do rei que houver de reinar sobre vós: ele tomará os vossos filhos e os empregará no serviço dos seus carros e como seus cavaleiros, para que corram adiante deles; e os porá uns por capitães de mil e capitães de cinqüenta; outros para lavrarem os seus campos e ceifarem as suas messes; e outros para fabricarem suas armas de guerra e o aparelhamento de seus carros. Tomará as vossas filhas para perfumistas, cozinheiras e padeiras. Tomará o melhor das vossas lavouras, e das vossas vinhas, e dos vossos olivais e o dará aos seus servidores. As vossas sementeiras e as vossas vinhas dizimará, para dar aos seus oficiais e aos seus servidores. Também tomará os vossos servos, e as vossas servas, e os vossos melhores jovens, e os vossos jumentos e os empregará no seu trabalho. Dizimará o vosso rebanho, e vós lhe sereis por servos” (1 Sm 8.11-17).
Essas palavras de Samuel foram ditas a Israel depois que esse povo expressou seu desejo de ter um rei. Eles queriam um rei terreno, um soberano normal que reinasse em Israel. Esses versículos descrevem os direitos do rei de impor seu domínio e fazer suas exigências ao povo. Por exemplo: “tomará vossos filhos... tomará as vossas filhas... tomará o melhor das vossas lavouras, e das vossas vinhas, e dos vossos olivais... tomará as vossas sementeiras e as vossas vinhas... tomará os vossos servos e as vossas servas, e os vossos melhores jovens, e os vossos jumentos... dizimará o vosso rebanho, e vós lhe sereis por servos”. Exigências duras e difíceis! Samuel havia alertado Israel seriamente: “Se vocês querem um rei, pensem bem. Não será fácil. Um rei terá o direito de exigir de vocês tudo o que quiser e tudo o que desejar. E vocês não poderão negar nada. Serão dele de corpo e alma!”.
Essas exigências ao povo eram o direito de um rei de Israel – ele tinha legitimidade para tomar, pedir e usar o que lhe aprazia. Isso, porém, não deve nos deixar com uma falsa sensação de despreocupação, como se não nos dissesse respeito. Não devemos pensar: “Ainda bem que as exigências de Jesus como Rei não são tão duras assim! Não preciso me preocupar com isso!”. Se pensamos dessa forma, estaremos no caminho do erro. Mesmo que Jesus não obrigue ninguém a segui-lO, Suas reivindicações são tão absolutas como aquelas dos reis de Israel. Isso significa que nós, quando tomamos posse de Sua obra de salvação, temos pairando sobre nossa vida Sua exigência: “Eu tomo...”. Ele, como Rei, toma para si o que quiser. E Ele quer nos possuir por completo. Ele quer todo o nosso coração, toda a nossa dedicação, todo o nosso amor, toda a nossa fidelidade. Ele exige fé absoluta, confiança plena e lealdade total. Ele quer o melhor do nosso tempo, Ele espera nosso fervor e nosso zelo, Ele espera uma consagração integral. Ele deseja empenho abnegado, trabalho diligente e, além de tudo isso, Ele quer ser o Senhor e dono dos nossos bens materiais. Ele é o Soberano!

Uma pergunta pessoal

Você quer dar tudo isso ao seu Rei? Você quer servi-lO dessa forma? Você entrega tudo a Ele de boa vontade, declarando-Lhe: “Reine e domine sobre mim! Sou todo seu, de corpo e alma!”? Talvez você esteja precisando de um profundo avivamento em seu relacionamento com seu Rei. O povo de Israel teve de ouvir o profeta Oséias dizendo por três vezes (porque tinham aniquilado as reivindicações do Senhor Deus, seu Rei):“semeai para vós outros em justiça, ceifai segundo a minha misericórdia; arai o campo de pousio; porque é tempo de buscar ao Senhor, até que ele venha, e chova a justiça sobre vós” (Os 10.12). Isso está fazendo falta na sua vida? Você anela por chuva de justiça? Pela presença do Senhor?
Você percebeu uma falta de submissão ao seu Rei? Você notou que não pertence a Ele com todo o seu ser? Se a resposta é “sim”, então você precisa de um avivamento pessoal e de um profundo despertamento em seu coração. Na prática, o que é isso? Eclesiastes 3.3 diz que há um “tempo de derrubar e tempo de edificar”. Quando Deus concede um avivamento, quando Ele faz algo novo, a seqüência é esta: primeiro derrubar, depois edificar. Antes de qualquer renovação interior, muitas coisas precisam ser quebradas e derrubadas. Só depois da demolição pode ter início a reconstrução. E o que precisa ser derrubado? Aquilo que toma do Rei o Seu direito de propriedade! Acerca do rei Asa, que vivenciou um despertamento, lemos: “(Asa) aboliu os altares dos deuses estranhos e o culto nos altos, quebrou as colunas e cortou os postes-ídolos. Ordenou a Judá que buscasse ao Senhor, Deus de seus pais, e que observasse a lei e o mandamento. Também aboliu de todas as cidades de Judá o culto nos altos e os altares do incenso...” (2 Cr 14.2-5). Tudo de mau e pecaminoso que se acumulara no reino de Judá durante muitos anos foi derrubado por Asa. Tudo aquilo que fora trazido como entulho para dentro de seu reino ele mandou tirar, quebrar e destruir. Antes da faxina o avivamento era impossível.

Só orar não basta

Muitas vezes oramos por avivamento, mas não faz sentido orar e clamar se cada um de nós, pessoalmente, não estiver disposto a destruir e derrubar coisas erradas em sua vida. Antes que a cidade de Jericó fosse conquistada, Josué disse aos israelitas: “Tão-somente guardai-vos das coisas condenadas, para que, tendo-as vós condenado, não as tomeis; e assim torneis maldito o arraial de Israel e o confundais” (Js 6.18). Apesar da proibição, um homem chamado Acã tomou das coisas condenadas e as escondeu num buraco na sua tenda. A conseqüência foi aquela que Josué anunciara: grande desgraça se abateu sobre Israel. O povo todo foi derrotado diante da cidade de Ai. Então Josué lançou-se ao chão e começou a orar, talvez como nunca orara em toda a sua vida:“Então, Josué rasgou as suas vestes e se prostrou em terra sobre o rosto perante a arca do Senhor até à tarde, ele e os anciãos de Israel; e deitaram pó sobre a cabeça. Disse Josué: Ah! Senhor Deus, por que fizeste este povo passar o Jordão, para nos entregares nas mãos dos amorreus, para nos fazeres perecer? Tomara nos contentáramos com ficarmos dalém do Jordão. Ah! Senhor, que direi? Pois Israel virou as costas diante dos seus inimigos! Ouvindo isto os cananeus e todos os moradores da terra nos cercarão e desarraigarão o nosso nome da terra; e, então, que farás ao teu grande nome?” (Js 7.6-9). Uma oração tocante! E o Senhor respondeu a esse clamor: “Então, disse o Senhor a Josué: Levanta-te! Por que estás prostrado assim sobre o rosto? Israel pecou, e violaram a minha aliança, aquilo que eu lhes ordenara, pois tomaram das coisas condenadas, e furtaram, e dissimularam, e até debaixo da sua bagagem o puseram. Pelo que os filhos de Israel não puderam resistir aos seus inimigos; viraram as costas diante deles, porquanto Israel se fizera condenado; já não serei convosco, se não eliminares do vosso meio a coisa roubada” (Js 7.10-12).
Que palavras sérias! Que palavras claras! O Senhor disse: “Não adianta, Josué! Não resolve você orar assim. Não adianta prostrar-se diante da minha face. Pare com isso! Esteja pronto a fazer o que precisa ser feito. Ou você toma a atitude que precisa ser tomada, ou não estarei mais com vocês”. Israel não encontraria a paz nem teria mais vitórias se não estivesse disposto a derrubar a fortaleza do mal que levantara em seu meio. Nessas circunstâncias não faria sentido o povo orar noite e dia. O que era imprescindível, o que era absolutamente necessário, era uma atitude forte e firme diante do mal.
Isso nos lembra das palavras chocantes de Jeremias 15.1: “Ainda que Moisés e Samuel se pusessem diante de mim, meu coração não se inclinaria para este povo; lança-os de diante de mim; e saiam”. Ou Ezequiel 14.14, onde o Senhor diz: “Ainda que estivessem no meio dela estes três homens, Noé, Daniel e Jó, eles, pela sua justiça, salvariam apenas a sua própria vida, diz o Senhor Deus”. Por que Deus usou de palavras tão duras? Porque Israel, naquele momento, queria receber coisas novas, mas não estava pronto a quebrar e destruir o que estava errado em seu meio.
O mesmo se dá com um avivamento pessoal, quando buscamos um novo despertar em nossa vida espiritual. Ele somente se tornará realidade quando cada um de nós estiver disposto a dar os passos que Deus ordena como pré-requisitos para um despertamento. As condições prévias precisam ser atendidas. O Novo Testamento nos conclama a isso. Por exemplo, Efésios 4.25 diz: “Por isso, deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo, porque somos membros uns dos outros”. Outro exemplo de derrubar e destruir: “Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno e a avareza, que é idolatria” (Cl 3.5). Ou ainda: “Portanto, despojando-vos de toda impureza e acúmulo de maldade, acolhei, com mansidão, a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar a vossa alma” (Tg 1.21).
Muitos dizem que um cristão não pode mais cometer pecados graves. Mas se fosse assim, por que a Escritura fala disso? Por que ela nos alerta a despojar-nos de toda impureza e acúmulo de maldade? Em Efésios 4.25 Paulo fala dos “membros”, portanto, ele está falando de cristãos renascidos. Fato é que cristãos renascidos podem cometer qualquer pecado a qualquer momento. E por ser assim, e porque o pecado continua não-confessado, Cristo deixou de ser Rei na vida de muitos deles. Jesus não pode fazer valer Suas reivindicações soberanas na vida desse crente. Portanto, uma das condições básicas para experimentar uma renovação radical é começar a derrubar, tirar e limpar!

A presença de Deus revela a sujeira

Deveríamos nos expor por completo à luz do Todo-Poderoso. E essa exposição poderá causar um grande susto. Ao nos colocar diante de Deus, talvez nos surpreendamos com comportamentos e atitudes que nos pareciam bem normais e, agora, à luz do Senhor, nos causam profunda vergonha. Percebemos coisas que vínhamos tolerando sem perceber, coisas que havíamos esquecido. A luz divina expõe e revela a sujeira.
Você já passou pela experiência de ficar pasmo quando, na presença de Deus, percebeu seus pecados, suas falhas e sua profunda perdição? Essa é uma típica experiência cristã. E feliz do Filho de Deus que passa por ela de tempos em tempos!
Pensemos em Davi, um homem segundo o coração de Deus, que lamenta miseravelmente no Salmo 38.3-4,18: “Não há parte sã na minha carne, por causa da tua indignação; não há saúde nos meus ossos, por causa do meu pecado. Pois já se elevam acima de minha cabeça as minhas iniqüidades; como fardos pesados excedem as minhas forças. Confesso a minha iniqüidade; suporto tristeza por causa do meu pecado”.Na Bíblia de Scofield, esse salmo recebe o título “Arrependimento pelo pecado“. Pense em Jeremias, que só conseguia clamar diante da cidade de Jerusalém completamente destruída: “O jugo das minhas transgressões está atado pela sua mão; elas estão entretecidas, subiram sobre o meu pescoço, e ele abateu a minha força...” (Lm 1.14).
Tanto Davi como Jeremias não falavam dos pecados dos outros – muito menos referiam-se aos pecados de ímpios pagãos. Falavam dos seus próprios pecados e lamentavam por si mesmos, por sua própria maldade. Felizes os cristãos que passam por isso de vez em quando! Bem-aventurado aquele que quase sucumbe debaixo do peso dos seus pecados quando se apercebe de todo o mal que mora dentro dele! Mas para tanto temos de nos expor sem reservas à luz do Todo-Poderoso. Só assim veremos e reconheceremos nossos erros. E só assim começaremos a derrubar e destruir. E então um legítimo avivamento poderá ter início na nossa vida. Então poderemos nos alegrar no nosso Salvador e Rei Jesus! (Marcel Malgo - chamada.com.br)

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Os Sete Banhos de Naamã


O número sete na Bíblia traz o simbolismo de completo ou inteiro. Quando Eliseu mandou Naamã se banhar sete vezes certamente a mensagem seria que precisava de uma lavagem por inteiro. Ele desejava curar-se da lepra em seu corpo, mas Deus queria restaurar sua vida inteiramente.

O General Naamã andava com vestes finas. Provavelmente estaria fardado visto que levava cartas do rei e deveria se apresentar oficialmente (II Reis 5.6). O que ninguém sabia era que embaixo daquela suntuosidade toda havia o mau cheiro das feridas da lepra.

A princípio, o general Naamã não entendeu o propósito de Deus e depois quando aceitou obedecer, entregou-se por inteiro dispondo-se a servir ao Senhor. A cada mergulho na água, sua mente refletia e sua vida era lavada por Deus.

Você gostaria de ser lavado por Deus?
Vamos comparar os sete banhos que Naamã teve que passar, com um processo de mudança em sua vida, em sete etapas:


1º Banho - 
RENÚNCIA: “Homem... de muito conceito... porém leproso” 

A vida de Naamã era muito ocupada, cheio de cerimônias e compromissos sociais. Todos o respeitavam por onde quer que fosse. Era reconhecido por suas vitórias. Mas no fundo, debaixo daquele luxo todo havia feridas dolorosas.
Para entrar na água, Naamã teve que assumir sua condição de miséria e enfermidade. Abriu mão de sua pose para expor suas necessidades.

Muitas pessoas estão como Naamã, demonstrando estar bem exteriormente, mas cheios de feridas por dentro. Para ser curado é preciso primeiro renunciar a aparência externa e mostrar sua verdadeira condição. Como um paciente que não tem vergonha de mostrar suas feridas para o médico para ser tratado.

Você está disposto a fazer renuncias para ser curado?
Mostre suas feridas para o Médico Jesus e Ele te curará!


2º Banho - 
FÉ: “Assim e assim falou a jovem que é da terra de Israel” 

Havia uma menina na casa de Naamã que, sabendo de sua necessidade, contou sobre as curas realizadas pelo profeta Eliseu. Naamã acreditou no testemunho da jovem escrava. Impressionante a disposição de um homem importante em acreditar no assunto de uma pessoa inferior.
Provavelmente já teria procurado os melhores recursos da medicina e nada havia surtido efeito. Como não teria nada a perder, resolveu dar crédito a que ouviu. Contou tudo para seu rei, não escondeu sua fé. O trabalho que teve em sair de sua terra em busca da cura foi um ato de fé na palavra que ouviu.

A palavra de Deus garante que “A fé vem pelo ouvir” (Romanos 10.17). Por isso devemos dar crédito às palavras de esperança que ouvimos. Não podemos julgar de onde vem, mas receber como Palavra de Deus. Existem pessoas que estão precisando de um milagre, mas não acreditam quando ouvem que Deus curou alguém. Ou não estão dispostas como Naamã, em assumir publicamente sua fé.

Você está disposto a assumir sua fé?
Se ouvir uma palavra de bênção, receba como Palavra de Deus para sua vida!


3º Banho - 
DEDICAÇÃO: “Levou consigo dez talentos de prata, seis mil siclos de ouro e dez vestes festivais”

Ao sair de sua terra, não quis ir de mãos vazias. Já tinha gasto muito tentando alcançar uma cura, mas estava disposto a dar tudo para ser restaurado.
Naamã não queria apenas receber, mas estava disposto a doar o que tivesse como atitude de gratidão. Preparou uma oferta especial de gratidão a Deus pelo milagre que receberia. Se os médicos pudessem receber pagamento sem sucesso, muito mais poderiam ofertar ao Senhor.

Jesus ordenou aos discípulos ministrar cura e libertação com a condição “De graça recebestes, de graça dai” (Mateus 10.8). Mesmo assim, nada impede que façamos ofertas voluntárias ao Senhor em gratidão pelas bênçãos recebidas (II Coríntios 9.7). Não podemos ser ingratos como algumas pessoas que só querem receber e não estão dispostas a dedicar o seu melhor ao Senhor.

Você estaria disposto a dedicar o seu melhor?
Seja grato ao Senhor pelas bênçãos que receber!


4º Banho - 
OBEDIÊNCIA: “Vai, lava-te sete vezes no Jordão e a tua carne será restaurada e ficarás limpo” 

Enquanto Naamã não se banhou as sete vezes que foi requerido, não recebeu a cura completa. Ele contava: um, dois, três ... e olhando para sua pele. Quatro, cinco, seis... e vendo as feridas no corpo. Mas quando se levantou do sétimo banho, sua pele foi totalmente restaurada.
Não adiantaria fazer uma parte do que foi pedido. Precisava cumprir totalmente a ordem para receber o milagre completo. Ele tomou um banho de obediência.

Naamã estava acostumado a dar ordens para seus subordinados. Como general, não recebia muitas ordens a não ser de seu rei. Ele sabia que ao obedecer estaria reconhecendo o profeta como seu superior. Com este ato precisou aprender a obedecer. Sua obediência seria indispensável para receber o milagre que desejava.
Para receber a bênção do Senhor, precisamos aprender a obedecer. Obediência não é fazer o que quer e sim o que lhe é ordenado sem questionar. Também não pode ser parcial, precisa ser completa.

Você está disposto a tomar um banho de obediência?
Obedeça à vontade de Deus completamente e sem questionar!


5º Banho - 
HUMILDADE: “Pensava eu que ele sairia a ter comigo... não são porventura... rios de Damasco melhores que todas as águas de Israel?” 

Imagine um homem muito rico, despindo sua capa e chapéu, retirando distintivos e joias. Diante de várias pessoas inferiores, desceu às águas e ficou todo molhado. Talvez nem tivesse coragem de encarar as pessoas que o observavam. Foi assim que tomou um banho de humildade.

Naamã aprendeu que de nada adiantava todo aquele aparato. Nada resolvia sua maior necessidade. Precisou reconhecer sua carência para se igualar com as outras pessoas que eram inferiores a ele.
Várias situações da vida servem para nos ensinar a sermos mais humildes. Problemas e dificuldades, bem como relacionamentos difíceis, podem ser ferramentas úteis para quebrar o orgulho. Humildade tem a ver com aceitar humilhação. Onde há arrogância não há espaço para receber o milagre de Deus.

Você está disposto a tomar um banho de humildade?
Deixe Deus lavar todo orgulho de vida!


6º Banho - 
COMPROMISSO: “Reconheço que em toda terra não há Deus, senão em Israel ... Peço-te uma carga de terra de dois mulos; porque nunca mais oferecerá este teu servo holocausto nem sacrifício ao outros deuses” 

Naamã assumiu publicamente sua fé no Deus de Israel. Pediu uma carga de terra para ter simbolicamente um lugar da terra santa para buscar ao Senhor. Além disso, prometeu abandonar os outros deuses de sua nação.
Para um general seria muito grave deixar de servir aos deuses de seu rei para aderir a uma nova fé. Mas diante do milagre que recebeu, nada seria difícil. Em gratidão por sua cura, resolveu dedicar sua vida ao Senhor. Também quis ofertar presentes ao profeta, mas Eliseu não quis aceitar.

O que não falta hoje são pessoas querendo receber bênçãos. Raramente há pessoas dispostas a assumir compromisso. Estão tão acostumadas a usar descartáveis e a consumir serviços, que isso se assimila em sua espiritualidade. O compromisso com Deus deve ser o resultado de uma experiência milagrosa. Se Jesus doou sua vida para nós, o melhor que temos a lhe oferecer é entregar nossas vidas a Ele.

Você já fez um compromisso com Deus!
Comprometa-se com o Senhor e sirva-o de coração!


7º Banho – 
PERDÃO e PAZ: “Perdoe o Senhor ao teu servo. Eliseu lhe disse: Vai em paz!” 

Quando Naamã ia embora, se lembrou de algo que o preocupou. Sempre que acompanhava seu rei para o templo do seu deus teria que se abaixar para ajudar o rei levantar. Não queria deixar mal entendido de que estaria com isso adorando ao ídolo.
Um detalhe pequeno para uma pessoa tão acostumada a rituais e cerimônias. Mas agora sabia que não poderia servir a dois senhores (Mateus 6.24). O general que se indignou com o detalhe de se banhar sete vezes no rio Jordão agora é um homem submisso e interessado em servir a Deus até nas mínimas coisas.

A resposta do profeta Eliseu foi “Vai em paz!”. E foi isso que aconteceu com Naamã. Sua alma foi cheia de paz. O homem ferido e sofredor volta para sua casa com olhos brilhantes de alegria. Não sentia mais as feridas no corpo. Seria aceito pelas pessoas. Poderia abraçar seus familiares. E principalmente serviria a um Deus verdadeiro.
A Palavra de Deus promete que “O que confessa e deixa seus pecados, alcança misericórdia” (Provérbios 28.13). Pecado precisa ser confessado. Quem esconde algo não fica em paz e sim confuso. Uma pequena contradição faz muita diferença. Por isso é preciso sempre pedir perdão mesmo que seja algo simples.

Você tem facilidade de pedir perdão?
Peça perdão e receba a paz que precisa!
Deixe Deus lavar sua vida!

“Então desceu e mergulhou no Jordão sete vezes, consoante a palavra do homem de Deus e a sua carne se tornou como a carne de uma criança e ficou limpo” 

Não somente a pele de Naamã ficou limpa, sua alma também foi lavada. Ele se tornou um novo homem. Cada um dos sete banhos foram necessários para purificar a vida de Naamã de dentro para fora. Enquanto se banhava, meditava. Este processo foi a forma que Deus quis usar para curar Naamã.
Deus poderia ter curado imediatamente, porém preferiu fazer aos poucos para que sua vida fosse purificada. O mesmo acontece conosco quando Deus quer realizar um milagre e não estamos preparados. Por isso não devemos ser relutantes em obedecer.

Você já foi lavado por Deus?
Deixe o Senhor purificar totalmente seu viver!

sábado, 13 de dezembro de 2014

Os perigos do fanatismo religioso

O rio Ganges é sagrado para os indianos: ali os hindus lançam as cinzas de corpos cremados; enquanto os pobres, por não possuírem dinheiro para a lenha, lançam corpos inteiros que se desfazem nas águas. Impressionante é ver que os hindus chegam a banhar-se no Ganges e ainda bebem a água por acreditarem que ela é santificada. Um casal de missionários ficou estarrecido ao ver um jovem casal indiano lançar o seu bebê (vivo!) no Ganges. Imediatamente os missionários aproximaram-se e perguntaram se fizeram aquilo por que a criança não era seu filho ou por que não tinham condições de sustentá-la. Como responderam que era seu filho e que poderiam sustentá-la, os missionários quiseram saber o verdadeiro motivo que os levou a lançarem seu bebê no rio. A resposta foi que um dos seus deuses havia exigido tal sacrifício. Em 1978 Jim Jones, líder do movimento Templo do Povo, levou 914 pessoas ao suicídio coletivo, ordenando que bebessem ponche misturado com cianeto em sua comunidade localizada em Jonestown, na Guiana. Em 29/03/2000, a revista IstoÉ publicou a seguinte nota: "eles acreditavam que a Virgem Maria iria levá-los ao céu - e entraram na arca do inferno. A arca era um templo com janelas fechadas e portas vedadas que explodiu, carbonizando mais de 500 pessoas. Todos pertenciam ao Movimento pela Restauração dos Dez Mandamentos, de Uganda, e este foi o segundo maior suicídio coletivo desde o ocorrido na Guiana, sob a liderança do "pastor" Jim Jones”; há cerca de vinte anos, o poeta Salman Rushdie foi condenado à morte pelo aiatolá Komeini, líder da ditadura islâmica do Irã por escrever o livro Versos Satânicos, considerado uma ofensa aos muçulmanos, enquanto que a luta armada entre protestantes e católicos também se estende por décadas na Irlanda, num caso típico de intolerância religiosa. Estas situações incríveis descritas acima, entre tantas outras que poderíamos citar, formam um painel dramático, tingido de sangue, que retrata as conseqüências de um dos aspectos mais tristes das religiões, que nem mesmo a modernidade conseguiu extinguir: a intolerância, reflexo de algo ainda mais terrível - o fanatismo!

Características.
O Novo Dicionário Básico da Língua Portuguesa define o fanático como alguém "que se considera inspirado por uma divindade, pelo espírito divino", ou ainda, mais alarmante, alguém "que adere cegamente a uma doutrina, a um partido". O fanático, religioso ou não, alimenta um zelo cego, faccioso, exaltado, beirando as raias da violência, devido a sua intolerância diante de outras expressões de fé e opinião! Voltaire, um dos maiores expoentes do Iluminismo francês do século dezoito, cujo verdadeiro nome era Francisco Maria Arouet, foi inimigo de todo fanatismo. Testemunha da perseguição aos protestantes durante os últimos anos do reinado de Luís XIV, e convencido de que tal perseguição era injustificável, declarou: "O homem que diz - Creia como eu, senão Deus o excomungará, dentro em breve estará dizendo - Creia como eu, senão eu o assassinarei. Não é exagero, portanto, afirmarmos que a fé cega e desorientada não agrada a Deus, antes entristece e denigre o seu Espírito Santo. O apologista Natanael Rinaldi, presidente do ICP – Instituto Cristão de Pesquisas, descreve o fanático como alguém agressivo, preconceituoso, mentalmente limitado, totalmente crédulo quanto ao seu próprio sistema de fé e igualmente incrédulo quanto aos sistemas contrários, de valores subjetivos e individualistas. Mas alerta que o fanatismo pode tornar-se ainda mais perigoso "quando se torna uma atitude de multidão, ou quando é empregado na defesa de alguma suposta causa santa" (Revista Defesa da Fé, nº 25 - 08/2000). Será que o Brasil é um país de fanáticos? Qual será a resposta a essa pergunta, se considerarmos as expressões populares, religiosas ou não, que recentemente acontecem por toda a nação e são amplamente divulgadas pelos meios de comunicação? Os cristãos gostam de criticar os fanáticos por esporte, e é verdade que alguns chegam à irracionalidade, matando por devoção aos seus times e clubes, mas... será que a pregação pura e simples da Teologia da Prosperidade e a ênfase exagerada dada ao dinheiro em algumas igrejas evangélicas também não é fanatismo? 

Conhecimento.
É entristecedor o fato de que muitos crentes se dirigem às igrejas não mais para estudar a Bíblia, mas vão ansiosos para ouvir algum tipo de "revelação" ou alguma profecia. Não podemos nos esquecer que os líderes das seitas fanáticas também dizem receber revelações diretas de Deus! Concluímos então que uma das razões que facilitam o sugestionamento dos cristãos é a falta de conhecimento da Palavra de Deus. Entendamos que o zelo é positivo e necessário, afinal, devemos, sim, defender nossa fé! Mas zelo sem entendimento torna-se fanatismo. Certa ocasião, mais de 40 judeus fizeram um juramento, sob pena de maldição, que não comeriam nem beberiam enquanto não matassem o apóstolo Paulo (At 23:18). Na verdade, a matança ou a manipulação de inocentes se dá por que estes são convencidos por ensinos que, na maioria das vezes, não têm ou extrapolam o respaldo bíblico. Muitas tragédias desnecessárias seriam evitadas se a Igreja de Cristo buscasse mais conhecimento das verdadeiras revelações de Deus, registradas há milhares de anos na sua Palavra. O Senhor Jesus repreendeu alguns saduceus tendenciosos que tentavam distorcer doutrinas, dizendo-lhes: "Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus" (Mt 22:29). O apóstolo Pedro admoesta convenientemente seus leitores: "Vós, pois, amados, prevenidos como estais de antemão, acautelai-vos; não suceda que, arrastados pelo erro desses insubordinados, descaiais da vossa própria firmeza; antes, crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo" (2 Pe 3:17s). O preparo dos crentes é estimulado e orientado pelo mesmo apóstolo: "santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós, fazendo-o, todavia, com mansidão e temor, com boa consciência" (1 Pe 3:15). Não nos esqueçamos do exemplo do reformador Martinho Lutero, que conseguiu derrubar mil anos de confissões da igreja romana porque eram baseadas na tradição humana e não nas Sagradas Escrituras. Diante dos tribunais que tentavam condená-lo, ele orou: "Não vou usar de mais argumentos e a menos que seja convencido pela Bíblia; não aceito a autoridade papal, nem os concílios de tradição católicos. Todos eles se contradizem. Minha consciência está cativa à Palavra de Deus. Tudo que posso fazer é não negar os meus livros, pois não posso ir de encontro a minha consciência. Ajuda-me, Senhor Deus! Amém". 

Oremos, para que Deus levante em nosso país uma igreja forte, um verdadeiro exército que lute contra todas as forças de opressão, sejam elas demoníacas ou humanas. Podemos contribuir para isso, preparando-nos melhor, equilibrando nosso conhecimento da graça, do poder e da palavra de Deus. Fora com a ignorância e o fanatismo!