segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Existe Uma Conspiração Mundial?

O chamado à sobriedade

Quando a Bíblia fala dos acontecimentos dos últimos tempos encontramos sempre o chamado à sobriedade e à cautela. Por exemplo, em 1 Tessalonicenses 5.6: “Não durmamos, pois, como os demais, mas vigiemos, e sejamos sóbrios!” (ACF). Em 1 Pedro 1.13 está escrito: “Portanto, cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios, e esperai inteiramente na graça que se vos ofereceu na revelação de Jesus Cristo!” (ACF). Justamente os acontecimentos dos últimos tempos podem gerar uma grande insensatez entre os crentes, até mesmo por meio de um falso anseio sensacionalista piedoso e da constante ocupação com o mal.
O perigo de esperar pelo fim dos tempos sem a devida sobriedade havia vitimado a igreja em Tessalônica, ainda que de outra forma. Por isto Paulo escreve em 2 Tessalonicenses 2.2: “…que não vos movais facilmente do vosso entendimento, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como de nós, como se o dia de Cristo estivesse já perto.Thomas Smith traduz esta passagem da seguinte forma:[1] “Não permitam que sua impressão pessoal lhes tire o equilíbrio e a sensatez e os impeça de avaliar este importante assunto com base na verdade”. Precisamos agir desta forma em relação a todas as teorias conspiratórias que já causaram tanto pânico e inquietação não bíblica.
Devemos ser sóbrios e não permitir que nos tirem o equilíbrio e a sensatez. Mas como surgem as teorias conspiratórias? Este tipo de teoria tem um núcleo de verdade. Em seguida fatos isolados são arrancados de seu real contexto e combinados entre si mediante especulações impossíveis de serem provadas – e muitas vezes habilmente misturadas a meias verdades ou distorções da verdade. Forma-se uma construção que não pode ser comprovada nem refutada. Mais precisamente, trata-se de uma construção de fé.
É verdade que um terço dos signatários da Declaração de Independência dos EUA, era maçons. Mas ninguém diz que estes maçons eram minoria entre aqueles que assinaram a declaração.
Foi, por exemplo, o caso dos signatários da Declaração de Independência dos EUA. É verdade que um terço deles, mais precisamente 13 de 39 pessoas, era maçons.[2] Mas ninguém diz que estes maçons eram minoria entre aqueles que assinaram a declaração. Também é verdade que uma série de presidentes americanos foram maçons. Este núcleo de verdade é combinado então com a afirmação totalmente impossível de ser provada de que os maçons controlam os EUA desde sempre e há muito tempo também a política mundial. Devemos ser sóbrios diante destas coisas e não nos deixar arrastar por qualquer tipo de especulação.
Uma segunda característica de muitas teorias conspiratórias é a citação de fontes secundárias. Não é feita uma pesquisa sobre o que a OMS realmente decidiu em relação à gripe A e as etapas da epidemia, mas há referências a outros especialistas e fontes escritas que afirmam uma ou outra coisa. Isto por si só é suficiente para questionar a veracidade dos fatos conforme são apresentados.[3]
Eu disse há pouco que as teorias conspiratórias são, no fim das contas, uma construção de fé fechada em si mesma. Isto fica claro na forma como lidam com críticas de bom senso. Quem questiona as teorias conspiratórias é visto como ingênuo e inexperiente por aquele que acredita nelas. Ou é considerada simplesmente uma pessoa manipulada, sem que tenha percebido isto. Possivelmente esta pessoa atrairá para si a suspeita de ser ela mesma parte da conspiração. Desta forma, elimina-se a base para qualquer tipo de discussão sensata. Se alguma parte da teoria conspiratória se mostrar como falsa, supostamente isto é parte do disfarce e do jogo de confusão promovido pelos conspiradores. Mas a Bíblia nos chama à sobriedade!
Ao olhar com atenção, a maioria dos fatos misteriosos das conspirações acaba tendo uma explicação simples e racional. Por exemplo: os especialistas em conspirações afirmam que os atentados do 11 de Setembro não foram promovidos pelo Islã, mas pelos EUA, pela maçonaria mundial e pelo serviço secreto de Israel. Por isto o Pentágono não foi atacado por um avião, mas por um míssil de cruzeiro. Como prova alega-se que os EUA não liberaram as gravações das câmeras do circuito interno dos serviços secretos. Aparentemente há algo a ser escondido.
Basta ler um pouco a respeito dos serviços secretos americanos para saber que a ocultação de material relativo à segurança nacional é algo totalmente normal nos EUA. Os americanos reagem de forma histérica quando se trata da segurança nacional. Isto já foi assim no passado. Por causa disto, outros incidentes militares deram origem a especulações sobre a derrubada de alienígenas, como, por exemplo, o caso Roswell, em 1947. Apesar de, em 1997, o país ter publicado documentos sobre este incidente que deixavam claro que se tratava da queda de um balão de medição militar secreto, os conspiradores afirmam até hoje que uma nave alienígena tinha sido abatida. De volta ao 11 de Setembro, o simples argumento de que os EUA não liberam as gravações do atentado devido ao seu princípio de segurança nacional é considerado insuficiente. E, por isto, afirma-se que os americanos teriam algo a esconder.
Outra observação a respeito da sobriedade: a origem de grande parte das teorias conspiratórias pode ser associada a quatro fontes principais:
  1. Fontes socialistas de ideologia esquerdista;
  2. Fontes nacional-socialistas da direita radical;
  3. Fontes esotéricas;
  4. Fontes islâmicas;
O exemplo do 11 de Setembro mostra com clareza como estas quatro fontes diferentes acreditam firmemente em uma conspiração. Especialmente o limite entre a direita radical e o esoterismo é volátil. O nacional-socialismo era totalmente permeado por conceitos esotéricos. Esta afirmação não se baseia apenas nos meus próprios estudos sobre o assunto. Há cerca de vinte anos, ao tratar do movimento new age, Dave Hunt já havia estabelecido uma relação entre a ideologia marrom e o esoterismo.
São, em parte, os mesmos especialistas que falam de experiências com OVNIs e também dos aparentes bastidores da conspiração mundial.
Além das teorias conspiratórias esotéricas, o limite entre os ufólogos e os teóricos das conspirações também é volátil. São, em parte, os mesmos especialistas que falam de experiências de tirar o fôlego com OVNIs e também dos aparentes bastidores da conspiração mundial.
Falei antes das quatro fontes principais das teorias conspiratórias. Uma quinta fonte, citada com menos freqüência, são as revelações de católicos conservadores, que relatam uma suposta infiltração da maçonaria na Igreja Católica no contexto da conspiração mundial. Neste ponto quero chamar atenção para o fato de que um ou outro jesuíta alertou para uma suposta conspiração mundial de maçons e judeus. Estas fontes ultracatólicas também são levianamente aproveitadas por cristãos adeptos de teorias conspiratórias, que as usam ao invés de questionar profundamente que tipo de objetivo estaria sendo perseguido por meio delas. Será que forças, que no passado não hesitavam em usar qualquer tipo de intriga política ou inquisição para conseguir poder e domínio para si mesmas, hoje realmente teriam interesse em revelar quem são os verdadeiros conspiradores do mundo? Ou será que estão jogando bombas de fumaça para desviar a atenção das suas próprias ambições de poder?
Mais uma observação sobre as teorias conspiratórias e a sobriedade recomendada: nestes quatro sentidos há, normalmente, dois culpados principais nas conspirações mundiais:
  1. Por um lado, os EUA são a causa de todo o mal, ou, nas palavras do Islã, Satanás.
  2. O mau judaísmo mundial ou o Estado de Israel, que conduzem os EUA e a maçonaria.
É neste ponto que os crentes devem escutar o som de alarmes e isso com todo o cuidado.
Quero fazer quatro breves comentários sobre a transformação dos EUA em alvo principal das teorias conspiratórias. Se o reino anticristão deve surgir das cinzas do Império Romano mundial, como crêem muitos intérpretes da Bíblia, os EUA não desempenharão papel decisivo no final. Esta possibilidade já foi indicada por Dave Hunt há cerca de vinte anos, no livro “Global Peace and the Rise of Antichrist” (A Paz Global e o Surgimento do Anticristo”, em tradução livre).
Em segundo lugar, quero mencionar que renomados observadores da situação mundial, como por exemplo Peter Scholl-Latoure, identificam que os EUA passaram pelo ápice do seu poder há algum tempo e agora se encontram num caminho de decadência. Até agora, os EUA só conseguiram passar pela crise mundial com ajuda da China, já que esta dispõe de longe das maiores reservas de moeda em todo mundo (2.650 bilhões de dólares)[4]. Também não é segredo que, apesar da crise mundial, os EUA olham com preocupação para a Europa e tentam fazer de tudo para impedir que a Europa se levante.
Agora os EUA são responsabilizados por todo o mal. Mas isto será verdade? Lembremos do pensamento neomarxista do movimento de 68, na região de fala alemã. É perfeitamente conhecido que era impulsionado pela chamada Escola de Frankfurt, e não pela Escola de Nova Iorque.
Por um lado, suspeita-se que os EUA sejam o charco de todas as intrigas conspiratórias maçons, que submetem também a Europa. Por outro lado, podemos reconhecer um perigo óbvio na crescente islamização do mundo ocidental. Mas como explicar esta evolução tão contraditória se os destinos são supostamente guiados pela maçonaria ou por uma outra sociedade secreta?
Permita-me uma última pergunta neste contexto: se maçons, Bilderberger & cia conduzem a política mundial e manipulam a população mundial há anos e décadas, por que já não instalaram seu governo mundial há muito tempo? Oportunidades não faltaram, a começar pelo fim da Segunda Guerra Mundial ou mesmo pela queda do bloco soviético.

O chamado à autenticidade

Em Romanos 13.12, Paulo nos conclama a, em vista da hora avançada, deixar as obras das trevas e vestir as armas da luz. As armas da luz, sem dúvida, incluem também a verdade e a autenticidade, ainda que não estejam explicitamente mencionadas no texto. Mas encontramos em muitos outros trechos a constante advertência à autenticidade.
Como já mencionamos, quase todos os livros reveladores estão baseados em especulações e conclusões habilmente extraídas de fatos aleatórios. Uma análise mais detalhada mostrará que isto também acontece no caso de livros cristãos que pretendem revelar a maçonaria no mundo. Há muitas conclusões e especulações, mas poucas coisas que realmente podem ser provadas. Não se trata de enfeitar a sedução e a decadência dentro do cristianismo, mas da afirmação não comprovável de que a maçonaria mundial esteja por trás de tudo que leve a estes acontecimentos.
Neste contexto, no entanto, não encontramos apenas especulações, mas também supostos fatos que se revelam ser simplesmente informações erradas e inverdades. Como exemplo quero citar o suposto símbolo dos Illuminati na cédula de um dólar. Eu mesmo tive de encarar o fato de ter transmitido informações inverídicas em várias ocasiões.
Diversos livros cristãos supostamente reveladores afirmam que esta é a pirâmide dos Illuminati, o sinal da sociedade mundial.
Diversos livros cristãos supostamente reveladores afirmam que esta é a pirâmide dos Illuminati, o sinal da sociedade mundial. A inscrição latina significaria: “Nova ordem mundial” ou “Por uma nova ordem mundial”, justamente o objetivo do governo mundial secreto que supostamente já existe hoje.
Mas os fatos mostram que nem a descrição como pirâmide dos Illuminati nem a tradução da inscrição latina estão corretos. Não se tem mesmo certeza de que haja qualquer relação entre este símbolo e a maçonaria. Seguem alguns fatos a respeito.
O único ponto em comum entre os EUA e a ordem dos Illuminati que pode ser comprovado é o ano da sua fundação: 1776. Aí está a sementinha de verdade comum a tantas teorias conspiratórias. Mas este ano de fundação também é a única coisa que os Illuminati têm em comum com os EUA. A sociedade não foi fundada na América, mas em Ingolstadt (Baviera, Alemanha), por Adam Weishaupt. Isto aconteceu numa época em que não era possível dar um pulinho de avião nos EUA nem havia outras possibilidades de conexão. O grupo incluía pessoas como o Barão von Knigge e Franz Xaver von Zwack, entre outros. Mas esta sociedade secreta rapidamente foi abalada por discórdias e ciumeiras, o que levou à saída de von Knigge em 1784, apenas oito anos depois da fundação do grupo. A sociedade secreta foi proibida no mesmo ano pelo barão bávaro Karl Theodor e provavelmente terminou em 1785.[5]
Em 1896/97 Leopold Engel, maçom de Dresden e escritor ocultista, tentou reorganizar a ordem dos Illuminati. Somente em 1925 ele convocou o concílio mundial da ordem dosIlluminati e depois ela foi – acredite se puder – extinta definitivamente pelos nazistas, em 1933 e nunca mais ressurgiu. Até aqui, dados históricos. A dissolução pelos nazistas não foi mero acaso, nem tentativa de ocultação. Hitler e Himmler estavam convencidos da conspiração mundial dos maçons, que eles combatiam com todos os meios possíveis. A conspiração mundial era um dos pilares do nacional-socialismo e da Ordem da SS.[6]
A única coisa que se sabe a respeito dos Illuminati é que tentaram, sem sucesso, infiltrar-se nas lojas maçônicas na Alemanha e na Europa. A influência sobre os EUA é impossível de ser comprovada historicamente.[7] De acordo com as minhas pesquisas, as teorias conspiratórias que atribuem o símbolo da cédula de um dólar aos Illuminati começaram somente depois da Segunda Guerra Mundial. Isto dá o que pensar. Mas o divulgador de teorias conspiratórias William Guy Curr cometeu um erro ainda mais grave em seus livros. Ele afirma que a pirâmide foi incluída no brasão dos EUA e, com isto, na cédula do dólar, por meio de Henry A. Wallace (vice-presidente dos EUA na gestão de Franklin D. Roosevelt), suposto membro dos Illuminati. Mas isto não é possível, visto que Wallace nasceu em 1888, sendo que o brasão dos EUA já fora finalizado em 1776, ou seja, 112 anos antes do seu nascimento.
Não é nem mesmo possível comprovar que este sinal sequer tenha relação com a maçonaria, como é freqüentemente afirmado. Possivelmente seja até mesmo um símbolo cristão. Os treze degraus da pirâmide simbolizam os treze Estados fundadores dos EUA. A pirâmide incompleta faz referência aos Estados ainda não organizados dos EUA. O olho dentro da pirâmide flutuante é um antigo símbolo cristão, encontrado em algumas igrejas. A pirâmide possivelmente só foi introduzida na maçonaria em um período tardio, depois de 1863,[8] ou seja, muito tempo depois da fundação dos EUA. Não há uma única fonte histórica que comprove uma relação entre o brasão americano e a maçonaria. De acordo com as pesquisas do Pr. Reinhard Möller, até mesmo as lojas norte-americanas, que são sempre muito abertas sobre as suas relações, se distanciam deste símbolo.
Há alguns anos, um irmão quis me convencer de que numa imagem ampliada seria possível ler a sigla CVJM (conhecida no Brasil como ACM – Associação Cristã de Moços) numa das pedras da pirâmide e que, por isto, esta organização também faria parte da maçonaria mundial. Na verdade não existe inscrição nenhuma nas pedras, é possível ver alguns padrões pontilhados.
Agora sobre a inscrição: “Nova Ordem Mundial”, ou “Ordem dos Novos Mundos”. Aqui a tradução simplesmente trapaceou. Na verdade a inscrição diz “Novus Ordo Seculorum”, o que significa algo como “Nova ordem dos séculos”, mas não “Nova Ordem Mundial” ou “Por uma nova ordem mundial”. Trata-se de uma citação do poeta romano Virgílio, do ano 40 a.C. Com a fundação do novo país, os pais dos EUA queriam criar uma ordem religiosa, política e social exemplar, em contraste com a escravidão e as muitas perseguições religiosas na Velha Europa. Também queriam que sua Constituição os separasse definitivamente da Inglaterra. Podemos excluir assim o pensamento da busca por um governo mundial.[9]
Acho que isto é suficiente. Seja como for, estas teorias falsas como o suposto sinal dosIlluminati não têm nada que ver com as armas da luz e a verdade relacionada a elas. Como cristãos devemos evitar estas coisas inventadas, afastando-nos delas.
Houve e ainda há muitos maçons ativos na política, mas não há indícios de uma política mundial maçônica uniforme.
Uma obra básica sobre sociedades secretas mostra que houve e ainda há muitos maçons ativos na política, mas que não há indícios de uma política mundial maçônica uniforme. Mesmo a assim chamada loja mundial deve fazer parte do reino das lendas. Muitas lojas continentais estão até mesmo em conflito por causa de suas convicções totalmente divergentes. A loja inglesa monarquista é um grande contraste à maçonaria francesa e às ênfases defendidas por esta.[10]
Neste contexto também precisamos ser muito cautelosos ao chamar alguém de maçom ou coisa parecida. Especialmente quando não há provas irrefutáveis e as suposições e especulações foram expressas por auto-denominados especialistas. Às vezes fico espantado com a leviandade e superficialidade com que mesmo grupos fiéis à Bíblia lidam com a verdade.
Há alguns anos alertei um irmão que se ocupava com as teorias conspiratórias e a maçonaria mundial sobre erros factuais e informações erradas, mas ele apenas respondeu: “Pode até ser, mas ainda assim acredito que a teoria conspiratória esteja certa”. Como eu disse: trata-se de um verdadeiro sistema de crenças. Johannes Pflaum

Notas

  1. Smith, Thomas “Was die Bibel lehrt” vol. 11, p. 141; CV-Dillenburg
  2. Rothkopf, David, “Die Super-Klasse”, p. 409, Goldmann.
  3. Cf. Harder, Bernd, “Elvis lebt! – Lexikon der unterdruckten Wahrheiten”; p. 111 – 120; Herder.
  4. Revista “Focus” No 42/10; p. 146.
  5. Harder Bernd, “Elvis lebt! – Lexikon der unterdruckten Wahrheiten”, p. 73-82, Herder.
  6. Ibid p. 73-82; Wolfgang Wippermann “Agenten des Bösen”; p. 143-152; be.bra Verlag.
  7. Cf. de.wikipedia.org/wiki/Siegel_der_Vereinigten_Staaten.
  8. Cf. Harder, Bernd, “Elvis lebt! – Lexikon der unterdruckten Wahrheiten”, p. 88.
  9. Ibid, pg. 177.
  10. “Geheimgesellschaften und Geheimbunde” Moderne Universalgeschichte der Geheimwissenschaften; p. 331-333; Gondrom.
As opiniões expressas nos artigos assinados são de responsabilidade dos seus autores.

sábado, 7 de novembro de 2015

Por que sou cristão?

Por que sou cristão? Não só porque o cristianismo explica quem Jesus foi e o que ele conquistou na cruz, mas porque explica também quem eu sou. (…)
Perguntar “o que é o homem?” é uma maneira de perguntar “quem sou eu?”. Isso nos capacita a satisfazer tanto à antiga fórmula grega Gnothi Seautun (“conhece-te a ti mesmo”) quanto a busca atual por nossa própria identidade. Não há campo mais importante para a pesquisa e para a busca do que esse.
Até que tenhamos descoberto nós mesmos, não conseguimos descobrir facilmente nenhuma outra coisa.
Há uma história sobre Arthur Schopenhauer, o filósofo alemão do pessimismo, que viveu no século 19. Certo dia, ele estava sentado em um banco na praça de um parque em Frankfurt. Estava tão maltrapilho e desalinhado (como os filósofos ocidentais às vezes andam!), que o guarda do parque o confundiu com um mendigo. Ele lhe perguntou asperamente: “Quem é você?”, ao que o filósofo respondeu amargamente: “Por Deus, eu gostaria de saber”.
Douglas Coupland faz a mesma pergunta hoje. Ele é o inventor da agora popular expressão “Geração X” – “X” quer dizer a identidade desconhecida da sua geração. “As pessoas não têm um nome”, ele escreve, “elas são uma geração ‘X’”. Então, “o que torna os seres humanos… humanos?” ele pergunta. “Nós sabemos qual é o comportamento dos cachorros: eles fazem coisas de cachorro – correm atrás de pedaços de pau… colocam a cabeça para fora das janelas dos carros em movimento.” Assim, conhecemos o jeito de ser dos cachorros; mas “o que seria exatamente aquilo que os seres humanos fazem e que é especificamente humano?”. Novamente, “qual é o você de você?”, ou seja, “qual é o seu você verdadeiro?”
Tem-se dado muitas respostas a essa pergunta, especialmente a que se relaciona à superioridade dos seres humanos. É interessante observar algumas dessas respostas. O ser humano foi descrito por Aristóteles como um animal político; por Thomas Willis, como um animal sorridente; por Benjamin Franklin, como um animal fazedor de ferramentas; por Edmund Burke, como um animal religioso; por James Boswell (o gourmet), como um animal que cozinha.
Outros escritores têm se concentrado em algumas características físicas como sendo nossas características distintas. Platão falou muito sobre a postura ereta, de modo que os animais olham para baixo, enquanto somente os seres humanos olham para céu. Aristóteles acrescentou a peculiaridade que somente os seres humanos são incapazes de mexer as orelhas. Um médico de Stuart, no entanto, ficou muito impressionado com os nosso intestinos, com os seus “circunlóquios sinuosos, curvas e desvios”. E, então, no final do século 18, Uvedale Price prestou bastante atenção em nosso nariz: “o homem é, eu creio, o único animal que possui uma projeção marcante no meio da face”.
No entanto, nenhuma dessas descrições de nossa distinção é completa, nem chega ao âmago da questão. (…)
As Escrituras preservam o paradoxo, a saber, a glória e a vergonha de nossa humanidade, nossa dignidade e nossa depravação.
Glória
E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra. E criou Deus o homem à sua imagem: à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. (Gn 1.26-27). (…)
No desenrolar da narrativa bíblica a imagem divina é claramente aquela que distingue os seres humanos dos animais, a saber, o conjunto de qualidades humanas distintas.
Primeiro, temos a capacidade de pensamento racional. (…)
Como o arcebispo Willian Temple certa vez disse: “Sou maior do que as estrelas, pois eu sei que elas estão lá no alto, enquanto elas não sabem que estou aqui embaixo
Segundo, temos a capacidade de escolha moral. Temos consciência para discernir entre o bem e o mal, bem como um grau de liberdade para escolher entre eles. (…) Mas os animais não possuem senso moral. (…)
Terceiro, temos a capacidade de criatividade artística. Quando Deus nos criou à sua própria imagem, ele nos fez criativos como ele. (…)
Quarto, temos a capacidade de nos relacionarmos socialmente. Todos os animais possuem pares, se reproduzem e cuidam de seus filhotes. (…) Mas os seres humanos anseiam por autênticos relacionamentos de amor. (…) Além disso, os cristãos sabem porque o amor é proeminente – porque Deus é amor em essência, tanto que, quando ele nos fez à sua imagem, nos deu a capacidade de amar e de sermos amados.
Quinto, temos a capacidade de uma adoração humilde. (…) Os seres humanos não vivem – e na verdade não podem viver – só de pão, Jesus disse, citando o Antigo Testamento (Mt 4.4; Dt 8.3). Ou, como Dostoiévski escreveu: “o homem deve prostrar-se diante do infinitamente grande”. Somos mais verdadeiramente humanos quando estamos adorando a Deus.
Aqui estão cinco capacidades humanas (pensar, escolher, criar, amar e adorar) que nos distinguem dos animais e que juntas constituem a imagem de Deus em nós. (…)
Vergonha
Como Mark Twain afirmou: “o homem é o único animal que cora de vergonha. Ou que precisa corar”.
Porque do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adultérios, as prostituições, os homicídios, Os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Todos estes males procedem de dentro e contaminam o homem. (Mc 7. 21-23).
Jesus não ensinou a bondade fundamental da natureza humana; ele insistiu em nossa capacidade interior para o mal. (…) Nessa passagem há quatro aspectos da perversidade humana que merecem nossa atenção.
Primeiro, a extensão do mal é universal. (…) Ele (Jesus) fez uma declaração genérica acerca de toda a raça humana, a saber, que do coração do homem (todos os homens, mulheres e crianças) coisas ruins brotam.
Segundo, a essência do mal é a autocentricidade. Já observamos isso. Jesus agora apresenta uma lista de treze “maldades” e, quando as estudamos, notamos que são todas manifestações da autocentricidade humana. (…)
Terceiro, a origem do mal é o coração humano. Como já foi dito muitas vezes: “o coração do problema humano É o problema do coração humano”. (…) O que nos corrompe não é o que vai para dentro de nós (para o nosso estômago), mas o que sai de nós (do nosso coração). (…)
Quarto, o resultado do mal é que ele nos degenera. Ou seja, ele nos torna impuros aos olhos de Deus e incapacitados para a sua presença. (…)
Então, essa é a vergonha da nossa humanidade. A maldade humana é universal em sua extensão, autocentrada em sua natureza, interior em sua origem e degradante em seus efeitos. Não se trata somente do diagnóstico do (compreensivelmente) maior professor de ética da história; isso é verdadeiro em nossa própria experiência. É certamente verdadeiro na minha. (…)
Esse é o paradoxo da nossa humanidade. Somos ao mesmo tempo nobres e ignóbeis, racionais e irracionais, morais e imorais, criativos e destrutivos, amorosos e egoístas, parecidos com Deus e bestiais. (…)
Devemos reconhecer com gratidão tudo em nós que diz respeito à nossa criação à imagem de Deus e repudiar ou negar, resolutamente, tudo em nós que diz respeito à queda. Assim, somos chamados tanto à auto-afirmação quanto à autonegação. (…)
Está claro, a partir disso, que temos uma necessidade dupla: de um lado, a purificação da degradação; do outro lado, um novo coração, com novos desejos e aspirações. Para mim, é verdadeiramente maravilhoso que ambos nos sejam oferecidos no Evangelho. Pois Cristo morreu para nos purificar e, pela obra interior do Espírito Santo, ele pode nos tornar novos. Essa é aplicação lógica do Evangelho em resposta ao paradoxo da nossa humanidade. Eis a (…) razão por que sou cristão (em uma lista de seis razões, publicadas em seu livro).
Referência:
Por que Sou Cristão – John Stott – Editora Ultimato, excertos das p.71-86.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Há Ainda Sementes no Celeiro?


Há ainda sementes no celeiro? Nem a videira, nem a figueira, nem a romeira, nem a oliveira têm dado os seus frutos; mas desde este dia vos abençoarei. (Ag 2:19). 

O que é um celeiro? É um lugar de reservas, local apropriado para guardar mantimentos para que esses não venham a faltar. Entendemos em Pv. 4,23 que o nosso coração é o celeiro, no qual devemos guardar a Palavra de Deus, e a semente é a Palavra de Deus. Esta gloriosa Palavra é o nosso alicerce que nos prepara para as lutas e dificuldades que surgirem em nossas vidas, e com ela vencermos tudo. E esta semente tem que está guardada em nossos corações.

Disse o salmista Davi: “Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti”. (Salmo 119:11)

Hoje o Senhor pergunta: Como está o seu celeiro? Ainda há semente no seu celeiro? Ainda há fé no seu coração? Ainda há esperança? Ainda há perspectiva? Ou o seu celeiro está vazio? Não deixe que as aves de rapina (satanás e os demônios) roubem a semente que Deus depositou dentro de você. Não deixe que os cuidados dessa vida, os prazeres efêmeros o sufoquem, fazendo com que você se esvazie da Palavra de Deus. Deus quer contar com você! Mas só contará se encontrar a semente (Palavra Dele) em seu coração.

Essa passagem de Ageu 2:19, mostra-nos algo fantástico. O povo ainda não estava sendo abençoado por causa da desobediência, porque não estava aplicando o coração a Palavra de Deus, a qual já havia ouvido . Nesse episódio Deus fala não somente para o povo, mas também para os sacerdotes. Eles só eram ouvintes e não praticantes. Deus quer que sejamos praticantes e não simplesmente ouvintes. Então a videira, a figueira, a romeira e a oliveira não estavam dando frutos, ou seja, aquele povo não estava sendo alimentado. Não estava tendo as suas necessidades supridas por causa da sua desobediência; não era porque a videira, figueira, romeira, oliveira, não quisessem o alimentar, mas ele próprio não fazia com que a benção de Deus o alcançasse.

Dependendo do contexto, entendemos que a videira simboliza Cristo, a figueira o Deus Pai, e a oliveira o Espírito Santo. Nesse contexto essas árvores simbolizam a trindade. E a romeira? A romeira simboliza a vida do homem. Pois na simbologia bíblica, a árvore, também, simboliza o homem (Sl 1:3; Mc 8:24).

O povo estava passando por uma situação tão apertada, tão difícil, que o Pai, o Filho e o Espírito Santo estavam calados, não estavam respondendo às suas orações. Estavam em silêncio esperando que o povo tomasse uma posição diante deles. E o homem, (a romeira) também, não estava dando fruto algum. Deus não permitiu nem que outros povos o ajudasse. Ninguém poderia ajudá-lo. Ele, tão somente ele, deveria tomar uma posição diante de Deus. E quando se posicionou a vida dele mudou e foi abençoado pelo Senhor.

Tome uma posição diante do Senhor! Abandone a vida de pecado! Se não, os céus reterão as suas bênçãos e você ficará murmurando o tempo todo dizendo: Mas porque Deus me prometeu e isso não aconteceu? Não aconteceu porque você saiu do rumo da direção, você não está mais na posição de quando Deus te falou. Deus hoje lhe diz: Volta, deixa essa vida medíocre de aparências, de desobediência! Ele está  esperando você de braços abertos. Se não voltar ao propósito de Deus, pode ter certeza que a videira, a romeira, a figueira e a oliveira não darão mais frutos para alimentar, e sendo assim morrerá.

Comparei essa passagem de Ageu com a de Habacuque 3:17-18 que diz: “Portanto, ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimentos; as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja vacas, todavia, eu me alegrarei no Senhor, exultarei no Deus da minha salvação”. E perguntei ao Senhor como o produto da oliveira pode mentir se a oliveira é símbolo do Espírito Santo, e o Espírito Santo não mente? E o maravilhoso Espírito Santo me revelou que a simbologia desse texto nada tem a ver com a trindade, e sim com a vida do próprio homem (que também é símbolo de árvore). A figueira é uma árvore que não floresce, ela põe folhas e frutos. Interessante detalhe: os frutos nascem antes das folhas. 

Deus quer que venhamos produzir frutos para alimentarmos vidas, caso contrário secaremos. Essa figueira aqui simboliza a nação de Israel. Quando Jesus procurou fruto naquela figueira e não os encontrou, logo em seguida a amaldiçoou. Ele amaldiçoou a nação de Israel que não produziu frutos de fé, negando a Palavra revelada, o Verbo que se fez carne (Jesus). Logo, a sua sentença foi decretada!

Olha e veja hoje retrato da nação de Israel! Vive em plena guerra e destruição, pois estão debaixo de maldição, pois rejeitaram o sacrifício do Messias. Quando Habacuque disse: “Ainda que a figueira não floresça”. Ele quis dizer: Ainda que Israel não se converta, não queira largar o seu mau caminho, queira ficar com as suas idolatrias, isso não me afetará em nada, pois a minha comunhão com esse Deus é individual. Eu me alegrarei e exultarei nesse Deus maravilhoso, o Deus da minha salvação. Só Ele pode me livrar da destruição.

Para os povos antigos a videira era um símbolo de prosperidade e paz. A videira também era um meio de subsistência daquele povo, pois das uvas eles extraiam o vinho que era consumido por todos daquela época. E a oliveira? Como o produto da oliveira poderia mentir? O produto da oliveira é o azeite. O azeite era muito importante para a nação de Israel, pois eles o exportavam e era um meio de sobrevivência econômica para o povo. Às vezes a oliveira não dava um bom azeite. Esse tipo de oliveira era chamado de jambuzeiro bravo, por não produzir um azeite de qualidade e com isso dificultava o meio de comercializar e influenciava no meio de subsistência do povo de Israel. Logo se dizia que o produto da oliveira mentiu, foi falso e não saiu conforme o esperado.

Deus está olhando para você como árvore frutífera. Ele quer contar com você! Os que estão a sua volta e ao seu redor, quer se alimentar dos frutos que produzem a sua vida. E se o que as pessoas estão esperando de você não estiver acontecendo? E se aquela palavra que elas querem ouvir dos teus lábios, vindo direto do Espírito Santo, não estiver mais sendo pregada? Será que o produto da oliveira não está saindo como o esperado? Será que ao invés de você ser uma benção, está se tornando em maldição? Será que você está causando escândalos no reino de Deus, ao invés de estar dando bom testemunho? Não deixe que para você, o produto da oliveira minta. Não deixe que da sua vida saia frutos que para nada prestam e que sirvam somente para destruir a perspectiva que os outros tem a respeito de você.

Hoje, tome uma posição diante do Senhor! Mesmo que as coisas não estejam saindo conforme você esperava. Faça como Habacuque e não murmure, mas exalte ao Senhor. Mesmo que nos campos não tenham alimentos, as ovelhas foram arrebatadas, as vacas sumiram dos currais, ou seja, tudo ao teu redor está dando errado, exalte ao Senhor! Esse quadro nos mostra uma situação de angústia, desespero, carências materiais. Mesmo Habacuque vendo esse quadro crítico diante dos seus olhos, não se deixou ser contaminado e nem abatido pelos problemas. Muito pelo contrário, abriu os seus lábios e declarou essa linda frase de exaltação ao nome do Senhor. Exalte ao Senhor, pois Ele preparou um dia pra te abençoar! O que Ele quer é olhar para dentro de você e encontrar semente no teu celeiro. Pois Ele disse: “Desde esse dia eu vos abençoarei”. Desde que dia? Desde o dia em que os sacerdotes e o povo se arrependeram dos seus maus caminhos, e dedicaram as suas vidas na construção do templo do Senhor. Desde o dia em que Deus olhou e achou semente nos seus corações. Observe que Deus disse: Vos abençoarei desde esse dia. O que passou, passou! Deus quer te abençoar desde esse dia. Ele vai tratar contigo de agora em diante. Não se prenda ao passado! Confesse o teu pecado, pois Ele quer escrever na tua vida uma nova história. Se Ele marcou um dia é porque Ele está esperando tomarmos uma posição de abandonarmos tudo aquilo que nos atrapalha, somente assim Ele marcará o dia da nossa vitória.

Deus quer olhar para você agora nesse exato momento e ver no teu celeiro a semente da fé, do amor, do perdão, da misericórdia, do arrependimento, da humildade, da mansidão. Enfim, Ele quer olhar para você e ver os frutos do Espírito dentro do teu coração. Quando Ele olhar para você e ver todas essas coisas, tenha a certeza, Ele vai te abençoar! Pois Ele não é homem para que minta e nem filho de homem para que se arrependa. Tudo o que Ele promete ele cumpre. Se as promessas de Deus ainda não aconteceram na sua vida, é hora de você olhar para dentro de si mesma e procurar se ainda há semente no teu celeiro. Pois Deus só conta com quem tem dentro de si conteúdo Dele, ou seja, a Sua Palavra.

Por isso encha-se da Sua Palavra! Encha o seu celeiro da semente do Espírito Santo e verá a glória de Deus! Ele continua perguntando: Há ainda semente no celeiro?

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Crítica, heroína ou vilã?

Crítica - "Mas se chegar à conclusão de que aquilo realmente não se aplica a você, se de verdade não encontrar verdade no que lhe foi dito, apenas desconsidere. Não há necessidade de uma reação emocional, se aquilo realmente não lhe pertence, certo? 

Muitas vezes uma pessoa enxerga em nós algo que na verdade lhe pertence, ou joga sobre nós algo que sente com relação a outro alguém. Como se fizesse a entrega ao destinatário errado" Algumas perguntas para aquecer este artigo:

- Você acredita em “crítica construtiva” ? Nessa crítica positiva, que pode ajudar alguém a se dar conta de algo? Que pode servir para seu crescimento e melhoria?

- Será que sabemos fazer isso? Será que sabemos criticar?

- Sabemos ser criticados?

Penso que na maioria das vezes nos perdemos e acabamos agindo de forma destrutiva, ao fazer e receber críticas. Não sabemos criticar. Tampouco sabemos o que fazer quando somos criticados.

Com relação a quem critica

Se você acredita que tem algo a dizer a alguém, antes procure prestar atenção às suas papilas gustativas. Se sentir um gosto amargo de fel na sua língua, acredite, talvez você ainda não esteja pronto para exteriorizar a sua crítica. Criticar não é envenenar o mundo!

Quando estamos tomados pela emoção, a crítica se torna nociva. Uma coisa é ter o desejo lícito e genuíno de ajudar alguém a trazer à consciência algo que aquela pessoa não parece perceber. Outra coisa é sentir um desejo, mesmo que secreto ou camuflado, de expor a pessoa, ou fazer com que se sinta mal. Uma crítica nociva vem envolta em um certo prazer, o prazer de provar a sua superioridade ao apontar o erro alheio.

Crítica saudável, no meu entendimento, é aquela que brota da sabedoria pacífica da mente, e que venha, de preferência, envolta na suavidade do coração. Antes de dizer algo a alguém cheque de onde vem as suas palavras. Se elas vierem do calor de suas entranhas, segure-as um pouco dentro de você, até que o fogo se acalme, até que ganhem paz.

Uma crítica saudável deve ser calma, pacífica e amorosa. Fundamentada em argumentos racionais, isenta do fogo das emoções. Deve brotar do desejo genuíno de fazer bem ao outro.

Saiba ser criticado

Agora, se você está do outro lado, se você é o criticado, tente em um primeiro momento apenas ouvir. Como todos nós fomos programados a defender nosso ego a qualquer custo, é natural que brote em você um desejo de reagir defensivamente. Tente conter-se. Apenas ouça o que a outra pessoa tem a dizer. Lembre-se de que você terá, depois, o livre-arbítrio para escolher o que fará com aquelas informações, assim não precisa se adiantar. Escute, pergunte, tente compreender como aquela pessoa formou aquela opinião sobre você ou suas atitudes.

Depois, dê a si mesmo um tempo para processar o assunto. Será preciso acalmar as defesas, tranquilizar-se e reafirmar a si mesmo que você está seguro. Aquelas palavras não têm poder algum sobre você, são apenas palavras. Afaste-se da reação emocional condicionada que o levará a rebater ou negar o que lhe foi dito. Se necessário não responda nada à pessoa no momento em que ela lhe faz uma crítica. Dê a si mesmo um tempo para pensar no assunto.

Quando estiver se sentindo mais centrado, menos emocional, procure então de fato avaliar o que lhe foi dito.

- Existe alguma verdade naquilo? Existe algo que você possa aprender com aquelas colocações?

Seja honesto consigo mesmo.

Se existir algo a aprender com o que lhe foi dito, aprenda! Compreenda que todas as pessoas cometem erros. Não há mal algum em perceber que você poderia ter feito algo melhor do que fez. Se uma pessoa nos aponta um erro que cometíamos sem perceber, a atitude mais coerente seria que lhe agradecêssemos. Não há por que reagir ou ofender-se. Aja com maturidade e serenidade. Agradeça a oportunidade e cresça! Essa decisão com certeza o levará adiante.

Mas se chegar à conclusão de que aquilo realmente não se aplica a você, se de verdade não encontrar verdade no que lhe foi dito, apenas desconsidere. Não há necessidade de uma reação emocional, se aquilo realmente não lhe pertence, certo? Muitas vezes uma pessoa enxerga em nós algo que na verdade lhe pertence, ou joga sobre nós algo que sente com relação a outro alguém. Como se fizesse a entrega ao destinatário errado. Nesse caso, apenas devolva a encomenda. Não há necessidade de se alterar ou agredir a pessoa.

Ouça... Uma reação exagerada da sua parte a uma crítica que você diz ser infundada talvez seja um sinal de que não é tão infundada assim. Pense... se aquilo não tiver nada a ver com você, por quê se incomodar? Você se incomodaria se eu lhe dissesse agora mesmo que você foi absolutamente irresponsável por ter deixado uma zebra amarrada no portão da minha casa? Provavelmente você riria, ou me consideraria um tanto insana e seguiria seu dia.
Assim, preste atenção ao criticar e ser criticado. Se a crítica será a heroína ou a vilã, vai depender exclusivamente de você!

Patricia Gebrim
é psicóloga e escritora

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Quando o Orgulhoso Come Capim

O que você obtém quando combina um temperamento esquentado, um ego inflado, falta de consciência e poder sem limites?

Resposta: Um antigo rei da Babilônia.

Nabucodonosor chegou ao poder pouco depois de derrotar os egípcios em uma das mais importantes batalhas da história antiga, e governou o Império da Babilônia por mais de quatro décadas de 605 a 562 a.C. Ele reinou como soberano absoluto de um vasto reino que dominava o antigo Oriente Médio. Analisando aquele longo reinado, Daniel disse o seguinte acerca do monarca: “Homens de todas as nações, povos e línguas tremiam diante dele e o temiam. A quem o rei queria matar, matava; a quem queria poupar, poupava; a quem queria promover, promovia; e a quem queria humilhar, humilhava” (Daniel 5.19).

Deus usou Nabucodonosor para disciplinar o povo rebelde de Judá por meio de uma série de invasões devastadoras, culminando com a destruição de Jerusalém e a demolição do templo em 586 a.C. Tropas babilônicas mataram milhares de hebreus e levaram incontáveis milhares de outros para o cativeiro.

Além das conquistas militares, Nabucodonosor criou uma reputação para si por meio de um impressionante programa de construção. Babilônia, sua capital, já era uma cidade antiga em sua época, mas ele a embelezou e a expandiu, criando a metrópole mais impressionante de toda a terra. A cidade se estendia por cerca de quinze quilômetros quadrados, exibia pouco mais de 27 quilômetros de muros duplos, com oito portões principais, e se orgulhava de um imenso lago artificial construído para a defesa. Nos dias atuais, visitantes podem observar as ruínas do famoso portão de Ishtar, adornado por tijolos coloridos e imagens em relevo de touros, leões e dragões. Mais de cinquenta templos se espalhavam pelo interior da cidade, sendo o principal deles um zigurate de 110 metros quadrados de base e sete andares de altura, com um altar no topo, a cerca de noventa metros de altura.

Um dia, enquanto olhava de seu palácio para tudo o que havia construído, Nabucodonosor exclamou: “Acaso não é esta a grande Babilônia que eu construí como capital do meu reino, com o meu enorme poder e para a glória da minha majestade?” (Dn 4.30).

Naquele momento, o terrível julgamento de Deus caiu sobre ele. Assim como Daniel predissera um ano antes, Nabucodonosor mergulhou no caos da insanidade (por sete meses ou sete anos; o texto hebraico não é claro). Seus sintomas – viver com animais, comer capim, pelos crescendo como as penas de uma águia e unhas como as garras das aves – descrevem uma condição médica rara, conhecida hoje como boantropia, uma doença mental que faz a pessoa acreditar que é um boi. Deus queria ensinar ao rei arrogante “que o Altíssimo domina sobre os reinos dos homens e os dá a quem quer” (Dn 4.25).

Depois de vagar com os animais pelo tempo determinado, Nabucodonosor finalmente recuperou sua sanidade – e também um profundo respeito pelo rei infinitamente mais poderoso do que ele. “O seu domínio é um domínio eterno”, declarou Nabucodonosor; “o seu reino dura de geração em geração. Todos os povos da terra são como nada diante dele” (Dn 4:34-35). Talvez o mais impressionante seja a conclusão a que chegou o rei castigado: o Deus todo-poderoso “tem poder para humilhar aqueles que vivem em arrogância” (4:37).

Moral da História: A arrogância humana não tem lugar diante da majestade de Deus.  

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Respostas Rápidas para Clichês Ateístas

Você não precisa ler centenas de livros para discutir sua fé com um ateu. Algumas vezes, afirmações e questões que são apenas chavões curtos podem ser respondidas também de forma curta, com a mesma rapidez. Na “Conferência dos Evangelistas” (2014), em Londres, o Professor John Lennox ofereceu algumas respostas rápidas a algumas declarações comuns de ateus.

1) Você não acredita em Zeus, Thor e todos os outros deuses. Eu apenas vou um passo/deus a mais do que você e rejeito o Deus cristão.

O problema com essa ideia é que “deuses” como Zeus e Thor não são comparáveis ​​com o entendimento bíblico de Deus. “Há uma grande distinção entre todos os deuses antigos do oriente próximo e o Deus da Bíblia”, diz o professor Lennox. “Aqueles são produtos da massa e da energia primordial do Universo. O Deus da Bíblia criou os céus e a terra.” [A Bíblia entre os mitos: que diferença!]

2) A ciência já explicou tudo, e ela não inclui Deus.

A ciência não pode responder certos tipos de questões, tais como “o que é ético?” e “o que é belo?” Mesmo quando se trata de questões sobre o mundo natural, que a ciência explora e às quais, por vezes, pode responder, existem diferentes tipos de explicações para coisas diferentes. “Deus não compete com a ciência como uma explicação do Universo mais do que Henry Ford compete com a lei de combustão interna como uma explicação do automóvel”, diz o professor.

3) A ciência se opõe a Deus.

Há certas concepções de “deus” que podem ser opostas à ciência, mas não a do Deus cristão. Pode haver certos tipos de “deuses” que são inventados para explicar coisas que não entendemos, mas eles não são cristãos. “Se nos é oferecida uma escolha entre ciência e ‘deus’... não se trata de um conceito bíblico de Deus”, diz o professor Lennox. “O Deus bíblico não é um deus das lacunas, mas um Deus de todo o conjunto. Os fragmentos que entendemos [pela ciência] e aqueles que não entendemos. Entre muitos pensadores proeminentes, a ideia deles sobre Deus é completamente pagã. Se você definir Deus como sendo um ‘deus’ das lacunas, então você tem mesmo que oferecer uma escolha entre ciência e ‘deus’.” [Cristianismo, ciência e o obscurantismo do século XXI]

4) Você não pode provar que há um Deus.

Esse tipo de declaração ignora que existem diferentes tipos de “prova”. “Você pode provar que existe um Deus?”, pergunta Lennox. “Em sentido matemático, não. Mas provar qualquer coisa [não apenas a existência de Deus] é muito difícil. A palavra ‘prova’ tem dois significados. Há o significado rigoroso em matemática, que é muito difícil de fazer e raro. Mas depois há o outro sentido – que é ‘provar’ além da dúvida razoável. Esse é o tipo de ‘prova’ que podemos apresentar: argumentos para levar alguém para além da dúvida razoável. Por exemplo, os argumentos racionais, como os dos filósofos Alvin Plantinga e William Lane Craig [Ex.: O argumento moral e o ajuste fino do Universo], a experiência pessoal dos cristãos e o testemunho dos relatos dos evangelhos na Bíblia.” [Cinco razões por que os historiadores levam os Evangelhos a sério]

5) Fé é acreditar sem nenhuma prova.

A fé cristã nunca foi sobre não ter nenhuma prova: os evangelhos foram escritos para fornecer provas, como o início do evangelho de Lucas: “Muitos já se dedicaram a elaborar um relato dos fatos que se cumpriram entre nós, conforme nos foram transmitidos por aqueles que desde o início foram testemunhas oculares e servos da palavra. Eu mesmo investiguei tudo cuidadosamente, desde o começo, e decidi escrever-te um relato ordenado…” (Lucas 1:1-3). O fim do evangelho de João diz: “Estas coisas foram escritas para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em Seu nome” (João 20:31). Mas acreditar sem provas é uma noção comum de “fé” hoje em dia. “Essa definição está no dicionário e é acreditada por muitos”, diz Lennox. “Então, quando falamos sobre a fé em Cristo, eles acham que isso é porque não há nenhuma prova. [O fato, porém, é que o evangelho de João mostra que] o cristianismo é uma fé baseada em provas.” [Jesus é evidência de que Deus existe]

6) A fé é uma ilusão. Eu não acreditaria em Deus mais do que no coelhinho da Páscoa, no Papai Noel ou no Monstro de Espaguete Voador.

Essas ideias se tornaram populares por meio de pessoas como o professor Richard Dawkins. A única coisa a que se prestam é à zombaria [e, como se sabe, zombaria não é argumento]. “Declarações de cientistas nem sempre são declarações da ciência”, afirma o professor Lennox. “Stephen Hawking diz: ‘A religião é um conto de fadas para pessoas com medo do escuro.’ Eu digo: ‘O ateísmo é um conto de fadas para pessoas com medo da luz.’ Nenhuma dessas afirmações prova nada. Elas são todas reversíveis. O que está por trás de todas essas afirmações é a ideia freudiana do wish fulfilment [a de que acreditamos naquilo que esperamos ser verdade]. Do lado ateísta, vai funcionar muito bem desde que provado que não há nenhum deus. Mas se há um Deus [e sabemos que Ele existe e é a Causa primeira], então o ateísmo é que é wish fulfilment.”

7) O cristianismo afirma ser verdade, mas há grande quantidade de denominações, e todas elas discordam umas das outras. Por isso, o cristianismo deve ser falso.

Por que a existência de denominações implica que o cristianismo seja falso? Isso poderia implicar que os cristãos têm personalidades e culturas muito diferentes – ou mesmo que os cristãos não são bons em relacionar-se uns com os outros – mas não que o cristianismo não é verdadeiro. “Há diferentes tipos de equipes no futebol, mas todos elas jogam futebol”, afirma o professor Lennox.

8) A Bíblia é imoral.

Se você quer questionar a moralidade da Bíblia, que base essa sua moralidade possui? Pode haver uma séria contradição no bojo das críticas ateístas. Dawkins escreveu: “Num universo de elétrons e genes egoístas, de forças físicas cegas e de replicação genética, algumas pessoas vão se machucar, outras pessoas vão ter sorte, e você não vai encontrar nenhuma rima nem razão para isso, nem qualquer tipo de justiça. O universo que observamos tem precisamente as propriedades que são de se esperar que ele tenha, dando-se a premissa de que não existe nenhum desígnio, nenhum propósito, nenhum mal, nenhum bem, nada além de impiedosa indiferença.” Se isso é verdade, então por que ele questiona a moralidade de qualquer coisa? “Dawkins diz que a fé é má”, diz Lennox. “Mas, ao mesmo tempo, ele elimina as categorias do bem e do mal. Isso não faz sentido.” [Sete erros fatais do relativismo moral]

9) Com certeza você não toma a Bíblia literalmente?

Alguns ateus (e alguns cristãos) têm uma ideia muito preto e branco de como interpretar a Bíblia. Você tem que tomá-la “literalmente” ou lançá-la longe, eles pensam. Isso é ignorar a realidade da linguagem e como ela reflete a verdade. “Jesus disse: ‘Eu sou a porta’”, diz o professor Lennox. “Jesus é uma porta como uma porta ali? Não. Ele não é um porta literal, mas é uma verdadeira porta para uma verdadeira experiência com Deus. A metáfora representa a realidade. A palavra ‘literal’ é inútil.”

10) Qual é a evidência para Deus?

Você pode debater a existência de Deus ad infinitum. Pode ser muito interessante, especialmente quando você entra em detalhes e explora o assunto em profundidade. Mas, para um ateu, ele pode estar perdendo o ponto essencial ou evitando a verdadeira questão [Ou certas reflexões: Mesmo que eu fosse um ateu, eu seria um cristão]. O professor Lennox aconselha a fazer a pergunta mais importante: “Suponha que eu pudesse dar evidência de Deus. ​​Você estaria preparado, agora, para se arrepender e confiar em Cristo?” Claro que existem respostas mais profundas para todos esses clichês.  (Christiantoday, via Ler Para Crer)