“Porque as armas de nossa milícia não são carnais, mas, sim, poderosas
em Deus, para destruição das fortalezas”. (II Cor. 10,4)
Embora vivendo em
um corpo de carne, não se trata de batalhas cristãs, segundo os métodos
humanos, mas sim segundo aqueles que encontram apoio no poder de Deus. Assim, armas
carnais e humanas tais como o egocentrismo, a habilidade, a riqueza, a eloquência,
o poder de persuasão, a influência, a esperteza etc..., são em si mesmas
inadequadas para destruir as fortalezas, que correspondem aos conselhos e
raciocínios arrogantes dos homens em suas argumentações contrárias à palavra de
Deus. As armas poderosas em Deus para destruição de tais fortalezas, dos
conselhos e altivez que se levantam contra o conhecimento de Deus, são aquelas
que provêm de Deus, tais como oração, fidelidade incondicional à Deus e a sua
Palavra, humildade, compromisso com a verdade etc... É através destas armas que
levamos cativo todo entendimento à obediência de Cristo (2 Co
10.5).
A luta contra os
poderes das trevas é algo ininterrupto. Todo cristão precisa saber como
proceder diante das ofensivas de Satanás. Ele, normalmente, age de forma sagaz,
com artimanhas secretas. Quando o cristão negligente percebe, já está enrolado
até o pescoço.
E não é de se admirar, pois o próprio satanás se transforma em anjo de
luz (2 Co 11.13-15).
Contra as astutas
ciladas do diabo – Sem nenhum estardalhaço nem tocando sirene, o
inimigo trabalha de forma disfarçada para ninguém perceber que é ele. Aliás, em
muitos casos, só depois do estrago (alguns irreversíveis), é que se descobre
que foi o diabo.
1 Cr 21.1: “Então Satanás
se levantou contra Israel, e incitou Davi a numerar a Israel”.
Jó 1.6,7: “E num dia em que os filhos de Deus vieram
apresentar-se perante o Senhor, veio
também Satanás entre eles. Então o Senhor disse a Satanás: Donde
vens? E Satanás respondeu ao Senhor, e disse: De rodear a terra, e passear por
ela”.
Zc 3.1: “E ele mostrou-me o sumo sacerdote Josué, o qual estava
diante do anjo do Senhor, e Satanás estava
à sua mão direita, para se lhe opor”.
Mt 16.22,23: “E Pedro, tomando-o de parte, começou a
repreendê-lo, dizendo: Senhor, tem compaixão de ti; de modo nenhum te acontecerá
isso. Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro: Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não
compreendes as coisas que são de Deus, mas só as que são dos homens”.
Lc 22.31-34: “Disse também o Senhor: Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para
vos cirandar como trigo; mas eu roguei por ti, para que a tua fé
não desfaleça; e tu, quando te converteres, confirma teus irmãos. E ele
lhe disse: Senhor, estou pronto a ir contigo até à prisão e à morte. Mas
ele disse: Digo-te, Pedro, que não cantará hoje o galo antes que três vezes
negues que me conheces”.
O diabo lança
dardos inflamados – O adversário não se cansa, trabalha procurando a
quem possa tragar (1 Pe 5.8). As forças espirituais do mal agem sem cessar. Não
vence pela força, mas com astúcia e pela insistência.
Em Ef 6.16, quando
Paulo lista as partes da armadura de Deus, ele fala do escudo da fé, com o qual
o crente pode apagar todos os dardos inflamados do maligno. Paulo traz neste
versículo uma analogia aos dardos inflamados usados em campos de batalha.
O que eram esses
dardos inflamados? Eram estopas embebidas em alguma substância inflamável, que
eram acesas e lançadas em flechas contra o adversário. Havia naquele tempo
escudos muito frágeis feitos de madeira. Os inimigos lançavam esses
"dardos inflamados" para queimar o escudo e tornar vulnerável o corpo
do soldado para ser atingido. Assim é esta uma das formas de ação do maligno.
Ele tenta atingir o cristão atacando-o com dúvidas em meio a situações que lhe
são contrárias. É por meio da firme confiança no Senhor e na sua soberania que
o cristão pode apagar todos os dados inflamados do maligno ainda que as
circunstâncias lhe sejam adversas.
Sl 56.3,4: “Em qualquer tempo em que eu temer, confiarei em
ti. Em Deus louvarei a sua palavra, em Deus pus a minha confiança;
não temerei o que me possa fazer a carne”.
Sl 71.1-5: “Em ti, Senhor, confio; nunca seja eu
confundido. Livra-me na tua justiça, e faze-me escapar; inclina os teus
ouvidos para mim, e salva-me. Sê tu a minha habitação forte, à qual possa
recorrer continuamente. Deste um mandamento que me salva, pois tu és a minha
rocha e a minha fortaleza. Livra-me, meu Deus, das mãos do ímpio, das mãos
do homem injusto e cruel. Pois tu és a minha esperança, Senhor Deus; tu és a
minha confiança desde a minha mocidade”.
Fp 1.20: “Segundo a minha intensa expectação e esperança, de que
em nada serei confundido; antes, com toda a confiança, Cristo será, tanto agora
como sempre, engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte”.
1 Jo 5.14: “E esta é a confiança que temos nele, que,
se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve”.
São tentações em
todas as áreas das nossas vidas – Por
exemplo: Dinheiro, sexo, fama, “status”, vícios, relacionamentos, embaraços,
frieza espiritual, falsa religião sem deixar a igreja. Os demônios aliciam e
persuadem pessoas em áreas que lhes dão brechas onde faltam peças da armadura
de Deus. Exemplos: Mentira no lugar da verdade; injustiça em vez de justiça;
dúvidas e questionamentos substituindo a verdadeira fé.
O diabo e seus
demônios só encontrarão espaço na vida do cristão se este der lugar à ação da
carne. Esta foi a situação de Judas, já que ele não lutando contra a sua carne,
o que é evidenciado por suas atitudes, acabou deixando espaço para satanás
entrar em seu coração.
Jo 12.4-6: “Então,
um dos seus discípulos, Judas Iscariotes, filho de Simão, o que havia de
traí-lo, disse: Por que não
se vendeu este unguento por trezentos dinheiros e não se deu aos pobres? Ora,
ele disse isto, não pelo cuidado que tivesse dos pobres, mas porque era
ladrão e tinha a bolsa, e tirava o que ali se lançava”.
Lc 22.1-6: “Estava, pois, perto a festa dos ázimos, chamada a
páscoa. E os principais dos
sacerdotes, e os escribas, andavam procurando como o matariam; porque temiam o
povo. Entrou, porém, Satanás em Judas,
que tinha por sobrenome Iscariotes, o qual era do número dos doze.
E foi, e falou com os principais dos sacerdotes, e com os capitães, de
como lho entregaria; os
quais se alegraram, e convieram em lhe dar dinheiro. E ele concordou; e
buscava oportunidade para lho entregar sem alvoroço”.
A origem dos
nossos pecados está no diabo – Ele é
o pai do pecado, pois tudo começou com a rebelião dos anjos contra Deus. Depois
o inimigo entrou no jardim do Éden e derrubou Adão e Eva. De lá para cá, ele
sempre procura colocar os crentes contra Deus.
As passagens
bíblicas de Is 14.12-14 e Ez 28.12-17 ilustram a origem do pecado no céu. Estes
textos estão relacionados à queda do “querubim ungido” que tendo sido criado
com “livre arbitro”, escolheu rebelar-se contra Deus, sendo por isso, lançado
fora da presença de Deus. Isaías 14 deixa claro que a razão que levou o
“querubim” a rebelar-se contra Deus foi o fato dele desejar usurpar a glória
que pertence somente a Deus. Tem-se assim, o começo do pecado no universo.
Pode-se dizer que o diabo é o pai do pecado, porque o pecado foi originado por
ele. Com relação aos homens, apesar de ter sido o diabo que incitou a raça
humana ao pecado, este somente passou a fazer parte da história do mundo, por
causa da escolha do homem em desobedecer a Deus. A partir de então, todos os
homens passam a nascer com a inclinação para o pecado, e diante disto, o diabo
aproveita-se das oportunidades para conduzir cada vez mais o homem ao pecado e
também, os cristãos à rebelião contra Deus.
Jo 8.44: “Vós tendes por pai ao diabo,
e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida
desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade
nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é
mentiroso, e pai da mentira”.
Gn 3.17: “E a Adão disse: Porquanto deste ouvidos à
voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás
dela, maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da
tua vida”.
Rm 5.12: “Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo,
e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso
que todos pecaram”.
Sl 51.5: “Eis que em iniqüidade fui formado, e em pecado me
concebeu minha mãe”.
Sl 58.3: “Alienam-se os ímpios desde a madre; andam errados
desde que nasceram, proferindo mentiras”.
Rm 8.20: “Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua
vontade, mas por causa do que a sujeitou”.
A luta não é
contra a carne e o sangue – Muitos
estão maltratando pessoas, ofendendo irmãos e destruindo o corpo, pensando que
a nossa luta é contra seres humanos. As pessoas são boas, a influência de
satanás e o pecado é que as fazem ruins.
Em Ef 6.12, o
apóstolo Paulo fala da realidade da batalha espiritual, no qual todos os cristãos
estão envolvidos, tendo estes que lutar contra um reino hierarquicamente muito
bem estabelecido com o propósito de influenciar os homens em suas ações. Esta
influência, no entanto, não é única ou suficiente para justificar as atitudes
dos homens. Em Lm 3.39 o profeta Jeremias, por exemplo, diz:
“De que se queixa, pois, o homem vivente? Queixe-se cada um dos
seus pecados”.
Assim, a Bíblia
deixa claro a responsabilidade do homem quanto às suas próprias ações. É
importante esclarecer que de fato, tendo o homem sido criado à imagem e
semelhança de Deus, ele foi dotado de todos os atributos que o caracterizariam
como sendo uma criatura boa. O pecado, porém, manchou o homem em sua imagem e
semelhança de Deus, e desde então a inclinação do homem é para o mal, conforme
mostra, por exemplo, Gn 6.5 ou 8.21. Tal fato é também claramente demonstrado
na resposta de Jesus ao jovem rico, onde Jesus mostra a condição de todos
os homens diante de Deus quando Ele diz: “Ninguém
há bom, senão um, que é Deus”.
Gn 6.5: “E viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicara
sobre a terra e que toda
imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente”.
Gn 8.21: “E o Senhor cheirou o suave cheiro e disse o Senhor em
seu coração: Não tornarei mais a amaldiçoar a terra por causa do homem, porque a imaginação do coração do homem é má
desde a sua meninice; nem tornarei mais a ferir todo vivente, como fiz”.
Mc 10.17,18: “E, pondo-se a caminho, correu para ele um homem, o
qual se ajoelhou diante dele, e lhe perguntou: Bom Mestre, que farei para
herdar a vida eterna? E
Jesus lhe disse: Por que me chamas bom? Ninguém há bom senão um, que é Deus”.
Sl 14.2,3: “O Senhor olhou desde os céus para os filhos dos
homens, para ver se havia algum que tivesse entendimento e buscasse a Deus.
Desviaram-se todos e juntamente se fizeram imundos; não há quem faça o bem, não há sequer um”.
Is 64.6: “Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças
como trapo da imundícia; e todos nós murchamos como a folha, e
as nossas iniquidades como um vento nos arrebatam”.
Contra os
principados e as potestades do mal – São seres
espirituais do mal de ordens superiores, especializados e revestidos de
autoridade para o mal. Hierarquicamente eles estão organizados. Por vivermos
numa batalha espiritual constante, não podemos vacilar.
Contra os poderes
deste mundo tenebroso – São muitos os dominadores do mundo
das trevas. Esses poderes são nossos adversários, porquanto têm fácil acesso a
esta terra, motivo pelo qual são chamados de ‘dominadores deste mundo’, visto
que seu poder se estende ao ‘kosmos’, à esfera da existência humana.
Contra as forças
espirituais da maldade nas regiões celestes – São seres
espirituais malignos, forças do mal, opositores ao bem e à verdade. As regiões
celestes, às vezes, são invadidas para operações destas forças. Essas regiões
podem ser espaços onde Deus opera, onde estão os anjos bons e os seres humanos
remidos (Ef 1.3; 1.20; 2.6; 3.10). As infiltrações dizem que ainda não estamos
a salvo completamente, mas só nas mansões celestiais estaremos seguros
totalmente, livres de perigos.
Depois de sua
queda, o “querubim ungido”, conforme descrito em Ez 28.16, foi lançado fora da
presença de Deus “Na multiplicação do teu comércio se encheu o teu
interior de violência, e pecaste; pelo que te lançarei, profanado, fora
do monte de Deus e te farei perecer, ó querubim protetor, entre pedras
afogueadas”, passando o mesmo a ser chamado, na Bíblia, de satanás,
diabo, dragão, serpente, adversário ou maligno. Juntamente com ele, um terço
das criaturas celestes corrompidas por sua astúcia e que participaram do mesmo
juízo foram também banidos da presença de Deus ( Ap 12.4). Uma parte destas
criaturas celestes foi lançada no inferno, conforme descrito em 2 Pe 2.4 “Porque, se
Deus não perdoou aos anjos que pecaram, mas, havendo-os lançado no inferno, os
entregou às cadeias da escuridão, ficando reservados para o Juízo” e
em Jd 6 “E aos anjos que não guardaram o seu principado, mas
deixaram a sua própria habitação, reservou na escuridão e em prisões eternas até
ao juízo daquele grande Dia”, outra parte, porém destes anjos caídos vive
nos lugares celestiais sob a liderança do líder do reino das trevas, satanás, o
qual é chamado em Ef 2.2 de “o príncipe das potestades do ar”.
Pela descrição em
Ef 2.2, satanás vive nos lugares celestiais, porém estes lugares, com certeza
não é o mesmo onde vivem os anjos de Deus, “espíritos ministradores,
enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação” (Hb
1.14), mas provavelmente uma outra dimensão, já que satanás e seus anjos,
conforme já citado anteriormente, foram lançados fora da presença de Deus. Sob
a liderança de Satanás se encontram anjos caídos de diferentes categorias
e diferentes potências. Estes são listados por Paulo como sendo
os principados, as potestades, os príncipes das trevas (ou poderes deste
mundo tenebroso) e as hostes espirituais da maldade:
“Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra
os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste
século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais” (Ef
6.12).
A suposição é de
que o termo principados se refira a ordens superiores que possuem autoridade
sobre grandes regiões e sobre muitíssimos seres, já as potestades seriam
governantes subordinados, e assim sucessivamente. Tais seres fazem guerra
contra o bem e a verdade, podendo estes muitas vezes, tentarem-se opor até
mesmo aos anjos de Deus nas regiões celestiais ou terrenas conforme pode ser
visto em Dn 10.12,13,20
“Então me disse: Não temas, Daniel, porque desde o primeiro dia em que
aplicaste o teu coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, são
ouvidas as tuas palavras; e eu vim por causa das tuas palavras. Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu vinte e um dias, e eis que
Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu fiquei ali com os
reis da Pérsia. E
ele disse: Sabes por que eu vim a ti? Agora, pois, tornarei a pelejar contra o príncipe dos persas; e, saindo
eu, eis que virá o príncipe da Grécia”. Ou Jd. 9:
“Mas o arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo, e disputava a
respeito do corpo de Moisés, não ousou pronunciar juízo de maldição contra ele;
mas disse: O Senhor te repreenda” (Jd 9).
O local de ação
destes anjos caídos, além de ser os lugares celestiais, conforme já mencionado,
é também nos filhos da desobediência ( Ef 2.2), o que provavelmente explica a
questão relacionada à possessão demoníaca. Também é importante esclarecer que
apesar de Satanás e seus anjos caídos possuírem algum tipo de autoridade sobre
este mundo, esta é limitada, podendo os mesmos agirem somente até onde Deus
permitir (ver Jó 1.12; 2.6, Mc 5.10-13).
Entende-se a partir
de Ap 12.7,8,12 que será por ocasião da grande tribulação que satanás e seus
anjos serão expulsos das regiões celestiais, vindo então a serem precipitados
na terra:
“E houve batalha no céu; Miguel
e os seus anjos batalhavam contra o dragão, e batalhavam o dragão e os seus
anjos; mas não prevaleceram,
nem mais o seu lugar se achou nos céus. Por isso alegrai-vos, ó céus, e vós que neles
habitais. Ai dos que habitam na
terra e no mar; porque o diabo desceu a vós, e tem grande ira, sabendo
que já tem pouco tempo” (Ap
12.7,8,12).
No período do Reino Milenar de Jesus Cristo, Satanás
será aprisionado e lançado no abismo por mil anos:
“E vi descer do céu um anjo, que tinha a chave do abismo, e uma grande
cadeia na sua mão. Ele
prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás, e amarrou-o por
mil anos. E lançou-o no
abismo, e ali o encerrou, e pôs selo sobre ele, para que não mais engane as
nações, até que os mil anos se acabem. E depois importa que seja solto por um
pouco de tempo” (Ap
20.1-3).
Após este período,
ele será solto e sairá a enganar as nações, mas ao final, será lançado
definitivamente no lago de fogo e enxofre:
“E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde
está a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados para
todo o sempre” (Ap
20.10).
Em relação a
propagação feita por alguns pregadores e escritores de que Jesus tomou as
chaves da morte e do inferno das mãos de satanás, é importante deixar claro
que Jesus tem as chaves da morte e
do inferno ( Ap 1.18) e que estas nunca foram tomadas de satanás, pois
Deus sempre teve o domínio sobre todas as coisas, sendo que somente Ele é quem
pode fazer, desde sempre, perecer a alma e o corpo no inferno (ver Mt 10.18; Is
8.13). Além disto, a vitória de Cristo foi consumada na cruz e não no inferno
(ver Jo 19.3), tendo esta se dado por sua obediência a Deus até a morte e morte
de cruz (Fp 2.8).
Foi desta forma que
Cristo triunfou sobre os principados e potestades e os expôs publicamente
conforme fica claro em Cl 2.14,15:
“Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual
de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na
cruz. E, despojando os principados
e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo”.
Usando toda a
armadura de Deus – Assim como as armas bélicas protegem o
soldado comum, a armadura de Deus prepara o crente para enfrentar a batalha
espiritual.
Todas as peças da
armadura de Deus – Vestida a couraça da justiça, o cinto da
verdade, calçados os pés com a preparação do evangelho da paz, o escudo da fé,
capacete da salvação, a espada do Espírito que é a palavra de Deus, e a oração.
Não confie em armadura própria, pois não terá eficácia contra o mundo
espiritual da maldade.
Em Ef 6.10-18,
Paulo fala da forma como cada cristão deve conduzir-se diante da batalha
espiritual da qual tem então consciência de fazer parte. A orientação dada por
Paulo aos crentes de Éfeso deixa claro que o cristão não está sozinho nesta
batalha, caso contrário ele estaria em desvantagem, pois sua luta não é contra
carne nem sangue (ou seja, pessoas visíveis e materialmente constituídas), mas
sim contra o diabo, contra os principados, contra as potestades, contra os
príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade (ou
seja, contra seres invisíveis e materialmente não constituídos) nos lugares
celestiais (Ef 6.11,12). Diante disto, Paulo introduz este assunto apresentando
em primeiro lugar Aquele a quem o cristão tem como aliado (ou seja, o Senhor)
instruindo-o a se fortalecer nEle, na força do seu poder e no revestimento de
toda a armadura de Deus que se encontra à sua disposição. Nos
versículos de Ef 6.13-18, Paulo descreve a armadura de Deus com a qual o cristão
pode se revestir para estar firme contra as astutas ciladas do diabo e resistir
no dia mal e, havendo feito tudo permanecer firme (ver Ef 6.11,13).
Considerando algumas partes da armadura vestida por um soldado romano e sua
aplicação espiritual, os seguintes elementos são então identificados na descrição
da armadura de Deus citada por Paulo.
O cinto da verdade, a
couraça da justiça e o calçado da paz - Indicam que o cristão vence a batalha
quando, considerando-se incapaz de cumprir a justiça de Deus, ele toma para si
a perfeição de Jesus em sua vida terrena ( Is 59.17). Revestido então da
perfeição de Cristo, o cristão resiste ao inimigo propondo-se a seguir os
passos de Cristo, mantendo uma vida íntegra, justa, verdadeira e preparada para
seguir o caminho da paz, tanto em seu relacionamento com Deus quanto em seu
relacionamento com os homens. Segundo Adams (2003, p. 1267), o soldado
romano usava sandálias com cravos e travas para que, mesmo em terrenos
escorregadios pudesse manter-se firmemente e apoiado nos combates corpo a
corpo. Pode-se dizer que assim deve ser também a questão relacionada a manter a
paz nos relacionamentos humanos.
O escudo da fé, o capacete da salvação e a
espada do Espírito - Indicam que o crente resiste ao inimigo tendo a certeza da
obra de Deus que foi realizada na cruz em seu favor, dando-lhe garantia de uma
eterna salvação. O escudo da fé fornece proteção contra os dardos inflamados do
inimigo. Estes dardos incluem tentações, acusações, perseguições, calúnias,
dúvidas etc... O capacete da salvação refere-se à certeza e segurança da
salvação, e a espada do Espírito, ou seja, a palavra de Deus, é o argumento
contra as astutas ciladas do inimigo. Esta conduz o crente à confiança na
soberania e no poder de Deus, dando-lhe a certeza de que o Senhor seu Deus tem
o controle de todas as coisas em suas mãos, mesmo estando o crente em tempos de
dificuldades (Mt 4.4,7,10).
Para que possais
resistir no dia mal – O cristão só vence, estando
preparado. O inimigo não cansa de investir diariamente contra os salvos. A luta
do cristão é constante. Sabemos que o mundo inteiro está no maligno (1 Jo
5.19). Não permita que os períodos da sua vida em que você enfrenta conflitos,
façam com que você se acomode a uma falsa sensação de segurança (1 Pe 5.8).
1 Pe 5.8,9: “Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso
adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa
tragar; ao qual resisti firmes na fé, sabendo que as mesmas aflições se
cumprem entre os vossos irmãos no mundo”.
Tg 4.7: “Sujeitai-vos, pois, a Deus; resisti ao diabo, e ele
fugirá de vós”.
De acordo com os
textos de 1 Pe 5.8,9 e Tg 4.7 uma das formas do cristão vencer o diabo é
oferecendo-lhe resistência. Paulo escreve em 2 Co 2.11 acerca dos
ardis de Satanás que não devem ser desprezados, e ainda em 1 Co 10.12:
“Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe que não caia”.
Infelizmente,
muitos hoje têm utilizado os púlpitos ou outras situações para de forma
insensata desafiar o inimigo. A Bíblia, no entanto, mostra que o único que tem
poder de confrontar as forças das trevas é Jesus e somente no nome dEle é que o
domínio das trevas pode realmente ser vencido. Existem ainda aqueles que sob uma
pretensa autoridade se arrogam até mesmo no direito de “pisar na cabeça do
inimigo”, a Bíblia, porém mostra que esta prerrogativa pertence unicamente a
Deus, é o que Paulo diz em Rm 16.20:
“E o Deus de paz esmagará em
breve satanás debaixo de vossos pés”.
Estes textos são
suficientes, portanto para mostrar aos cristãos que a guerra espiritual não é
uma brincadeira, e também que não é através de afrontas ao diabo e seus
demônios que os crentes obterão a vitória, mas sim, através da sujeição a Deus,
da vigilância, da sobriedade e da resistência, conforme também considera Adams (2003,
p. 1264) no seguinte comentário descrito abaixo:
“A guerra
espiritual de que participamos tem uma característica única. Não perseguimos o
inimigo, nem adotamos ações de ataque contra ele (dessa forma, as principais
armas do soldado romano, as lanças duplas, estão ausentes da relação de Paulo).
Ao contrário disso, permanecemos firmes contra o inimigo. (6.11), defendemos
nosso terreno (6.13) e continuamos firmes (6.14). Devemos manter uma posição
firme, no ápice da montanha... e o inimigo deve-se cansar de seu constante
ataque dirigido ao alto. A posição firme que Paulo tem em mente é que estamos
sentados ao lado de Cristo no reino celestial (1.20; 2.6), onde Cristo está
colocado muito acima de principado, e poder, e potestade, e domínio (1.21), tendo
sujeitado todas as coisas a seus pés (1.22)”.
Após vencer é
preciso permanecer inabalável – O cristão
precisa, após cada vitória, insistir, não retroceder, não escorregar, não cair
por terra, ficar firme, sabendo que está em combate constante prosseguindo,
perseverando, não desanimando e permanecendo vitorioso. Lutero, ao traduzir a
Bíblia, foi obrigado a pensar profundamente sobre os desafios enfrentados pelos
vários homens e mulheres da Bíblia, que se apoiaram em Deus em busca da força
que os capacitou a permanecerem inabaláveis.
At 14.22: “Confirmando os ânimos dos discípulos, exortando-os a
permanecer na fé, pois que por muitas tribulações nos importa entrar no reino
de Deus”.
1 Co 10.13: “Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel
é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação
dará também o escape, para que a possais suportar”.
Tg 1.12: “Bem-aventurado o homem que suporta a tentação; porque,
quando for provado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos
que o amam”.
Vigiando com toda
perseverança e orando em todo o tempo – Sozinho não se vence
a força das trevas, só buscando o poder de Deus e a ajuda do Espírito Santo.
Não podemos confiar em nossas próprias forças nem usar nossas armaduras
humanas.
Ef 6.10: “No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na
força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possai
estar firmes contra as astutas ciladas do diabo”.
“Satanás treme
quando vê o mais fraco santo de joelhos” – A oração
transcende as fraquezas humanas e apela para o poder divino. Ela é poderosa
para desfazer as obras de Satanás.
O Espírito ajuda as nossas
fraquezas. Não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito
intercede por nós, com gemidos inexprimíveis (Rm 8.26).
Quer receber poder?
“Muita oração, muito poder; pouca oração, pouco poder; nenhuma oração, nenhum
poder”. Toda força do poder de Deus está à nossa disposição.
Rm 12.12: “Alegrai-vos na esperança, sede pacientes na
tribulação, perseverai na oração”.
Cl 4.2: “Perseverai em oração, velando nela com ação de graças”.
“A oração é
sem sombra de dúvida a mais alta elevada atividade da alma humana. O homem
encontra no seu melhor e mais elevado estado quando, de joelhos fica face a
face com Deus” [1]
A essência da
oração é falar com Deus como você varia com um amigo querido, sem nenhum
fingimento ou arrogância. Como a comunhão com Deus é plenamente necessária e a
oração é o meio eficaz de se ter essa comunhão, o inimigo tenta constantemente
disseminar enganos sobre o entendimento da oração e desvalorizar o compromisso em
orar. A cada geração a oração vem sendo deixada de lado e sendo
substituída por ações pragmáticas. Essa “estratégia” coloca de lado
a comunhão com Deus; a inversão de valores é tão grande que alguns se
consideram com o direito de em suas orações fazerem exigências e reivindicações
a Deus, como se pudesse forçar Deus a fazer alguma coisa. E ainda tem aqueles
que tem a oração como ritual de rotina, mas na verdade a oração é um momento de
dedicação a Deus, onde o cristão fala com Ele e sai confortado com a sua
presença e resposta a alma. Se você está orando e Deus não lhe respondeu,
continue de joelhos e ore mais um pouco e fique mais a sós com Deus.
4.2 Vigiando com
toda a perseverança – A falta de vigilância põe tudo a perder. A
perseverança aqui significa constância, firmeza, insistência, persistência.
Evidentemente, a batalha é contínua, uma série interminável de conflitos. Por
isso, a vigilância deve vir primeiro, não pode faltar (Mt 25.13; 26.41).
O sentido da
palavra "vigiando" refere-se a não estar dormindo no campo de batalha
(Ef 5.14). O lutador tem que vigiar, isto é, estar de olhos abertos e atentos
para os eventuais ataques de surpresa do inimigo.
Mt 26.41: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na
verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca”.
Orando em todo o
tempo – O cristão precisa ser persistente na oração (1 Ts 5.17). Porém,
não adianta orar muito e vigiar pouco, mas vigiar em qualquer ocasião, em todas
as circunstâncias, nas diversas oportunidades. O cristão precisa estar sempre
com a sua mente pronta para orar e, principalmente, no Espírito, sob a direção
de Deus. O espírito do cristão fala com o Espírito de Deus e vice-versa (Rm
8.16). Orar sem jamais esmorecer é um pedido de Jesus (Lc 18.18). Não há tempo
específico para oração individual, só para oração em conjunto se marca horário.
Lc 18.1: “E contou-lhes também uma parábola sobre o dever de orar
sempre, e nunca desfalecer”.
Ef 6.18: “Orando em todo tempo com toda oração e súplica no
Espírito e vigiando nisso com toda perseverança e súplica por todos os santos”.
1 Ts 5.17: “Orai sem cessar”.
1 Ts 5.17: “Orai sem cessar”.
Referências
Bibliográficas:
[1] Martin Lloyds-Jones, Studies in the Sermon on the mount, 2
vols, 1979, Grand Rapids: Eerdmans.
J. D.
Douglas, O Novo Dicionário da Bíblia, 1995, Edições
Vida Nova, São Paulo, SP.
Johnson, V.; Palma,
A., Hernando, J.; Simmons, W.; Adams, J. W.; Demchuck, D.; Soderlund, S. K.;
Glubish, B.; Gill, D. M.; Comentário Bíblico Pentecostal, 2003,
1a. Ed., CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
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