“Tenho-vos dito isso, para que em mim tenhais paz; no mundo
tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo” João 16.33
Homens, não hesitem em se engajar na batalha que está sendo
travada em torno de vocês, a batalha que está ferindo os nossos filhos e as
famílias, a batalha que distorce a dignidade de homens e mulheres. Esta batalha
é muitas vezes escondida, mas é uma batalha real. É principalmente uma batalha
espiritual, que está progressivamente matando os valores cristãos restantes em
nossa sociedade e em nossa cultura, e até mesmo em nossas próprias casas.
Mas, a luta pela verdade e a moral, pela honra de sermos
cristãos, não é somente um sacrifício que fazemos; coadjuvada pela graça
divina, ela nos dá aquela alegria do guerreiro que luta pela causa justa. Na
misericórdia e na verdade de Cristo, tornamo-nos fortes com sua força,
corajosos com sua coragem, e podemos realmente experimentar a ‘joie de guerre’
[alegria da luta] de sermos soldados de Cristo. Essa “alegria da luta” enquanto
soldados de Cristo é uma das mais puras e intensas alegrias que possamos gozar
nesta Terra.
Alegria e guerra são
conceitos totalmente opostos. Segundo o dicionário, alegria significa prazer em
viver, contentamento, satisfação. Enquanto guerra significa luta, conflito. Não
há satisfação no conflito, não há contentamento na luta. E não há prazer em
viver na guerra, pois geralmente a guerra deixa feridos e mortos. Como
conciliar então estes dois conceitos? Seria possível fazê-lo?
Servir ao Senhor com alegria em tempo de paz é muito bom, e
muito fácil. É fácil levantar as mãos para adorar, é fácil aplaudir, é fácil
sorrir para todos os que estão ao nosso lado.
Porém, quem, em sua caminhada cristã, nunca passou por um
período de guerra? – Todos já passaram, e muitas vezes, e ainda vão passar por
muitas outras. A Bíblia é bem clara quanto a isso. Jesus poderia ter dito que
no mundo nós nos divertiríamos, brincaríamos, faríamos tudo com facilidade. Mas
Ele não nos enganou: “no mundo tereis aflições”, e é exatamente o que todos nós
vivenciamos.
A partir do momento em
que aceitamos o desafio de seguir o Senhor, e de servir ao Senhor, de trabalhar
em prol do reino, de ganhar almas, de adorá-Lo, de fazer tudo isso com alegria;
a partir desse momento a nossa guerra começa. É a partir daí que se levantam as
pessoas de sua família contra você, querendo te desestabilizar; levantam-se
irmãos da Igreja, questionando o que você faz; levanta-se a inveja, a cobiça, o
ciúme, a fofoca. Tudo isso parte das pessoas que estão com você, daquelas que
você vê todos os dias, convive todos os dias. Porque se esses sentimentos
partissem de pessoas distantes, que você não vê ou mal conhecem, então seria
fácil vencer, seguir em frente. Mas para lidar com isso todos os dias? Como nós
podemos servir ao Senhor com alegria se nós sentimos que falam de nós, que se
incomodam com o que fazemos, se tentam nos derrubar? Como evitar que tudo isso
aconteça?
Nós temos duas opções: seguir em frente, ou desistir. Vejamos a primeira opção:
1) Seguindo em Frente
Ora, se Deus nos chamou, é dever nosso obedecer. Ele nos
chamou para servi-Lo, e nós precisamos servi-Lo com alegria. Mas como servir ao
Senhor com alegria em tempos de guerra?
1.1). É preciso negar-se a si mesmo
Mateus 16.24: “Então, disse Jesus a seus discípulos: se
alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me. ”
Nós somos membros do Corpo de Cristo. Então, não somos eu,
você, ele e ele: somos nós. É preciso nos enxergarmos como um corpo. É preciso
pensarmos como um só. Eu não posso ser egoísta, pensar somente no que me
agrada, fazer apenas a minha vontade. É preciso ser um só corpo com todos os
irmãos. Então, pensando desta forma, é mais fácil conceber a possibilidade de
“negar-se a si mesmo”: relevar as ofensas, as discussões, as brigas e disputas.
É fácil? Não. Mas é o que precisamos fazer para ir após Cristo. Jesus conhece
nossos corações, nos sonda: clamando a Ele para que nos ajude, Ele nos ouve, e
nos ajuda a superar todas essas barreiras. Ele nos ajuda nesse processo tão
difícil de negarmos nossas vontades, nossos desejos, e enxergarmos como um só
corpo.
1.2). É preciso tomar a sua cruz
Mateus 16.24: “Então, disse Jesus a seus discípulos: se alguém
quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me”
O fardo de Jesus é leve, mas ele existe. A vida cristã é
trabalhosa. A vida na Igreja para aqueles que trabalham também. Porque aqueles
que não fazem nada em prol do reino não dão trabalho para o inimigo, então não
há motivos para perturbá-los. Mas aqueles que trabalham, independente do que
façam (Deus conhece o coração de cada um, o trabalho de cada um, seja orando,
intercedendo, pregando, cantando: Deus conhece e sabe o que cada um faz, e
reconhece os frutos desse trabalho, seja ele qual for); os que trabalham têm
sua cruz para carregar, cada um. E pode ter certeza que é mais fácil estar em
qualquer outro lugar. Se na escola te incomodam, você pode trocar de escola
numa boa; se no trabalham pegam no seu pé, você pode trocar, ou aturar tudo o
que fazem por causa do salário. Mas da Igreja, não dá para sair por qualquer
problema que surja. A sua cruz é a sua cruz, e você vai carregá-la em qualquer
lugar que você esteja. Se implicam com o ritmo que você toca aqui, vão implicar
também em outra Igreja. Pode não ser com o ritmo, mas vão implicar. Não tem
como fugir disso. Os problemas estão em todos os lugares. O que muda é o
endereço, e os rostos. O resto é igual. Se você faz o que faz bem, faz em nome
do Senhor, alguém vai se levantar para tentar te ferir. É isso que o inimigo
faz. Se você joga tudo para o alto, então o inimigo ganha. Quem quer servir ao
Senhor com alegria, precisa carregar sua cruz, dia após dia.
1.3). É preciso fartar-se de afronta
Lamentações 3.30: “Dê a face ao que fere; farte-se de afronta”
Como servir ao Senhor com alegria cheio de afronta? Poderiam
haver milhões de respostas para esta pergunta. Mateus 5,3.
“Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão
nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós”.
Regozijai-vos e exultai – é dessa forma que servimos ao Senhor com alegria,
fartos de afronta. Grande é o nosso galardão nos céus.
1.4). É preciso amar o outro
João 13.34-35: “Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns
aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto
conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amos uns com os outros.
Na guerra não existe amor; existe ódio, rancor, ira. Se
alguém se levanta contra você, e você responde com amor, você já venceu. Se
alguém é rude, e nós somos educados, a pessoa rude fica sem graça, e até pede
desculpas. Então se nós respondemos com bem a quem nos trata mal; se nós
respondemos com amor, já não há mais guerra, porque o amor não dá espaço para
guerras. Se levantaram contra você, contra seu ministério? Ore por essas
pessoas. Não entre na briga, você não ganhar nada. Ore. Ame. E a vitória é
certa.
Mas a quem devemos amor? A todos. Ame seu amigo, seu pai, seu
irmão, seu inimigo, aquele que te rouba, que mente, que dissimula: Jesus morreu
por todos. Ele não escolheu por quem morrer, morreu por todos. Não podemos
escolher quem amar. Devemos amar a todos. E se nós amamos, nós vencemos a
guerra, nós servimos ao Senhor com alegria, independente do que esteja
acontecendo. A nossa alegria nunca morre porque nós amamos, e o amor de Deus em
nossas vidas faz isso: renova nossa alegria, mesmo em tempos de guerra.
1.5). É preciso perdoar
Lucas 23.34a: “Contudo, Jesus dizia: Pai, perdoa-lhes, porque
não sabem o que fazem”
Mateus 6.14-15: “Porque se perdoardes aos homens as suas
ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos
homens (as suas ofensas) tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas”
Quem ama, perdoa.
É impossível servir ao Senhor com alegria tendo no coração
mágoa contra alguém. E quando nós nos colocamos diante de Deus, dispostos a
perdoar, mesmo que seja a pior afronta de todas, nós somos capazes de perdoar.
Porque o poder de Deus é incrível. Não há nada que Ele não seja capaz de fazer.
A dificuldade é amar um irmão? Entregar o dízimo, perdoar? Peça à Deus! Ele
verdadeiramente transforma nossos corações. Como Ele faz isso? Não faço a menor
ideia. Mas querido, Ele faz. Faz você se sentir uma nova criatura de novo. E
renovado de novo. E quantas vezes mais forem necessárias. Ele não se canse de
nos ajudar!
E a Palavra de Deus é clara: quem não perdoar não será
perdoado. O que seria de nós sem o perdão de Deus? Não precisaríamos nem estar
aqui, porque nada do que fizéssemos seria aceito diante dEle. E mais, maior
exemplo de perdão do que a declaração de Jesus para aqueles que o humilharam
não existe: “Pai, perdoa-lhes” Nenhum de nós sofreu um décimo do que Jesus
sofreu, e nos recusamos a perdoar. Tem gente que pisa na bola, e muitas vezes,
é verdade. Mas sem perdão, não há alegria no nosso servir.
Se você tenta fazer algo estando irritado com alguém, você
não consegue fazer direito. Se você vai trabalhar brigado com sua esposa, você
vai ficar pensando naquilo. Ou na briga, ou na hora de chegar em casa, e ter
que encará-la. De repente achando que tem razão, e ela está errada, já pensando
em passar direto sem nem dar um “oi”, e aí dela se falar alguma coisa com você,
vai virar briga de novo! As coisas são assim, em casa, no trabalho, na escola,
na Igreja. Se ninguém der o primeiro passo rumo ao diálogo, a birra vai
permanecer, o mau clima continua. E imagina vir louvar a Deus dessa forma! Ele
não vai receber e ainda ficará triste com nossa atitude. É preciso perdoar.
Para servir ao Senhor com alegria em tempos de guerra é
preciso:
1 - negar-se a si
mesmo;
2 - tomar a sua
cruz;
3 - fartar-se de
afronta;
4 - amar o outro;
5 – perdoar.
Vejamos agora a segunda opção:
2) desistindo
Deus nos chamou, mas nós temos sim a opção de negar o chamado
de Deus, ignorá-lo, fingir que não é conosco. Podemos até aceitar e desistir no
meio do caminho. Mas se eu, se você desistirmos, a obra não vai parar.
Lucas 19.10: “Mas Jesus lhes respondeu: Asseguro-vos que, se
eles se calarem, as próprias pedras clamarão”
Seu irmão é chato? Está disposto a te tirar do sério?
Inventando histórias, fazendo fofoca, ou nem fala mais com você? São armadilhas
de o inimigo para o trabalho não continuar. Deus vê tudo o que acontece, e Ele
é quem vai julgar seu irmão. Lembre-se de que tudo acontece com a permissão de
Deus. Então, se o irmão se levanta contra você, Deus está vendo e sabe.
Quer desistir? Toda a
dor de cabeça com ministérios, e trabalho na casa de Deus, e até as intrigas
que os seus familiares inventam: tudo vai desaparecer. Você não vai ter mais
preocupações. Mas o trabalho de Deus não vai parar. Você é importante, sim. Mas
se você não falar, Deus levantará as pedras. Deus levantará outro que esteja
disposto a fazer a obra no seu lugar. Deus levantará outro que esteja disposto
a negar-se a si mesmo, a carregar sua cruz, a fartar-se de afronta, a amar, a
perdoar. Deus levantará outro que esteja disposta a obedecer ao seu chamado,
com todas as suas implicações. Porque no mundo, tereis aflições. Deus levantará
aquele que tem bom animo, porque com bom animo, Jesus venceu o mundo, e assim
farão aqueles que não desistirem em meio às guerras.
Deus não depende de você. Ele te ama, e quer te ver fazendo a
obra. Mas se você não quiser obedecer, Ele vai levantar outro. Foi assim com
Saul, que não obedeceu ao Senhor, e perdeu seu trono para Davi. Por que seria
diferente conosco? A obra é grande. E não vai parar.
Quem desiste não recebe o prêmio, não recebe o galardão que
está preparado. Não existe alegria na derrota. Não dá para servir ao Senhor com
alegria desistindo no meio do caminho. As guerras vêm, mas que nos regozijemos
e exultemos, porque é grande o nosso galardão nos céus. As guerras vêm, porque
no mundo temos aflições, mas que tenhamos bom animo, porque Jesus venceu o
mundo.
Dom Thomas J. Olmsted - Helen Lúcia
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