quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

A correção do Senhor


Desde a queda no Paraíso, a humanidade tem vivido numa terra de sofrimentos. Devido ao pecado deliberado, Adão e sua posteridade devem ganhar o pão com suor numa terra que brota espinhos e abrolhos. Aflição é uma coisa acerca da qual todos sabemos, quer sejamos uma criança com um braço machucado, um adolescente com o coração partido ou um adulto se perguntando o que ganharemos com nossa próxima crise. Em Hebreus 12 Paulo exorta os cristãos hebreus com respeito às aflições.

Um Marca de Filiação

O sofrimento é uma experiência comum de todos. Nem os salvos e nem os não-salvos estão isentos, mas à igreja de Deus é prometido, de uma forma única, o experimentar aflições. Cristo disse: “No mundo tereis tribulação” (João 16:33). Carregar a cruz é um emblema do discipulado cristão. Cristo carregou uma cruz durante toda Sua vida na terra, e assim também Seus seguidores devem ser. Portanto, não devemos ficar envergonhados deste emblema familiar, porque ele é um emblema de filiação. “Porque o Senhor corrige ao que ama, e açoita a todo o que recebe por filho” (Hebreus 12:6). Durante períodos de aflição, nós freqüentemente, de uma maneira errônea, ficamos envergonhados de estarmos sofrendo, e com sorrisos gelados procuramos esconder o fato de que estamos experimentando variados graus de aflição.

O Uso que o Senhor Faz das Aflições

O Senhor freqüentemente usa a aflição para nos disciplinar. Em Hebreus 12:5-11 “correção” também pode ser traduzida por “disciplina”. Através da aflição o Senhor disciplina, ou guia, e nos ensina.

Esta disciplina tem diferentes aspectos. É uma disciplina de amor. É de um Pai amoroso. Portanto, não há nenhum sofrimento inútil. É uma disciplina de sabedoria – Ele sabe o que necessitamos. É uma disciplina de fidelidade. Salomão escreveu, “féis são as feridas feitas pelo amigo” (Provérbios 27:6). É uma disciplina de poder – Aquele que a administra é todo-poderoso. Ninguém pode frustrar o plano de Deus. Em todas as tempestades com as quais nos deparamos, Ele anda sob as águas.

Lições a partir das Aflições

A aflição é cheia de lições graciosas. Ele nos lembra através delas: “Não ameis o mundo, nem as coisas do mundo” (1 João 2:15). Ele nos ensina: “Acautelai-vos e guardai-vos de toda espécie de cobiça” (Lucas 12:15).

Algumas vezes o Senhor usa as aflições para nos mostrar o que realmente se encontra em nossos corações, como Ele fez com os israelitas. “E te lembrarás de todo o caminho pelo qual o Senhor teu Deus tem te conduzido durante estes quarenta anos no deserto, a fim de te humilhar e te provar, para saber o que estava no teu coração, se guardarias ou não os seus mandamentos. Sim, ele te humilhou, e te deixou ter fome, e te sustentou com o maná, que nem tu nem teus pais conhecíeis; para te dar a entender que o homem não vive só de pão, mas de tudo o que sai da boca do Senhor, disso vive o homem. Não se envelheceram as tuas vestes sobre ti, nem se inchou o teu pé, nestes quarenta anos.

“Saberás, pois, no teu coração que, como um homem corrige a seu filho, assim te corrige o Senhor teu Deus” (Deuteronômio 8:2-5).

Há também consolação e conforto na aflição. Cristo chora conosco – Ele não é um Senhor estóico, insensível, mas um Sumo Sacerdote misericordioso, que sente a dor do Seu povo. Ele é tocado não somente com os fatos, mas também com os sentimentos das nossas fraquezas (Hebreus 4:15). Assim também, todas as coisas cooperam para o nosso bem, mesmo quando elas parecem más (Romanos 8:28). O sofrimento também purifica. “Provando-me ele, sairei como o ouro” (Jó 23:10). E tudo é feito em amor. “Eu repreendo e castigo a todos quantos amo” (Apocalipse 3:19). Freqüentemente demais, quando experimentamos aflição, pensamos que Deus deve estar irado. Uma demonstração maior de Sua ira seria permitir que os pecadores continuassem em seus pecados sem controle. Sofrimento é também uma coisa passageira. Em 1 Pedro 1:6 somos informados que “por um pouco de tempo” estamos “contristados por várias provações”. Há um dia vindouro para a igreja de Cristo quando este tempo será passado e a glória será a sua eterna porção. Quando contemplarmos a aflição desta forma, não haverá espanto. John Trapp pôde escrever, “quem está cavalgando para sua própria coroação, não se incomodará muito com um pouco de chuva”.


O sofrimento é uma oportunidade que não deve ser desperdiçada. Aprendemos tão pouco porque simplesmente suportamos, ao invés de usarmos a aflição. A aflição produz “um fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela” (Hebreus 12:11). Pela graça de Deus nós podemos ser exercitados e usarmos a aflição como um período especial de oração. Não devemos nos afastar em indiferente falta de oração, mas devemos nos voltar para o Senhor, que nos mostra misericórdia quando oramos (Salmos 86:5). Devemos ser exercitados em fé, descansando nas promessas de Deus e orando para que possamos experimentar o cumprimento delas em nossas vidas também. Finalmente, devemos usar diligentemente os meios de graça. Quando atravessamos dificuldades, tendemos a nos “fechar” e a apiedarmos de nós mesmos diante dos nossos problemas, mas isto nunca ajudou em prover solução.

Portanto, não somente suportemos as aflições, mas antes, usemo-las como uma oportunidade para nos voltarmos para Deus, suplicando-Lhe que nos faça mais semelhantes ao Seu Filho.

Rev. M. Fintelman é pastor da Heritage Reformed Church de Plymouth, Wisconsin.

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