domingo, 13 de novembro de 2016

Fé como um Grão de Mostarda


"Respondeu-lhe o Senhor: Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta amoreira: Arranca-te e transplanta-te no mar; e ela vos obedecerá" (Lc 17.6). "Pois em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará. Nada vos será impossível" (Mt 17.20).

Que pensamentos e emoções invadem o nosso coração quando lemos essas afirmações do Senhor Jesus? Estamos de fato firmemente convictos de que isso se cumprirá literalmente com uma ordem nossa, fazendo uma amoreira ou um monte se transplantarem de um lugar a outro? Ou reagimos justamente ao contrário, simplesmente rejeitando essas afirmações e dizendo que isso não é possível?

Infelizmente, são justamente essas afirmações de Jesus que criam em muitos crentes uma sensação de fraqueza interior, pois quase automaticamente vem o pensamento: "isso não é possível!" Pelas leis da natureza, infelizmente, é o que acontece com essas passagens das Escrituras; em princípio, sempre despertam dúvida e incredulidade, levando-nos à humilhante constatação de que não entendemos direito o que a Palavra quer nos dizer.

Por isso empenhemo-nos para entender qual é, afinal, o sentido espiritual mais profundo das palavras de Jesus especialmente em Mateus 17.20.

Em primeiro lugar, quero dizer que em nosso texto: "Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará. Nada vos será impossível", não se trata de uma grande fé, mas de uma grande façanha, de um ato grandioso! Essa afirmação é totalmente contrária à interpretação tradicional que sempre fala de uma fé tão grande que muda um monte de lugar. Mas repito: aqui prioritariamente não se trata de uma grande fé, mas de uma grande ação pela fé!

Afinal, que fé é esta, que pode ter um efeito tão impressionante como o deslocamento de um monte? Será que é uma fé imensa, sistemática, objetiva, planejada, convincente, que não vê empecilhos, e que de maneira soberana supera tudo o que atravessa o seu caminho? Uma fé que move montanhas evidentemente poderia ter tais características. Mas o Senhor Jesus não fala de uma fé desse tipo. Então, que fé é esta, que tem – como Jesus expressa figuradamente – a condição de transferir montes? A esta fé capaz de fazer grandes façanhas, o Senhor Jesus chama de:

Fé como um grão de mostarda

Grãos de mostarda
"Pois em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará. Nada vos será impossível". O que é um grão de mostarda? Em Marcos 4.31, ele é chamado de "...a menor de todas as sementes sobre a terra". De fato ele tem um diâmetro de apenas 0,95 -1,1 mm. Esse pequeno grão de semente, que tem de ser observado com uma lente se quisermos vê-lo nitidamente, é considerado pelo Senhor como exemplo para uma fé que é capaz de mover montanhas.

Por que Jesus considera justamente esse pequeno grão de mostarda como exemplo para uma fé pela qual podem acontecer grandes coisas? Pelo fato desse pequeno grão de semente ser capaz de ilustrar o que significa transportar montes. Esse grão de semente extremamente pequeno, que quase não pode ser visto a olho nu, no espaço de um ano se transforma num grande arbusto, numa pequena árvore com galhos de cerca de 2,5 a 3 metros. Portanto, como são diminutos os pré-requisitos para um resultado tão grande num minúsculo grão de semente, onde aparentemente nada existia. No entanto, justamente estas condições mínimas são um exemplo que o Senhor usa para ilustrar uma fé que é suficiente para remover montanhas! Essa "fé como um grão de mostarda" não aponta de maneira clara para a nossa fé, que muitas vezes é tão fraca e pequena? Com isso, de maneira alguma quero desculpar nossa repetida incredulidade dizendo simplesmente: afinal, só tenho uma fé bem pequena, como um grão de mostarda! Quero lembrar que muitos de nós, repetidas vezes, já tivemos a impressão de que nossa fé era assim tão pequena e insignificante, e isso pode provocar dificuldades consideráveis. Assim mesmo, essa é justamente a pequena fé, quase imperceptível, que, segundo as palavras de Jesus, tem o poder de transpor montes.

É necessário mudar o raciocínio!

Oração de fé
Será que, às vezes, não imaginamos algo errado quando pensamos na fé que precisamos ter para viver como cristãos verdadeiros? Todos nós nos defrontamos diariamente com situações, perguntas e problemas que se avolumam como montes. Não é justamente nesses momentos que aspiramos de todo o coração ter mais fé, ter uma fé maior, a fim de vencermos tudo isso? É justamente aí que muitos precisam aprender a mudar o raciocínio, pois Jesus diz: "Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá!" Em outras palavras: nossa fé não necessita ser particularmente grande para transferir montes – simplesmente é suficiente "termos fé".

Se o grão de mostarda tivesse a possibilidade de olhar para si mesmo e conseguisse se enxergar, teria tudo para desanimar, pois em si mesmo não teria nada a apresentar. E assim é também, muitas vezes, em nossa vida: olhamos para nós e vemos uma fé relativamente pequena, limitada, e então ficamos desanimados. Mas o grão de mostarda não faz isso. Ele não olha para si mesmo para então desanimar. Não, ele simplesmente se deixa plantar na terra, ali começa a crescer, e finalmente se torna aquilo que deve ser, ou seja, uma árvore em cujos ramos "aninharam-se as aves do céu" (Lc 13.19).

Ao mesmo tempo é de se considerar que o grão de mostarda não se torna uma árvore porque empreendeu grandes esforços, mas simplesmente porque torna ativo e aplica o que possui! Oh!, como seria bom se compreendêssemos hoje que, com todas as nossas fraquezas, dificuldades e tentações diárias, simplesmente podemos nos aquietar com fé infantil na mão de nosso Salvador! Que modificação isso provocaria em nossa vida espiritual!

Simplesmente creio que, muitas vezes, caímos no erro de ter conceitos errados acerca da fé. Na verdade, é a fé singela na obra consumada de Jesus Cristo que consegue nos levar adiante e que, a cada dia, nos conduz para uma comunhão mais profunda com o Cordeiro de Deus, e não o esforço da nossa alma em crer bastante.

Em nossa vida como cristãos não precisamos nos estender buscando novas formas e grandezas de fé, mas simplesmente ter e usar a fé pela qual fomos salvos, ou seja, a fé simples no Senhor Jesus Cristo. Nesse contexto, leia novamente o que Davi diz no Salmo 18.29: "Pois contigo desbarato exércitos, com o meu Deus salto muralhas". Ou veja também o que ele diz nos Salmos 60.12 e 108.13: "Em Deus faremos proezas, porque ele mesmo calca aos pés os nossos adversários". Essas afirmações testificam de uma fé poderosa e vencedora que Davi tinha? Eu penso que não, pois Davi era um homem com fraquezas e erros como nós. Ainda assim, esses versículos testemunham que Davi se agarrava com toda a simplicidade ao seu Deus e por meio dEle podia fazer grandes proezas.
Ou lembremos de 1 João 5.4: "Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé". Que fé é essa que vence o mundo? É uma fé poderosa, forte, que supera tudo? De modo algum! A fé que vence o mundo é a fé singela, que muitas vezes não se sente; é a fé sacudida e posta à prova, mas assim mesmo firmada no sangue reconciliador e salvador de Jesus Cristo! Isso é tudo! Essa fé não se apóia no que sentimos ou percebemos, mas naquilo que sabemos, ou seja, que Jesus venceu o mundo (Jo 16.33b), e que de fato somos filhos de Deus. Essa é a fé que remove montanhas!

Como seria bom se compreendêssemos hoje o que significa de maneira bem prática nos contentarmos com a fé simples como um grão de mostarda. Então muitos de nós mudariam totalmente sua vida espiritual teimosa e pouco inteligente! Que de uma vez por todas reconhecêssemos que o caminho da fé é simples; que não se trata de fazer grandes esforços espirituais, mas simplesmente de confiar naquilo que nos é oferecido em Cristo!

Grandes resultados da fé como um grão de mostarda

Monte
Em Isaías 42.3 está escrito: "Não esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega". Essa é uma profecia messiânica que é confirmada no Novo Testamento (Mt.12.20) de maneira direta em relação a Jesus Cristo, e por isso já se tornou grande fortalecimento para muitos filhos de Deus. Essas palavras também são uma figura de uma pessoa que possui fé como um grão de mostarda. Pois a cana quebrada ainda não foi esmagada, está apenas quase partida, e uma torcida que fumega ainda não está totalmente apagada. Nesse sentido essas palavras apontam para a fé mais pequena possível que uma pessoa pode possuir, fé como a de um grão de mostarda.

O que vimos no caso do grão de mostarda? Que ele não tem quase nada a oferecer, mas oferece tudo o que tem, e por meio disso experimenta grandes resultados!

Meu irmão, minha irmã, você compreende o que o Senhor quer lhe dizer com isso? Talvez você leia esta mensagem com o estado interior de uma "cana quebrada" ou de uma "torcida que fumega". Você se sente interiormente fraco e miserável, e em seu interior só resta uma fé ínfima, do tamanho de um grão de mostarda? Você se sente assim porque diante de sua alma se amontoam grandes montanhas de angústias, preocupações e problemas. Mas agora escute bem: o fato de você se sentir como uma "cana quebrada" ou uma "torcida que fumega" prova que em você ainda existe algo. Pois uma cana quebrada ainda não está amassada, e uma torcida que fumega ainda não está apagada. Apesar de todos os montes de dificuldades que talvez neste momento existam à sua frente, você ainda tem uma centelha de fé. E é justamente isso que você tem que ativar agora, pois Jesus diz: "Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará. Nada vos será impossível". Todos estes montes, problemas e dificuldades podem ser "lançados no mar" se você ativar e aplicar sua pequena fé, embora ela seja como um grão de mostarda. Em outras palavras, isso acontece se você simplesmente vier agora a Jesus como você é. Ele não "esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega". Pelo contrário, no Salmo 34.18 está escrito: "Perto está o Senhor dos que têm coração quebrantado e salva os de espírito oprimido". Uma coisa, porém, você precisa fazer: você – "a cana quebrada" e "a torcida que fumega " – tem que buscar a Jesus como você é. Assim você torna ativa a sua fé como um grão de mostarda. E por meio disso você terá condições de "lançar no mar" todos os montes, preocupações e problemas. Incentivo você a vir ainda hoje, agora, a Jesus com o pouco que você tem – com sua fé como um grão de mostarda. Assim o Senhor poderá lhe encontrar de maneira totalmente nova, e fazer transbordar sua vida como talvez nunca aconteceu antes!

Nesse contexto, façamo-nos a pergunta:

Como aconteceu a alimentação dos cinco mil?

Pão
Para poder alimentar os milhares de ouvintes, os discípulos já haviam projetado um plano "muito bom": "Ao cair da tarde, vieram os discípulos a Jesus e lhe disseram: O lugar é deserto, e já vai adiantada a hora; despede, pois, as multidões para que, indo pelas aldeias, comprem para si o que comer" (Mt 14.15). O Senhor, porém, não havia esperado por uma proposta dessas, mas por outra bem diferente. Ele não necessitava dos estoques de gêneros alimentícios dos arredores para poder alimentar as milhares de pessoas. Ele procurou por alguém que tivesse fé como um grão de mostarda. Ele necessitava de uma pessoa que possuísse pouco, mas que estivesse disposta a dar ao Senhor o pouco que possuía. Por meio disso, Ele seria capaz de realizar uma grande obra.

E de fato estava presente "um rapaz" que, como está escrito em João 6.9, tinha "cinco pães de cevada e dois peixinhos", e que estava disposto a Lhe entregar esse pouco! E o que fez o Senhor com isso? "Então, Jesus tomou os pães e, tendo dado graças, distribuiu-os entre eles; e também igualmente os peixes, quanto queriam" (v. 11). Dessa maneira o Senhor Jesus Cristo alimentou cinco mil homens além das suas mulheres e crianças com cinco pães de cevada e dois peixinhos. Entendamos corretamente: Ele somente realizou esse milagre porque estava presente alguém – justamente esse rapaz – que demonstrou a fé como um grão de mostarda, entregando ao Senhor o pouco que possuía. Que montanhas de problemas e receios foram afastados dos discípulos e ao mesmo tempo lançados no mar! Eles viam montes enormes diante de si, pois como seria possível alimentar um número tão grande de pessoas? Eles também já haviam se preocupado em como poderiam afastar estes "montes". Mas Jesus não necessitava de nada disso. Ele apenas procurou a fé como um grão de mostarda que acabou encontrando nesse rapaz. Dessa maneira todos os montes de dificuldades e impossibilidades "foram lançados no mar".

Meu irmão e minha irmã, seja, ainda hoje, como esse rapaz: consagre ao Senhor o pouco que tem. Traga ao Senhor a sua fé como um grão de mostarda, e Ele virá ao seu encontro de maneira totalmente nova. Entregando o pouco de fé que você possui, Ele terá condições de "lançar no mar" as montanhas de sua vida, suas dificuldades e preocupações! Portanto, não é o tamanho de nossa fé que faz a diferença, mas a fé como um grão de mostarda num grande Deus! (Marcel Malgo – http://www.chamada.com.br)

sábado, 12 de novembro de 2016

A Sequoia e o Bonsai

Originada na China antiga, a arte do Bonsai foi difundida muito mais pelos japoneses do que os próprios chineses. Na minha cabeça era uma espécie de árvore miniatura cultivada para permanecer bela ao longo dos anos. Errado! O Bonsai é feito a partir de qualquer planta utilizando dessas técnicas para que ela permaneça pequena, limitada e encruada. Tudo isso garante que ela nunca se desenvolva. Muito triste, não? Podar todas as suas energias vitais para transformá-la em bibelô de decoração.Pinçamento de brotos, poda, e aramação de galhos, são técnicas usadas para limitar o crescimento saudável. O Bonsai é isso: plantas que são cultivadas num recipiente para restringir as suas raízes. Em outras palavras, é um processo de impedimento do crescimento de uma árvore. Achava muito interessante essa arte, mas depois de entender como funciona foi uma decepção.

Imagine só. Nós quando crianças sendo podados o tempo inteiro. Um não aqui, uma superproteção ali. Todos aqueles condicionamentos que nos impuseram e que nos impediram de crescer de forma natural. A restrição de nossos impulsos, a classificação dos nossos frutos e até mesmo a repressão deles. Mas quem nasceu para ser Sequoia não deve ser Bonsailizado! As Sequoias são as árvores mais altas do planeta Terra. As sequoias são as maiores e mais antigas arvores do mundo. Recentemente foi descoberta no Parque Nacional Redwood, ao norte de São Francisco, a mais alta com mais de 115 m de altura, um diâmetro de mais de 17 metros e aproximadamente 4.000 anos de idade.

Depois disso fiz uma reflexão sobre como podemos estar cultivando um Bonsai dentro de nós mesmos. E há muito tempo! Ou ainda, permitindo que sejamos cultivados para serem apenas bibelôs no paisagismo da vida. Que a gente permita o crescimento dos nossos brotos e de nossas histórias. Não sendo Bonsais, e sim Sequoias.

A palavra bonsai significa, literalmente, "plantado em uma bandeja"- consiste em criar uma representação miniaturizada, porém realista, de uma árvore.


A mesma mudinha de uma sequoia, cuja natureza é subir em direção ao céu com mais de cem metros de altura, com um diâmetro de mais de 10 metros, pode ser tão tolhida no seu desenvolvimento pela famosa técnica bonsai, que pode existir em um estado atrofiado por centenas de anos, como uma árvore minúscula. Sua raiz, ou sua fonte de vida, foi restringida. Não lhe foi permitido crescer até a sua grandeza inata, pois suas raízes foram sabotadas. Seu propósito foi alterado pelo homem, para que ela fosse mantida em cativeiro, reduzida à mera estética. É isso que a tradição e a cultura religiosa podem fazer com pessoas criadas à imagem de Deus. Vidas destinadas a realizações podem ser reduzidas a uma existência de bonsai. Vidas projetadas para a grandeza podem ser limitadas e restritas ao papel de estética emocional e visual, para o prazer de outras pessoas que gostariam de guardá-las nos seus vasos enfeitados e de segurá-las em suas mãos cobiçosas. Mas tal coisa somente poderá acontecer se você permitir que aconteça.




As gigantescas árvores nada mais representam uma pequenina amostra do poder de Deus!


Fonte:

Eli Miranda Soares
Cuidandodocuidador.blogspot.com

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Preparativos para o Natal

Graças a Deus pelo seu dom inefável! 2 Cor. 9,15

Amo o Natal, pois é a celebração do nascimento de Cristo e, a beleza e a maravilha da estação fazem dele “a época mais maravilhosa do ano”. Ultimamente, entretanto, a estação vem acompanhada de crescente irritação. Todos os anos “os preparativos de Natal” surgem cada vez mais cedo — arrastando-se da primavera até o dia de Natal.

O Natal costumava chegar apenas em dezembro, mas agora temos estações de rádio e lojas tocando canções natalinas no começo de novembro. Lojas começam a anunciar ofertas de Natal em outubro e os panetones aparecem nos mercados no fim de setembro. Se não tivermos cuidado, essa contínua antecipação pode nos entorpecer — até mesmo nos amargurar com relação a esta época que deveria ser de gratidão e reverência.

Quando essa irritação começa a surgir em meu espírito, tento fazer uma coisa: lembrar. Trago à memória o significado do Natal, recordo-me de quem Jesus é, e porque Ele veio. Lembro-me do amor e da graça de um Deus perdoador que nos enviou o resgate na Pessoa de Seu Filho. Lembro-me de que, no fim das contas, há apenas um presente que realmente importa — o “inefável dom de Deus!” (2 Cor. 9,15). Lembro-me de que a salvação que Cristo veio oferecer é a dádiva e o Doador, embalados juntos como um só presente.

Jesus é nossa vida durante todo o ano e Ele é a maior das maravilhas. “Ó vinde e adoremos!” (Pão Diário)

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Resiliência Espiritual

"Porque o Senhor fará justiça ao seu povo, e se compadecerá de seus servos; quando vir que o poder deles se foi, e não há preso nem desamparado" (Dt. 32,36).

Resiliência é a capacidade de certos objetos de voltar ao normal depois de submetido à prova, estresse e tensão, exemplos: os elásticos, as varas de salto em altura se vergam sem quebrar e depois retorna à forma original. As fibras de um tapete de nylon elas recuperam a forma assim que acabam de ser pisadas e amassadas. O material em prova mostra sua plasticidade e elasticidade. Os objetos deformados por uma força externa voltam ao estado natural quando esta mesma força é cessada. A Resiliência espiritual é igual o cristão ele consegue voltar ao normal depois da prova, da luta, da dor, do acidente etc.

I - ONDE PODEMOS OBSERVAR RESILIÊNCIA

1. Resiliência na administração:

Podemos ver a Resiliência nas empresas que passam por certas crises e conseguem recuperar-se, reerguer-se, saindo vitoriosa. 

2. Resiliência na ecologia:

Podemos ver a Resiliência no meio ambiente, em frente a um impacto, por exemplo, uma queimada. As raízes depois de certo período podem voltar a brotar. (Jó 14.7-9) Porque há esperança para a árvore que, se for cortada, ainda se renovará, e não cessarão os seus renovos. Se envelhecer na terra a sua raiz, e o seu tronco morrer no pó, ao cheiro das águas brotará, e dará ramos como uma planta.

3. Resiliência na engenharia:

Podemos ver a Resiliência até no resistente aço usado em grandes estruturas, se mostra flexível, quando é submetido à pressão e ao calor. Exemplos: A ponte Rio - Niterói, a cidade Administrativa de Minas Gerais. O aço cede a pressão, ao calor, mas voltam ao normal.

4. Resiliência na psicologia:

Podemos ver a Resiliência na capacidade do ser humano de retornar ao seu equilíbrio emocional após sofrer grandes pressões ou estresse. Depois das perdas, ser querido e de empresa. Depois das enfermidades, dos acidentes. Depois do choro. (Sl 30.5) O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã.

5. Resiliência na teologia:

Podemos ver a Resiliência na teologia encontramos pessoas dizendo que o sofrimento faz parte do crescimento espiritual até mesmo Jesus ensinou a dar a outra face.

II – O QUE A BÍBLIA FALA SOBRE A RESILIÊNCIA

1. Pessoas resilientes fazem uma fonte no vale árido:

(Sl 84.6) Que, passando pelo vale de Baca, faz dele uma fonte; a chuva também enche os tanques. Baca significa lagrimas. O Vale de Baca era chamado também de: O vale das Lamentações, vale Árido, vale de Lágrimas e vale das Balsameiras. Este balsamo que crescia ali como planta rasteira, não precisava de água, ele chorava o seu balsamo perfumado que todos sentiam ao cruzar pelo vale de Baca. Todo viajante a Sião passava pelo vale de Baca. Sendo ele árido, caminhantes abriam poços para matar sua sede, o mesmo devemos fazer nós ao cruzar o vale da dificuldade.

2. Pessoas resilientes tiram força da Fraqueza:

(Hb 11.34) Apagaram a força do fogo, escaparam do fio da espada, da fraqueza tiraram forças, na batalha se esforçaram, puseram em fuga os exércitos dos estranhos.

3. Pessoas resilientes agarram de promessas da Força:

(Is 40.29) Dá força ao cansado, e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor. (Sl 28.8) O Senhor é a força do seu povo; também é a força salvadora do seu ungido. A força esta na casa de Deus. (Sl 96.6) Glória e majestade estão ante a sua face, força e formosura no seu santuário. O crente vai de força em força: (Sl 84.7) Vão indo de força em força; cada um deles em Sião aparece perante Deus.

4. Pessoas resilientes são levantadas do pó:

(Sl 117.7,8) Levanta o pobre do pó, e do monturo levanta o necessitado, para fazê-lo assentar com os príncipes. Pó aqui é a expressão máxima de miséria, de pobreza, de necessidade.

III – TIPOS DE PESSOAS RESILIENTES

1. A Resiliência de José:

Odiado, desprezado, ameaçado de morte, vendido como escravo. (Gn 37.19) Vive no Egito 15 anos como escravo. Assediado pela mulher de Potifar, escapa ileso, mas passa 2 anos na prisão. (Gn 39.12-20) Sai de lá para ser o governador do Egito.

2. A Resiliência de Sansão:

(Jz 15.15) Então Deus fendeu uma cavidade que estava na queixada; e saiu dela água, e bebeu; e recobrou o seu espírito e reanimou-se; por isso chamou aquele lugar: A fonte do que clama que está em Leí até ao dia de hoje.

3. A Resiliência de Rute:

Rute teve 3 pessoas mortas na sua família, seu sogro Alimeleque, seu cunhado Malom e seu próprio marido Quiliom. Moram por quase 10 anos um pais estrangeiro por causa da fome. Volta a Israel, vive com sua sogra e da caridade recolhendo sobra de trigo nos campos de Boaz.

4. A Resiliência de Pedro:

Depois de negar três vezes a Jesus, praguejando e jurando que não conhecia tal homem. Levanta-se restaurado no dia do Pentecoste e ganha três mil almas ao Senhor. (Mt 26.60-75)

5. A Resiliência de Paulo:

(2 Co 11.23-29) São ministros de Cristo? (falo como fora de mim) eu ainda mais: em trabalhos, muito mais; em açoites... em perigo de morte, muitas vezes. Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um.Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo. Em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos. Em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejum muitas vezes, em frio e nudez. Além das coisas exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas as igrejas. Quem enfraquece, que eu também não enfraqueça? Quem se escandaliza, que eu me não abrase?

6. Jeroboão não teve Resiliência:

(2 Cr 13.20) E Jeroboão não recobrou mais o seu poder nos dias de Abias; porém o Senhor o feriu, e morreu. Por quê? Jeroboão fez varias coisas erradas: Fez guerra contra Judá sendo irmãos. Modificou o culto original, colocando 2 bezerros de ouro desviando o povo que peregrinasse até Sião. Expulsou os sacerdotes de Deus, consagrou qualquer pessoa a sacerdote sem ser da linhagem de Levi, com um requisito de 7 carneiros, onde deveria ser dois.

IV – JÓ O TIPO CLÁSSICO DA RESILIÊNCIA

1. Dificuldade na alma:

(Jó 6.2,3) Oh! se a minha mágoa retamente se pesasse, e a minha miséria juntamente se pusesse numa balança! Porque, na verdade, mais pesada seria, do que a areia dos mares...

2. Dificuldade de alimentar-se:

(Jó 6.7) A minha alma recusa tocá-las, pois são para mim como comida repugnante.

3. Dificuldade da pele:

(Jó 7.5) A minha carne se tem vestido de vermes e de torrões de pó; a minha pele está gretada, e se fez abominável.

4. Dificuldade de respirar:

(Jó 9.18) Não me permite respirar, antes me farta de amarguras.

5. Dificuldade de banhar-se:

(Jó 9.30,31) Ainda que me lave com água de neve, e purifique as minhas mãos com sabão, ainda me submergirás no fosso, e as minhas próprias vestes me abominarão.

6. Resiliência é esperança:

(Jó 19.25) Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra.

7. Resiliência é virada de cativeiro:

(Jó 42.10) E o Senhor virou o cativeiro de Jó, quando orava pelos seus amigos; e o Senhor acrescentou, em dobro, a tudo quanto Jó antes possuía.   Pr. Teófilo Karkle 

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

A Escola do Cemitério

No dia 2 de novembro se celebra o dia de Finados. Qual a origem do dia de Finados?

Cemitério é simplesmente o lugar do repouso dos mortos. A palavra cemitério vem do latim caemeterium, que literalmente significa dormitório, como a palavra grega donde se origina. Dormitório! Lugar de descanso. Os corpos dos fiéis cristãos dormem, à espera da ressurreição.

Na linguagem cristã, o cemitério chama-se também campo santo. E há lugares onde o denominam também campo de Deus. Os povos pagãos tinham do cemitério uma ideia ou supersticiosa ou muito grosseira e materialista. Os romanos o denominavam putreolli – lugar onde se apodrece. Os pagãos modernos têm horror ao cemitério e pensam o mesmo em aboli-lo, substituindo-o pelos macabros fornos crematórios. Entretanto, é um lugar sagrado, uma lição perene para os vivos, é a recordação de nosso nada, de nossa miséria, mas também de nossa imortalidade e da ressurreição da carne. É um lugar sagrado. Tem este caráter sagrado, por mais que o laicismo tende reduzi-lo a um simples depósito de cadáveres destinados ao apodrecimento. Nosso corpo é sagrado, é o templo do Espírito Santo. Ainda depois de separado da alma, há de merecer todo respeito, porque um dia ressuscitará.
Segundo a Bíblia o que acontece com os seres humanos na hora da morte?

No livro de Hebreus 9.27 se lê que após a morte segue-se o juízo. E Jesus contou sobre a situação dos mortos em Lc 16.19-31. Nessa parte bíblica destaca-se quatro ensinos de Jesus:

a) que há consciência após a morte;
b) existe sofrimento e existe bem-estar;
c) não existe comunicação de mortos com os vivos;
d) a situação dos mortos não permite mudança. Cada qual ficará no lugar da sua escolha em vida. Os que morrem no Senhor gozarão de felicidade eterna (Ap 14.13) e os que escolheram viver fora do propósito de Deus, que escolheram o caminho largo (Mt 7.13-14) irão para o lugar de tormento consciente de onde jamais poderão sair.

O cemitério é uma escola, não há dúvida. Fala-nos da morte. Palavra profunda e tão singela! Sim, a morte é uma grande mestra. E onde ensina melhor? Onde está sua escola? No cemitério. Quantas lições não nos dá ela! Ó, se os vivos soubessem aproveitar as lições da Doutora Morte! Vamos ao cemitério com sentimentos cristãos e muito aprendemos lá. Prega a nobreza do corpo humano, cercando-o de respeito e veneração, mesmo quando ele se transforma num montão de ruínas, numa podridão, num punhado de cinzas. Respeita estas cinzas e as quer depositadas num lugar sagrado.

Uma voz parece se ouvir no cemitério como a do Senhor a Moisés: É sagrado o lugar onde estás, esta terra que pisas.

Lá dormem os cristãos. Como é triste verem-se, ainda hoje, túmulos donde baniram a cruz, substituída por uma coluna partida ou qualquer outro símbolo de dor e desespero. Como são belas as inscrições que nos deixam! Todas falam da imortalidade e do Céu. Às vezes uma só palavra dizia tudo: Viveu! Como é doloroso ver-se desrespeitado e profano o lugar dos mortos com tantas leviandades e até com o escândalo e o pecado. No cemitério conservamo-nos respeitosos como num templo. Meditemos ali. É lugar sagrado. O cemitério fala-nos que somos todos irmãos. Todos nivelados numa tumba! A diferença dos mausoléus e das sepulturas rasas não tira ao cemitério a ideia do nivelamento, do nada que somos, e da podridão de uma sepultura. Que lição para os orgulhosos! E como devemos nos amar em CRISTO, nós que seremos nivelados após a morte até a ressurreição da carne! Debaixo de uma sepultura, todos iguais! Ali não se acaba tudo. Ali começa tudo. É a porta da eternidade, o pórtico da outra vida. Então, pensamos na imortalidade de nossa alma. Olhar para um cemitério com a indiferença deste grosseiro materialismo que hoje aí impera, é muito triste e horrível porque desespera. Cada sepultura é uma porta do céu para o verdadeiro cristão. Uma sementeira onde descansa um corpo que depois de apodrecido como a semente na terra, surgirá ressuscitado para unir-se à alma na eternidade, quando vier a ressurreição da carne. Ressuscitarei um dia! Que doce esperança do cristão!

A alma voltará um dia para animar este corpo que foi seu companheiro na Terra e que ela o fez trabalhar no serviço de DEUS. Tomará de novo sua forma mortal, mas uma forma embelezada, enobrecida, elevada até o apogeu da glória. A alma santificada elevará este corpo a um grau de glória e o fará entrar no Céu e lhe comunicará os dons da imortalidade e da glória.

Tudo isto o cristão aprende e medita num cemitério quando o visita com fé. Quanto mais os cristãos tíbios e os pagãos modernos têm horror e fogem dos cemitérios, tanto mais nós, os que cremos na imortalidade de nossa alma e esperamos a ressurreição da carne, devemos visitar e amar o campo santo.

Visitemos os cemitérios. Serão nossos mestres. Podemos visitar os cemitérios. Não basta aquela visita, muitas vezes por vaidade e ostentação, no dia de Finados, umas coroas depositadas nos túmulos, umas lágrimas que logo se enxugam e as flores que logo se murcham. As flores provam amizade, não as reprovamos. São elas uma manifestação delicada de amor. As lágrimas não as condenamos. JESUS não chorou ante o sepulcro de Lázaro? O que foi fazer Maria Madalena no túmulo de Jesus? Ficaremos, todavia só em lágrimas de sentimentalismo? Enfim, visitemos os cemitérios como cristãos, como os que acreditam na ressurreição da carne. Aconselha-se a visita aos cemitérios para meditação. É um Campo Santo e um local que deve ser respeitado como tal. As almas não estão ali, mas seus restos mortais sim, de um corpo que serviu como templo de Deus e morada do Espírito Santo. Convém recolher-se um pouco ao passar diante de um campo santo, refletir um instante! Não sejamos indiferentes e frios como os que não têm fé e não esperam a ressurreição da carne.

Em hipótese alguma estou expressando sobre celebrar ou participar de culto aos mortos, antes pelo contrário, fomos e somos chamados a anunciar aos vivos a vida que somente podemos experimentar em Cristo Jesus.  Ele ensinou que todos os mortos ressuscitarão. Só que haverá dois tipos de ressurreição: a primeira, a ressurreição da vida, que se dará por ocasião da segunda vinda de Cristo, no arrebatamento, e a ressurreição do Juízo Final.

O mais importante a aprender, seja qual for a época do ano, é que salvação, ou condenação, é matéria de fé e só se decide em vida. Quem reconhece Jesus como Salvador está salvo e não precisa mais fazer penitências para ajudar em sua salvação, porque o preço já foi pago integralmente por Jesus na cruz, mas quem não crer que Jesus é Filho de Deus já está condenado e não há nada que se possa fazer depois que a pessoa morrer. Depois da morte segue-se o juízo e aí nada mais se pode fazer pelas pessoas. Isso é fato!

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Cristão Cabeça de Abóbora

Este texto, “Cristão Cabeça de Abóbora” foi compilado para educar os cristãos sobre o verdadeiro sentido do Halloween. Para sua leitura, são bem-vindos todos aqueles que mantêm a cabeça clara e o espírito aberto. Aqueles com ‘cabeça de abóbora’ definitivamente não estão convidados. Não pretendo ser contra o Halloween, tampouco quero compartilhar o culto à morte e a exaltação de coisas monstruosas ou feias que traz consigo, pois é próprio dos cristãos celebrar o triunfo da vida e promover a beleza e o bem. Se é o dia dedicado a todos os santos, vamos celebrar a santidade e não o dia das bruxas. Melhor santos, que abóboras ocas. 

Por isso, frente às fantasias dos mortos-vivos que enchem as ruas das cidades no dia 31 de outubro, devemos transmitir outra mensagem: a vida é bela e sua meta é o Céu; são muitos os que já chegaram e todos somos chamados a compartilhar sua felicidade, pois todos podemos ser santos.

Não creio que haja algo de ruim que as crianças vistam uma fantasia, vistam-se de vaqueiro ou de Cinderela e peçam doces de casa em casa. É uma diversão saudável. O perigo está nas fantasias que glorificam deliberadamente o mal e infundem medo, ou quando as pessoas pretendem “conseguir poderes especiais” através da magia e da bruxaria, inclusive por um simples entretenimento.

No livro do Deuteronômio, o capítulo 18, fala de não tentar consultar os espíritos dos mortos, nem os que pratiquem feitiços, bruxaria ou atividades como estas. Isto seria uma violação de um mandamento, seria colocar outras coisas antes da relação com Deus. E esse seria o perigo do Halloween. Que de alguma maneira Deus se perca em tudo isto, que a conotação religiosa se perca e, finalmente, as pessoas glorifiquem o mal.

É importante recordar que o diabo e os espíritos malignos não têm nenhuma autoridade adicional no Halloween, embora pareça que sim. O diabo atua no que as pessoas fazem, ele não faz algo por si mesmo. Talvez pela forma em que celebram esse dia, na verdade esteja convidando o mal para entrar em nossas vidas. Uma das melhores coisas que os pais podem fazer é aproveitar o Halloween como um momento de aprendizagem e para explicar às crianças “por que certas práticas não conduzem a nossa fé e identidade cristã.

O Ano-Novo dos celtas, dois mil anos atrás, era em 1º de novembro. Para esse povo que habitava o que hoje chamamos de Irlanda, Reino Unido (e também França), o dia marcava o fim do verão e o começo do inverno. Em uma época em que as estações do ano determinavam os ciclos da agricultura com muito menos espaço para intervenções humanas que hoje, e que o sucesso das colheitas definia o tamanho da despensa das pessoas, a data era crucial. Nada mais justo que fosse escolhida para encerrar um ano e começar outro. Era o fim do período solar, vivo e encalorado e o início da longa, fria e morta treva. O inverno chegara.

Na véspera desse dia de mudança, a divisão do plano dos vivos e dos mortos se misturava. À noite de 31 de outubro, desprovida de cancelas fronteiriças entre os que aqui estavam e os que já se foram, eles deram um nome, samhain. No samhain, fantasmas dominavam a terra, destruíam plantações e causavam arruaças. Em contrapartida, a presença deles facilitava o trabalho dos druidas, os sacerdotes celtas, de fazer previsões. Profecias eram um abraço quente e necessário no tenebroso inverno que começava – não muito diferente do apego contemporâneo ao horóscopo todo começo de mês. Se os druidas previram, não conseguiram evitar a invasão de um povo mais poderoso e violento que os celtas, os romanos. Em 43, o império iniciou o domínio das terras que eles batizariam de Britânia. Nos quatro séculos seguintes, os costumes romanos se misturaram aos celtas. Feralia, uma festa em que Roma celebrava a partida dos mortos, realizada em fins de outubro, naturalmente se aclimatou no Norte e deu novas cores ao samhain. Outra festividade incorporada pelos nortenhos celebrava Pomona, deusa dos pomares, cujo símbolo, uma maçã, talvez explique em parte a antiga brincadeira de pegar maçãs com a boca.

As terras dos celtas seguiram como um lugar distante do centro do poder até que o próprio Império Romano se dividiu e, no Oeste, foi pulverizado. Em 13 de maio de 609, a Igreja Católica dava as cartas, e o papa de então, Bonifácio IV, oficializou um costume que os antigos cristãos no Oriente já faziam: honrar os mártires. Para deixar claro o recado, o papa pegou um antigo templo romano, o Panteão, e o dedicou àqueles que morreram por Jesus. O templo de todos os deuses romanos passou a ser o templo de todos os mártires. Mais tarde, outro papa, Gregório III, expandiu a festividade a todos os santos e mudou a data para 1º de novembro. Em 1000, a Igreja criou mais uma data nessa sequência de festas, e aí o 2 de novembro virou o dia para honrar todos os mortos. A escolha foi estratégica. A ideia é que a nova festividade substituísse o samhain nas ilhas celtas, onde a palavra de Jesus começava a se firmar. Assim, as paradas, fogueiras e fantasias de santos e demônios do samhain acabariam incorporadas por uma celebração semelhante e, mais importante, sancionada por Roma. Agora, a Igreja tinha um dia para todos os santos e outro para todas as almas, que no Brasil chamamos Dia de Finados. Ambos pegaram, mas o 2 de novembro não eliminou o 31 de outubro, apenas o fez mudar de nome e se adaptar. O Dia de Todos os Santos era chamado, em inglês, de “All-hallows”. A noite da véspera era, portanto, “All-hallows Eve”. O termo mudou com o tempo e acabou virando “Halloween”.

Na segunda metade do século 19, os Estados Unidos, que haviam sido colonizados por cristãos daquelas antigas terras celtas, receberam uma nova leva de imigrantes, especialmente da Irlanda, que sofria, na época, um bocado com uma crise de fome. Os irlandeses levaram na bagagem o ancestral costume do Halloween.

Ao longo das décadas seguintes, a festa ganhou novos contornos. O gesto de pedir comida ou dinheiro no dia de todas as almas na Inglaterra, em troca de orações para os mortos da família, deu origem ao “gostosuras ou travessuras”. Ao mesmo tempo, o senso de comunidade tirou espaço do medo real de fantasmas. Na virada para o século 20, o Halloween já tinha perdido boa parte do caráter supersticioso. As máscaras e fantasias, que serviam para enganar os espíritos, viraram apenas uma brincadeira para enganar, no máximo, um vizinho desatento. Deixar comida na porta de casa, que servia para afastar os fantasmas do lar, tornou-se uma forma de interação com a comunidade. Isso nos Estados Unidos. Outros povos comemoram as festividades à sua maneira.

No México, o dia dos mortos, tradição anterior à colonização espanhola, ganhou elementos cristãos e segue ainda hoje firme como uma das festas mais famosas do mundo. Austríacos decoram túmulos de entes queridos com lanternas. Filipinos cantam de casa em casa pelas almas do purgatório. Chineses queimam pequenos botes de papel. Brasileiros levam flores ao cemitério, aproveitam o feriadão para pegar trânsito na estrada e, mais recentemente, incorporaram o Halloween americano – algo que não é exclusivo. Até a França, tão protetora da cultura local, começou a adotar a festa da abóbora decorada nos anos 90.

Já a origem do símbolo da abóbora está ligada à lenda de Jack O’Lantern. Existe uma antiga lenda irlandesa, em que se conta de um homem chamado Jack que tinha sido tão mau em vida que supostamente não podia nem entrar no inferno por ter enganado muitas vezes o demônio. Assim, teve que permanecer na terra vagando pelos caminhos com uma lanterna, feita de um vegetal vazio com um carvão aceso. 

As pessoas supersticiosas, para afugentar Jack, colocavam uma lanterna similar na janela ou à frente de sua casa. Mais adiante, quando isto se popularizou, o vegetal para fazer a lanterna passou a ser uma cabaça com buracos em forma do rosto de uma caveira ou bruxa. 

Jack, um alcoólatra grosseiro, em um dia 31 de outubro bebeu excessivamente e o diabo veio levar sua alma. Desesperado, Jack implora por mais um copo de bebida e o diabo concede. Jack estava sem dinheiro para o último trago e pede ao Diabo que se transformasse em uma moeda. O Diabo concorda. Mal vê a moeda sobre a mesa, Jack guarda-a na carteira, que tem um fecho em forma de cruz. Desesperado, o Diabo implora para sair e Jack propõe um trato: libertá-lo em troca de ficar na Terra por mais um ano inteiro. Sem opção, o Diabo concorda. Feliz com a oportunidade, Jack resolve mudar seu modo de agir e começa a tratar bem a esposa e os filhos, vai à igreja e faz até caridade. Mas a mudança não dura muito tempo, não. No próximo ano, na noite de 31 de outubro, Jack está indo para casa quando o Diabo aparece. Jack, esperto como sempre, convence o diabo a pegar uma maçã de uma árvore. O diabo aceita e quando sobe no primeiro galho, Jack pega um canivete em seu bolso e desenha uma cruz no tronco. O diabo promete partir por mais dez anos. Sem aceitar a proposta, Jack ordena que o diabo nunca mais o aborreça. O diabo aceita e Jack o liberta da árvore. Para seu azar, um ano mais tarde, Jack morre, e em seguida tenta entrar no céu, mas sua entrada é negada. Sem alternativa, vai para o inferno. Chegando lá, encontra o diabo, o qual ainda desconfiado e se sentindo humilhado, também não permite sua entrada, e como castigo, o diabo joga uma brasa para que Jack possa iluminar seu caminho pelo limbo. Jack põe a brasa dentro de um nabo para que dure mais tempo e sai perambulando. Devido a esse acontecimento, sua alma penada passa a ser conhecida como Jack da Lanterna.

Os nabos na Irlanda eram usados como "lanternas do Jack" originalmente, mas quando os imigrantes vieram para a América, eles descobriram que as abóboras eram muito mais abundantes que nabos. Então começaram a utilizar abóboras iluminadas com uma brasa por dentro ao invés de nabos. Por isso a tradição de se fazer caricaturas em abóboras e iluminá-las por dentro com uma vela na época de Halloween.

Halloween, Dia de Todos os Santos e Dia de Finados são a evolução de eventos realizados por diversos povos, que aproveitavam a mudança de estação para lembrar a brevidade da vida e honrar os mortos. Por mais que a origem tenha se desvanecido na história, nós não somos tão diferentes quanto os celtas que faziam festa quando o calor dava lugar ao frio. Até começo de horário de verão é uma boa desculpa do calendário para beber.

O saci-pererê retratado por Monteiro Lobato em 1917 era chifrudo e tinha dentes pontudos para sugar o sangue de cavalos. Lendas mais antigas do curupira falam que ele não tinha ânus. A mula-sem-cabeça original tinha cascos afiados. Os três assassinavam quem cruzasse seu caminho. A cuca era uma velha horripilante que capturava crianças, nada daquela bruxa-jacaré trapalhona do Sítio do Pica-pau Amarelo. O negrinho do pastoreio era um pobre escravo, amarrado ensanguentado em um formigueiro. Um folclore rico, sanguinário e mais carismático do que imaginamos. O Dia do Saci nasceu na década passada como uma resposta à crescente popularização do Halloween no Brasil. Mas o Halloween, diferentemente do que muito se propaga, não é uma festa unicamente americana e pagã. É uma mistureba com elementos dos antigos celtas, de romanos, de irlandeses e ingleses da Idade Média e dos primeiros séculos de tradição cristã.

Se o Halloween é o resultado de 2 mil anos de adaptações e evoluções, está mais que na hora de o saci maluco invadir a festa do vampiro importado. O Halloween marcava a mudança de estações. 

E nisso um Halloween brasileiro levaria vantagem. Não é o inverno gélido e decrépito que bate à porta. É o verão.

O Halloween é, sem dúvidas, uma cerimônia de menor relevância na cultura brasileira. No entanto, a pergunta de muitos permanece: um cristão deveria participar de uma festa de Halloween? Creio que alguns princípios podem nos orientar a fim de respondermos essa pergunta:

Em primeiro lugar, antes de participarmos de qualquer celebração cultural, é imperativo que investiguemos suas origens e desenvolvimento histórico. Conhecer a história do Halloween, Natal, Festas Juninas, entre outras, nos ajudará a formar uma opinião mais sólida e sem preconceitos sobre tais temas;

Em segundo lugar, não podemos negar que a antiga festa cristã que celebrava a vida dos mártires, “All Hallows Eve”, nada tem a ver com o atual Halloween, caricaturado por bruxas, caveiras e feiticeiros. Mesmo assim, seria ir longe demais considerar pecado colocar uma fantasia, acender abóboras ou pedir doces de casa em casa — com exceção das travessuras. Errado seria fazer isso sem conhecer o que há por trás destas coisas ou mesmo participar de algum tipo de cerimônia ocultista.

Em terceiro lugar, parece que a maioria das pessoas participa da festa porque, como acontece na festa junina, é mais um evento cultural do que religioso. No Halloween a maior parte das pessoas, especialmente as crianças, só querem doces por causa dos doces e as famílias decoram a casa mais por uma questão cultural que religiosa.

Em quarto lugar, como cristãos, o Halloween é uma boa oportunidade para as igrejas ensinarem o que realmente compreendemos sobre a vida após a morte, isto é, que as almas dos mortos não podem retornar para o nosso mundo e apenas Cristo nos dá o poder de vencer a morte. Nesta perspectiva, qualquer festa cultural pode ser usada como ponte para ser proclamada a verdade do Evangelho, ainda mais para aqueles que tiveram uma origem distintamente cristã.

Em quinto lugar, como cristãos protestantes, ao invés de investirmos nosso esforço para redimir uma festa que já se tornou um folclore bem confuso, poderíamos canalizar nossa energia em celebrar a Reforma protestante, no mesmo dia 31 de outubro, pois nesta data vemos como a leitura da Palavra trouxe vida para um mundo escuro e cheio de confusão.

Que todos sejam sal na terra (Mt 5, 13-14), e que este sal tenha a virtude de não deixar a identidade cristã desnaturar-se mesmo num ambiente duramente secularizado. Este é o caminho, ser luz pela ação do Espírito Santo no mundo, assim como também exorta Paulo: “Não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, a fim de conhecerdes a vontade de Deus: o que é bom, o que Lhe é agradável e o que é perfeito” (Rm 12,2). 

Trata-se de uma moda que, no entanto, tem sérias implicações não apenas no âmbito consumístico. A grande maioria dos jovens, que organizam festas a fantasia nessa ocasião, são vítimas inconscientes tanto da moda quanto daqueles que, a todo custo, devem vender produtos comerciais manipulando realidades espirituais. Vejo que o fenômeno é tão irracional que se torna a real cifra da sociedade contemporânea: quem não acredita na verdade termina por acreditar em alguma coisa, até mesmo nas abóboras! Estou ciente, no entanto, que em alguns casos estes tipos de manifestações tenham origens ocultistas e até mesmo satânicas e, portanto, alimentá-las e não as corrigir pode transformar-nos em inconscientes alimentadores daquela “fumaça de satanás”, que já intoxica muito o mundo. Todos devemos ter cuidado para não respirar fumaças tóxicas; as vezes isso acontece quase inadvertidamente. Lembremos que uma abóbora, ainda que abençoada, sempre será uma abóbora. Aquelas do dia das Bruxas nem sequer são abençoadas!

Que resplandeça a santidade e não as abóboras ocas próprias do Halloween. Na noite de 31 de outubro, recordemos o senhorio de Deus em seus santos, o triunfo da luz sobre a escuridão. Que nesta noite não haja espaço para a escuridão.

Fontes:

Revista Super Interessante  - Felipe Van Deursen;
https://pt.zenit.org/
http://ultimato.com.br/

Celebração dos 499 anos da Reforma Protestante - 31 de Outubro


Muito antes que se levantasse Martinho Lutero em 1517, durante séculos outros homens o precederam no mesmo clamor e sentimento. Homens como Tanquelmo em 1115, ou ainda Pedro de Bruys em 1117 e Arnaldo de Bréscia em 1119. Cristãos piedosos como Pierre Valdo em 1179, João Wycliff em 1377 e tremendamente corajosos como João Huss em 1400, Jerônimo de Praga em 1410 e Savonarola em 1495. Todos eles historicamente já "protestavam" por um apelo imediato a um retorno as doutrinas centrais da fé cristã expressadas no Novo Testamento. Clamavam por uma reforma, algo que os levou a serem cruelmente assassinados por simples e audaciosamente confrontarem os abusos da hierarquia de Roma e seu declínio moral.

Estes nobres homens perceberam que as tentativas iniciadas em Cluny (século X) e culminadas por Hildebrando (Gregório VII no século XI) só fizeram por piorar a situação, pois ao fortalecer o papado frente as autoridades seculares só tornaram o clero mais corrupto e imoral mesmo com as investidas do Sacro Império Romano Germânico que rivalizava com o Papado acerca da soberania em toda a Europa. Papas como Inocêncio III, Bonifácio VIII e Alexandre VI entre os séculos 12 e início do 16, aumentaram ainda mais as tensões na cristandade, inda mais após o Grande Cisma com as Igrejas do Oriente e as diversas disputas com os monarcas do Ocidente.

A igreja se distanciava cada vez mais de seu chamado, de seu propósito de ser sal e luz, e estava longe de dar gosto e ser exemplo em um mundo decaído. Toda sorte de paganistas, imorais, satanistas e oportunistas se travestiam de cristãos e assim eram aceitos no seio da igreja com apenas sendo lhes exigido uma devota submissão a autoridade do clero, sem contudo uma genuína conversão. Isso fez com que a corrupção atingisse todos os escalões da hierarquia eclesiástica na cristandade - prostituição, suborno, corrupção, sodomia, avareza, assassinatos, cobranças de indulgências, etc. A conjuntura dos fatos mostravam o quanto a igreja ocidental sob a jurisdição romana estava em trevas.

E então, há 499 anos, um clamor foi iniciado e alcançou os quatro cantos da Europa e se espalhou por toda parte. Um protesto em favor do retorno as origens. Uma reivindicação de que o verdadeiro cristianismo não deveria mais se submeter a vontade dos homens, sejam eles quais forem, e sim a ESCRITURA. Uma lembrança de que o homem alcança sua salvação apenas e unicamente pela GRAÇA DIVINA, por meio de CRISTO todo suficiente, e que isso por si só nos JUSTIFICA PELA FÉ para a GLÓRIA DE DEUS PAI.

E neste dia 31 de Outubro, escolhido simbolicamente como marco deste clamor, comemoramos a REFORMA PROTESTANTE. Este REFORMAR nada mais é do que voltar ao evangelho, deixar práticas erradas e aderir os propósitos de Deus, reconstituindo a antiga forma, aquela primitiva e essencial forma já estabelecida. E nisto se resume a proposta da Reforma Protestante:

SOLA SCRIPTURA (SOMENTE A ESCRITURA): Reafirmar a Escritura inerrante como fonte única de revelação divina escrita, única para constranger a consciência. Reconhecer que a Bíblia sozinha ensina tudo o que é necessário para nossa salvação do pecado, e que é o padrão pelo qual todo comportamento cristão deve ser avaliado. É negar que qualquer credo, concílio ou indivíduo possa constranger a consciência de um crente, e repudiar a ideia de que o Espírito Santo fale independentemente de, ou contrariando, o que está exposto na Bíblia, ou que a experiência pessoal possa ser veículo de revelação. 

SOLO CHRISTUS (SOMENTE CRISTO): Reafirmamos que nossa salvação é realizada unicamente pela obra mediatória do Cristo histórico. Sua vida sem pecado e sua expiação por si só são suficientes para nossa justificação e reconciliação com o Pai. Negamos que o evangelho esteja sendo pregado se a obra substitutiva de Cristo não estiver sendo declarada e a fé em Cristo e sua obra não estiver sendo invocada.

SOLA GRATIA (SOMENTE A GRAÇA): Reafirmamos que na salvação somos resgatados da ira de Deus unicamente pela sua graça. A obra sobrenatural do Espírito Santo é que nos leva a Cristo, soltando-nos de nossa servidão ao pecado e erguendo-nos da morte espiritual à vida espiritual. Negamos que a salvação seja em qualquer sentido obra humana. Os métodos, técnicas ou estratégias humanas por si só não podem realizar essa transformação. A fé não é produzida pela nossa natureza não-regenerada.

SOLA FIDE (SOMENTE A FÉ): Reafirmamos que a justificação é somente pela graça somente por intermédio da fé somente por causa de Cristo. Na justificação a retidão de Cristo nos é imputada como o único meio possível de satisfazer a perfeita justiça de Deus. Negamos que a justificação se baseie em qualquer mérito que em nós possa ser achado, ou com base numa infusão da justiça de Cristo em nós; ou que uma instituição que reivindique ser igreja mas negue ou condene sola fide possa ser reconhecida como igreja legítima.

SOLI DEO GLORIA (SOMENTE Á GLÓRIA DE DEUS): Reafirmamos que, como a salvação é de Deus e realizada por Deus, ela é para a glória de Deus e devemos glorificá-lo sempre. Devemos viver nossa vida inteira perante a face de Deus, sob a autoridade de Deus, e para sua glória somente. Negamos que possamos apropriadamente glorificar a Deus se nosso culto for confundido com entretenimento, se negligenciarmos ou a Lei ou o Evangelho em nossa pregação, ou se permitirmos que o afeiçoamento próprio, a auto-estima e a auto-realização se tornem opções alternativas ao evangelho.

Por Elisson Freire - Resistência Apologética

domingo, 30 de outubro de 2016

A Maternidade de Maria


                           
A maternidade é um privilégio doloroso. A jovem Maria de Nazaré teve a honra inigualável de ser mãe do Filho de Deus. Contudo, as dores e os prazeres de sua maternidade podem ser entendidos por todas as mães, de todos os lugares.

Jesus veio ao mundo como um de nós para salvar os perdidos.

Jesus nasceu na plenitude dos tempos quando a Terra de Israel estava debaixo do jugo do Império Romano. César Augusto era o imperador e todos os imperadores eram vistos como deus.

O decreto de César Augusto de que todos teriam que se alistar a princípio parece algo ruim para José e Maria, mas o episódio é uma prova de que Deus controla a história. O censo consistia no alistamento obrigatório dos cidadãos no recenseamento, o que servia de base de cálculo para os impostos. A determinação imperial contribuiu para que todas as profecias bíblicas se cumprissem e o Filho de Deus nascesse em Belém (Miqueias 5.2).

Diferente dos soberanos, o Rei dos reis nasceu um um lugar simples, dentro de um estábulo, e ao invés de ser colocado em berço de ouro foi posto em uma manjedoura - peça rústica feita de de madeira onde se coloca comida aos animais.

As duas narrativas sobre os dois anúncios natalícios (Lucas 1.57-80; 2.1-20). As narrações sobre chegada de Jesus e de João Batista têm o objetivo de deixar clara a diferenciação de origem e a importância do Filho de Deus para a humanidade. Enquanto João Batista tinha pai e mãe, era fruto do relacionamento de Isabel e Zacarias, o relato esclarece que Maria, a mãe de Jesus concebeu por obra e graça do Espírito Santo, em condição de virgindade.

Deus revela-se aos necessitados e carentes (Lucas 1.41-43).Aparentemente, o Espírito Santo disse a Isabel que Jesus era o Messias, porque Isabel chamou a sua jovem parente de "mãe do meu Senhor" ao saudá-la. Quando Maria correu para visitar sua prima, talvez cogitasse se os últimos acontecimentos seriam reais. A saudação de Isabel a Maria deve ter-lhe fortalecido a fé. 

A gravidez de Maria podia parecer impossível, mas a sábia Isabel creu na fidelidade do Senhor e alegrou-se pela condição abençoada de Maria.

Maria sabia acerca de Jesus? (Lucas 1.46-55). O anjo Gabriel anunciou a Maria o nascimento do Filho de Deus e a deixou extremamente alegre e a impulsionou a louvar. O cântico de Maria é frequentemente chamado de Magnificat, palavras em que Deus é retratado como Salvador dos pobres, oprimidos e desprezados. Notamos que em seu louvor Maria compreendeu que Jesus era uma dádiva prometida por Deus, o Messias, conforme lemos nos versículos 51 a 55, mas o episódio relatado em 2.41-52 nos faz perceber que ela não entendeu que Jesus era Deus em carne humana.

Maria foi a única pessoa a presenciar tanto o nascimento como a morte do Senhor. Ela o viu chegar como o seu filhinho e a morrer como seu Salvador. Jamais devemos adorar Maria, apenas considerar que Deus a escolheu para abrigar Jesus em seu útero porque ela era uma serva valorosa, uma jovem saudável, digna e de bom caráter. Os cristãos devem tão-somente seguir seus exemplos de humildade, ternura e pureza.

Deus revela a realeza do Messias para toda a humanidade (Lucas 2.11-14). A obra de Jesus é maior do que alguém possa imaginar. Alguns judeus esperavam um Salvador que os libertasse do domínio romano; outros esperavam que os libertasse das enfermidades físicas. Mas enquanto Jesus curada as enfermidades do povo, estabelecia um Reino espiritual e livrava as pessoas do jugo do pecado. Cristo pagou o preço pelo pecado e pagou o preço para que possamos ter paz com Deus. Ele nos oferece mais do que mudanças políticas ou cura física, porque estas representa apenas mudanças temporárias; Cristo nos oferece um novo coração, para viver na eternidade.

Deus revela-se aos piedosos e às minorias (Lucas 2.25-26). Para o termo vertido ao idioma português como "consolação", encontramos a palavra grega "paraklesis". Neste versículo ela também pode ser entendida como equivalente à conforto e ânimo.

Deus revela-se aos humildes e piedosos (Lucas 36-38). Embora Simeão e Ana fossem muito piedosos jamais perderam a esperança de que veriam o Messias. Guiados pelo Espírito Santo, eles estão entre os primeiros a dar testemunho sobre Jesus.

Ao contrário da nossa sociedade que valoriza mais a energia da juventude do que a sabedoria dos idosos, na cultura judaica, os anciãos eram respeitados, então, a idade avançada de Simeão e Ana serviram para que as suas profecias fossem recebidas como uma confirmação-extra do plano de redenção efetuado por Deus através de Jesus Cristo.

Conclusão

A vinda de Jesus Cristo ao mundo é a uma prova do amor de Deus.

É digno de nota que os pastores foram os primeiros a saber do nascimento de Jesus, e não os sacerdotes e escribas no templo. Os pastores faziam parte de uma classe social simples. As Boas-Novas de salvação não foi comunicada primeiro aos ricos e nobres, mas a pessoas mais comuns do povo pobre, para ficar esclarecido que Cristo veio ao mundo para todos. 

Fontes:

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, páginas 1342, 1343, 1345, 1349, edição 2004, Rio de Janeiro (CPAD)
Bíblia de Estudo Palavras Chaves, página 2339, edição 2011, Rio de Janeiro (CPAD). 
Bíblia de Estudo Vida, páginas 1582, 1988, São Paulo (Editora Vida).
Ensinador Cristão, ano 16, nº 62, página 37, abril-junho de 2015 (CPAD)
Lições Bíblicas - Professor, José Gonçalves,  2º trimestre 2015, páginas 11-18, Rio de Janeiro (CPAD).