domingo, 31 de janeiro de 2016

A História do Carnaval

História do Carnaval remonta à Antiguidade, tanto na Mesopotâmia quanto na Grécia e em Roma.

Sobre a origem da palavra Carnaval, não há unanimidade entre os estudiosos. Há quem defenda que a palavra Carnaval é originária do latim, carne vale” cujo significado é (adeus carne!) ou de “carnis levale” (supressão da carne). Esta interpretação da origem etimológica da palavra “Carnaval” leva-nos, indubitavelmente, para o início do período da Quaresma, uma pausa de 40 dias nos excessos cometidos durante o ano, excessos esses que incluem, segundo a religião católica, a alimentação (carne).

Outra interpretação para a etimologia da palavra é a de que esta derive de “currus navalis”, expressão anterior ao Cristianismo e que significa carro naval. Esta interpretação baseia-se nas diversões próprias do começo da Primavera, com cortejos marítimos ou carros alegóricos em forma de barco, tanto na Grécia como em Roma e, posteriormente, entre os Teutões.


Vejamos algumas festas que, possivelmente, originaram o que conhecemos como carnaval:
- As Saceias (na Babilônia) – festas anuais de verão - eram uma festa em que um prisioneiro assumia durante alguns dias a figura do rei, vestindo-se como ele, alimentando-se da mesma forma e dormindo com suas esposas. Durante cinco dias, os lacaios tornavam-se iguais aos seus mestres. Ao final, o prisioneiro era chicoteado e depois enforcado ou empalado.

Saturnália era um festival romano em honra ao deus Saturno que ocorria no mês de dezembro, no solstício de inverno e durava uma semana. As Saturnálias tinham início com grandes banquetes e sacrifícios; os participantes tinham o hábito de saudar-se com io Saturnalia, acompanhado por doações simbólicas. Durante estes festejos subvertia-se a ordem social: os escravos se comportavam temporariamente como homens livres; elegia-se, à sorte, um "princeps" - uma espécie de caricatura da classe nobre - a quem se entregava todo o poder. Todos os homens, escravos ou cidadãos, ficavam em igualdade. As barreiras jurídicas eram ficticialmente abolidas. Os escravos, portanto, não precisavam trabalhar, podiam se vestir como seus senhores, participar das refeições e jogar dados. Com essa inversão de valores “os soldados travestidos escolhiam o rei das saturnais dentre os condenados através de dados. Este rei usaria as insígnias de sua dignidade como o rei dos gracejos e deboches. Após o festival o rei é morto e tudo volta à ordem.”

Marduk o principal deus da Babilônia
- Outro rito babilônico, que tinha como fundamento a inversão, durava 11 dias e ocorria dentro do templo de Marduk, o primeiro dos deuses mesopotâmicos.

No fim do quarto dia depois do equinócio da primavera, que marca o Ano Novo babilônico, o sumo sacerdote despojava o rei de seus emblemas de poder. A partir desse momento, o monarca era surrado e arrastado até a estátua divina.

A figura do governante humilhado revelava, então, seu objetivo moderador: o rei se jogava no chão e declarava solenemente não ter abusado de seu poder em relação à Marduk e seu templo, à cidade e a seus súditos. Era, em seguida, novamente consagrado, em um ato que garantia a renovação e a justa reordenação do todo o reino.

Alguns antropólogos vêem nesse antiquíssimo rito mesopotâmico, e não nas Sacéias, a fonte do carnaval, que mais tarde seria exportado pelos Persas ao Ocidente.

Outros deuses pagãos e reis contribuíram para enraizar as festas carnavalescas no mundo.Na Assíria da Antiguidade, sempre em março, acontecia a festa de Ísis, a divindade egípcia protetora dos navegantes e talvez a de maior popularidade na sua região de influência. Seus adoradores introduziram as máscaras na festa. Era com o rosto coberto que marchavam em uma alegre procissão, na frente de um carro que transportava uma barca, depois oferecida à deusa.


Curiosidade
O fim do festival e sua incorporação à outras comemorações
A professora de Língua e Literatura Latina (Universidade Federal do Espírito Santo) Leni Ribeiro Leite* afirma que a Saturnália foi comemorada até a Era Cristã, mas com o nome de Brumália(ocorria no início do inverno e era uma das festas em honra a Baco). Em meados do século IV d.C., teria sido absorvida pela comemoração do Natal, havendo uma continuidade na prática da troca presentes oriundas do festival. Alguns autores também defendem a hipótese sobre haver uma relação entre a Saturnália e as comemorações do carnaval, devido ao caráter de inversão da ordem social ocorrido nos dias de festividades.
*está atualmente participando do Projeto Wikipédia na Universidade.

O rei ou a rainha “dos gracejos e deboches” 
Quem foi Momo?
Na mitologia grega, Momo (em grego Μωμος, Mômos, "burla", "crítica" ou "zombaria" e em latim Momus) é a personificação do sarcasmo, das burlas e de grande ironia, sendo a deusa dos escritores e poetas.

Hesíodo (poeta grego) contava que Momo (nome feminino, ao contrário do que se pensa) é uma filha de Nix (a Noite).

A deusa grega Nix é a personificação da noite. Uma das melhores fontes de informação sobre essa deusa provém da genealogia dos deuses (Teogonia) de Hesíodo.

Momo - Durante seu reinado, era praticado, sob o seu comando,todo tipo de orgia, bebedeira e lasciva. No término das festividades, ou seja, no final do quarto dia, o rei Momo era sacrificado de forma brutal no altar de Saturno.

Mas quem afinal é a entidade Momo?
Momo era o deus da irreverência, e irreverência, segundo os léxicos, é sinônimo de desrespeito, profanação, sacrilégio, ofensa, desveneração e relaxo.

Na Mitologia Grega, relata-se que, por ser irreverente e profanador, Momo teria sido expulso do Olímpio (local onde os gregos acreditavam morar os deuses da sua mitologia). Mas porque afirmar que essa entidade era cultuada em Roma se a sua origem é Grega? Momo é uma das formas de Dionísio, o deus Baco, patrono do vinho e do seu cultivo (para os Romanos), daí também se origina o termo Bacanal que significa festas orgísticas.

Saturno (deus cultuado nas Saturnálias) também é conhecido como o deus sol e isso nos retrocede bem antes da época dos reinados Romano, Grego e Egípcio, nos levando até um homem chamado Ninrode (Gênesis 10:8 a 12). 
Ninrode = "ele se rebelou" ou "rebelião" 

Ninrode significa “ele se rebelou" ou "rebelião" ou "Nós nos rebelaremos”. De fato, Ninrode era a personificação da rebeldia. Embora a Bíblia diga que ele era um poderoso caçador diante do Senhor, apontava apenas para a sua profissão. O fato de dizer que ele foi o primeiro poderoso na Terra indica que foi o primeiro homem a exercer influência sobre os outros homens. 
 Saiba mais sobre Ninrode

Mas o que havia de comum nas festas?
O que havia de comum nas duas festas e que está ligado ao carnaval era o caráter de subversão de papéis sociais: a transformação temporária do prisioneiro em rei e a humilhação do rei frente ao deus. Possivelmente a subversão de papeis sociais no carnaval, como os homens vestirem-se de mulheres e vice-versa, pode encontrar suas origens nessa tradição mesopotâmica.


As associações entre o carnaval e as orgias podem ainda se relacionar às festas de origem greco-romana, como os bacanais (festas dionisíacas, para os gregos). Seriam festas dedicadas ao deus do vinho, Baco (ou Dionísio, para os gregos), marcadas pela embriaguez e pela entrega aos prazeres da carne.
Escultura Saturnalia de Ernesto Biondi,
localizada no Jardim Botânico de Buenos Aires.
Havia ainda em Roma, além das festas de Saturnálias, as Lupercálias.

A festa da Lupercalia simbolizava a purificação que devia acontecer em Roma em todo o final de ano (que começava em Março). Acredita-se que essa cerimonia,caracterizada pela licenciosidade, servia para espantar os maus espíritos e para purificar a cidade, assim como para liberar a saúde e a fertilidade às pessoas açoitadas pelos lupercos.
Como descrito nos parágrafos anteriores, Saturnália ocorria no solstício de inverno, em dezembro, e as Lupercálias, em fevereiro, que seria o mês das divindades infernais, mas também das purificações. Tais festas duravam dias com comidas, bebidas e danças.

Mas tais festas eram pagãs. Com o fortalecimento de seu poder, a Igreja não via com bons olhos as festas. Nesta concepção do cristianismo, havia a crítica da inversão das posições sociais, pois, para a Igreja, ao inverter os papéis de cada um na sociedade, invertia-se também a relação entre Deus e o demônio.

A Igreja Católica buscou então enquadrar tais comemorações. A partir do século VIII, com a criação da quaresma, tais festas passaram a ser realizadas nos dias anteriores ao período religioso. A Igreja pretendia, dessa forma, manter uma data para as pessoas cometerem seus excessos, antes do período da severidade religiosa.

Ilustração medieval simbolizando um carnaval do período
Ilustração medieval simbolizando um carnaval do período
Durante os carnavais medievais por volta do século XI, no período fértil para a agricultura,homens jovens que se fantasiavam de mulheres saíam nas ruas e campos durante algumas noites. O carnaval era basicamente uma festa de rapazes jovens. Vestidos de mulher percorriam em grupos os sombrios campos, nas noites de lua cheia, com o rosto enegrecido de fuligem ou sob panos. Alguns usavam as roupas pelo avesso ou um simples saco grosseiro sobre o corpo. Acessórios comuns eram focinhos de porco e capuzes de pele de coelho. Diziam-se habitantes da fronteira do mundo dos vivos e dos mortos e invadiam os domicílios, com a aceitação dos que lá habitavam, fartando-se com comidas e bebidas, e também com os “beijos” das jovens das casas.

No oeste da França, também havia as festas com excessos de violência e obscenidade, porém com fortes tentativas de controle por parte da “igreja”, por exemplo, havia o jogo de soule –longínquo ancestral do rúgbi –, em que todos os golpes eram permitidos. Assim, as partidas da “terça-feira gorda” acabavam sempre em batalhas desordenadas.

Nos países germânicos, a vigilância foi muito mais rigorosa do que na França, em particular em Nurembergue. A partir do fim do século XIV, a duração do carnaval passou a se limitar aos três dias anteriores à quaresma, quando em outras localidades a festa tendia sempre a ocupar mais espaço no calendário.

A festa dos germânicos também foi contida na forma. Os desfiles foram regulamentados, e as fantasias, proibidas, com severas punições aos desobedientes. Em compensação, nasceu uma atração que duraria até a Renascença, apesar da oposição dos luteranos a partir do século XVI: as rápidas representações teatrais de rua. Os espetáculos eram feitos por personagens fantasiados e competiam em obscenidade.

Durante o Renascimento, nas cidades italianas, surgia a commedia dell'arte, teatros improvisados cuja popularidade ocorreu até o século XVIII. Em Florença, canções foram criadas para acompanhar os desfiles, que contavam ainda com carros decorados, os trionfi.
Quadro de Johannes Lingelbach (1622-1674), Carnaval em Roma, exemplo de um carnaval da Commedia Dell'arte
Quadro de Johannes Lingelbach (1622-1674), Carnaval em Roma, 
exemplo de um carnaval da Commedia Dell'arte
Em Roma e Veneza, os festejos celebravam vitórias políticas do passado e outros feitos históricos. Usava-se a bauta veneziana – uma capa de renda com capuz de seda negra, que enquadrava o rosto e cobria os ombros. Os acessórios eram um chapéu de três pontas e uma máscara branca. A fantasia permitia a abolição temporária de diferenças sociais e, em alguns casos, o prazer de uma perversão à sombra do anonimato.

O carnaval em Veneza começava em 26 de dezembro, com bailes nas grandes praças da cidade. Prosseguia com festas, jogos, representações teatrais e outros espetáculos até a terça-feira gorda. Varrido com a República nas guerras napoleônicas do século XVIII, o carnaval de Veneza só foi efetivamente retomado na década de 70 do século XX.

No Novo Mundo, o carnaval chegou junto com a bagagem dos navegadores e exploradores, a partir do século XVI. Floresceu no Caribe, na América Latina e no Brasil.

A história do carnaval no Brasil iniciou-se no período colonial. Uma das primeiras manifestações carnavalescas foi o entrudo, uma festa de origem portuguesa que na colônia era praticada pelos escravos. Depois surgiram os cordões e ranchos, as festas de salão, os corsos e as escolas de samba. Afoxés, frevos e maracatus, marchinhas, sambas e outros gêneros musicais também foram incorporados e passaram a fazer parte da festa “cultural” carnavalesca brasileira.

MardiGrasPaull1897Cover.jpgO Carnaval (como o conhecemos hoje) tem a duração de três dias que vão do Domingo Gordo à Terça-feira Gorda (Terça-Feira Gorda, também conhecida pelo nome francês Mardi Gras).

O termo mardi gras é sinônimo de Carnaval.

A quarta-feira seguinte, conhecida por Quarta-feira de Cinzas (reflexão sobre o dever da conversão, da mudança de vida) ou Entrudo (do latim “introitus” que significa entrada), simboliza a entrada no período da Quaresma, que antecede a Páscoa.

"Em outras palavras, em três dias o cidadão faz tudo o que desagrada a Deus e, quando chega no quarto dia, recebe um sinal da cruz 'de cinzas' na testa e está tudo perdoado. Agora é só aguardar o próximo Carnaval! Que hipocrisia!"

Fontes: Wikipédia; passadocurioso-Curiosidades da Historia; calendarr.com/Brasil; canal da graça.com; Historia Viva -Carnaval reportagem de Véronique Dumas-edição 64 Fevereiro 2009; BrasilEscola./carnaval.


Ismael Brito
http://aquieuaprendi.blogspot.com.br/2014/03/carnaval-festa-paga.html

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Linhas Teológicas

“… antes santificai em vossos corações a Cristo como Senhor; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a todo aquele que vos pedir a razão da esperança que há em vós”. (I Pe 3.15)
Vivemos em um momento de grande marasmo teológico, onde ideologias e novas concepções surgem a cada momento atacando e afrontando as maneiras tradicionais de se crer no divino. Diante dessa conjuntura é preciso que sejamos objetivos quando somos abordados acerca da razão de nossa esperança cristã; por que cremos assim? Qual a nossa concepção de Deus? Qual a cosmovisão em que estamos estribados? Enfim, qual é a definição teológica dos evangélicos em contraste com as demais, pois se soubermos distinguir desse marasmo o que realmente acreditamos teremos como levar avante o verdadeiro evangelho de Jesus.
Por isso exporemos abaixo algumas das mais expressivas linhas de pensamentos teológicos.

Linhas Teológicas

Teologia Católica Romana:
A Teologia Católica está estribada em um tripé – A Bíblia, incluindo os apócrifos; A Tradição e o ensino dos Pais da Igreja e a autoridade Papal, ex cathedra, onde o Papa decide questões doutrinárias e morais. Com esse tripé teológico a Igreja Católica concatenou novas doutrinas, sem criar constrangimentos por tais doutrinas estarem além ou aquém da Bíblia. A Bíblia tem um papel secundário em detrimento da própria Igreja que é superior a qualquer outra fonte de autoridade eclesiástica. Essa conjuntura ideológica da cosmovisão teológica gerou os sete sacramentos: batismo, crisma ou confirmação, penitência, eucaristia ou missa, matrimônio, unção de enfermos ou extrema-unção e santas ordens. Segundo o catecismo de 1994, “a Igreja afirma que para os crentes os sacramentos da nova aliança são necessários à salvação.” Os sete sacramentos são nada menos que uma séria de boas obras que os católicos crêem que precisam fazer para alcançar a salvação. (A deterioração da doutrina católica iniciou-se por volta de século IV).

Teologia Natural

A Teologia Natural Baseia-se somente na razão em detrimento da fé e a iluminação do Espírito Santo e seu mover. Os atributos de Deus são aqueles comuns a todos os indivíduos, ou seja, criação, raciocínio lógico, etc… O conhecimento de Deus é obtido pelo relacionamento com o universo por meio da reflexão racional, sem se voltar a vaticínios e meios sobrenaturais.

Teologia Luterana

Sola Escriptura – Somente a Bíblia, Sola Gratia – Somente a Graça e Sola Fide – Somente a Fé formam o fundamento da Teologia Luterana. A Bíblia é a bandeira pela qual o exército de Cristo deve marchar, Ela não fala apenas de Deus, mas é a própria Palavra de Deus. O centro das escrituras é o Cristo revelado a humanidade. Na questão salvífica o indivíduo em nada contribui, sendo destituído do livre-arbítrio, Deus é a causa eficiente da obra redentora. (Século XVI)

Teologia Anabatista

A Teologia Anabatista preconizou o batismo somente para adultos, testificando assim o rompimento do cristão em relação ao mundo e o seu comprometimento em obedecer a Jesus Cristo. Opunham-se ao controle da religião pelo o estado e nutriam um enorme zelo missionário. Devido a maneira pragmática como viam a vida não deram ênfase aos estudos teológicos sistemáticos.

Teologia Reformada

Como na Teologia Luterana, a Teologia Reformada tem como principal bandeira “sola scriptura”. A Bíblia é a Palavra de Deus e isenta de erros. Deus é soberano sobre todas as coisas, tudo está sob o domínio de Deus, como criador e soberano de universo Ele não pode ser limitado por nada. Deus predestinou um certo número de criaturas caídas para serem reconciliadas com Ele mesmo. A salvação pode ser resumida nos cinco pontos do Calvinismo: Depravação Total, Eleição Incondicional, Expiação Limitada, Graça Irreversível e Perseverança dos Santos. (adaptado, 01)

Teologia Arminiana

A Teologia Arminiana divergiu do calvinismo, argumentando que os benefícios da graça são oferecidos a todos, em oposição ao princípio calvinista da condenação predestinada. A ênfase desta Teologia gira em torno da presciência divina, da responsabilidade e livre arbítrio do indivíduo e do poder da Graça capacitadora de Deus.

Teologia Wesleyana

A Teologia Wesleyana era praticamente de cunho arminiana, embora a principal doutrina destacada por Wesley fosse a da justificação pela fé através de uma experiência súbita de conversão. Também se destacava a doutrina da perfeição cristã ou do perfeito amor, segundo a qual era possível a perfeição cristã absoluta ainda nesta vida… Wesley deixou claro que não propunha a perfeição sem pecado nem a perfeição infalível, mas, antes, a possibilidade da santidade no coração (03).

Teologia Liberal

A Teologia Liberal é recheada por convicções contemporâneas de novas ideologias filosóficas e culturais. A humanidade não é pecadora e nem caída por natureza, não precisa de uma conversão pessoal, apenas o aperfeiçoamento sociológico. Jesus não sofreu vicariamente na cruz, ele não é o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, nem Deus, mas simplesmente um representante de Deus, um modelo a ser seguido. A Teologia Liberal segue a visão unitária da pessoa de Deus, Jesus estava cheio de Deus, mas nunca foi Deus. O Espírito Santo é simplesmente a atividade de Deus no Mundo. Os registros bíblicos são falíveis.

Teologia Existencial

Os teólogos existenciais explicam tudo o que é sobrenatural como sendo um mito. Deus atua no mundo como se não existisse, e não se pode conhecê-lo de nenhum modo objetivo. A Trindade, os milagres de Jesus Cristo e sua historicidade, o Velho e o Novo Testamento, as atuações do Espírito Santo, tudo isso, não passam de mitologia religiosa, sendo que pouco se aproveita como conteúdo histórico fidedigno. Encontrar o nosso verdadeiro eu e desmistificar a Bíblia é a maneira pela qual a humanidade poderá ser salva.

Teologia Neo-Ortodoxa

Essa teologia foi uma reação contra a concepção liberal implantada no final do século XIX e houve a tentativa de preservar a essência da teologia da Reforma ao mesmo tempo em que se adaptava a questões contemporâneas. Deus não pode ser conhecido por doutrinas objetivas, mas por meio de uma experiência de revelação. O Cristo importante é aquele experimentado pelo indivíduo, o Cristo bíblico não teve um nascimento virginal. A Bíblia apenas contém a Palavra de Deus, sendo humana e falível. O relato da criação não passa de um mito. Não existe nenhum pecado herdado de Adão, o homem peca por concepção, e não por causa da sua natureza. O inferno e o castigo eterno não são realidades. (adaptado, 01)

Teologia da libertação

A experiência cotidiana das comunidades cristãs latino-americanas que combatem as injustiças econômicas, sociais, culturais e políticas, está na origem da chamada teologia da libertação. A teologia da libertação constitui uma nova interpretação da mensagem evangélica, à luz da injustiça social. Apesar do nome, não é propriamente uma teologia, no sentido de reflexão sobre Deus. Suas raízes podem ser encontradas no movimento denominado teologia política, surgido na Europa na década de 1970, depois que o Concílio Vaticano II (1962-1965), examinou o problema das relações entre a igreja e o mundo moderno. A característica mais inovadora do movimento foi encarar os problemas políticos como base para a interpretação dos textos bíblicos… A mensagem de salvação é interpretada à luz das mazelas sociais de que o homem precisa ser libertado. Ao narrar a libertação dos hebreus do cativeiro no Egito e sua marcha para a Terra Prometida, o Êxodo é a imagem bíblica da mensagem da salvação, e a história sagrada não é algo distinto da história da humanidade ou superposto a ela, mas sim a intervenção de Deus. Um outro elemento importante da teologia da libertação é o método de análise marxista (02).

Conclusão

Mas enfim qual é a concepção teológica dos Evangélicos? A Soberania de Deus, Ele está acima da sua criação e de tudo o que há, não é limitado por nada. A Bíblia é a única fonte de autoridade, inerrante, verdadeira, ela não contém mas é a Palavra de Deus (II Tm. 3:16). Jesus Cristo é o centro das Escrituras; a sua pessoa e obra, principalmente sua obra vicária, são o fundamento de nossa fé cristã e da mensagem da salvação (Jo. 5:39). O Espírito Santo é uma pessoa, que atua por intermédio da Palavra de Deus convencendo o homem do pecado, da justiça e do juízo (Jo. 16:8). A salvação é somente pela graça mediante a fé (Ef. 2:8-9), a fonte da salvação é a graça de Deus manifestada pela obra de Cristo, o fundamento da salvação. A concepção trinitariana é a única maneira de compreender o Deus revelado na Bíblia (Mt. 28:19; II Co. 13:13). O batismo é simbólico, para quem já tem consciência do que é pecado, mostrando a decisão de se separar do mundo em compromisso para com o Senhor Jesus (Cl. 2:12). A Igreja é o corpo de Cristo na terra, composta pelos filhos de Deus (I Co. 12:27; Ef.4:15.16). O cristão deve sempre procurar a santificação em sua vida diária (I Ts. 4:3). A Santa Ceia é em memória da obra de Cristo (I Co. 11:24) e todos os batizados devem participar da mesma (Mc. 16:16; Jo. 6:54).
Em linhas gerais, o que concluímos no fim desse estudo comparativo é a teologia professada pelos protestantes evangélicos atuais.

Fontes de Pesquisas:
(01) H. W. House, “Teologia Cristã Em Quadros”, Editora Vida, 2000, São Paulo – SP.
(02) Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda – CD ROM.
(03) E. E. Cainrs, “O Cristianismo Através dos Séculos”, Editora Vida Nova, 1988, São Paulo – SP.

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

A Capa Babilônica de Acã

Quando vi entre os despojos uma boa capa babilônica, e duzentos siclos de prata, e uma cunha de ouro, do peso de cinqüenta siclos, cobicei-os e tomei-os; e eis que estão escondidos na terra, no meio da minha tenda, e a prata por baixo dela. JOSUÉ 7:21

Há uma guerra que transcende o literal, e adentra no mundo espiritual da carne contra (cobiça) o Espírito.

Esta guerra só é vencida de batalhas em batalhas; pois a luta maior em todos os sentidos é travada nos campos da vontade da alma.

Os deleites que nos prendiam dantes ao mundo ecoam solenes nas passarelas dos olhos para satisfazer o "EU SOU EU" em declínio do ELE É e vive em mim.

Não conseguimos nos libertar dos DESPOJOS DESTA GUERRA, pois os escondemos na TENDA DO NOSSO CORAÇÃO, como se o Pai amado, querido e Santo não visse.

AS CAPAS BABILÔNICAS coloridas dos Acã's, OS VALORES DESTE SÉCULO nas duzentas moedas de prata, são como CUNHAS DE OURO para nos separar de um só corpo (igreja) do nosso amado Mestre, o Senhor e Salvador Jesus Cristo.

As maldições (anátemas) atreladas a estas infortunas CONDIÇÕES BÍBLICAS nos levarão a não só a lapidação (apedrejamento, juízo) como também ao abismo da alma (condenação divina).

Refutamos A PALAVRA COMO ELA É, como se fosse "SÓ" uma mera colocação para o Acã da tribo de Judá (tribo, família do Senhor Jesus), nos tempos de Josué.

Esquecemos que o testemunho e o exemplo dela ultrapassam os séculos e aportam nos ACÃ'S da vez em todos os tempos das nossas vidas, COMO FAMÍLIAS DO SENHOR JESUS CRISTO.

A CAPA DE ACÃ

Os despojos locupletados por Acã, provavelmente fossem do vencido rei de Jericó (?); onde a capa residia como ostentação de grandeza colorida da IDOLÁTRICA BABILÔNIA (Apoc. 17).

Hoje, quantas CAPAS BABILÔNICAS COLORIDAS: vermelhas e brancas; pretas, azuis e brancas; vermelhas, pretas e brancas, (...), não usamos para ostentarmos as grandezas idolátricas da Babilônia?

E ou até mesmo não usamos em público esta capa PORQUE ELA ESTÁ ESCONDIDA NA TENDA DO NOSSO CORAÇÃO, junto com os valores de prata, como cunhas de ouro para nos separarmos do Senhor?

Saímos do Egito (mundo) que nos prendia, mas ainda ansiamos pelos temperos dele (cebolas); porquanto ainda carregamos TAMBÉM EM NOSSO CORAÇÃO a pintura nas cores dele.

Passando o Jordão (batismo), tomando Jericó, levaríamos conosco as capas e os valores dela para a Jerusalém celestial?

Os despojos deste mundo são para serem queimados, purificados pelo FOGO SANTO em nossas vidas.

Porque, até hoje NINGUÉM DO POVO SANTO FOI VENCEDOR usando os valores deste mundo, e as capas de Acã.

OS DESPOJOS DESTE MUNDO

Desfilam na passarela da vaidade como se fossem valores essências para uma vida terrena, mas infelizmente letais para uma vida com o Senhor Jesus Cristo através de SUA PALAVRA.

O rei Saul NÃO OBEDECEU A DEUS, e trouxe os despojos de guerra para SUA TENDA (reino), e foi rejeitado por ELE para que não fosse mais rei, pois OBEDECER A SUA PALAVRA É MELHOR DO QUE SACRIFICAR (I Samuel 15:22).

Quais são os valores deste mundo como duzentas moedas de prata QUE NOS ENGODAM O CORAÇÃO, onde só bastariam TRINTA MOEDAS DE PRATA para como Judas trair o Salvador e Senhor Jesus Cristo?

Presbítero Luiz Oliveira
http://sermoeseesbocos.blogspot.com/

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Vasos Quebrados

“Desci, pois, à casa do oleiro, e eis que ele estava ocupado com a sua obra sobre as rodas. Como o vaso, que ele fazia de barro, se quebrou na mão do oleiro, tornou a fazer dele outro vaso, conforme pareceu bem aos seus olhos fazer. Então veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel”? (Jr.18.3-6).

Algumas vezes, ouvimos mensagens extremamente positivas que nos ensinam que tudo vai dar certo para nós, e que vamos crescer, prosperar, experimentar vida abundante, etc. Depois, a realidade cotidiana pode trazer decepções por não parecer coerente com toda a expectativa criada.

A mensagem pode ter sido correta ao falar dos resultados, mas incompleta por desconsiderar os meios, os caminhos, e o tempo de Deus. Pode também ter sido exagerada quanto ao cenário idealizado, principalmente se teve ênfase materialista.

A verdade é que Deus tem um tratamento específico, muitas vezes árduo, para cada um de nós e, enquanto um irmão está próximo de sair desse processo, o outro está apenas começando. Portanto, mensagens que generalizam correm sério risco de serem incorretas.

Assim como um apelo para a salvação pode não se aplicar a todos os presentes numa reunião, pois muitos ali já se entregaram a Cristo, o mesmo ocorre com outros tipos de mensagens, principalmente no que tange ao alcance imediato dos resultados propostos, e estamos considerando agora apenas as que têm fundamento bíblico e resultam da correta interpretação das Escrituras.

Muitas vezes, passamos por sofrimentos nesta vida, ainda que não os tenhamos causado, mas por permissão de Deus para que se realizem em nós os seus soberanos propósitos.

Somos como vasos de barro que se quebram, mesmo estando nas mãos dooleiro (Jr.18). Tal acontecimento nos deixa perplexos e questionamos: “Se soufilho de Deus, se minha vida está em suas mãos, por quê ele permite que estas coisas aconteçam”?

Deus permite dificuldades, ou mesmo fracassos, para nos quebrarem até percebermos que não somos coisa alguma por nossa própria capacidade, inteligência, merecimento ou posse.

Mesmo tendo sido moldados pelo Senhor, ainda precisamos ser quebrados ereconstruídos para que tenhamos consciência clara da nossa condição de pó e da nossa total dependência do Pai.

Algumas pessoas quebram-se por seus próprios erros. Outras são quebradas pelos homens, por Satanás ou até mesmo por Deus (Salmo 2.9; Pv.29.1; Jr.48.38; Ap.2.27).

Muitos já foram quebrados, mas seus pedaços ainda estão muito grandes. O orgulho ainda prevalece. Mesmo estando em dificuldades, não são capazes de pedir ajuda ou conselho. Então, serão quebrados novamente.

“E ele o quebrará como se quebra o vaso do oleiro, despedaçando-o por completo, de modo que não se achará entre os seus pedaços um caco que sirva para tomar fogo da lareira, ou tirar água da poça” (Is.30.14).

Exemplos bíblicos

Jacó era enganador e usou sua esperteza contra o irmão Esaú e o pai Isaque. Depois de ter sido abençoado pelo pai, ao contrário do que se poderia esperar, começou a ser quebrado por Deus. Certamente, a bênção viria, mas não imediatamente, não antes que o seu caráter fosse transformado pelas mãos dooleiro através de várias experiências dolorosas. Perdeu o convívio familiar, nunca mais viu os pais, foi enganado no casamento, explorado pelo sogro no trabalho, mas aprendeu, afinal, que precisava e dependia de uma aliança comDeus.

Em Êxodo 2.11 encontramos Moisés no auge de sua glória humana: com status de príncipe, jovem, forte e irado. Considerando-se superior, matou um egípcio. Ele precisava ser quebrado. Seu tratamento foi tão rigoroso que, 40 anos depois, não acreditava que poderia libertar o povo de Israel. Em Êxodo 3.11, encontramos um Moisés moído, mas Deus começava a reconstruí-lo. Por tudo isso, ele veio a tornar-se o homem mais manso da terra: resultado da obra de Deus em sua vida (Nm.12.3).

Outro exemplo clássico é Jó. Ele foi quebrado e moído até o pó (Jó 9.17; 16.12; 19.2). Naquele árduo processo, todos os seus conceitos de justiça própria foram destruídos.

A história de Nabucodonozor nos mostra a ação de Deus contra a soberba do homem. Aquele rei foi retirado do seu trono e do convívio humano, passando a comer a relva com os animais durante algum tempo (Dn.4.25).

No início de Atos 9, Paulo encontrava-se no auge do seu poder político e religioso. Então, encontrou-se com Jesus e foi quebrado. Foi humilhado e ficou cego. Paulo foi esvaziado de si mesmo. Muito tempo depois, estava pronto para afirmar: “Não sou eu quem vivo, mas Cristo vive em mim” (Gal.2.20). “Não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus” (2Co.3.5).

Somos quebrados para que somente Cristo seja exaltado.

A quebra pode incluir perdas, humilhações e a desconstrução de uma imagem pessoal que esteja acima do propósito de Deus (Dt.8.2-3). Quando reconhecemos que nada somos, aprendemos a reconhecer o que Cristo pode ser em nós. Muitos querem prosperar, no sentido de verem tudo dando certo, mas estão no tempo de serem quebrados. Portanto, isto pode gerar um grande conflito e decepção, a não ser que aprendam a compreender o momento em que se encontram. Queremos sair do Egito e entrar direto em Canaã, mas não é assim que as coisas de Deus funcionam. Ainda temos um deserto para atravessar e muitos de nós estão apenas entrando nele.

Queremos que Deus nos ajude na realização dos nossos planos, mas o mais importante e necessário é que o plano de Deus prospere. Precisamos viver a prosperidade da cruz, conforme escreveu o profeta Isaías.

“Todavia, foi da vontade do Senhor moê-lo, fazendo-o enfermar. Quando ele se puser como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade, prolongará os seus dias, e a vontade do Senhor prosperará nas suas mãos” (Is.53.10).

O texto fala sobre Jesus, mas, se ele mesmo disse que os seus seguidores deveriam tomar suas cruzes, era porque, em alguma medida, haveríamos de experimentar algo semelhante.

Alguns fracassos são resultado do pecado, mas até esses, embora indesejáveis, podem ser usado por Deus para nos moldar. Alguns reveses da vida podem ser necessários, mas não representam o objetivo final de Deus para nós. Não se trata de destruição individual, mas de uma limpeza que precede a nova edificação.

As tribulações são comparadas ao fogo e têm papel purificador em nossas vidas. Tal afirmação pode ser questionada por alguns, pois pensam que todapurificação ocorre através do sangue de Jesus. Não é bem assim. O sangue de Jesus nos purifica dos pecados cometidos, mas o sofrimento nos ajuda a abandonar a prática pecaminosa. Portanto, nos purifica também,aperfeiçoando o nosso caráter, como disse o salmista:

“Antes de ser afligido, andava errado, mas agora guardo a tua palavra!” (Salmo 119.67).

Vejamos o que escreveu Pedro:

“Ora pois, já que Cristo padeceu na carne, armai-vos também vós deste mesmo pensamento; porque aquele que padeceu na carne já cessou do pecado” (IPd.4.1). O apóstolo escreveu para cristãos que estavam sofrendo. Ele estava tentando demonstrar que o sofrimento pode ter um efeito santificador, embora isto não signifique que alguém possa ser salvo pelo sofrimento.

Algumas pessoas precisam de um tratamento de choque contra determinados pecados que, somente assim, serão desarraigados. A idolatria de Israel foi extirpada pelo cativeiro babilônico. Nunca mais houve ídolos em Israel. A nação é hoje um ícone do monoteísmo no mundo.

A palavra de Oséias expressa a experiência daquele povo:

“Vinde, e tornemos para o Senhor, porque ele despedaçou e nos sarará; fez a ferida, e no-la atará. Depois de dois dias nos ressuscitará: ao terceiro dia nos levantará, e viveremos diante dele.” (Os.6.1-2).

Aqueles que contendem com Deus e resistem ao trabalho do oleiro serão despedaçados de modo definitivo e irreparável (ISm.2.10; Jr.19.10-11; Pv.29.1), mas a vontade do Senhor é que não sejamos assim: rebeldes, inflexíveis e intratáveis.

Depois de sermos quebrados e reconstruídos, por mais que cresçamos, será mais difícil que a vaidade nos domine. Teremos superado muitos pecados e adquirido resistência para a jornada. Quem foi quebrado, não se ressente mais dos arranhões da vida. Depois do grande problema com Absalão (2Sm.15), Davi não revidou aos insultos de Simei (2Sm.16.7).

Depois do duro tratamento a que foram submetidos, muitos homens na bíblia foram restaurados, alcançando bênçãos maiores do que as anteriores. Jacó tornou-se Israel. Moisés libertou o povo de Deus. Jó recebeu o dobro do que antes possuía. Nabucodonozor, ao dar glória ao Deus do céu, recuperou o trono da Babilônia. Paulo foi usado poderosamente por Deus para levar o evangelho a vários lugares do Império Romano e escrever cartas que estabeleceriam a doutrina da igreja em todos os tempos.

Coloque sua vida nas mãos de Deus, o oleiro supremo, para que ele possa moldá-lo conforme a sua vontade.  Pr. Anísio Renato de Andrade

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Os olhos da Fé

"Com os ouvidos eu ouvira falar de ti; mas agora te veem os meus olhos" Jó 42:5

O que Jó quis dizer por esta expressão? é óbvio que as suas palavras não devem ser entendidas literalmente. De modo algum: por empregar uma figura comum de discurso, ele quis dizer que a névoa de descrença, decorrente da auto justiça, já tinha se dissipado, e a fé o fez perceber a pessoa de Deus como uma gloriosa realidade a viver. "Os meus olhos estão postos continuamente no Senhor" (Salmo 25:15), pelo qual se entende que sua fé estava constantemente em exercício. De Moisés é dito que "ficou firme, como quem vê aquele que é invisível" (Hebreus 11:27), isto é, seu coração foi sustentado pela fé, que se ocupava com o poderoso Deus.

A fé é frequentemente representada nas Escrituras sob a metáfora da visão física. Nosso Senhor disse do grande patriarca "Abraão, vosso pai, exultou por ver o meu dia; viu-o, e alegrou-se" (João 8:56), o que significa que sua fé aguardava com expectativa o dia da humilhação e da exaltação de Cristo. Paulo foi enviado aos gentios para "para lhes abrir os olhos a fim de que se convertam das trevas à luz, e do poder de Satanás a Deus" (Atos 26:18) ou, em outras palavras, para ser o instrumento divino de sua conversão através da pregação da palavra da fé a eles. Para alguns de seus filhos no erro, ele escreveu: "ó insensatos gálatas! quem vos fascinou a vós, ante cujos olhos foi representado Jesus Cristo como crucificado?" (Gálatas 3:1).

Agora o que queremos destacar neste artigo é que, quando a Escritura fala de fé sob o ponto de vista físico, seus escritores estavam fazendo algo mais do que o uso de uma figura pertinente e adequada de expressão. O Autor da Escritura é o primeiro que formou o olho, esse maravilhoso órgão de visão, e sem sombra de dúvida Ele é tão antigo quanto o impressionante delinear no visível, e que agora desempenha um papel tão proeminente nas relações dos cristãos com o invisível. Tudo no mundo material é sombra diante da grande realidade do reino espiritual, como poderíamos perceber se tivéssemos sabedoria suficiente para discernir o fato. Um vasto campo está aberto aqui para observação e meditação, mas agora vamos nos limitar a um único exemplo, a saber: os olhos do corpo, que simbolizam a fé do coração.

1. O olho é um órgão passivo. O olho não envia uma luz de si mesmo, nem dá nada aos objetos que ele contempla. O que pode o olho comunicar ao sol, a lua e as estrelas, quando olha para eles? Não, o olho apenas recebe a impressão ou a imagem deles na mente, sem nada a lhes acrescentar.

Assim é com a fé, que nada dá a Deus, ou ao que vê na Palavra de Sua graça. Ela simplesmente recebe ou os levará até o coração, da forma que são apresentados para a visão da alma à luz da revelação divina. O que os israelitas picados comunicaram à serpente de bronze, quando olharam para ela, e foram curados? Tão pouco podemos acrescentar a Cristo, quando nós "olhamos" para Ele e somos salvos (Isaías 45:22).

2. O olho é um órgão de direção. O homem que tem a luz do dia e os olhos abertos, pode ver seu caminho, e não é suscetível de tropeçar em valas ou de cair em um precipício como um homem cego, ou um que anda à noite.

Assim é com a fé: "O caminho dos ímpios é como a escuridão: não sabem eles em que tropeçam", mas "a vereda dos justos é como a luz da aurora que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito" (Provérbios 4:19,18). Dos cristãos é dito que "andamos por fé e não por vista" (2 Coríntios 5:7). Por "olhar para Jesus" (fé na visualização do nosso Exemplo) estamos capacitados para a corrida que nos está proposta.

3. O olho é um órgão muito rápido, vendo coisas a uma grande distância. Dentro de uma fração de um momento que eu posso dirigir o olhar das coisas no chão e concentrar-se em cima das montanhas que estão muitas milhas de distância, mais ainda, eu posso olhar afastado totalmente das coisas da terra e montar-se entre as estrelas, e em um momento em ver toda a extensão dos céus! Que maravilha é essa!

Igualmente maravilhoso é o poder da fé. é realmente uma graça de visão rápida, tendo-se coisas a uma grande distância, como a fé dos patriarcas o fez, que viu as coisas prometidas "ao longe" (Hebreus 11:13). Assim também a fé, num dado momento, pode olhar para trás para uma eternidade passada e ver as primaveras eternas do amor eletivo, ativo por si só antes que as fundações da terra fossem assentadas. E depois, no mesmo fôlego, ele pode voltar-se para uma eternidade que ainda está por vir, e ter uma visão das glórias escondidas do mundo celestial!

4. O olho, apesar de ser pequeno, é um órgão muito amplo. O homem que tem os olhos abertos pode ver tudo o que lhe vem ao alcance de sua visão. Ele pode olhar em volta e ver as coisas por trás, para frente e ver as coisas pela frente, para baixo sobre as águas de um poço ou um córrego no fundo de uma ravina profunda, para cima e contemplar os corpos celestes no céu distante.

Assim é com fé, que se estende a tudo o que está dentro da grande bússola da Palavra de Deus. é preciso conhecimento das coisas no passado distante, mas também apreender as coisas que ainda estão por vir; ele olha para o inferno, e penetra no céu. é capaz de discernir a vaidade do mundo a nossa volta.

É verdade que pode haver uma fé genuína, que internaliza um pouco da luz da revelação divina em primeiro lugar. No entanto, aqui também os fatos mundanos ocultam, com precisão, essa verdade espiritual. O olho de uma criança leva à luz e apreende objetos externos, mas com uma boa dose de fraqueza e confusão até que, à medida que quanto mais ela cresce, cada vez mais a sua visão se amplia. Assim é com os olhos da fé. Num primeiro momento, a luz do conhecimento espiritual é fraca, e o bebê em Cristo é incapaz de ver de longe. Entretanto, a fé cresce cada vez mais aprofundada dentro dos mistérios divinos, até que venha finalmente a ser engolida na visão aberta (João 17:24).

5. O olho é uma faculdade que confere certeza. Dos cinco sentidos corporais, este é o mais convincente. Pelo que temos mais certeza, senão por aquilo que vemos com nossos olhos! Alguns tolos podem tentar convencer-se que a matéria é uma ilusão mental, mas ninguém em sã consciência vai acreditar neles. Se um homem vê o sol brilhando no céu, ele sabe que é dia.

De maneira semelhante, a fé é uma graça que carrega em sua própria natureza uma grande certeza: "Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não se veem" (Hebreus 11:1).

Os céticos podem negar a inspiração divina das Escrituras, mas quando os olhos da fé contemplam sua beleza sobrenatural, a questão é resolvida de uma vez por todas. Outros podem considerar Jesus como um mito piedoso, mas uma vez que o santo realmente vê o Cordeiro de Deus, pode dizer: "eu sei que o meu Redentor vive."

6. O olho é um órgão que impressiona. O que vemos deixa uma impressão sobre nossas mentes. é por isso que precisamos orar, muitas vezes, "desvia os meus olhos de contemplarem a vaidade" (Salmo 119:37). é por isso que o profeta declarou: "O que vejo é a tristeza de minha alma" (Lamentações 3:51). Se um homem olhar fixamente para o sol por alguns momentos, terá a impressão de que o sol está em seu olho esquerdo, apesar de ele virar os olhos para longe do sol, ou fechá-los.

De maneira semelhante, a fé verdadeira deixa uma impressão do sol da justiça sobre o coração: "Olhai para ele, e sede iluminados; e os vossos rostos jamais serão confundidos" (Salmos 34:5).

Ainda mais definitiva é 2 Coríntios 3:18: "Mas todos nós, com rosto descoberto como um espelho a glória do Senhor, somos transformados na mesma imagem de glória em glória, como pelo Espírito do Senhor." Como o forte poder de Cristo, em um dia que vem, transformar os corpos de seus povos de mortalidade para a vida, e de desonra para a glória, assim também o Espírito Santo agora exerce um poder moral de transformar o caráter daqueles que são Seus e que, chamando a fé em exercício, a atividade de que mais e mais conforme a alma à imagem do Filho de Deus.

7. O olho é um órgão maravilhoso. Aqueles que são competentes para expressar uma opinião afirmam que o olho é o mais maravilhoso e notável órgão de qualquer parte do corpo humano. Há muito da sabedoria e do poder do Criador para ser descoberto na formação e no funcionamento do olho!

Exatamente assim, a fé é uma graça que é maravilhosa e maravilhosamente operante na alma. Há mais de sabedoria e poder do Divino Trabalhador descobertos na formação da graça da fé, do que em qualquer outra parte da nova criatura. Assim, lemos sobre a "obra da fé com poder" (2 Tessalonicenses 1:11). Sim, que o poder superior mesmo grande e poderoso que foi colocada por Deus na ressurreição de Cristo dentre os mortos, é exercida sobre e dentro daqueles que creem! (Efésios 1:19).

8. O olho é algo muito delicado: é subitamente ferido e facilmente danificado. A partícula de poeira causa dor e o faz chorar. é bem impressionante notar que este é o caminho para a sua recuperação: ele lacrimeja muito para retirar a poeira que fica dentro de si.

Exatamente assim, a fé é uma graça a mais delicada, mais próspera em uma consciência pura. Daí o apóstolo fala de "participação no mistério da fé numa consciência pura" (1 Timóteo 3:9). As atuações vivas da fé são mais prejudicadas pela poeira do pecado, ou pelas vaidades do mundo, dentro do coração onde ela se assenta. E onde quer que a verdadeira fé esteja, se está ferida pelo pecado, ela se abre em forma de tristeza para com Deus.  Arthur W. Pink  

sábado, 16 de janeiro de 2016

O Soldado de Cristo

Suponha que o Brasil declare guerra hoje. As Forças Armadas se reúnem e verifica-se que são necessários mais soldados. O Presidente aparece na TV e convoca voluntários para lutar pelo país. Mas não pode ser qualquer pessoa. Os soldados devem ter determinadas características para poderem lutar.
Ou então, imagine que você foi chamado para uma entrevista de emprego. Durante a entrevista, o funcionário do Recursos Humanos (RH) te faz as seguintes perguntas:

O que você mais quer para a sua vida?
Quais são as suas principais características?
O que você mais quer para estes concorrentes?

A última pergunta, com certeza, é a mais complicada! Mas as outras não ficam atrás. O que responder ao funcionário? Essas perguntas também devem ser respondidas pelo voluntário para ir à guerra – a diferença é que ele responde para si mesmo.

O texto que lemos responde a essas perguntas para o cristão. Deus, através de Judas, mostra o que é mais necessário para se batalhar pela fé cristã. Mas, então, o que precisamos para ser bons soldados de Cristo? Como dizer ao mundo, à nossa família, colegas de trabalho e amigos o que somos e o que queremos?

A chave para essas perguntas está nessas características vitais do soldado de Cristo. Eu louvo a Deus porque, estudando esse texto, percebi que é um dos mais claros da Bíblia sobre o que um cristão é e quais os seus objetivos. Para entendê-lo, vamos dividí-lo em três partes.O desejo do soldado para si (v.1a)

A primeira coisa que um soldado precisa é saber o que quer para si. Ora, na guerra, ele quer sobreviver! Mas também, quer vencer, conquistar tal território inimigo… Da mesma forma, podemos perguntar: o que o cristão mais deseja para si? Vejamos o primeiro versículo:

“Judas, servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago”.

Esse Judas não é o apóstolo. Provavelmente é o irmão físico de Jesus. Embora muitos não gostem dessa ideia, a Bíblia é bem clara. Em Mt 13, os moradores de Nazaré estavam impressionados com Jesus, e perguntaram:

De onde vêm esta sabedoria e estes poderes miraculosos? Não é este o filho do carpinteiro? O nome de sua mãe não é Maria, e não são os seus irmãos Tiago, José, Simeão e Judas? (Mt 13:54-55)

Veja que, embora Judas fosse irmão de Jesus, não usou isso como título. Preferiu ser chamado de servo de Jesus. Como isso é importante! Há pessoas que se vangloriam do cargo que têm na igreja. “Qual é a sua religião?” – perguntam seus amigos. E ele responde: “Sou pastor”, ou “sou diácono”. Mas ninguém responde “Sou servo de Jesus”. Nos nossos dias, apareceram homens que se acham dignos de serem chamados “apóstolos”, sem que cheguem sequer perto do critério estabelecido em Atos (ver Jesus, acompanhar seu ministério, ouvir seus ensinos etc). Gostam de ser conhecidos por seus cargos, mas não fica claro se são servosde Jesus Cristo. Afinal, é difícil imaginar apóstolos em BMWs zero-quilômetros. O que pode ser melhor que ser servo de Jesus? O que éramos antes de conhecer o senhor? Mentirosos, vulgares, adúlteros, pecadores da pior espécie. Hoje, Deus nos chama de seus servos. O que pode ser melhor? Como diz o cantor Paulo César Brito, “ser servo é promoção”.

Certa vez a família de Jesus quis falar com Ele, enquanto ensinava a multidão. Talvez pensassem que, por serem parentes, tivessem maior direito que os outros. E o que Ele respondeu?

“Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?” – perguntou ele. E, estendendo a mão para os discípulos, disse: “Aqui estão minha mãe e meus irmãos! Pois quem faz a vontade de meu Pai que está nos céus, este é meu irmão, minha irmã e minha mãe.” (Mt 12:48-49)

Judas entendeu isso e foi completamente transformado. Tanto que, agora, ele prefere ser servo de Jesus. Além disso, Judas também é humilde. Havia duas pessoas ilustres em sua família. Uma, o Senhor Jesus, e a outra, Tiago, líder da Igreja de Jerusalém. Na época de Judas era comum a pessoa se apresentar como “Fulano, filho de Ciclano”. Por que então ele se apresenta como “irmão de Tiago”? A explicação é que este Tiago era muito famoso na Igreja. O estilo da carta é um tanto judeu (veja o número de referências ao Antigo Testamento), o que dá a entender que os leitores provavelmente eram judeus. Alguns acreditam que essa carta foi escrita em Jerusalém. Portanto, só pode ser o irmão de Jesus, já que o apóstolo Tiago havia sido morto por Herodes, já em Atos, e essa carta foi escrita muito tempo depois (provavelmente em 65 a 70 d.C., embora muitos discordem dessa data). E as outras pessoas com esse nome no Novo Testamento não tinham a influência que este Tiago tinha. Porém, note que Judas não se apresenta como irmão de Tiago, para solicitar ou reivindicar que as pessoas o ouçam. É como se ele dissesse: “Sou irmão de Tiago. Mas e daí? Sou menor que ele, e ele é maior que eu”.

Estive pensando sobre Judas e é interessante que seu nome, nas Escrituras, só é citado em Mt 13:55, Mc 6:3 e aqui em sua carta. Todas as outras vezes em que ele aparece está incluído no grupo “os irmãos do Senhor”. E não se sente mau por isso. Judas podia ser o caçula da família, mas ainda assim, Deus o escolheu para escrever um livro da Bíblia, honra dada a apenas alguns homens. Ele ilustra aquele grande princípio de Jesus:

Vocês sabem que os governantes das nações as dominam, e as pessoas importantes exercem poder sobre elas. Não será assim entre vocês. Ao contrário, quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo, e quem quiser ser o primeiro deverá ser escravo; como o Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.” (Mt 20:25-28)

Nunca seremos bons cristãos se não servirmos, humildemente, o nosso irmão. Devemos considerá-lo maior que nós. Devemos querer isso. Se não quisermos, ao ponto desse comportamento começar a ser natural em nós, então falhamos como cristãos. O cristão só faz diferença quando ele serve. Martin Luther King Jr. personificou este conceito. Veja o que ele disse à sua igreja dois meses antes de sua morte:

Se alguém aqui estiver presente quando chegar a minha hora, não quero um enterro prolongado. Se alguém fizer o elogio fúnebre, digam-lhe que não fale demais. Às vezes, penso no que eu gostaria que essa pessoa dissesse.

Digam-lhe que não mencione que eu tenho o Prêmio Nobel da Paz – isso não é importante. Digam-lhe que não fale que eu tenho mais de 300 ou 400 prêmios, isso não é importante. Digam-lhe que não fale na Universidade onde eu estudei. Gostaria que alguém falasse no dia em que Martin Luther King Jr. tentou dar a vida para servir aos outros. Gostaria que alguém falasse do dia em que Martin Luther King Jr. tentou amar alguém.

Sim, se quiserem, digam que eu fui um mensageiro. Digam que fui um mensageiro da justiça. Digam que eu fui um mensageiro da paz. Digam que eu fui um mensageiro da retidão. E todas as outras coisas supérfluas não terão importância. Não terei dinheiro para deixar, não terei as coisas boas e luxuosas da vida para deixar, quero deixar apenas uma vida de serviço.

Se puder ajudar alguém à minha volta, se puder alegrar alguém com uma palavra ou uma canção, se puder mostrar o caminho a alguém que está andando errado, não terei vivido em vão. Se puder cumprir o meu dever de cristão, se puder levar a salvação ao mundo arrasado. Se puder difundir a mensagem como o Mestre ensinou, então, minha vida não terá sido em vão.
A Consciência do soldado sobre si (v.1b)

A segunda pergunta que o funcionário do RH fez foi: “Quais as suas principais características?”. É evidente que, para respondê-la, você precisa saber quem você é. Como o soldado: se não souber no que ele acredita, como pensa o seu país e quais as suas limitações, não pode lutar. Ninguém vai à guerra achando que é o Rambo, pois pode não ser muito eficiente no combate. O cristão, soldado de Cristo, também deve saber quem ele é. E essa resposta está na parte b do versículo 1.

“aos que foram chamados, amados por Deus Pai e guardados por Jesus Cristo…”

A primeira coisa que percebemos é que o cristão sabe que foi chamado. Mas chamado para quê?

E vocês também estão entre os chamados para pertencerem a Jesus Cristo… e chamados para serem santos. (Rm 1:6-7, grifo nosso).

Às vezes, somos místicos demais. Cantamos músicas que dizem que temos um chamado, mas chamado de quê? Com frequência isso se refere à pregação do evangelho. Só que não podemos esquecer que o chamado da pregação é secundário. Antes de tudo, fomos chamados para pertencer a Cristo, e para sermos santos. Isso é reconfortante! Se nos sentimos abandonados, a Bíblia lembra que temos um dono: pertencemos a Jesus. Se nos sentimos incapazes de ser santos, incapazes de cumprir os mandamentos de Deus, é preciso lembrar que Deus nos chamou para sermos santos, e é Ele quem opera em nós a santificação. Quando o dono de uma empresa contrata uma pessoa para trabalhar, ele não lhe dá o treinamento necessário? Da mesma forma, Deus é quem nos ensina a sermos santos. Este é um ideal maravilhoso para nossas vidas!

O cristão também sabe que é amado por Deus. O cristão verdadeiro não tem a menor dúvida de que é amado por Deus, embora não consiga entender o por quê. O cristianismo tem 2000 e poucos anos de existência e, até hoje, nenhum teólogo sério conseguiu responder à pergunta: “Por que Deus me ama?” É uma pergunta sem resposta. Sabemos que somos pecadores e indignos, mas, mesmo assim Deus nos ama e tomou o nosso castigo sobre si, na pessoa de Seu Filho querido, para que pudéssemos ser salvos.

Oh! por que Jesus me ama?

Eu não posso t’explicar!

Mas, a ti também te chama,

Pois deseja te salvar!

E o cristão sabe que é guardado por Jesus. Ou, sabe que é protegido Jesus. Assim Judas conclui essa parte sobre a consciência do cristão. O seu objetivo é que o leitor visse essas expressões e fizesse uma auto-avaliação. “Eu sou isso o que Judas está dizendo?” Se fosse, a carta era destinada a ele. (Mas eu duvido que, se não fosse, estaria lendo esta carta!)

Há um detalhe importante aqui. Judas usa um tempo diferente do verbo “ir” (foram). Aos que foram guardados por Jesus. Escrito assim, entende-se que a ação de guardar aconteceu no passado, mas ainda continua hoje. Seria assim: “Aos que foram (e continuam sendo) guardados por Jesus Cristo.” Guardados do quê? Pela forma como o autor escreve, não parece que se refira a acidentes físicos, dos quais os anjos nos guardam. É algo mais importante e terrível. Fomos e continuamos sendo guardados da perdição. Do inferno. Quando nos entregamos a Jesus, ficamos sob suas asas. Como os pintinhos ficam debaixo das asas da galinha para serem protegidos.

Às vezes nos sentimos fracos espiritualmente, achando que estamos prestes a cair na fé e voltarmos ao caminho do inferno, mais uma vez. Mas é então que precisamos lembrar que Jesus nos guarda de cairmos (Romanos 14). Ele nos protege sob suas asas e nos ampara. Deus é poderoso para nos guardar!
O desejo do soldado para o seu irmão (v.2)

Chegamos à última pergunta feita pelo RH: “O que você deseja para os seus concorrentes?” É algo difícil de responder! No mundo empresarial, as pessoas tendem a desejar o melhor para o outro, contanto que não fique no caminho. É triste que isso aconteça em algumas igrejas também, porque é óbvio que este comportamento não tem nada de cristão. Um soldado sempre quer o melhor para o seu companheiro no campo de batalha. O que, então, um cristão deseja para o seu irmão? Versículo 2:

“Misericórdia, paz e amor lhes sejam multiplicados.”

Judas ora e, em sua oração, ele pede que sejam multiplicados, amontoados sobre os cristãos essas três coisas. Poderíamos considerá-las separadamente, mas, do jeito que Judas pede, elas estão completamente interligadas. (Seguimos, assim, a análise do livro de Matthew Henry).

O que um soldado pode desejar de melhor para o seu companheiro senão que ele sobreviva? No livro “O Senhor dos Anéis”, de J.R.R. Tolkien, um grupo de nove amigos sai com a missão de destruir o Anel. No meio do caminho, porém, eles se separam, e cada um segue um destino diferente, mas em todos os momentos eles se preocupam um com o outro, e torcem para que todos fiquem vivos.

Não é assim com o cristão? De forma muito mais profunda, ele deseja que seu irmão seja coberto demisericórdia. Ou seja, deseja que o Juiz perdoe o réu, que é culpado. Deseja que seu irmão tenha paz, porque quer que esse mesmo réu agora tenha uma vida que nunca teve antes, com tranquilidade. E deseja tambémamor. Que esse réu possa ser amado pelo Juiz e por outras pessoas, e possa ser, ele mesmo, alguém que ama os outros – para que possa cumprir a lei.

Perceba que isso é uma história da salvação. Judas está pedindo a Deus que conserve e desenvolva a salvação de seus leitores. Quão diferente tem sido a atitude de muitos! Quando veem que o irmão pecou, “caiu na fé”, não se entristecem, não ajudam; apenas recriminam e desejam justiça. “Está vendo?” – dizem – “Eu avisei que iria cair. Agora caiu e não vai mais se levantar.” Isso é uma insanidade sem tamanho! É como estar no campo de batalha, e ver que o companheiro ao lado levou um tiro e está morrendo. Você tem o remédio, e o outro soldado está pedindo ajuda. Então você olha para ele e diz: “Quem mandou ficar no caminho da bala? Agora, vire-se.” Isso não é um cristão! O cristão se importa com o próximo, e quer o melhor para ele, sempre. Se ama o próximo, quanto mais deve amar o seu próprio irmão em Cristo Jesus!

Somente depois de saber o que quer para si, quem é, e o que quer para os outros que o cristão estará plenamente apto a batalhar pela fé, e cumprir a missão que Deus lhe designou. Estes são os fundamentos do cristianismo: a salvação pela fé e o serviço humilde. Por isso dizemos que o cristão é um humilde servo de Deus, que conhece bem o Senhor e se preocupa com o irmão. Aplicar essas verdades em nossas vidas é entrar na batalha com a vitória garantida.

Daniel Ruy Pereira
https://considereapossibilidade.wordpress.com/2012/06/04/caracteristicas-vitais-do-soldado-de-cristo/

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Não Deixe Penina Matar seus Sonhos...

“... Até a estéril deu à luz sete filhos, e a que tinha muitos filhos enfraqueceu”.1 Samuel 2:5

Havia um homem chamado Elcana, este tinha duas mulheres, uma era Ana e a outra era Penina. E Penina tinha filhos, porém Ana não.
 Ana tinha um sonho impossível ser mãe, mas o Senhor cerrou( Deus a impedia de ter filhos) a madre de Ana.1 samuel 1.5
Sua rival Penina excessivamente a provocava, para a irritar; porque o SENHOR lhe tinha cerrado a madre. 1 Samuel 1:6

Ana vivia atribulada de espírito, seu desejo de ser mãe era muito intenso. Ana todos os anos ia ao templo oferecer sacrifício ao Senhor, orava, clamava, buscava por um milagre; mas os anos se passavam e nada acontecia e sua rival escarnecia dela.

Um dia Ana com amargura de alma, orou ao SENHOR, e chorou abundantemente.

E fez um voto, dizendo: “SENHOR dos Exércitos! Se benignamente atentares para a aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da tua serva não te esqueceres, mas à tua serva deres um filho homem, ao SENHOR o darei todos os dias da sua vida, e sobre a sua cabeça não passará navalha”. 1 Samuel 1:10-11

Passado algum tempo Deus realizou o sonho de Ana de ser mãe. Ela havia pedido um filho a Deus e Ele deu-lhe muito mais que um filho deu-lhe um profeta. O milagre foi além do que Ana pensou, ou pediu.
 Mesmo passando humilhações, vergonha e dor Ana não deixou de ir ao templo, adorava ao Senhor mesmo na adversidade, quiseram matar os sonhos de Ana - Penina, a humilhava e escarnecia dela, Elcana disse-lhe: “Não te sou eu melhor do que dez filhos?” 1 Samuel 1:8; e até mesmo o sacerdote Eli E disse-lhe: Até quando estarás tu embriagada? Aparta de ti o teu vinho. 1 Samuel 1:14; cada um a sua maneira,foi ferramenta para desanimar e frustrar os sonhos daquela mulher, mas ela não desistiu, perseverou até conseguir realizar seu sonho.
Amados nós estamos cercados de “Peninas”, tentando frustar, matar os sonhos de muitas “Anas.” Não importa qual o tamanho do seu sonho, nem tão pouco se ele te parece impossível, Deus é poderoso para realizá-los e te dar muito além do que tens pedido. 

Acredite tua hora chegará, persevere, ore, como fez Ana. Não deixe de ir a igreja, não pare de trabalhar para o Senhor, o adore não importando a situação ou as circunstâncias, Louve, exalte e glorifique ao Deus Todo Poderoso, não saia da presença D’Ele, no tempo apropriado Ele colocará em teus braços teu sonhado “Samuel.” 

Cida Augusto  
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