terça-feira, 22 de novembro de 2016

Lutero e a Justificação pela Fé

“Mas o justo viverá pela fé.” – Habacuque 2:4.
Este texto é empregado três vezes pelo apóstolo Paulo como argumento. Leia Romanos 1:17, Gálatas 3:11 e Hebreus 10:30 – em cada um desses casos aparece, “o justo viverá pela fé”. Este é o antigo texto original ao qual o apóstolo se referiu quando disse, “Como está escrito, o justo viverá pela fé.” Nós não estamos errados em fazer da inspiração do Antigo Testamento tão importante quanto à do Novo, pois a verdade do Evangelho deve se manter em pé ou então cair com os profetas da antiga dispensação. A Bíblia é uma e indivisível – não se pode questionar o Antigo Testamento e reter o Novo. Ou Habacuque estava inspirado ou Paulo escrevia coisas sem sentido.
Ontem, há 400 anos, em 10 de Novembro de 1483, veio a este mundo fraco o filho de um mineiro refinador de metais, que não fez poucas coisas para eliminar o Papado e refinar a Igreja. O nome deste bebê era Martinho Lutero – um herói e um santo. Bendito foi este dia acima de todos os dias deste século, que honra, pois concedeu uma bênção sobre todos os séculos subsequentes por meio do “monge que abalou o mundo”. O seu espírito corajoso derrubou a tirania do erro que havia por tanto tempo envolvido as nações em sua escravidão. Toda a história da humanidade, desde então, tem sido mais ou menos afetada pelo nascimento deste maravilhoso garoto! Ele não era um homem absolutamente perfeito – nós também não endossamos tudo o que ele disse nem admiramos tudo o que fez – mas ele era um homem sobre o qual o olhar da maioria dos homens deveria repousar.
Ele foi um poderoso juiz em Israel, um servo real do Senhor. Nós devemos mais frequentemente orar a Deus pedindo por homens como este – homens de Deus, homens de poder. Deveríamos orar para que, de acordo com a infinita bondade do Senhor, Seus infinitos dons continuem e se multipliquem para a perfeição da sua igreja, pois quando Cristo ascendeu aos céus, ele levou cativo o cativeiro e entregou dons aos homens. E “alguns ele fez apóstolos; e outros profetas; e outros evangelistas; e outros pastores e mestres” (Efésios 4:11). Ele continua a outorgar estes dons escolhidos de acordo com as necessidades da Igreja e Ele os dispensaria mais plenamente, talvez, se nossas orações mais intensamente subissem ao Senhor da messe que enviaria trabalhadores à sua messe. Mesmo quando acreditamos no Salvador crucificado como nosso salvador pessoal, nós devemos acreditar que o Senhor ascendeu para o perpétuo com os confessores e evangelistas que declararão a verdade de Deus.
Eu gostaria de fazer uma pequena homenagem a Lutero em seu aniversário e eu penso que eu não poderia fazer melhor coisa que usar a chave da verdade de Deus pela qual Lutero destravou as masmorras da mente humana e transformou corações escravos em livres. Esta chave dourada encontra-se na Verdade brevemente contida no texto diante de nós – “O justo viverá pela fé”. Você não está um tanto surpreso de achar uma passagem tão Evangélica em Habacuque? Por descobrir em um antigo profeta uma afirmação tão explícita que Paulo pôde usar como argumento pronto contra os oponentes da justificação pela fé? Ele mostra que a doutrina cardial do evangelho não é uma nova noção! Claramente não é um novo dogma inventado por Lutero, nem mesmo uma verdade de Deus ensinada em primeira mão por Paulo!
Este fato, Justificação pela Fé, foi estabelecido em todas as eras e, portanto, nós o encontramos aqui, entre as coisas antigas, uma lâmpada para iluminar as trevas que pairavam sobre Israel antes da vinda do Senhor! Isto também prova que não houve mudanças no evangelho. O evangelho de Habacuque é o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo. Uma luz muito clara foi lançada sobre esta Verdade de Deus pelo dom do Espirito Santo, mas o caminho da salvação tem sido, em todos os tempos, o mesmo! Nenhum homem jamais foi salvo pelas suas boas obras. O modo pelo qual cada justo tem vivido sempre foi pelo caminho da fé. Não houve o menor desvio desta Verdade – foi estabelecido e instituído – sempre o mesmo, como Deus o proferiu.
Em todos os tempos e em todos os lugares, o evangelho é e continuará sendo o mesmo. “Jesus Cristo, o mesmo ontem, hoje e eternamente”. Nós lemos “o evangelho” a partir de um – nunca dois ou três evangelhos – como muitos. Céus e terras passarão, mas a Palavra de Cristo nunca passará. Também é digno de nota que esta verdade de Deus é tão antiga e ainda assim continua tão imutável, e com tanta vitalidade. Esta sentença, “O justo viverá pela fé”, produziu a Reforma! Desta linha, a partir da abertura dos selos do apocalipse virão todos os sons das trombetas do evangelho e todas as canções evangélicas como o som de muitas águas. Esta única semente – esquecida e escondida nas trevas da era medieval – foi trazida de volta, colocada no coração dos homens, cresceu pelo Espírito Santo de Deus, para no final produzir grandes resultados.
Esta porção de semente no topo das montanhas foi multiplicada de tal forma que o fruto moveu o Líbano e suas cidades e floresceu como a erva do campo. Mesmo a menor parte da Verdade de Deus lançada em qualquer lugar viverá! Algumas plantas são tão cheias de vitalidade que apenas o fragmento de uma folha colocado no solo fará com que ela crie raízes e cresça. É completamente impossível que esta vegetação se extinga, e assim acontece com a Verdade de Deus – ela é viva e incorruptível – e, portanto, nada pode destruí-la. Desde que uma Bíblia reste, a religião da Graça Livre viverá! Não, se puderem queimar todas as escrituras, ainda que reste apenas uma criança que se lembre de um único texto da Palavra, a Verdade se levantará novamente!
Mesmo nas cinzas da verdade o fogo ainda está vivo, e quando o sopro do Senhor vem sobre elas, a chama arde gloriosamente. Por isto, sejamos confortados nestes dias de blasfêmias e censura – confortados porque “embora a erva embranqueça e a flor caia: mas a Palavra do Senhor dura para sempre.” E esta é a palavra pela qual o evangelho é pregado a você. Deixe-nos examinar este texto cujo sentido iluminou o coração de Lutero, enquanto o explico a você.
I. Eu devo, a princípio, fazer uma breve observação – UM HOMEM QUE TEM FÉ EM DEUS É JUSTO. “O justo viverá pela fé.” O homem que possui fé em Deus é um homem justo – a sua fé é a sua vida como um homem justo. Ele ser “justo” sentido do Evangelho, isto é, ter a fé que Deus prescreve como caminho da salvação, ele é, por sua fé, justificado na visão de Deus. No Antigo Testamento é dito a nós, em referência a Abraão, que “ele acreditou no Senhor; e o Senhor lhe contou isto por justiça” (Genesis 15:6). Este é o plano universal de justificação. A fé está abraçada à justiça de Deus em aceitar o plano de justificação de pecadores por meio do sacrifício de Cristo – e ela faz do pecador um justo.
A fé aceita e apropria por ela mesma todo o sistema Divino de justiça que se desdobra na pessoa e no ministério de Jesus Cristo. A fé regozija em vê-Lo vindo ao mundo em nossa natureza, e nesta natureza, obedecendo a Lei de Deus em cada jota e til, mesmo que ele não estivesse sob a Lei Ele escolheu colocar-se lá em nosso lugar. A fé se compraz quando vê o Senhor, que veio sob a Lei, oferecendo-se como perfeita expiação e fazendo uma completa vindicação da justiça divina pelo Seu sofrimento e morte. A fé se encontra na pessoa, vida e morte do Senhor Jesus como a sua única esperança – e na justiça de Cristo ela se sustém. Ela grita “O castigo que me traz a paz estava sobre Ele e pelas Suas pisaduras fui curado”.
Agora, os homens que creem no método de Deus de transformar homens em justos através da justiça de Jesus, e aceitam Jesus e põem a sua fé Nele, estes são homens justos! Aquele que faz da vida e morte de Jesus a grande propiciação e nela crê como a sua única fonte de confiança é justificado aos olhos de Deus e tem seu nome escrito entre os justos pelo próprio Senhor. A sua fé é imputada pela justiça porque a sua fé se agarra à justiça de Deus em Cristo Jesus. “Todos os que creem são justificados de todas as coisas, daquilo que não podíeis ser justificados pela lei de Moisés”. Este é o testemunho da Palavra inspirada – quem o negará?
Mas o crente também é justo em outro sentido, cujo mundo exterior aprecia melhor, embora não seja mais valoroso que o sentido formal. O homem crente em Deus torna-se, pela fé, movido para tudo o que é correto, bom e verdadeiro. Sua fé em Deus retifica sua mente e o faz justo. No julgar, no desejar, no aspirar, em seu coração, ele é justo. Seus pecados foram perdoados, na hora da tentação, ele clama: “como, agora, eu fraquejei e cometi este pecado contra Deus?”. Ele acredita no derramamento de sangue que Deus proveu para limpar o pecado e, para ser lavado em seu interior, ele não pode escolher se sujar novamente. O amor de Cristo o constrange a seguir o que é verdadeiro, correto, bom, amável e honroso aos olhos de Deus.
Tendo recebido pela fé, o privilégio da adoção, ele emprenha-se em viver como um filho de Deus. Tendo obtido, pela fé, uma nova vida, ele anda em novidade de vida. “Princípios imortais impedem os filhos de Deus de pecar”. Se muitos vivem em pecado e amam isso, eles não têm a fé dos eleitos de Deus, pois a fé verdadeira purifica a alma. A fé que operou em nós pelo Espírito Santo é a maior exterminadora de pecados debaixo do Céu. Pela graça de Deus ela afeta o íntimo do coração, modifica as vontades e emoções; e torna o homem em uma nova criatura em Cristo Jesus. Se há alguém na terra que pode, verdadeiramente, ser chamado de justo, estes são os que assim são transformados pela fé em Deus através de Jesus Cristo nosso Senhor. Deveras, nenhum outro homem é justo, salvo aqueles a quem o santo Deus deu o título de justos – e para estes o texto diz que o justo viverá pela fé.
A fé crê em Deus e, portanto, O ama. E, portanto, O obedece. E, portanto, cresce como Ele. É a raiz da santidade, a primavera da justiça, a vida do justo!
II. Acerca desta observação, que é vital para o texto, eu não mais me prolongarei, mas avançarei a outro ponto que dialoga com ele, a saber, O HOMEM JUSTO TEM FÉ EM DEUS. Ou então, deixe-me dizer, ele não é justo, pois Deus merece fé e aquele que O rouba, não é justo. Deus é tão justo que duvidar Dele é injustiça – Ele é tão leal que não confiar Nele é ofendê-Lo – e este que faz a Deus tamanha injustiça não é considerado justo. Um homem justo deve ser primeiramente justo com o maior dos seres. Seria inútil para ele ser justo com todas as outras criaturas se intencionalmente ele ofendesse a Deus. Eu digo que ele seria indigno do nome justo. Fé é o que o Senhor, justamente, merece receber das suas criaturas – é devido a isto que acreditamos no que Ele diz – e especialmente em referência ao Evangelho.
Quando o grande amor de Deus em Cristo Jesus é claramente estabelecido, ele será crido pelos de coração puro. Se o imenso amor de Cristo em morrer por nós for completamente entendido, então ele deve ser crido por toda a mente honesta. Duvidar do testemunho de Deus acerca do seu Filho Jesus é cometer a maior injustiça ao Seu infinito amor. Aquele que crê não rejeitou o testemunho de Deus ao dom indizível e o colocou naquele que merece adoração em gratidão dos homens, pois, sozinho, pode satisfazer a Justiça de Deus e dar paz à consciência dos homens. Um homem verdadeiramente justo, para a completude da sua justeza, crê em Deus e em tudo aquilo que Ele revelou.
Alguns sonham que essa questão de justiça apenas concerne à vida exterior e não toca nas crenças do homem. Eu digo, não é assim – a justiça diz respeito ao interior do homem, a parte central de sua humanidade – e o verdadeiro homem justo deseja ser limpo em partes secretas e, nas partes escondidas, eles conheceriam a sabedoria. Não é assim? Nós ouvimos isto continuamente: que nossas compreensões e crenças constituem uma província isenta da jurisdição de Deus. Então, deverás, eu posso acreditar no que eu quiser sem ter responsabilidade por isso diante de Deus? Não, meus irmãos e irmãs! Nenhuma parte de nossa humanidade está fora do alcance da divina lei! Nossa completa capacidade como homens repousa sobre a soberania d’Ele que nos criou e estamos obrigados a tanto acreditar como a agir corretamente!
Na verdade, nossas ações e pensamentos estão tão entrelaçadas e emaranhadas que não há divisão entre um e outro. Dizer que a justiça da vida exterior é suficiente é ir contrariamente ao teor da Palavra de Deus. Eu estou mais voltado a servir a Deus com meu coração e minha mente! Estou tão sujeito a crer naquilo que Deus revela assim como estou sujeito a fazer aquilo em que Deus se regozija! Erros de julgamento são tão verdadeiramente pecados quanto erros da vida. É parte da nossa submissão para o nosso grande e Soberano Senhor que nós submetamos nossa compreensão, nossos pensamentos e nossas crenças ao Seu supremo controle. Nenhum homem é correto até que ele acredite nas coisas corretas. Um homem justo deverá ser justo através de Deus, por crer em Deus e confiando Nele em tudo o que Ele é, diz e faz.
Eu também não vejo, meus caros amigos, que razão há para o homem ser justo com seus semelhantes quando ele desistiu da sua crença em Deus. Se se trata de uma pequena parte e um homem pode entregar-se por um pedaço de desonestidade, por que ele não deveria ser desonesto se não há uma lei maior do que a que seus companheiros fizeram? Se não há trono de justiça, nenhum julgamento a se seguir, porque ele deveria se preocupar? Há poucas semanas atrás um homem matou deliberadamente seu empregado, que o havia ofendido. E como ele se entregou à polícia, ele disse que não estava nem um pouco receoso ou envergonhado daquilo que havia feito. Ele admitiu o assassinato e reconheceu que sabia muito bem das consequências. Ele disse que esperava sofrer a dor por meio minuto e depois então viria o seu fim e estava pronto para aquilo.
Ele falou e agiu em consistência com as suas crenças ou descrenças – e verdadeiramente não há forma de crime, mas o que se torna lógico e legítimo é se existe ou não fé em Deus e a vida após a morte para o homem. Sem isto, rompamos com a comunidade – não há nada que faça com que os humanos permaneçam juntos! Sem Deus, o governo moral do universo cessa e a anarquia é o estado natural das coisas. Se não há Deus e o julgamento no porvir, deixe-nos bebamos, porque amanhã morreremos. Se necessário, deixe-nos roubar, mentir e matar!
Porque não? Se não há lei, julgamento ou punição para o pecado – nada pode ser pecaminoso! Se não há legislador, não há lei! E se não há lei, então não pode haver transgressão! A que tipo de caos chegaríamos se a fé em Deus fosse renunciada! Onde o justo será encontrado se a fé for banida? O homem justo é crente em uma medida ou outra – e ele que é digno de ser chamado de “justo” no sentido bíblico, é um crente no Senhor Jesus Cristo, que  foi feito justiça de Deus por nós!
III. Mas agora vou para o ponto no qual eu pretendo me alongar. Em terceiro lugar, POR ESSA FÉ O JUSTO DEVERÁ VIVER. Isto é, a princípio, uma declaração estreita. Cortam-se muitas maneiras de viver fingindo, dizendo: “O justo viverá pela fé.” Esta sentença dá sinais da porta estreita que está à frente do caminho – o caminho estreito que leva à vida eterna. De um só golpe isso acaba todas as reivindicações de justiça, independentemente de um modo de vida. Os melhores homens do mundo só podem viver pela fé – não há outra forma de ser justo aos olhos de Deus! Nós não podemos viver em justiça própria, em hipocrisia. Se formos confiar em nós mesmos, ou em qualquer coisa que venha de nós mesmos, estamos mortos, enquanto confiamos – nós não temos conhecido a vida de Deus de acordos com os ensinamentos da Sagrada Escritura.
Você deve vir direto para fora da confiança em tudo o que você é ou esperar ser. Você deve arrancar as vestes de lepra da justiça legal e romper com toda e qualquer forma dela. Autossuficiência quanto às coisas da religião resultará em autodestruição! Você deve descansar em Deus como Ele é revelado em Seu Filho Jesus Cristo e Nele somente. O justo viverá pela fé. Aqueles que olham para as obras da lei estão debaixo da maldição e não podem viver diante de Deus. O mesmo também acontece com aqueles que se esforçam para viver de sensações ou sentimento. Eles julgam a Deus por aquilo que veem – se Ele é abundante para eles em providência, Ele é um Deus bom. Se eles são pobres, eles não têm nada de bom para dizer a Ele, porque eles O medem por aquilo que sentem, provam e veem. Se Deus trabalha continuamente para um propósito e eles podem ver o seu propósito, eles elogiam a Sua sabedoria. Mas quando eles ou não pode ver o fim, ou não conseguem entender o caminho pelo qual o Senhor está trabalhando, imediatamente O julgam imprudente. Viver pelos sentimentos acaba por ser um modo de vida sem sentido, trazendo morte a todo conforto e esperança –
“Não julgueis o Senhor pelo sentido fraco,
Mas confiar nele para a Sua Graça.”
Pois apenas nesta confiança um homem justo pode viver.
O texto também destrói toda a ideia de vida por mero intelecto. Muitos dizem: “Eu sou o meu próprio guia! Farei doutrinas para mim e vou transferí-las e moldá-las de acordo com meus próprios recursos”. Essa maneira é a morte para o espírito. Estar de acordo com os costumes das épocas é, por vezes, ser inimigo de Deus! O caminho da vida é acreditar no que Deus tem ensinado, especialmente a acreditar Naquele a quem Deus estabeleceu para ser Propiciação pelo pecado, por que está fazendo de Deus tudo e nós nada.
Descansando sobre uma revelação infalível e confiante em um Redentor Onipotente, temos descanso e paz. Mas, por outro princípio instável, tornamo-nos estrelas errantes, para quem é nomeado o negrume das trevas para sempre. Pela fé, a alma pode viver  – em todas as outras maneiras, temos um nome para viver e estamos mortos.
O mesmo é igualmente verdade da fantasia. Que muitas vezes encontram-se com uma religião extravagante no qual as pessoas confiam aos impulsos, aos sonhos, a ruídos e coisas místicas que eles imaginam terem visto – tudo isso é conversa fiada! E ainda estão bastante envolvidos nisso. Eu oro para que você possa expulsar essas coisas sem valor – não há alimento para o espírito nelas. A vida de minha alma não está no que eu penso, ou no que imagino, ou no que eu fantasio, ou no que faz com que eu me sinta bem, mas apenas no que a fé apreende ser a Palavra de Deus! Vivemos diante de Deus, confiando em uma promessa, dependendo de uma pessoa, aceitando um sacrifício, vestindo uma justiça e cercando-nos com Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Implícita confiança em Jesus, nosso Senhor, é o modo de vida e todos os outros levam à morte. É uma estrita declaração – deixem que aqueles que chamam de intolerância, dizerem o que quiserem – será verdade por mais que tentem execrá-lo, tanto quanto agora!
Mas, em segundo lugar, essa é uma afirmação muito ampla. Muito é compreendido no ditado “O justo viverá pela fé”. Não diz que parte de sua vida paira sobre sua crença, ou que fase da sua vida melhor prova sua fé – compreende o início, continuidade, ampliação e aperfeiçoamento da vida espiritual como sendo tudo pela fé. Observe que o texto significa que no momento em que um homem crê, ele começa a viver à vista de Deus. Ele confia em seu Deus, ele aceita de Deus a revelação de si mesmo, ele confia, repousa, se inclina sobre o seu Salvador e naquele momento ele se torna um homem espiritualmente vivo, vivificado com a vida espiritual pelo Espírito Santo de Deus!
Toda a sua existência antes da fé não era nada, a não ser uma forma de morte. Quando ele vem a confiar em Deus, ele entra na vida eterna e tem o nascimento vindo do alto. Sim, mas isso não é tudo, nem é a metade – para isto o homem continua a viver diante de Deus, se ele está tão apegado ao seu modo de santidade – sua perseverança deve ser o resultado de uma fé contínua. A fé que salva não é um único ato feito e acabado em um determinado dia, é um ato contínuo e persevera durante toda a vida do homem! O justo não só começa a viver sua fé, mas ele continua a viver por sua fé! Ele não começa no Espírito e termina na carne, nem vai tão longe pela graça e o resto do caminho pelas obras da lei. “O justo viverá pela fé“,
diz o texto de Hebreus, “mas se alguém recuar, a minha alma não tem prazer nele. Mas nós não somos daqueles que recuam para a perdição, mas daqueles que creem para a conservação da alma”.
A fé é essencial ao longo de todo e cada dia, em todas as coisas. Nossa vida natural começa pela respiração e deve ser continuada pela respiração. O que a respiração é para o corpo, a fé para a alma. Irmãos e Irmãs, se quisermos fazer avanços e progressos na vida divina, isto ainda deve ser da mesma maneira! Nossa raiz é a fé e somente através da raiz vem o crescimento. Progresso na graça não vem da sabedoria carnal, ou esforço legal, ou incredulidade. Não, a carne não traz crescimento à vida espiritual e os esforços feitos na incredulidade em vez de fazer a vida interior crescer, a diminuem. Não nos tornamos mais fortes por mortificações, lutos, obras, ou nos esforçando, se estes estiverem separados da simples fé na graça de Deus – pois somente por este canal o alimento pode entrar na vida de nosso espírito. A mesma porta pela qual a vida entrou em primeiro lugar é aquele pelo qual a vida continua a entrar.
Se alguém me diz: “Eu já vivi crendo em Cristo, mas agora eu me tornei espiritual e santificado e, portanto, eu não tenho mais necessidade de olhar como um pecador para o sangue e justiça de Cristo,” eu digo a este homem que ele tem necessidade de aprender os primeiros princípios da fé! Eu o adverti que ele tem de ser atraído de volta à fé, pois aquele que é justificado pela Lei, ou de qualquer outra forma que não a justiça de Cristo, tem caído em desgraça e deixou o único fundamento sobre o qual uma alma pode ser aceita por Deus. Sim, até ao portão do céu não há esteio para nós, a não ser a fé no sempre abençoado Salvador e Sua Expiação Divina! Entre este lugar e o céu nunca seremos capazes de viver por méritos, ou viver fantasias, ou pelo intelecto – temos ainda que ser como crianças ensinadas por Deus como Israel no deserto, dependendo inteiramente daquele grande Invisível.
Para sempre nosso, é olhar para todas as coisas e para nós mesmos e perceber, pois “o justo viverá pela fé”. É uma frase muito ampla, um círculo que engloba toda a nossa vida que é digna desse nome. Se há alguma virtude, se há algum louvor, se existe alguma coisa que é bela ou de boa reputação, devemos recebê-la, exibi-la e aperfeiçoá-lo pelo exercício da fé. A vida na casa do Pai, a vida na Igreja, a vida em particular, a vida no mundo, devem ser todas realizadas e praticadas no poder da fé, se somos homens justos. O que é sem fé é sem vida! Obras mortas não podem satisfazer o Deus vivo! Sem fé é impossível agradar a Deus (Hebreus 11:6).
Imploro-lhes a sua atenção, em terceiro lugar, que declaração desqualificada é esta. “O justo viverá pela sua fé.” Então, se um homem tem, mas um pouco de fé, viverá. E se ele é muito justo, ele ainda vive pela fé. Muitos homens não chegaram mais longe do que correr atrás santidade, mas ele é justificado pela sua fé – sua fé está tremendo e lutando e a sua oração frequente é: “Senhor, eu creio, ajuda minha incredulidade“- ainda assim  a sua fé fez dele um homem justo!  Às vezes ele tem medo de não ter fé!  E quando ele cai em depressão profunda, este é o quanto ele pode fazer para manter sua cabeça acima da água.  Mas, mesmo assim sua fé o justifica. Ele é como um barco em um tempestuoso mar, às vezes ele é levantado ao céu, piscando ondas de misericórdia e outra ele afunda no abismo entre os vagalhões de aflição. O quê? É ele, então, um homem morto? Eu respondo: Este homem crê verdadeiramente em Deus? Ele não aceita o registro sobre o Filho de Deus? Ele pode verdadeiramente dizer: “Creio na remissão dos pecados”, e com fé, como ele tem, ele só se apega a Cristo e a ninguém mais? Então o homem deve viver! Ele viverá pela sua fé!
Se a pequenez da nossa fé pode nos destruir, então quão poucos poderão ser numerados com os vivos? “Quando o Filho do homem vier, porventura achará fé na terra?” Só aqui e ali e agora e depois, um Lutero parece que realmente acredita com todo seu coração. A maioria de nós é tão grande quanto o dedinho de Lutero – não temos tanta fé em nossa alma inteira como ele tinha a em um cabelo da sua cabeça! Mas ainda assim esta pequena fé nos deixa vivos. Eu não digo que pouca fé nos dará força, ou vigor de um leão como que Lutero tinha, mas viveremos. A declaração não faz distinção entre este e aquele grau de fé, mas ainda estabelece, como uma verdade inquestionável de Deus, “o justo viverá pela fé“. Louvado seja Deus, então, eu viverei, pois acredito no Senhor Jesus como meu Salvador e meu Tudo! Você também não acredita nele? Sim, e não é singular que essa declaração não deve mencionar qualquer outra graça, como aquela que vai ajudar a construir o terreno em que os homens justos vivem?
O justo viverá pela fé.” Mas ele não tem amor? Ele não tem zelo? Ele não tem paciência? Ele não tem esperança? Ele não tem humildade? Ele não tem santidade? Oh, sim, ele tem tudo isso e vive nelas, mas ele não vive por elas, porque nada disto o liga tão intimamente a Cristo, como a sua fé faz! Atrevo-me a usar uma figura muito familiar porque é o melhor que posso pensar. Aqui está uma criança pequena, um bebê. Ele tem muitos membros necessários, tais como seus olhos, ouvidos, pernas, braços, coração e assim por diante. E todas são necessárias, mas o órgão pelo qual o bebê vive é a sua boca, pelo que ele suga de sua mãe todo o seu alimento. Nossa fé é a boca pela qual sugamos a vida nova a partir da promessa do Deus sempre abençoada. Assim, a fé é o que vivemos! Outras graças são necessárias, mas a fé é a vida de todas elas. Nós não subestimamos o amor, ou paciência, ou penitência, humildade ou depreciamos ou olhos ou pés do bebê. Ainda assim, o meio de vida do homem espiritual é a boca pela qual ele recebe alimento divino das verdades de Deus reveladas pelo Espírito Santo na Sagrada Escritura. Outras graças produzem resultados provindos da fé, mas a fé é o Receptor-Geral de graça para a ilha que é o homem.
Isto, caros amigos, para continuar um pouco mais adiante, é uma declaração muito sugestiva – “O justo viverá pela fé” – porque nisto há muitos significados. Primeiro, o homem justo existe mesmo pela sua fé. Isto é, a forma mais baixa de Graça em um caráter justo é dependente da fé. Mas, irmãos e irmãs, eu espero que você não seja tão tolo para dizer “Se eu sou apenas uma criança viva de Deus, isto é tudo que eu preciso”. Não, nós não desejamos somente ter a vida, mas tê-la em abundância! Vê aquele homem salvo de um afogamento? Ele está vivo, mas se a única evidência disto é o fato de que um espelho fica orvalhado por sua respiração, você não estaria contente de estar vivo há anos nestes moldes pobres, iria? Você deve ser muito grato se você está espiritualmente vivo, mesmo dessa forma débil, mas ainda assim, não queremos ficar em um estado de desmaio. Nós queremos ser ativos e vigorosos!
No entanto, até mesmo para a menor vida você deve ter fé. Para o mais fraco tipo de existência espiritual que pode ser chamado de vida no todo, a fé é necessária. O justo que praticamente sobrevive, que é fraco na mente, que dificilmente se salva, é, no entanto, entregue pela fé. Sem fé não há vida celestial. Tomemos a palavra “vida”, em um sentido melhor, e o mesmo se aplica “O justo viverá pela sua fé“. Às vezes encontro com pessoas muito pobres que nos dizem em tom patético: “Nosso salários são terrivelmente escassos”. Dizemos a eles: “Você realmente vive com tão pequena quantia?”. Eles respondem: “Bem, senhor, você pode dificilmente chamar de vida, mas nós existimos de alguma forma”. Nenhum de nós gostaria de viver em um estilo de vida tal se pudéssemos mudá-lo. Queremos dizer, então, por “vida”, alguma medida de alegria, felicidade e satisfação. O justo, quando tem o conforto, alegria e paz os têm pela fé. Graças a Deus, a paz do coração é o nosso estado normal, porque a fé é uma graça permanente. Cantamos com alegria de coração e nos regozijamos no Senhor e, bendizemos o Senhor, isso não é novidade para nós! Mas nós temos conhecido e ainda conhecemos esta bem-aventurança somente pela fé.
O momento em que a fé chega, a música invade – como se fossem corujas gritando! Lutero pode cantar um Salmo apesar do diabo, mas ele não poderia ter feito se não tivesse sido um homem de fé. Ele poderia desafiar imperadores, reis, papas e bispos, enquanto ele segurou firme na força de Deus, mas só depois de tê-la segurado! A fé é a vida da vida e faz a vida valer a pena ser vivida. Ela coloca alegria na alma em acreditar no Pai e o Seu grande amor eterno; na Expiação eficaz do Filho e na habitação do Espírito, em ressurreição e glória eterna! Sem as quais, de todos os homens, nós somos os mais miseráveis. Acreditar nestas verdades gloriosas é viver – “O justo viverá pela fé“. Vida também significa força. Dizemos de certo homem: “Que vida que ele tem em si! Ele é cheio de vida! Ele parece estar sempre vivo”. Sim, o justo obtém energia, força, vivacidade, vigor, poder pode, e a vida pela fé.
A fé confere aos crentes uma majestade real. Quanto mais eles acreditam, mais poderosos se tornam. Esta é a cabeça que usa uma coroa! Esta é a mão que empunha um cetro! Este é o pé, cujo pisar real faz tremer as nações! Fé em Deus nos liga com o Rei, o Senhor Deus Onipotente! Pela fé o justo vive em quando os outros morrem. Eles não são superados pelo pecado prevalente, ou heresia da moda, ou a perseguição cruel, ou feroz aflição nada pode matar a vida espiritual enquanto a fé permanece “O justo viverá pela fé“. Continuidade e perseverança vêm dessa forma. O homem justo, quando ele volta atrás, não é confundido. E quando ele é ferido pelos inimigos, ele não está morto. Onde outro homem é afogado, ele nada. Onde outro homem é pisado, ele se levanta e grita vitoriosamente “Não se Alegre sobre mim, O meu inimigo! Se eu cair, mas hei de subir novamente!”.
Na fornalha ardente da aflição ele caminha ileso por meio da fé. Sim, e quando chega a sua vez de morrer e, com muitas lágrimas, seus irmãos e irmãs carregam suas cinzas ao túmulo: “Ele, estando morto, ainda fala“. O sangue dos justos Abel gritou do chão para o Senhor e ele ainda está chorando ao longo dos séculos, mesmo nesta hora. Voz de Lutero, através de 400 anos, ainda soa nos ouvidos dos homens e estimula nossos pulsos, como a batida do tambor na música marcial, ele vive! Ele vive, porque ele era um homem de fé. Gostaria de resumir e ilustrar este ensino ao mencionar certos incidentes da vida de Lutero. Após o grande reformador, o Evangelho de Luz adentrou por lentos degraus. Foi no mosteiro que, em se virar para a Bíblia que esteve acorrentada a um pilar que esta passagem veio a ele – “Esta passagem celeste ficara grudada a ele, mas ele não havia compreendido todos os seus aspectos“.
Ele não podia, no entanto, encontrar a paz em sua profissão religiosa e hábito monástico. Mesmo sem entender, ele perseverou em penitências e mortificações, muitas tão árduas, que às vezes ele foi encontrado desmaiado por exaustão. Elas o trouxeram às portas da morte.  Ele deveria fazer uma viagem a Roma[1], pois em Roma havia uma igreja nova para todos os dias e você podia estar certo de ganhar o perdão dos pecados e toda sorte de bênçãos nestes santuários sagrados. Ele sonhava em entrar em uma cidade de santidade, mas ele viu que era um refúgio de hipócritas e um covil de iniquidade! Para seu horror, ele ouviu os homens dizerem que se houvesse um inferno, Roma fora construída em cima dele, pois era a abordagem mais próxima a ele que poderia encontrar neste mundo! Mas ele ainda acreditava em seu papa e ele continuou com suas penitências, buscando repouso, mas não o encontrando.
Um dia ele foi subindo de joelhos a Scala Sancta, que hoje ainda está em Roma. Eu fiquei espantado de, no fim desta escada, ver pobres criaturas irem para cima e para baixo em seus joelhos na crença de que é aquela a escada que o nosso Senhor desceu quando Ele deixou a casa de Pilatos![2] Diz-se que alguns degraus são marcados com gotas de sangue a essas pobres almas – eu quase disse tolas – as mais devotas as beijam. Bem, Lutero foi subindo estes degraus um dia, quando esse mesmo texto que ele havia encontrado antes, no mosteiro, soou como um trovão em seus ouvidos: “O justo viverá pela sua fé.” Ele levantou-se da prostração e desceu os degraus para nunca mais rastejar sobre eles novamente. Naquele tempo o Senhor trabalhou nele uma libertação completa da superstição e ele viu que não por padres, nem sacerdócio, nem penitências, nem por qualquer coisa que ele podia fazer era para ele viver, mas que ele deve viver pela sua fé.
Nosso texto de hoje de manhã pôs o monge em liberdade e colocou a sua alma em chamas! Mal ele começou a acreditar nisso ele começou a viver no sentido de ser ativo. Neste momento um cavalheiro chamado Tetzel, estava marchando sobre toda a Alemanha vendendo o perdão dos pecados pelo dinheiro que pudesse ser pago. Não importa o seu crime, assim que o seu dinheiro tocar o fundo do caixa seus pecados irão embora! Lutero ouviu isso, ficou indignado e exclamou: “Vou fazer um buraco em seu tambor“, que com certeza ele fez em vários outros tambores! A apregoação de suas teses na porta da igreja era de certa forma silenciar a música da indulgência! Lutero proclamou perdão do pecado pela fé em Cristo sem dinheiro e sem preço e as indulgências do papa foram logo objetos de escárnio.
Lutero viveu pela sua fé e, portanto, aquele que de outra forma poderia ter vivido tranquilamente, denunciou o erro furiosamente como um leão ruge em cima de sua presa. A fé que havia nele o encheu de vida intensa e ele mergulhou em uma guerra com o inimigo. Depois de alguns anos, ele foi convocado para ir para Augsburg[3], apesar de seus amigos o aconselharam a não ir. Lá o chamaram de herege, para responder por si mesmo na Dieta de Worms[4]. E todo mundo ordenou-lhe que ficasse longe, pois ele com certeza seria queimado, mas ele sentiu que era necessário testemunhar e, portanto, em um vagão, ele passou de vila em vila e cidade em cidade, pregando conforme seguia! As pessoas pobres saiam para agitar as mãos para o homem que estava de pé para Cristo e para o Evangelho com o risco de sua vida. Você se lembra de como ele se colocou diante daquela augusta assembleia e embora ele soubesse, tanto quanto o poder humano foi, que sua defesa lhe custaria a vida, para ela, provavelmente, ser comprometida com as chamas, como John Huss[5], mas ele se portou como homem para o Senhor, seu Deus?
Naquele dia na Dieta do Sacro Império Romano-Germânico, Lutero fez um trabalho para que dez mil vezes as mães de milhares de crianças tenham bendito seu nome e abençoado, ainda mais, o nome do Senhor seu Deus! Para colocá-lo fora de perigo por um tempo, um amigo prudente a mando do eleitor da Saxônia, Frederico II, o sábio, o levou prisioneiro e o manteve fora da contenda, no castelo de Wartburg[6]. Lá ele teve bons dias, descansando, estudando, traduzindo, fazendo música e se preparando para o futuro, que seria muito agitado. Ele fez tudo que um homem pode fazer para estar fora da briga, mas, “o justo viverá pela sua fé“, e Lutero não poderia ser enterrado vivo – ele precisa atingir o trabalho de sua vida! Ele manda dizer aos seus amigos que estava vindo e logo estaria com eles, e de repente ele apareceu em Wittenberg. O príncipe pretendia tê-lo mantido no exílio um pouco mais de tempo, mas Lutero deve viver e quanto Eleitor temia por não poder protegê-lo, Lutero escreveu a ele, “Eu venho com muito maior proteção do que o sua, não, eu mantenho que eu sou mais provável para proteger sua graça do que Vossa excelência me proteger! Ele que tem a fé mais forte é o melhor protetor”.
Lutero aprendeu a ser independente de todos os homens, pois ele lançou-se sobre o seu Deus! Ele tinha todo o mundo contra ele e ainda viveu alegremente. Se o Papa excomungou, ele queimou a bula de excomunhão! Se o Imperador o ameaçou, ele alegrou-se porque se lembrou das palavras do Senhor: “Os reis da terra se levantam, e os príncipes dos países juntos. Aquele que está sentado nos céus se rirá” (Salmo 2). Quando eles disseram-lhe: “Onde você vai encontrar abrigo se o Eleitor não protegê-lo?”. Ele respondeu: “Sob o escudo amplo de Deus”. Lutero não podia ficar parado. Ele tinha que escrever e falar! E oh, com que confiança ele falou! Dúvidas sobre Deus e as Escrituras ele abominava! Melancthon[7] diz que ele não era dogmático. Prefiro diferenciar de Melanchton, e acho Lutero era o chefe dos dogmáticos! Ele chamou Melancthon chamado “aquele que pisa docemente”, e eu me pergunto o que teríamos feito se Lutero tivesse sido como Melancthon também?
Os tempos precisavam de um líder firme com a certeza e fé que fizeram de Lutero o que ele é durante todos esses anos, apesar de suas muitas dores e enfermidades. Ele era um Titã, um gigante, um homem de calibre mental e físico esplendidamente forte, mas a sua vida e força principal estava em sua fé. Ele sofreu muito com os exercícios da mente e do corpo através de doenças. E estas poderiam muito bem ter ocasionado uma exibição de fraqueza, mas a fraqueza não aparece, pois quando ele acreditava, ele estava tão certo do que ele acreditava como se disso dependesse sua própria existência e, portanto, ele era forte. Se todos os anjos do céu tivessem passado por ele e cada um tivesse assegurado a Verdade de Deus, ele não teria agradecido por seu testemunho, pois ele creu em Deus, sem o testemunho de anjos ou homens! Ele pensou que a Palavra de testemunho divino é mais certa do que qualquer coisa que os serafins poderiam dizer! Este homem foi forçado a viver por sua fé, pois ele era um homem de alma tempestuosa e somente a fé poderia falar de paz a ele.
As agitações trouxeram sobre ele, depois de tudo, depressões de espírito e, em seguida, ele precisava de fé em Deus. Se você ler a vida espiritual dele, você vai achar que foi um trabalho árduo, às vezes, para ele manter sua alma em vida. Sendo um homem de paixões como nós, e cheio de imperfeições[8], ele era, às vezes, como os mais desalentados e desesperados e fracos entre nós. Tamanha dor dentro dele ameaçou explodir o seu coração poderoso. Tanto ele quanto João Calvino frequentemente suspiraram pelo descanso do Céu, porque não amou a contenda em que habitava, mas teria sido feliz em pacificamente alimentar o rebanho de Deus na terra e depois de entrar em descanso. Estes homens habitaram com Deus na santa ousadia de viver em oração, ou então não poderiam ter vivido tudo o que viveram. A fé de Lutero se prendeu à cruz de nosso Senhor e não seria movida dele. Ele acreditava no perdão dos pecados e não podia se dar ao luxo de duvidar.
Ele lançou âncora na Sagrada Escritura e rejeitou todas as invenções de clérigos e de todas as tradições dos pais. Ele assegurou a Verdade do Evangelho e nunca duvidou, mas o que iria prevalecer apesar da Terra e do Inferno foi jogado contra ele. Quando ele veio para morrer, seu velho inimigo atacou ferozmente, mas quando lhe perguntei se ele tinha a mesma fé, dele, “Sim”, foi positivo o suficiente! Eles não precisavam ter perguntado isso para ele, eles deveriam ter certeza disso. E agora, hoje, as verdades de Deus proclamadas por Lutero continuam a ser pregadas e serão até o nosso Senhor, Ele mesmo, vir! Então a Cidade Santa não precisará de vela ou da luz do sol, porque o Senhor, Ele mesmo, será a Luz de Suas pessoas! (Apocalipse 22) Mas até lá temos de brilhar com a luz do Evangelho para o nosso melhor. Irmãos e irmãs, vamos nos posicionar a Ele que, como Lutero, vivia pela fé, mesmo assim vamos e que Deus o Espírito Santo opere em nós mais do que fé. Amém e Amém!
FONTE
Todo direito de tradução protegido por lei internacional de domínio público e com permissão
[1] Uma viagem que Lutero precisou fazer em nome de seu monastério para resolver uma questão eclesiástica
[2] Spurgeon visitou Roma em 1864; em uma viagem de férias, quando ainda eram Estados Pontifícios, antes da Unificação da Itália. A Scala Santa é ainda no Vaticano centro de peregrinação e de turismo, em grande parte por conta realmente da superstição relatada por Spurgeon (N. Do revisor)
[3] Lutero foi convidado a ir a Roma para explicar-se de suas teses: recusou-se a fazê-lo, alegando razões de saúde; e pretendeu uma audiência em território alemão. O seu pedido baseava-se no argumento (Gravamina) da Nação Alemã. Seu pedido foi aceito, ele foi convidado para uma audiência com o cardeal Caetano de Vio (Tomás Caetano), durante a reunião das cortes (Reichstag) imperiais de Augsburg. Entre 12 e 14 de outubro de 1518, Lutero falou a Caetano. Este pediu-lhe que revogasse sua doutrina. Lutero recusou-se a fazê-lo. (Wikipédia)
[4] A Dieta de Worms (foi uma reunião de cúpula oficial, governamental e religiosa, chefiada pelo imperador Carlos V que teve lugar na cidade de Worms (Alemanha), entre os dias 28 de Janeiro e 25 de Maio de 1521, mais conhecida pelas decisões que dizem respeito a Martinho Lutero e os efeitos subsequentes na Reforma Protestante. Lutero foi convocado à Dieta para desmentir suas 95 teses, no entanto ele as defendeu e pediu a reforma da Igreja Católica, entre 16 e 18 de Abril de 1521., o qual ele não fez, sendo assim declarado herege e fugitivo (Fonte: Wikipédia)
[5] Jan Hus (Husinec, 1369 – Constança, 6 de Julho de 1415) foi um pensador e reformador religioso. Ele iniciou um movimento religioso baseado nas ideias de John Wycliffe. Os seus seguidores ficaram conhecidos como os hussitas. A Igreja Católica não perdoou tais rebeliões e ele foi excomungado em 1410. Condenado pelo Concílio de Constança, foi queimado vivo. (Wikipédia)
[6] Frederico, o sábio ordenou que Lutero fosse capturado por um grupo de homens mascarados a cavalo, que o levaram para o Castelo de Wartburg, em Eisenach, onde ele permaneceu por cerca de um ano. Deixou crescer a barba e tomou as vestes de um cavaleiro, assumindo o pseudônimo de Jörg. Durante esse período de retiro forçado, Lutero trabalhou na sua célebre tradução da Bíblia para o alemão. (Wikipédia)
[7] Philipp Melanchthon (em português Filipe Melâncton; Bretten, 16 de fevereiro de 1497 — Wittenberg, 29 de abril de 1560) foi um reformador alemão. Colaborador de Lutero, redigiu a Confissão de Augsburgo (1530) e converteu-se no principal líder do luteranismo após a morte do próprio Lutero. (Wikipédia)
[8] Certamente, Lutero não foi perfeito, e é repudiável os escritos de Lutero que recomendavam a matança dos camponeses rebeldes de 1524 e seus escritos contra os judeus que hoje podem ser considerados anti-semitas (Nota do editor do Projeto Spurgeon)
https://www.projetospurgeon.com.br

domingo, 20 de novembro de 2016

Lançando as Redes


"Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos, mas sob a Tua palavra lançarei as redes." (Lucas, 5.5)

Havia sido uma noite difícil e de muito trabalho para Pedro e seus dois sócios, Tiago e João; horas lançando as redes no mar da Galiléia sem conseguir o sucesso esperado. No rosto de Pedro estavam estampados o cansaço e a frustração enquanto lavava as redes a fim de guardá-las. Muitas dúvidas enchiam o seu coração quando pensava sobre a próxima noite. O que dizer em casa quando chegar mais uma vez sem nada para oferecer à família? Onde estava o resultado pelo seu esforço tão sincero, dispendido em horas de trabalho? 

Algo novo aconteceu naquela manhã; aquEle pregador, filho de José, o carpinteiro de Nazaré - cidade próxima à aldeia onde Pedro morava -, passeava pela areia da praia e era seguido por uma grande multidão. Parando diante de Pedro, pediu sua ajuda para que, de seu barco, um pouco dentro do mar, tivesse condições de falar àquelas pessoas tão carentes de orientação divina. Atendendo ao convite, Pedro levou Jesus aonde Ele havia pedido e, sentado ao Seu lado, ouvia atentamente à voz do Mestre.

Finda a mensagem, Pedro recebeu de Jesus uma ordem totalmente contrária à sua grande experiência de pescador, que não se coadunava com suas recentes tentativas: voltar ao mar alto e lançar as redes novamente. Mas ele já tentara tantas vezes, em tantos lugares, durante toda a noite, sem sucesso! 

Aquela, porém, era uma nova tentativa, diferente, decerto, pois estaria lançando as redes da forma que Jesus queria, no lugar que Ele havia orientado e no tempo escolhido pelo Senhor. Que resultado poderia obter? Os versículos 6 e 7 nos descrevem: "isto fazendo, apanharam grande quantidade de peixes; e rompia-se-lhes as redes. Fizeram sinais aos companheiros do outro barco, para que fossem ajudá-los. E foram e encheram ambos os barcos, a ponto de quase irem a pique.".

A partir daquele dia, Pedro reconheceu que não havia como continuar suas atividades corriqueiras, diárias, sem a orientação e a companhia de Jesus. Ele decidiu que tudo o que fizesse a partir de então seria "sob a Sua palavra". 

Você tem tentado caminhar e tem buscado vitórias sem o resultado esperado? Tem colhido tentativas frustradas e dúvidas quanto ao futuro? Não é verdade que estas tentativas estão baseadas na sua própria tese de "lançamento de redes" e não nas do Senhor? Quero desafiá-lo a sentar e ouvir o que Jesus tem a dizer sobre sua vida e atentar para a forma, o lugar e o tempo de "lançar as redes", já providenciados para você. Dê ouvido à orientação de Jesus Cristo, e suas redes ficarão cheias. Alisson Magalhães

terça-feira, 15 de novembro de 2016

A Árvore de Natal e a Guirlanda

A verdade sobre a árvore de natal e a guirlanda!
Você sabe qual é a origem da árvore de natal e também das guirlandas, que são muito usadas em nossos finais de ano como enfeites em casas, prédios, ruas, etc? Se você pesquisar na Internet vai encontrar dezenas de explicações, dezenas de origens que ligam tanto a árvore de Natal quanto as guirlandas a rituais pagãos dos mais diversos, onde essas peças seriam utilizadas em cultos a deuses dos mais variados. No entanto, gostaria de falar exatamente a respeito desse tipo de critério que as pessoas usam para dizer se algo é correto ou não. Seria um critério correto?

A verdade sobre a árvore de natal e a guirlanda

A origem das coisas

Você pesquisa a origem de todas as coisas antes de usá-las? Você sabe a origem desse computador, desse celular ou desse tablet que está usando? Você sabe se quem o produziu o ofereceu aos seus próprios deuses ou se o criador dessas coisas era um adorador do diabo? Aquele arroz que você comeu hoje na hora do almoço, você sabe se foi plantado por algum agricultor que ofereceu sua colheita aos seus deuses ou se a fábrica que fez o beneficiamento pertence a alguém que todos os dias oferece a sua produção ao diabo?

Aqueles que satanizam a árvore de natal e as guirlandas por conta de sua SUPOSTA origem pagã, deveriam também pesquisar a origem de todas as coisas que usam em seu dia a dia, caso contrário, isso tem aquele cheiro da famosa hipocrisia, que foi muito condenada por Jesus.

Agora imagine comigo: já pensou se nós fossemos pesquisar a origem de cada coisa que usamos por causa desse medinho que muitos têm do diabo como se ele fosse o criador das coisas e como se ele tivesse um poder que está acima do poder de Deus? Iríamos ficar doidos, perder toda a nossa liberdade em Cristo!

Paulo passou por um problema parecido. Mas na época dele o problema eram as coisas vendidas no mercado. Era comum as pessoas oferecerem suas colheitas e seu alimentos aos seus deuses e muitas vezes os servos de Deus ficavam sem saber se aquilo que compravam no mercado era algo sacrificado a ídolos. Qual foi a orientação de Paulo? Vejamos: “Comei de tudo o que se vende no mercado, sem nada perguntardes por motivo de consciência; porque do Senhor é a terra e a sua plenitude” (1 Coríntios 10:25).

Em outro momento Paulo teve problemas com pessoas que proibiam outras de comer carne, pois essa carne seria uma carne que foi oferecida a ídolos. A orientação de Paulo é libertadora: “Não é a comida que nos recomendará a Deus, pois nada perderemos, se não comermos, e nada ganharemos, se comermos” (1 Coríntios 8:8). Paulo deixa claro que esse “poder” que algumas pessoas conferem a qualquer ídolo, como se ele fosse capaz de ter alguma coisa, de criar alguma coisa, é uma grande besteira, é conferir aos ídolos algo que eles não têm: “No tocante à comida sacrificada a ídolos, sabemos que o ídolo, de si mesmo, nada é no mundo e que não há senão um só Deus” (1 Coríntios 8:4).

Jesus fazia exatamente dessa forma. Lembra que várias vezes ele comia com pecadores? Certamente esses pecadores tinham seus deuses e muitos de seus alimentos eram oferecidos aos seus deuses. Mas Jesus sabia que essas coisas não tinham poder sobre Ele ou sobre um servo de Deus, “pois tudo que Deus criou é bom, e, recebido com ações de graças, nada é recusável” (1 Timóteo 4:4).

Quando usar árvore de natal e guirlandas pode ser pecado?

Analise a sua motivação e seus objetivos

A motivação do nosso coração pode indicar que usar árvore de natal e guirlandas pode se tornar algo que não agrada a Deus quando essa motivação em usar esses objetos é para não glorificar a Deus ou para glorificar a outros deuses. É importante dizer que podemos também ter esse tipo de motivação com qualquer tipo de objeto e não somente com objetos natalinos. Podemos ter uma motivação errada com a casa que temos, com o carro, com os alimentos, com as roupas, com tudo. O homem tem a grande capacidade de transformar tudo em algum deus falso e adorá-lo.

Outra coisa importante a cuidar é do nosso testemunho com os de fora. Paulo, quando tratou dos assuntos que mencionei acima, traz uma ressalva importante: “E, por isso, se a comida serve de escândalo a meu irmão, nunca mais comerei carne, para que não venha a escandalizá-lo” (1 Coríntios 8:13). Se de forma clara e consciente a nossa atitude em aceitar algo, seja árvore de natal, guirlandas ou qualquer outra coisa, ferir de alguma forma a consciência de alguém, segundo a orientação de Paulo, é melhor não priorizar a confusão, mas abrir mão daquilo em favor daquele que é mais fraco e não tem ainda condição de perceber que comer aquela carne ou ter aquela árvore de natal em casa não faz de ninguém um adorador de outro deus.

Conclusão

A verdade sobre a árvore de natal e sobre as guirlandas é que existe muita polêmica boba sobre elas. Não existe qualquer atestado de autenticidade sobre as lendas de sua origem e que são usadas por muitos de forma hipócrita para proibir o seu uso. O crente pode usar sim de forma saudável como enfeite sem qualquer problema, desde que com motivação correta e sem o objetivo de ferir a consciência dos mais fracos na fé.

Ou seja, a verdade sobre a árvore de natal e as guirlandas é que não temos o poder de proibir quem quer que seja de usá-las sobre o pretexto de que elas teriam sido usadas num passado que ninguém sabe ao certo por pagãos em supostos rituais. Se fizermos esse tipo de proibição, que sejamos coerentes e analisemos a origem de todas as coisas que usamos e tiremos tudo aquilo que tem origens parecidas. Está disposto a viver essa prisão desnecessária?  Presbítero André Sanchez

Filha de Sião

Salmo 87:2-3 diz: "o SENHOR ama as portas de Sião mais do que as habitações todas de Jacó. Gloriosas coisas se têm dito de ti, ó cidade de Deus!" Sendo citada mais de 150 vezes na Bíblia, a palavra “Sião” essencialmente significa “fortificação”. Na Bíblia, Sião é a cidade de Davi e a cidade de Deus. À medida que a Bíblia progride, a palavra Sião deixa de se referir à cidade física e passa a assumir um contexto espiritual.

Antes de explicarmos o significado da expressão “filha de Sião”, precisamos também compreender o que significa “Sião” na Bíblia. A palavra “Sião” tem pelo menos quatro aplicações diferentes na Bíblia:

(1) A fortaleza construída pelos povo jebuseu no monte Sião e que foi conquistada posteriormente pelo rei Davi e foi chamada posteriormente de cidade de Davi (2Sm 5.7).

(2) O monte, antes chamado de Moriá, onde foi construído o templo de Salomão (2 Cr 3.1). Você já deve ter ouvido a expressão monte Sião (Sl 133.3)

(3) A cidade de Jerusalém (2 Rs 19.21) ou a terra de Israel (Is 34.8)

(4) O céu (Hb 12.22)

A palavra “Sião” é mencionada pela primeira vez na Bíblia em 2 Samuel 5:7: "Porém Davi tomou a fortaleza de Sião; esta é a Cidade de Davi." Sião, portanto, era originalmente o nome da fortaleza jebusita na cidade de Jerusalém. Sião passou a significar não só a fortaleza, mas também a cidade onde a fortaleza se encontrava. Depois que Davi capturou "a fortaleza de Sião", Sião passou a ser chamada de "a Cidade de Davi" (1 Reis 8:1; 1 Crônicas 11:5; 2 Crônicas 5:2).

Quando Salomão construiu o Templo de Jerusalém, a palavra Sião expandiu o seu significado para incluir também o Templo e a área ao seu redor (Salmo 2:6; 48:2,11-12; 132:13). Sião foi eventualmente usado como um nome para a cidade de Jerusalém, a terra de Judá e o povo de Israel como um todo (Isaías 40:9; Jeremias 31:12; Zacarias 9:13).

O uso mais importante da palavra Sião é em seu sentido teológico. Sião é usada figurativamente de Israel como o povo de Deus (Isaías 60:14). O significado espiritual de Sião continua pelo Novo Testamento, onde recebe o significado Cristão do reino espiritual de Deus, a Jerusalém celestial (Hebreus 12:22; Apocalipse 14:1). Primeiro Pedro 2:6: "Pois isso está na Escritura: Eis que ponho em Sião uma pedra angular, eleita e preciosa; e quem nela crer não será, de modo algum, envergonhado."

Assim, concluímos que o uso da expressão “filha de Sião” aponta em alguns textos para a cidade de Jerusalém especificamente (por exemplo em Is 52.2) e em outros textos aponta para toda a terra de Israel (por exemplo em Mateus 21.5). Wellington Fernandes

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

A Pobreza de uma Vida com Riquezas!


As riquezas têm sido o alvo de muita gente. Vivendo sob um sistema econômico capitalista e em um contexto cultural e social plenamente consumista, a obtenção de riquezas tem-se traduzido no alvo de vida e realização de muitas pessoas. Muitos pensam que ao atingir uma certa independência financeira, ao montar seu “império” econômico, a felicidade, a satisfação e o sentido da vida vão fluir interiormente, trazendo paz ao coração conturbado. É o pensamento de que quanto mais se tem (bens e riquezas) mais se é algo na vida. Assim sendo, não importa a maneira como se chega a possuir; o importante é possuir.

Vemos o aumento da violência, dos assaltos, sequestros, roubos, extorsões, golpes, negociatas, trapaças, sonegações etc., tudo isso, geralmente, em busca de riquezas. O pior de tudo é que estas pessoas nunca se satisfazem com o que conseguem acumular. É a pobreza de uma vida com riquezas.


1. AMBIENTE HISTÓRICO

O rei Salomão era filho do rei Davi com a ex-mulher de Urias – Bate-Seba. Seu nome significa “pacífico”. O profeta Natã o chamou de Jedidias, que quer dizer “amável do Senhor” (II Sm 12.25). Salomão começou a reinar com a idade de 20 anos. Obediente às orientações de seu pai, seguiu inicialmente os caminhos do Senhor, e por isso recebeu de Deus o presente da sabedoria (I Rs 3.3-28). Assim, Salomão começou seu reinado julgando seu povo com a luz divina. Salomão construiu um império econômico invejável (I Rs 10).

Contudo, as suas diversas alianças com os povos vizinhos o levaram a inúmeros casamentos, o que acabou prejudicando o seu reinado. Ele começou a importar os costumes religiosos destas suas mil mulheres (I Rs 11.1-8), e seu coração se deixou seduzir pelos cultos pagãos. Apesar de toda pompa e riqueza, Salomão viveu dias de profunda pobreza. Seu coração apartou-se do Senhor, ele passou a explorar terrivelmente o povo e a vida se tomou uma enorme vaidade, algo sem sentido, como se lê em Eclesiastes: “correr atrás do vento” (v. 11). Salomão: a pobreza de uma vida cheia de riquezas. Tal condição de vida pode ser assim caracterizada:


2. VIDA CENTRADA NA AUTO-PROMOÇÃO

Salomão, quando começou a reinar, pediu a Deus sabedoria para servir ao povo que liderava, com justiça e verdade. Contudo, sua atuação política e seus conchavos sociais o levaram a um afastamento de Deus e dos ideais que antes sustentava.

Em Eclesiastes 2.1-11 encontramos um ideal alterado. Vemos um homem a serviço de si mesmo. Alguém somente preocupado com seu nome, com seus feitos, com suas obras. Perde-se a conta de quantas vezes aparecem no texto as expressões: “meu”, “minha”, e os verbos na primeira pessoa do singular, em alusão ao “eu”.

A pobreza de uma vida cheia de riquezas é marcada por uma visão absolutizada de si mesmo, onde descarta-se o semelhante e ignora-se Deus, onde a expressão “serviço” deixa de existir no dicionário da vida, a não ser se for para ostentar e evidenciar seu próprio nome.

Hoje, essa postura de Salomão tem tomado conta da vida de muita gente. É a vida egocentralizada, onde “não se move uma palha” pelas necessidades do semelhante e do necessitado. Temos em nosso país pessoas que fazem de tudo para ter seus nomes em destaque. Pessoas que só se preocupam com seus próprios interesses. A vida de nossa nação tem se tornado cada vez mais pobre, por causa da vida que está centralizada em si mesma.


3. VIDA PREOCUPADA COM FUTILIDADES

Uma outra realidade da vida de Salomão, no início de seu reinado, era a preocupação com a justiça social, com a verdade dos fatos, com uma política voltada para o bem-estar do povo, com a decência. Ideais nobres, porém frágeis em sua vida que, ao desviar-se de Deus modifica-os terrivelmente.

Em Eclesiastes vemos a tremenda preocupação de Salomão em fazer alguma coisa. Ele procurava satisfação e paz de consciência em suas obras. Mas estas obras não lhe conferiram nada. Diz o texto: “Empreendi grandes obras, edifiquei para mim casas, plantei vinhas, fiz jardins, pomares. Fiz para mim açudes…”(vv.4-6). Mas nada disso preencheu os seus anseios.

A preocupação de uma vida marcada pela pobreza, ainda que cheia de riquezas materiais é evidenciada pela consolidação das futilidades. Para muitas pessoas a vida se resume apenas em férias no exterior, gastos astronômicos com carros caríssimos, mansões, praias particulares, banquetes em restaurantes requintadíssimos, grifes… Para muita gente, isto é vida. Que pobreza interior!

Enquanto isso, milhares de pessoas trabalham para amenizar a fome no país. Outras acordam nas madrugadas para enfrentar as filas e as greves nos transportes urbanos das cidades. Moram em barracos nas encostas dos morros que, em épocas de chuva, desabam matando muitos.

As reais necessidades humanas são desprezadas, enquanto se dá grande valor às maiores futilidades.


4. BUSCA DO PRAZER NA VIDA VAZIA

Outra realidade descrita no reinado iniciante de Salomão, era o prazer que tinha em ser instrumento de Deus para o governo do povo. Uma vez que se perde isto na vida, o homem anda desesperadamente à procura de algo que possa substituir esta realidade.

Eclesiastes apresenta um Salomão boêmio, desvairado, inveterado, ébrio, alguém que forja inúmeras alternativas de prazer, para trazer gozo à sua alma. Veja a descrição do texto: “Amontoei para mim prata e outro… provi-me de cantores e cantoras, e das delícias dos filhos dos homens: mulheres e mulheres”(v.8); e ainda: “Disse comigo: Vamos! eu te provarei com a alegria; goza, pois, a felicidade…” (v. 1); “resolvi no meu coração dar-me ao vinho…” (V.3).

Veja a luta deste homem para tentar superar a pobreza de sua alma. A tristeza de uma vida sem ideal divino é desfalecida. Uma vida sem Deus torna-se um deserto árido, seco e sem verdor. Não pode haver prazer, nem gozo contínuo. E o homem se torna cativo, escravo de paliativos do prazer.

E desta forma que se explicam os inúmeros casos de depressão, suicídio por “overdose” (no meio elitizado principalmente), os pais de família caídos nas sarjetas, embriagados, o crescimento da prostituição, dos bordéis e motéis que incentivam a promiscuidade sexual como alternativa de prazer. As jovens que se entregam sem pudor às relações sexuais ilícitas e buscam em seguida o aborto para solucionar um problema criado pelo prazer desenfreado. É a Síndrome de Lúcifer, bem descrita na biografia de Judas. O homem totalizando o prazer na vida vazia e sendo escravizado pela sua necessidade de prazer sem Deus.

Entretanto, em meio às desilusões da pobreza de uma vida com riquezas, Salomão chega à mais surpreendente, feliz e sábia conclusão capaz de revestir de sentido a existência humana, tornando-a uma experiência profundamente rica. Ele conclui: “De tudo o que se tem ouvido, a suma é: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos, porque isto é dever de todo homem. Porque Deus há de trazer a juízo todas as obras até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más”(Ec 12.13-14).

5. DISCUSSÃO
- Por que Salomão chegou à conclusão de que tudo é vaidade e correr atrás do vento?
- No meio evangélico há preocupação com as futilidades como acontece no meio secular?
- O que você acha do sistema econômico que incentiva a acumulação cada vez maior de riquezas? Pr Josias Moura

domingo, 13 de novembro de 2016

Fé como um Grão de Mostarda


"Respondeu-lhe o Senhor: Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta amoreira: Arranca-te e transplanta-te no mar; e ela vos obedecerá" (Lc 17.6). "Pois em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará. Nada vos será impossível" (Mt 17.20).

Que pensamentos e emoções invadem o nosso coração quando lemos essas afirmações do Senhor Jesus? Estamos de fato firmemente convictos de que isso se cumprirá literalmente com uma ordem nossa, fazendo uma amoreira ou um monte se transplantarem de um lugar a outro? Ou reagimos justamente ao contrário, simplesmente rejeitando essas afirmações e dizendo que isso não é possível?

Infelizmente, são justamente essas afirmações de Jesus que criam em muitos crentes uma sensação de fraqueza interior, pois quase automaticamente vem o pensamento: "isso não é possível!" Pelas leis da natureza, infelizmente, é o que acontece com essas passagens das Escrituras; em princípio, sempre despertam dúvida e incredulidade, levando-nos à humilhante constatação de que não entendemos direito o que a Palavra quer nos dizer.

Por isso empenhemo-nos para entender qual é, afinal, o sentido espiritual mais profundo das palavras de Jesus especialmente em Mateus 17.20.

Em primeiro lugar, quero dizer que em nosso texto: "Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará. Nada vos será impossível", não se trata de uma grande fé, mas de uma grande façanha, de um ato grandioso! Essa afirmação é totalmente contrária à interpretação tradicional que sempre fala de uma fé tão grande que muda um monte de lugar. Mas repito: aqui prioritariamente não se trata de uma grande fé, mas de uma grande ação pela fé!

Afinal, que fé é esta, que pode ter um efeito tão impressionante como o deslocamento de um monte? Será que é uma fé imensa, sistemática, objetiva, planejada, convincente, que não vê empecilhos, e que de maneira soberana supera tudo o que atravessa o seu caminho? Uma fé que move montanhas evidentemente poderia ter tais características. Mas o Senhor Jesus não fala de uma fé desse tipo. Então, que fé é esta, que tem – como Jesus expressa figuradamente – a condição de transferir montes? A esta fé capaz de fazer grandes façanhas, o Senhor Jesus chama de:

Fé como um grão de mostarda

Grãos de mostarda
"Pois em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará. Nada vos será impossível". O que é um grão de mostarda? Em Marcos 4.31, ele é chamado de "...a menor de todas as sementes sobre a terra". De fato ele tem um diâmetro de apenas 0,95 -1,1 mm. Esse pequeno grão de semente, que tem de ser observado com uma lente se quisermos vê-lo nitidamente, é considerado pelo Senhor como exemplo para uma fé que é capaz de mover montanhas.

Por que Jesus considera justamente esse pequeno grão de mostarda como exemplo para uma fé pela qual podem acontecer grandes coisas? Pelo fato desse pequeno grão de semente ser capaz de ilustrar o que significa transportar montes. Esse grão de semente extremamente pequeno, que quase não pode ser visto a olho nu, no espaço de um ano se transforma num grande arbusto, numa pequena árvore com galhos de cerca de 2,5 a 3 metros. Portanto, como são diminutos os pré-requisitos para um resultado tão grande num minúsculo grão de semente, onde aparentemente nada existia. No entanto, justamente estas condições mínimas são um exemplo que o Senhor usa para ilustrar uma fé que é suficiente para remover montanhas! Essa "fé como um grão de mostarda" não aponta de maneira clara para a nossa fé, que muitas vezes é tão fraca e pequena? Com isso, de maneira alguma quero desculpar nossa repetida incredulidade dizendo simplesmente: afinal, só tenho uma fé bem pequena, como um grão de mostarda! Quero lembrar que muitos de nós, repetidas vezes, já tivemos a impressão de que nossa fé era assim tão pequena e insignificante, e isso pode provocar dificuldades consideráveis. Assim mesmo, essa é justamente a pequena fé, quase imperceptível, que, segundo as palavras de Jesus, tem o poder de transpor montes.

É necessário mudar o raciocínio!

Oração de fé
Será que, às vezes, não imaginamos algo errado quando pensamos na fé que precisamos ter para viver como cristãos verdadeiros? Todos nós nos defrontamos diariamente com situações, perguntas e problemas que se avolumam como montes. Não é justamente nesses momentos que aspiramos de todo o coração ter mais fé, ter uma fé maior, a fim de vencermos tudo isso? É justamente aí que muitos precisam aprender a mudar o raciocínio, pois Jesus diz: "Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá!" Em outras palavras: nossa fé não necessita ser particularmente grande para transferir montes – simplesmente é suficiente "termos fé".

Se o grão de mostarda tivesse a possibilidade de olhar para si mesmo e conseguisse se enxergar, teria tudo para desanimar, pois em si mesmo não teria nada a apresentar. E assim é também, muitas vezes, em nossa vida: olhamos para nós e vemos uma fé relativamente pequena, limitada, e então ficamos desanimados. Mas o grão de mostarda não faz isso. Ele não olha para si mesmo para então desanimar. Não, ele simplesmente se deixa plantar na terra, ali começa a crescer, e finalmente se torna aquilo que deve ser, ou seja, uma árvore em cujos ramos "aninharam-se as aves do céu" (Lc 13.19).

Ao mesmo tempo é de se considerar que o grão de mostarda não se torna uma árvore porque empreendeu grandes esforços, mas simplesmente porque torna ativo e aplica o que possui! Oh!, como seria bom se compreendêssemos hoje que, com todas as nossas fraquezas, dificuldades e tentações diárias, simplesmente podemos nos aquietar com fé infantil na mão de nosso Salvador! Que modificação isso provocaria em nossa vida espiritual!

Simplesmente creio que, muitas vezes, caímos no erro de ter conceitos errados acerca da fé. Na verdade, é a fé singela na obra consumada de Jesus Cristo que consegue nos levar adiante e que, a cada dia, nos conduz para uma comunhão mais profunda com o Cordeiro de Deus, e não o esforço da nossa alma em crer bastante.

Em nossa vida como cristãos não precisamos nos estender buscando novas formas e grandezas de fé, mas simplesmente ter e usar a fé pela qual fomos salvos, ou seja, a fé simples no Senhor Jesus Cristo. Nesse contexto, leia novamente o que Davi diz no Salmo 18.29: "Pois contigo desbarato exércitos, com o meu Deus salto muralhas". Ou veja também o que ele diz nos Salmos 60.12 e 108.13: "Em Deus faremos proezas, porque ele mesmo calca aos pés os nossos adversários". Essas afirmações testificam de uma fé poderosa e vencedora que Davi tinha? Eu penso que não, pois Davi era um homem com fraquezas e erros como nós. Ainda assim, esses versículos testemunham que Davi se agarrava com toda a simplicidade ao seu Deus e por meio dEle podia fazer grandes proezas.
Ou lembremos de 1 João 5.4: "Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé". Que fé é essa que vence o mundo? É uma fé poderosa, forte, que supera tudo? De modo algum! A fé que vence o mundo é a fé singela, que muitas vezes não se sente; é a fé sacudida e posta à prova, mas assim mesmo firmada no sangue reconciliador e salvador de Jesus Cristo! Isso é tudo! Essa fé não se apóia no que sentimos ou percebemos, mas naquilo que sabemos, ou seja, que Jesus venceu o mundo (Jo 16.33b), e que de fato somos filhos de Deus. Essa é a fé que remove montanhas!

Como seria bom se compreendêssemos hoje o que significa de maneira bem prática nos contentarmos com a fé simples como um grão de mostarda. Então muitos de nós mudariam totalmente sua vida espiritual teimosa e pouco inteligente! Que de uma vez por todas reconhecêssemos que o caminho da fé é simples; que não se trata de fazer grandes esforços espirituais, mas simplesmente de confiar naquilo que nos é oferecido em Cristo!

Grandes resultados da fé como um grão de mostarda

Monte
Em Isaías 42.3 está escrito: "Não esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega". Essa é uma profecia messiânica que é confirmada no Novo Testamento (Mt.12.20) de maneira direta em relação a Jesus Cristo, e por isso já se tornou grande fortalecimento para muitos filhos de Deus. Essas palavras também são uma figura de uma pessoa que possui fé como um grão de mostarda. Pois a cana quebrada ainda não foi esmagada, está apenas quase partida, e uma torcida que fumega ainda não está totalmente apagada. Nesse sentido essas palavras apontam para a fé mais pequena possível que uma pessoa pode possuir, fé como a de um grão de mostarda.

O que vimos no caso do grão de mostarda? Que ele não tem quase nada a oferecer, mas oferece tudo o que tem, e por meio disso experimenta grandes resultados!

Meu irmão, minha irmã, você compreende o que o Senhor quer lhe dizer com isso? Talvez você leia esta mensagem com o estado interior de uma "cana quebrada" ou de uma "torcida que fumega". Você se sente interiormente fraco e miserável, e em seu interior só resta uma fé ínfima, do tamanho de um grão de mostarda? Você se sente assim porque diante de sua alma se amontoam grandes montanhas de angústias, preocupações e problemas. Mas agora escute bem: o fato de você se sentir como uma "cana quebrada" ou uma "torcida que fumega" prova que em você ainda existe algo. Pois uma cana quebrada ainda não está amassada, e uma torcida que fumega ainda não está apagada. Apesar de todos os montes de dificuldades que talvez neste momento existam à sua frente, você ainda tem uma centelha de fé. E é justamente isso que você tem que ativar agora, pois Jesus diz: "Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará. Nada vos será impossível". Todos estes montes, problemas e dificuldades podem ser "lançados no mar" se você ativar e aplicar sua pequena fé, embora ela seja como um grão de mostarda. Em outras palavras, isso acontece se você simplesmente vier agora a Jesus como você é. Ele não "esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega". Pelo contrário, no Salmo 34.18 está escrito: "Perto está o Senhor dos que têm coração quebrantado e salva os de espírito oprimido". Uma coisa, porém, você precisa fazer: você – "a cana quebrada" e "a torcida que fumega " – tem que buscar a Jesus como você é. Assim você torna ativa a sua fé como um grão de mostarda. E por meio disso você terá condições de "lançar no mar" todos os montes, preocupações e problemas. Incentivo você a vir ainda hoje, agora, a Jesus com o pouco que você tem – com sua fé como um grão de mostarda. Assim o Senhor poderá lhe encontrar de maneira totalmente nova, e fazer transbordar sua vida como talvez nunca aconteceu antes!

Nesse contexto, façamo-nos a pergunta:

Como aconteceu a alimentação dos cinco mil?

Pão
Para poder alimentar os milhares de ouvintes, os discípulos já haviam projetado um plano "muito bom": "Ao cair da tarde, vieram os discípulos a Jesus e lhe disseram: O lugar é deserto, e já vai adiantada a hora; despede, pois, as multidões para que, indo pelas aldeias, comprem para si o que comer" (Mt 14.15). O Senhor, porém, não havia esperado por uma proposta dessas, mas por outra bem diferente. Ele não necessitava dos estoques de gêneros alimentícios dos arredores para poder alimentar as milhares de pessoas. Ele procurou por alguém que tivesse fé como um grão de mostarda. Ele necessitava de uma pessoa que possuísse pouco, mas que estivesse disposta a dar ao Senhor o pouco que possuía. Por meio disso, Ele seria capaz de realizar uma grande obra.

E de fato estava presente "um rapaz" que, como está escrito em João 6.9, tinha "cinco pães de cevada e dois peixinhos", e que estava disposto a Lhe entregar esse pouco! E o que fez o Senhor com isso? "Então, Jesus tomou os pães e, tendo dado graças, distribuiu-os entre eles; e também igualmente os peixes, quanto queriam" (v. 11). Dessa maneira o Senhor Jesus Cristo alimentou cinco mil homens além das suas mulheres e crianças com cinco pães de cevada e dois peixinhos. Entendamos corretamente: Ele somente realizou esse milagre porque estava presente alguém – justamente esse rapaz – que demonstrou a fé como um grão de mostarda, entregando ao Senhor o pouco que possuía. Que montanhas de problemas e receios foram afastados dos discípulos e ao mesmo tempo lançados no mar! Eles viam montes enormes diante de si, pois como seria possível alimentar um número tão grande de pessoas? Eles também já haviam se preocupado em como poderiam afastar estes "montes". Mas Jesus não necessitava de nada disso. Ele apenas procurou a fé como um grão de mostarda que acabou encontrando nesse rapaz. Dessa maneira todos os montes de dificuldades e impossibilidades "foram lançados no mar".

Meu irmão e minha irmã, seja, ainda hoje, como esse rapaz: consagre ao Senhor o pouco que tem. Traga ao Senhor a sua fé como um grão de mostarda, e Ele virá ao seu encontro de maneira totalmente nova. Entregando o pouco de fé que você possui, Ele terá condições de "lançar no mar" as montanhas de sua vida, suas dificuldades e preocupações! Portanto, não é o tamanho de nossa fé que faz a diferença, mas a fé como um grão de mostarda num grande Deus! (Marcel Malgo – http://www.chamada.com.br)