Quando Jesus nasceu, cumpriram-se
literalmente inúmeras profecias feitas séculos antes. O Antigo Testamento está
repleto de indicações da primeira vinda de Cristo. Com o Seu nascimento, as
promessas da Palavra de Deus se fizeram História. O mais admirável, entretanto,
é a maneira como Deus faz Sua Palavra tornar-se real e Suas profecias
transformarem-se eventos históricos: muitas vezes Ele usa as atitudes profanas
das pessoas e as circunstâncias políticas da época para concretizar Seus
planos. A Bíblia nos traz muitos exemplos nesse sentido. Destacaremos três,
salientando lugares relacionados com o nascimento e a infância de Jesus.
Jesus
deveria nascer em Belém
Por volta de 700 anos antes de Cristo
viveu o profeta judeu Miquéias, que predisse acerca do aparecimento do Messias
de Israel:
“E
tu, Belém-Efrata, pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá,
de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os
tempos antigos, desde os dias da eternidade” (Mq 5.2).
Aquele que tem origens eternas, e que
age desde sempre, viria a nascer em um lugar pré-definido e específico, que era
Belém, pequeno e insignificante lugarejo na Judéia. Caso a anunciação do
nascimento do Rei de Israel se referisse a Jerusalém nada haveria de
extraordinário, uma vez que os reis normalmente nascem na capital do reino.
Porém, com muitos séculos de antecipação, um lugar sem representatividade foi
destacado entre os milhares de Judá para ser o local do nascimento do Rei que
viria, o que era algo muito especial. Praticamente todo cidadão de Israel
conhecia essa passagem das Escrituras que afirmava que um dia o Messias viria
de Belém. Por isso, quando Herodes perguntou onde nasceria o rei dos judeus, os
entendidos na Lei puderam lhe fornecer imediatamente o nome do lugar onde
deveria nascer o Prometido segundo as profecias:
“Então,
convocando [Herodes] todos os principais sacerdotes e escribas do povo,
indagava deles onde o Cristo deveria nascer. Em Belém da Judéia, responderam
eles, porque assim está escrito por intermédio do profeta: [em Miquéias 5.2] E
tu, Belém, terra de Judá, não és de modo algum a menor entre as principais de
Judá; porque de ti sairá o Guia que há de apascentar a meu povo, Israel” (Mt
2.4-6).
Entretanto, em relação a essa profecia
havia um problema, e este não era pequeno: Maria e José não viviam em Belém,
mas em Nazaré (Lc 1.26), e aparentemente não planejavam se mudar para Belém.
Deus não enviou um anjo para lhes dizer: “Querido José, querida Maria, vocês
não sabem que o Messias deve nascer em Belém? Vocês não sabem que a Palavra de
Deus precisa se cumprir e Seu Filho não pode nascer em Nazaré? Levantem!
Ponham-se a caminho para que se cumpra a palavra do Senhor falada através do profeta
Miquéias!”
Não foi o que aconteceu. O imperador
César Augusto tomou uma decisão política em Roma, bem longe de Israel e sem ter
a mínima noção das profecias bíblicas – decretando um recenseamento do povo.
Essa decisão política obrigou José, juntamente com Maria, que estava no final
da gravidez, a irem até Belém para se registrarem no censo populacional. Em
Lucas 2.4 lemos que José era “da casa e família de Davi”. Portanto, era em
Belém (a “cidade de Davi”) que ele tinha de se registrar. Chegando lá, Maria
logo deu à luz ao Filho de Deus. É o que podemos chamar de “tempo de Deus”! O
Senhor, em Sua onisciência e onipotência, usou a política secular e um de seus
líderes para fazer cumprir Suas profecias e para concretizar as previsões de
Sua Palavra.
Jesus
viria do Egito
A Bíblia não apenas profetiza que
Cristo nasceria em Belém mas também diz que Ele viria do Egito. No oitavo
século antes de Cristo, outro profeta anunciava em Israel a respeito do
vindouro Messias:
“Quando
Israel era menino, eu o amei; e do Egito chamei o meu filho” (Os 11.1).
Os comentaristas judeus aplicavam essa
profecia a Israel e ao Messias, o que se torna bem evidente conhecendo o
contexto do Novo Testamento. Mas como ela se cumpriu, como foi que Jesus, ainda
menino, veio do Egito? A maioria de nós conhece a história da matança dos
meninos judeus em Belém ordenada pelo infanticida rei Herodes, que via seu
trono ameaçado pelo nascimento de Jesus. A Bíblia diz a esse respeito:
“Tendo
eles partido, eis que apareceu um anjo do Senhor a José, em sonho, e disse:
Dispõe-te, toma o menino e sua mãe, foge para o Egito e permanece lá até que eu
te avise; porque Herodes há de procurar o menino para o matar. Dispondo-se ele,
tomou de noite o menino e sua mãe e partiu para o Egito; e lá ficou até à morte
de Herodes, para que se cumprisse o que fora dito pelo Senhor, por intermédio
do profeta [em Os 11.1]: Do Egito chamei o meu Filho” (Mt 2.13-15).
Os planos cruéis, egoístas e
assassinos de um político mundano acabaram contribuindo para que a Palavra se
cumprisse. Herodes pensava que aniquilaria os planos divinos, mas sua maldade
apenas contribuiu para que as profecias se cumprissem literalmente.
Jesus,
o Nazareno
Segundo minha contagem, Jesus é
chamado de “Nazareno” pelo menos 18 vezes no Novo Testamento. Ele era conhecido
como “Jesus de Nazaré”, pois tinha vivido ali por muitos anos. Quando morreu na
cruz, sobre Sua cabeça estava afixada uma placa que dizia: “Este é Jesus de
Nazaré, o Rei dos judeus”. O nome “Nazaré” origina-se da raiz hebraica “nezer”,
que significa “broto”, “renovo” ou “ramo”. O profeta Zacarias anunciou o
seguinte, 520 anos antes de Cristo, acerca do Messias de Israel:
“E
dize-lhe: Assim diz o Senhor dos Exércitos: Eis aqui o homem cujo nome é
Renovo; ele brotará do seu lugar e edificará o templo do Senhor” (Zc 6.12).
“Ouve,
pois, Josué, sumo sacerdote, tu e os teus companheiros que se assentam diante
de ti, porque são homens de presságio; eis que eu farei vir o meu servo, o
Renovo” (Zc 3.8).
Jeremias proclamou o mesmo 80 anos
antes de Zacarias:
“Eis
que vêm dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi um Renovo justo; e, rei
que é, reinará, a agirá sabiamente, e executará o juízo e a justiça na terra”
(Jr 23.5).
Quando Jesus veio, Ele foi o “Nazareno”,
o “Renovo” do qual falavam as profecias. Mas como Jesus não apenas nasceu em
Belém sem que seus pais residissem ali, veio do Egito por razões inacreditáveis
e ainda pode ser chamado de Nazareno? Porque mais tarde Ele morou em Nazaré,
confirmando uma vez mais as profecias, mostrando que elas se cumprem por razões
às vezes bastante profanas. Herodes havia morrido, e José ainda vivia com Maria
e o menino no Egito quando, através de um anjo, recebeu ordens de retornar à
terra de Israel. Era óbvio que José desejava retornar à sua terra com sua
família, mas quando ficou sabendo que Arquelau reinava no lugar de seu pai,
ficou com medo. Arquelau era um dominador de triste fama e muito cruel, que os
romanos suportaram por apenas dois anos e depois o depuseram. Na realidade,
quem deveria assumir o trono de Herodes na Judéia era outro de seus filhos, mas
por um capricho pessoal, Herodes mudou seu testamento pouco antes de morrer e
colocou Arquelau no poder. Para não se submeter ao seu domínio, José foi viver
na Galiléia, na cidade de Nazaré, que estava subordinada a outro governante:
“Tendo
Herodes morrido, eis que um anjo do Senhor apareceu em sonho a José, no Egito,
e disse-lhe: Dispõe-te, toma o menino e sua mãe e vai para a terra de Israel;
porque já morreram os que atentavam contra a vida do menino. Dispôs-se ele,
tomou o menino e sua mãe e regressou para a terra de Israel. Tendo, porém,
ouvido que Arquelau reinava na Judéia em lugar de seu pai Herodes, temeu ir
para lá; e, por divina advertência prevenido em sonho, retirou-se para as
regiões da Galiléia. E foi habitar numa cidade chamada Nazaré, para que se
cumprisse o que fora dito por intermédio dos profetas: Ele será chamado
Nazareno” (Mt 2.19-23).
Esses três exemplos mostram muito
claramente que nada nem ninguém pode impedir ou barrar os planos de Deus. Não
há falha humana, manobra política, crueldade, capricho ou força da natureza que
impossibilitem Deus de concretizar Seus propósitos. Nada impedirá que Jesus
volte cumprindo Suas promessas a Israel. Os acontecimentos proféticos, cujo
desenrolar vemos em nossos dias, culminarão na volta de Cristo e mostram que
ela está se aproximando. Todos os fatos que acontecem no mundo são dirigidos por
Deus de tal forma que acabarão servindo para que os Seus desígnios se realizem
e para que Jesus venha a este mundo como o Rei e Messias. Jesus voltará
cumprindo muitas profecias que ainda não se realizaram, pois muitas delas dizem
respeito diretamente a Sua volta em poder e glória e à restauração de Israel,
predita tantas vezes e por tanto tempo! Israel já retornou à sua própria terra
depois de um longo tempo de dispersão (Diáspora), quando havia judeus
espalhados pelo mundo todo. Até o terrível Holocausto acabou servindo à causa
judaica, pois acelerou a fundação do Estado de Israel e permitiu que mais
judeus voltassem à sua pátria. Quase todas as nações votaram em favor de Israel
nessa ocasião, pois estavam chocadas com o que havia acontecido aos judeus durante
a Segunda Guerra Mundial nas mãos dos nazistas. Apenas três anos depois do
final da guerra, os judeus já possuíam seu próprio Estado. No entanto, a luta,
atual e futura, dos inimigos contra Israel e contra Jerusalém é predita nas
profecias, e precisa acontecer. A Bíblia fala de uma unidade mundial política,
religiosa e econômica que acabará se opondo a Israel. Hoje vemos que todos os
esforços políticos acontecem em função desse desejo de globalização. A Palavra
de Deus se cumpre sempre. Alegremo-nos por isso!
Autor: Norbert Lieth
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