“Do
meio dessa nuvem saía a semelhança de quatro seres viventes, cuja aparência era
esta: tinham a semelhança de homem... A forma de seus rostos era como o de
homem; à direita os quatro tinham rosto de leão; à esquerda, rosto de boi; e também
rosto de águia todos os quatro”(Ez.1,5.10).
A
visão do profeta Ezequiel, onde lhe foi apresentada a figura exótica dos quatro
seres viventes, tem um significado muito especial e esclarecedor para a igreja
de Jesus destes dias.
O
versículo 5 do texto que estamos estudando, diz que aqueles seres tinham a
semelhança de homem. Creio que isto se refira ao fato significativo de que
estes quatro seres viventes sejam características, traços e sinais da
personalidade de Jesus e, sobretudo para nós, da personalidade da igreja que
está aqui na terra representando-o. Os seres tinham aparência de homem, porque
é necessário que nós, homens, tomemos sobre nossas vidas como igreja, a
aparência semelhante de Jesus para que a humanidade inteira nos conheça por
aquilo que ele é em nós.
O
projeto de Deus é formar uma família de muitos filhos semelhantes a Jesus, que
é o primogênito desta família. Portanto, vamos procurar compreender o que essas
quatro faces podem nos ensinar sobre essa personalidade a ser encarnada por
cada crente ao redor do planeta e das gerações que aguardam o retorno do Rei.
Outro
fator importante neste texto também no verso 5 é que ele diz que os quatro
seres saíam do meio da nuvem. Isso quer dizer que para que formemos essa
personalidade divina que estaremos estudando, devemos nos aprofundar na nuvem
da presença de Deus. Lá é o único lugar onde podemos ser influenciados e
transformados por Deus e por sua natureza.
Vejamos
os quatro seres:
Rosto
como de homem: Antes de qualquer outra coisa, o rosto de Jesus foi, e o de sua
Igreja deve ser o rosto do homem. Esta característica é fundamental, pois
identifica a igreja com a humanidade. A igreja nunca deve perder sua
humanidade, sua identificação com a sociedade. Isto quer dizer que não podemos
nos tornar completamente angelicais a ponto de não haver compatibilidade com o
mundo.
Muitos
dentre nós perde a capacidade de se relacionar com o mundo em que vive,
passando a habitar numa espécie de universo espiritual paralelo. Não foi isso p
que o Senhor Jesus pediu ao Pai em sua oração por nós em João 17:15 onde Ele
diz: “Não peço que os tires do mundo; e, sim, que os guardes do mal”.
Quando
passamos a ter uma reação estranha ao mundo, o mundo não pode nos compreender.
Não digo que devemos nos conformar com este mundo e suas práticas, nem
tampouco, aceitar seus pecados e pior ainda, trazê-los (os pecados) para dentro
de nosso convívio, mas que podemos abandonar um pouco de nossa linguagem
“revista e atualizada” ameaçadora e muitas vezes incompreensível aos demais.
Abandonar nossa mania de acusar, de julgar, de nos comportarmos com aquele ar
arrogante de que “Não somos os donos do mundo, mas os filhos do Dono”. O Mundo
não compreende isso e pior, interpreta como loucura, fanatismo e arrogância.
Com tudo isso junto não seremos capazes de conquistar ninguém.
Para
conquistarmos as pessoas, a linguagem mais adequada é a do amor e a da
tolerância, lembrando-nos sempre de que Ele prova o seu amor para conosco em
que Cristo morreu por nós sendo nós ainda pecadores, como o mundo ainda é.
Praticamente,
devemos tornar a igreja atraente, usar do carisma (charme) que só o Espírito
pode dar e nos infiltrar no mundo, sem permitir que sejamos influenciados, mas
antes pelo contrário, influenciando. Isso é amar o mundo! João 3:16, diz que
Deus amou o mundo. Isso cai como uma bomba em minha cabeça. Deus não amou
somente a igreja, os judeus, os muçulmanos ou espíritas, Ele amou o mundo todo
e nós, que nos dizemos seus filhos e representantes, devemos fazer como Ele,
amar o mundo todo e amar com obras, com atitudes que comprovem esse amor, não
somente de palavras, pois isso é pecado. Tiago nos diz que se guardamos toda a
lei, mas tropeçamos em um só ponto nos tornamos culpados em todos os demais. E
a Lei diz: Amarás o teu próximo como a ti mesmo! Leia lá: Tiago 2:8-10.
Esta
é a igreja com cara de homem, a igreja que atrai as pessoas, que socializa, que
tem o churrasco, os grupos celulares, as frentes de trabalho nas vilas e
bairros, etc.
Pra
completar essa característica de Jesus, podemos dizer também que o evangelho de
Lucas o apresenta como o filho do homem, trazendo sua genealogia a partir de
Adão, como todos os homens, e mostra também a sua infância, o que nenhum outro
evangelho faz. Estes são detalhes importantes que apresentam Jesus como um homem
igual a qualquer um de nós.
Rosto
como de leão: Já no evangelho de Mateus Jesus é apresentado como o filho de
Davi, ou seja, o Leão da Tribo de Judá. Jesus era da tribo de Judá, descendente
do rei Davi, o símbolo da tribo de Judá era o leão. A bandeira de Jerusalém
possui o Leão de Judá. Há uma promessa feita a Davi em Jeremias 33 onde Deus
garante que levantaria a partir da raiz de Davi um Renovo de justiça que
executaria o seu juízo. Este é Jesus, sem dúvida!
Esta
face demonstra a autoridade espiritual de Jesus como Filho de Davi, Filho do
Rei, Filho de Deus. Da mesma forma, a Igreja possui esta realeza em si. Uma
autoridade espiritual poderosa outorgada pelo Rei dos reis. Jesus já conquistou
seu lugar sobre principados e potestades espirituais, sobre nomes e impérios
físicos, Ele é o Senhor. Hoje, temos a missão de confirmar esse senhorio de
Jesus em nossa geração. Os principados e potestades já estão derrotados, mas
ainda estão soltos visto que não foram lançados no lago de fogo reservado para
os inimigos de Deus, portanto, eles estão aí, influenciando pessoas, sociedades
e o mundo inteiro com um sistema baseado na injustiça e no pecado, afastando os
homens de Deus. Para
que possamos fazer algo, é necessário reconhecermos quem somos em Cristo e após
isso, exercer autoridade para que possamos libertar os cativos e levá-los á
condição de nova criatura como filhos de Deus.
Em
Efésios 1:15-23, o apóstolo Paulo faz uma oração para que a igreja conheça sua
posição e poder diante nas regiões celestiais. Veja o que ele diz a partir do
versículo 18: “iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes qual é a
esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória da sua herança nos
santos, e qual a suprema grandeza do seu poder para com os que cremos, segundo
a eficácia da força do seu poder; o qual exerceu ele em Cristo, ressuscitando-o
dentre os mortos, e fazendo-o sentar à sua direita nos lugares celestiais,
acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de todo nome que
possa referir não só no presente século, mas também no vindouro. E pôs todas as
coisas debaixo dos seus pés e, pra ser o cabeça sobre todas as coisas, o deu à
igreja, a qual é o seu corpo, a plenitude daquele que a tudo enche em todas as
coisas”.
A
Igreja, segundo este texto, é a plenitude de Jesus na terra e diz o versículo
22 que o Senhor pôs todas as coisas debaixo de seus pés e deu autoridade à
igreja, para que ela faça o mesmo em cada geração. O que devemos fazer nestes
dias, é dominar Satanás e seus demônios com a autoridade que Jesus nos
outorgou.
Esta
é a igreja que tem a cara de leão, que investe nos seminários de Batalha
Espiritual, que ora, jejua, realiza atos proféticos e expulsa os demônios.
O
rosto como de boi: O boi é o símbolo do servo que trabalha incessantemente, sem
reclamar, sem contestar. Jesus disse que não veio a este mundo para ser servido
e sim para servir aos homens. Se o mestre serviu, quanto mais nós devemos
seguir seu exemplo.
O
serviço de Jesus consistiu em curar os homens, realizar milagres, gerar novos
sonhos e perspectivas nos cansados de alma, consistiu também em lavar os pés de
seus discípulos, servir-lhes alimento, enfim, Jesus os serviu com tudo o que
tinha em sua vida. Ele não só morreu por nós, mas também viveu por nós. Ele foi
um modelo em tudo como filho de Deus orando e abençoando aos que o seguiram de
perto e também a todos os que o seguiram no decorrer da história até os dias de
hoje.
Esta
é a principal revelação da palavra ministério: serviço!
Nossa
vida deve ser vivida completamente para o exercício dessa obra. Devemos
compartilhar nossa existência, nossos bens, nossas virtudes e dons com as
pessoas. Se Deus te deu um ministério musical saiba que não foi para que você
ficasse rico com a venda de CD´s mas para que servisse ao corpo de Cristo como
instrumento profético, de ensino e de louvor. Se você tem o dom de curar, isso
não deve ser usado para sua autopromoção, nunca faça isso, pois não foi pra
isso que Deus lhe deu tal coisa. Da mesma forma, se você possui bens dessa
terra, precisa olhar para as pessoas que estão em condição de privação e
ajudá-las. Qualquer tipo de talento, de condição não está em você à toa, mas
para que você possa ser um instrumento nas mãos de Deus a fim de ajudar e
abençoar pessoas em nome Dele. É para isso que servem os dons, para servir.
Isso
se estendeàs obras sociais que trazem alento aos pobres, ajudam viciados a
saírem de sua condição de prisão do álcool e das drogas, e quaisquer outras
formas de manifestação de apoio e ajuda à humanidade. Isto também é ser
cristão, mostrar a face do servo, a face do boi.
O
rosto como de águia: O evangelho de João mostra Jesus em sua face
transfigurada, a face que vigora no sobrenatural. A Bíblia diz em Isaías 52:7:
“Que formosos são sobre os montes os pés do que anuncia as boas novas...”.
Aquele que anuncia a Palavra do Evangelho deve ter seus pés sobre os montes, ou
seja, nos lugares altos, onde Deus habita. Quem está em cima possui uma visão
amplificada, quem tem a visão da águia, sabe quem é sem precisar da aprovação
dos homens. Quem tem a visão da águia enxerga as coisas deste mundo com a visão
do sobrenatural e não vê como os demais homens, mas enxerga da parte de Deus. A
águia é o símbolo da visão de Deus, e da visão dos que estão em Deus,
assentados nas regiões celestiais com Cristo.
Jesus
não dependia dos elogios e da aprovação dos religiosos, pois ele sabia o que
Deus pensava sobre ele. O Senhor tampouco hesitou em enfrentar a Cruz, pois
estava firmado naquilo que o Pai havia lhe dito em cima do monte, onde a visão
é aguçada e a voz de Deus é clara.
Nós
não podemos abrir mão da visão. Está escrito que um cego não pode guiar outro
cego, senão ambos cairão. Por isso, para que possamos conduzir pessoas a Deus,
devemos ter a visão da águia, a face da águia deve ser assumida em cada crente.
A
adoração, a busca da face do Senhor em oração, a meditação na Palavra, os
jejuns para a mortificação da natureza carnal, todas essas coisas são elementos
que nos auxiliam na busca dessa face, para que possuamos uma visão altaneira e
não fiquemos restritos à mediocridade daquilo que outros já fizeram, mas
tenhamos uma nova e exclusiva visão da parte de Deus naquilo que Ele tem
reservado para nós.
Conclusão:
Segundo um pastor amigo, a Bíblia é um livro de extremos para que possamos
alcançar o equilíbrio, ou seja, precisamos de bom senso, de revelação e de
sabedoria para que não sejamos vítimas dos extremismos. Em algumas igrejas é
notória a manifestação do Espírito Santo nos cultos, pois todos voam altamente
como as águias, em outras os demônios batem em retirada, em vista da presença
da autoridade do leão, outras ainda, são movidas pelo social, células, jogos de
futebol, festas, enfim, koinonia pura sendo profundamente marcadas pela face do
homem, outras por último, são igrejas que servem, são verdadeiras instituições
sociais, verdadeiras ONG´s de Jesus, pois possuem a face do boi tatuadas em sua
vida.
Todas
estas são faces do ministério de Jesus e o que Deus quer que façamos nestes
dias é que encontremos o equilíbrio entre cada um desses quatro pilares que
devem nortear e embasar a vida e atuação da igreja.
Não
é raro vermos pessoas procurando o avivamento dizendo “quero mais de Deus”, se
embrenhando numa busca pelo Senhor subindo os altos montes da adoração,
transfigurando suas vidas em pura manifestação metafísica, sendo, contudo tão
transcendentais que passam a ser incompreendidos e taxados de loucos ou santos
demais. Tal excesso não aproxima, só repele. Ao mesmo tempo, numa igreja onde o
sobrenatural é deixado de lado corre-se o risco de se adotar o humanismo como
doutrina.
Enfim,
esses apenas exemplos que devem nos levar a buscar esse equilíbrio já dito,
para que possamos ter em nossas igrejas todas as características de Jesus, pois
se pregamos uma só face do Senhor, não estamos fazendo-o conhecido como Ele é,
e sim como interpretamos que Ele seja e isso não é real, verdadeiro. A pregação
do evangelho deve conter Jesus, Sua palavra e a de seus apóstolos, baseados na
Bíblia Sagrada e nos dons do Espírito, que atestam e revelam o Senhor com a
face compreensível a cada geração. Este tempo é o tempo da plenitude, onde
Jesus se fará conhecido por completo. Nós somos essa plenitude, a Igreja desta
geração.
Creia
nisso, faça a sua parte, persevere na doutrina dos apóstolos, os quais estão
entre nós até os dias de hoje, seja obediente aos seus líderes e busque no
Senhor o equilíbrio que fará com que sua igreja alcance a todos os povos da
terra.
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