“Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não veem” (Hb. 11,1).
Um dia, visitei os Alpes de Campos do Jordão a trabalho, então chamado “São José dos Alpes”. Com mais de dois mil metros de altitude e com o tempo bom, de lá se avista mais de dez cidades do Vale do Paraíba e Sul de Minas Gerais.
O acesso a São José dos Alpes se dá através de uma estradinha de terra que se inicia junto ao Horto Florestal. De lá até o cume da montanha são aproximadamente sete quilômetros de subida dura, íngrime, mas que vale qualquer sacrifício por suas belezas naturais.
Ao se chegar ao topo outras surpresas, como topografia suave e a presença de um lago de águas cristalinas, talvez o mais alto do Brasil. A vegetação e a fauna se destacam pela diversidade e preservação, já que o local é pouco visitado.
Ali chegando, pude avistar para antegozo de minha alma, os montes e campos que formam aquela bela paisagem alpina com seus recantos de flores exóticas, pássaros raros, animais silvestres, regatos e nascentes. As bromélias se estendem e debruçam pelas margens da estrada.
Um pouco mais adiante, vi que estava à margem da estrada (dentro do veículo onde me encontrava, é claro) e ao meu lado, via também o despenhadeiro, se é que posso chamar assim, de onde, olhando para baixo, vislumbrava um lindo vale, extenso, grande, cortado por um longo rio cheio de curvas largas e estreitas. À sua volta, algumas cidadezinhas...
De repente, mais que de repente, aquela cena ofusca-se e volto novamente a ver a densa neblina, tapando toda aquela beleza alpina. Assim, conforme avançava pela estrada, subindo e descendo, ora vislumbrava o vale, ora não via nada, além daquele russo cinza, branco e frio.
Guardei no meu coração esta deslumbrante cena para poder em outra ocasião, ponderar sobre o fato. E assim aconteceu.
Trouxe a memória, uns anos atrás quando morava numa das cidadezinhas daquele vale, um dia em que o tempo não estava lá tão belo assim. Tempo fechado, sem sol, sem um pedacinho da cor azul do céu, apenas grossas, pesadas e negras nuvens anunciando uma chuva para daqui a algumas horas. Olhava para o alto na direção daquelas montanhas e Alpes, só via nuvens e mais nuvens, nada mais.
Ora, a fé é a certeza de que vamos receber as coisas que esperamos e a prova de que existem coisas que não podemos ver.
Contemplando este fascinante retrato da natureza, cheguei a conclusão que o homem, às vezes, exerce sua fé da mesma maneira que aquele fenômeno natural: ele oscila, ora para o resplendor e o brilho, ora para a sombra e a escuridão. É o vai-e-vem de uma fé não desenvolvida e exercitada o necessário para o seu progresso espiritual. Sim, nossa fé também é da mesma forma. E o que mais me chamou a atenção, é que quando estava no topo da montanha e olhava para baixo, não podendo ver nada além da neblina, sabia sem dúvida alguma que lá embaixo existiam cidadezinhas, vales, rios... E, quando vivi no vale e olhava para as montanhas com suas intempéries, não vendo nada além das grossas nuvens, sabia também sem sombra de dúvidas, que além, existia uma linda região alpina com seus picos, montes, morros, árvores, flores exóticas, pássaros e nascentes cristalinos!
Aprendi que a fé nos faz ver além, tanto coisas do céu como as da terra, visíveis e invisíveis, físicas e espirituais; mesmo não as vendo, elas existem e estão lá, fixas, sempre e eternamente, no mesmo lugar onde Deus as criou e as mantém, para o serviço do homem. O homem viverá de fé.
Assista neste video, uma comparação de como
vivemos pela fé:
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