domingo, 24 de maio de 2015

Quando se perde a cabeça...

É muito fácil perder o foco. Ás vezes por falta de entendimento, outras vezes falta de concentração. Alguns por distração e outros por arrogancia. São vários os motivos que alguém pode perder o foco.

Conta-se a história de um presidente que foi convidado para inaugurar um porto e ao chegar foi surpreendido por um grande número de jornalistas e todos o cercava e pedia para tirar fotos, outros queriam uma entrevista, outras faziam muitas perguntas, etc... conclusão, os homens inauguraram o porto sem ele. É verdade, nós nos distraimos facilmente e por isso acabamos perdendo o foco. 

Creio que escandalizarei você ao afirmar isso, mas é o que a Bíblia diz. João Batista perdeu a cabeça por haver perdido o foco. Pastor o que o senhor está falando? Sim é verdade, ele perdeu o foco.

I- João Batista começa sua missão, concentrado no seu foco. Todos perguntam quem ele é, e ele responde claramente: sou a voz do que clama no deserto para preparar os caminhos do Senhor, endireitai suas veredas ( Lc 3.4).

II- João começa sua trajetória de preparação do povo para a vinda do Messias.  Ele estava concentrado na tarefa que lhe foi confiada. ( Mt 3.11)

III- João Batista continua sua missão com sucesso ( Mateus 3.14) – Na Ocasião do batismo de Jesus, ele diz: Senhor eu é que preciso ser batizado por ti e tu vens a mim.

IV- João Batista faz uma revelação surpreendente: Eis ai o cordeiro deDeus que tira o pecado do mundo, este é aquele que eu disse que viria após mim. (Jo 1.29). Depois disto João Batista está com dois discípulos e ao ver Jesus, ele faz a mesma declaração e os dois discípulos começam a seguir a Jesus. ( Jo 1.36). 

Até aqui o ministério de João Batista é poderoso e focado, porém depois de algum tempo parece que há um esquecimento da missão ou uma distração do foco e agente percebe pelas citações bíblicas que as coisas mudam.

I – João Batista revela o seu lado religioso. Palavras bonitas, porém cheias de religião: Importa que ele cresça e que eu diminua, quando na verdade deveria ter dito: importa que ele reine e que eu saia de cena. ( Jo 3.30 ). Se ele havia sido enviado para preparar o caminho para o Messias e o Messias havia chegado, ele deveria levar as pessoas a Jesus e não continuar um ministério paralelo. Jesusestava na ativa pregando e ensinando e João Batista continuava batizando com se o Messias ainda estivesse por vir. Na verdade ele deveria abrir a boca e dizer em alto e bom som: O Messias esta ali! o Messias chegou! Jesus é o Messias, sigam a ele! 

II- João Batista começa a fazer discípulos paralelamente com Jesus.Ele cria um ministério próprio ( Mt 9.14). Isto foi motivo de discussão entre alguns que gostariam de saber por que dos discípulos de João Batista e os dos fariseus jejuavam e os de Jesus não. Aquele que havia de preparar o caminho para o Senhor esta fazendo discípulos para si. Aquele que diz: Olha ai o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, não o segue!

III- João Batista deveria fazer discípulos para Jesus e não para ele. Em atos 19.1-6, encontramos uma história triste. O Apostolo Paulo encontra alguns destes discípulos e ao perguntar a eles se já haviam recebido o Espírito Santo, a resposta deles nos deixa perplexos, pois disseram: Espírito Santo, nunca ouvimos falar que exista Espírito Santo! Paulo pergunta a eles em que foram batizados e eles respondem que no batismo de João, então Paulo corrige o erro explicando a eles a diferença entre os dois ministérios e os batiza em nome de Jesus para que pudessem receber o poder do Espírito Santo e também serem salvos.

A certeza do foco perdido vem na desilusão da dúvida e na incerteza da missão cumprida.


I – João Batista agora está preso. Ninguém é bom o bastante para dividir o reino com Jesus. Se Jesus reinar, temos que sair de cena. Não podemos subsistir juntamente com ele. Um ministério glorioso porém dura apenas 6 meses.

De dentro da prisão João Batista faz uma pergunta que revela todo o assunto discorrido acima: És tu aquele que havia de vir, ou havemos de esperar outro? (Mt. 11.1). O homem que havia gritado para a multidão eis ai o Cordeiro de Deusque tira o pecado do mundo, agora está em dúvida se Jesus realmente era o Messias. É engraçado que o mesmo acontece com o Profeta Elias. Deus dá para ele uma ordem simples: vai a Acabe e diz para ele que vai chover. Deus não mandou Elias desafiar os profetas de Baal nem provar nada para ninguém. Mas o homem quando perde o foco é terrível e as conseqüências são sempre as mesmas: frustação, dúvidas e desilusão. João Batista está preso e em dúvida, Elias está fugindo de uma mulher e pede a própria morte. João Batista não tem certeza seJesus realmente é o Messias, Elias está orando sete vezes por algo que nem precisava orar. A ordem de Deus foi clara: diga a Acabe que vai chover. 

Tenho percebido que a maioria das nossas murmurações e frustrações estão relacionadas com a perda do foco. Sempre que pegamos a direção errada e não consiguimos êxito em nossas empreitadas, começamos a desfalecer e a perder as forças e então somos encharcados pela dúvida e pelos problemas que nos cercam.

Percebemos que Jesus não responde a pergunta de João, ele apenas diz: diga a ele que os cegos vêem, e os coxos andam; os leprosos são purificados, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho e bem-aventurado é aquele que não se escandalizar de mim. ( Mt 11.5.6). 

Ás vezes me pergunto se João Batista não tinha conhecimento dos milagres queJesus fazia ou esta resposta serve para apoar mais ainda o quanto João estava equivocado ao iniciar um ministério paralelo ao invés de apenas seguir a Jesus e levar as pessoas a fazerem o mesmo? 

II- João Batista perde a cabeça -(Mt 14.8-11)- Chegamos ao ponto crucial da história. quem perde o foco, perde a cabeça. Quem perde o foco perde o ministério. Um ministério brilhante, porém curto. O profeta Elias depois da lambança com os profetas de baal também sai de cena. A única coisa que vemos ele fazer depois deste episódio é ungir a Jéu rei e a Elizeu para profeta para ocupar o lugar dele ( I Reis 19.16). É engraçado a pompa que Elias faz para que Elizeu receba alguma coisa da parte de Deus. Ele diz o queres que eu te faça? Porém, Deus ja havia dito que era para ungir a Elizeu para ocupar o lugar dele, ou seja, a unção de Deus viria de qualquer forma. Elias gostava de acrescentar e fazer coisas que Deus não mandava e isto é muito perigoso.

III- João Batista foi avaliado por Jesus (Mt 11.11). Jesus faz uma revelação tremenda! “Em verdade vos digo que, entre os nascidos de mulher, não surgiu outro maior do que João, o Batista; mas aquele que é o menor no reino dos céus é maior do que ele”. Olha que coisa tremenda, o homem que veio preparar o caminho para o Reino de Deus, ficou fora dele. João continuou pregando o arrependimento porque o Reino dos Céus estava próximo, enquanto Jesuspregava abertamente e dava ordens aos seus discípulos para irem e pregarem a todos que o Reino dos Céus havia chegado ( Lc 10.9).

João Batista perdeu o foco e a cabeça. Um Reino não tem dois reis. Para que um reine o outro tem que sair de cena. Se Jesus não for o Rei da sua vida e de seu ministério, você está em sério risco.                        

Pr. João Batista de Souza

sábado, 23 de maio de 2015

Jesus Cristo, o Ungido



Por todo o Novo Testamento, nós encontramos muitos títulos para Jesus de Nazaré—"Filho de Deus", "Filho do Homem", "Senhor", entre outros. No entanto, o título que é mais frequentemente dado a Jesus no Novo Testamento é aquele que nos é familiar, mas que nós não entendemos bem. É o título de "Cristo".

Por que eu digo que nós não entendemos bem esse título? Eu digo isso porque "Cristo" é utilizado tantas vezes em conjunto com o nome "Jesus", que temos a tendência de pensar que esse é o seu sobrenome. No entanto, "Cristo" não é um sobrenome para Jesus. Ele teria sido conhecido como "Jesus Bar-José", que significa "Jesus, filho de José". Ao invés disso, "Cristo" é o título supremo de Jesus. Mas o que isso significa?

O significado de Cristo é tirado do Antigo Testamento. Deus prometeu aos antigos israelitas que o Messias viria para libertá-los do pecado. A ideia do Messias é transportada para o Novo Testamento com o título de Cristo. A palavra grega Christos, de onde nós obtemos a palavra Cristo, em português, é a tradução do termo hebraico Mashiach, que é a fonte para a palavra Messias, em português. Mashiach, por sua vez, está relacionada com o verbo hebraico masach, que significa "ungir". Portanto, quando o Novo Testamento fala de Jesus Cristo, ele está dizendo "Jesus, o Messias", que significa literalmente "Jesus, o Ungido".

Nos tempos do Antigo Testamento, as pessoas eram ungidas quando chamadas para servirem como profeta, sacerdote ou rei. Por exemplo, quando Saul foi o primeiro rei de Israel, o profeta Samuel ungiu sua cabeça com óleo, de forma cerimonial (1 Samuel 10:1). Este rito religioso foi realizado para mostrar que o rei de Israel tinha sido escolhido e capacitado por Deus para o reinado. Da mesma forma, os sacerdotes (Êxodo 28:41) e profetas (1 Reis 19:16) foram ungidos segundo o mandamento de Deus. Em certo sentido, qualquer um no Antigo Testamento que tenha sido separado e consagrado para servir era um messias, por ter recebido uma unção.

Mas o povo de Israel ansiava por aquele indivíduo prometido que era para ser, não apenas um messias, mas o Messias, Aquele que seria separado e consagrado por Deus de forma suprema para ser o Profeta, Sacerdote e Rei do povo. Assim sendo, no momento em que Jesus nasceu, existia uma grande expectativa entre os judeus que haviam esperado pelo Messias durante séculos.

Surpreendentemente, quando Jesus começou o seu ministério público, poucos o reconheceram por quem ele era, apesar das muitas evidências de que ele possuía uma unção de Deus que ultrapassou em muito aquela que repousara sobre qualquer outro homem. Sabemos que houve uma grande confusão a seu respeito, mesmo depois dele haver ministrado por algum tempo. Em um ponto, Jesus perguntou aos seus discípulos:"Quem diz o povo ser o Filho do Homem?" (Mateus 16:13 b). Ele estava analisando a sua cultura, verificando os rumores sobre si mesmo. Em resposta à pergunta de Jesus, os discípulos enumeraram vários pontos de vista que estavam sendo apresentados: "Uns dizem: João Batista; outros: Elias; e outros: Jeremias ou algum dos profetas" (versículo 14). Jesus estava sendo identificado com todos os tipos de pessoas, mas nenhuma dessas especulações estava correta.

Em seguida, Jesus perguntou aos discípulos: "Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou?" (versículo 15b). Pedro respondeu com o que é conhecido como a grande confissão, uma declaração de sua crença sobre a identidade de Jesus: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo" (versículo 16). Com essas palavras, Pedro declarou que Jesus era o Christos, oMashiach, o Ungido.

Então Jesus disse algo interessante. Ele disse a Pedro que este era abençoado por ter aquela compreensão da identidade de Jesus. Por que ele disse isso? Jesus explicou:"porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus"(versículo 17).

Pedro havia recebido uma revelação divina de que Jesus era o Messias, não era algo que ele havia discernido pela sua própria capacidade. Novamente, isso me deixa maravilhado, porque alguém poderia pensar que quase todo mundo que encontrou Jesus o tenha reconhecido imediatamente como o Messias. Afinal, não há falta de informação no Antigo Testamento sobre a vinda do Messias—onde ele nasceria, como ele se comportaria e que poder ele manifestaria— e todos podiam ver o que Jesus estava fazendo—ressuscitando pessoas dentre os mortos, curando todos os tipos de doenças e ensinando com grande autoridade. Mas, é claro, eles não o reconheceram. A unção de Jesus não era imediatamente aparente.

Muitas pessoas hoje em dia têm coisas positivas a dizer sobre Jesus como um modelo de virtude, um grande mestre e assim por diante, mas eles não chegam a dizer que ele é o Messias. Esta é a grande diferença entre cristãos e não cristãos. Só quem nasceu de novo pode confessar que Jesus é o Cristo. Você pode?

Fonte:
Ministério Fiel - R. C. Sproul

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Os sonhos do homem e os planos de Deus

Tudo o que eu queria na vida era ser um grande astro da música. Até fui em Nashville no passado, esperando  me dar bem na música country. Eu pedi a Deus para que deixasse isto acontecer mas Ele não quis. Agora, eu gostaria de saber o que vem a seguir. Por que será que Deus me deixou frustrado?

Deus pode não ter feito o que você queria que Ele fizesse, mas Ele não falhou com você. De fato, embora possa ser difícil para você aceitar isto agora, Ele fez o  que é melhor para você ao fechar esta porta.

Por que o Deus não abriu a porta para você? Não sei a resposta completa, mas, naturalmente, suspeito que uma  das razões  é porque Ele sabia que isto não era o caminho certo para você. Deus o ama, e por causa disto, Ele não quer vê-lo implicado em algo que poderia prejudicar ou até desviá-lo. Deus sabe o que é o melhor para nós, e o Seu caminho é sempre o melhor. A Bíblia diz, “Ele guarda  a vereda do justo e protege o caminho dos seus fiéis” (Provérbios 2:8).

A fama e a fortuna podem parecer muito atraentes e fascinantes, mas elas também podem ser muito destrutivas. Quantas celebridades são genuinamente felizes e têm paz? Quantas, em vez disso, terminam com relacionamentos quebrados, dores de cabeça ou outros problemas? Isto não acontece sempre, naturalmente, mas quando vivemos só para nós ou para a aclamação pública,  nos pomos em perigo moral e espiritual, graves.

A minha oração é que você se converta a Jesus Cristo e entregue sua vida e  seu futuro nas mãos Dele.  Em vez de pedir a Deus para abençoar seus sonhos, peça-o, em vez disso. para  lhe mostrar os planos Dele  e lhe dê força para segui-los. 

BILLY GRAHAM

domingo, 17 de maio de 2015

Quero voltar a ser humano!

O Criador dos céus e da Terra, o Senhor Deus Todo-Poderoso fez-me segundo a Sua imagem e semelhança. Que honra! Tinha tudo para ser feliz! Toda vida de qualidade que qualquer ser humano sonhava, almejava, desejava, estava ali contida, naquela criação ímpar, saída das mãos do Criador. Que fascinação! Que alegria! Que felicidade!

Ser humano é isso. É gozar da presença do Todo Poderoso, seu Autor e Criador, por toda a eternidade. Ser humano é sentir toda a inspiração divina fluindo em seu interior, como um rio caudaloso de águas vivas, comunicando paz, alegria, serenidade.

Ser humano é viver a vida abundante, eterna, bem-aventurada, de felicidade, que o próprio Criador havia pensado e planejado há muitos anos atrás, até mesmo antes da fundação do mundo. É o “Zoe” de Deus, a vida do próprio Deus a fluir em nosso interior. É o amor em toda a sua plenitude!

Ser humano, segundo os propósitos divinos, faz com que as criaturas caminhem passo-a-passo com seu Criador, em total harmonia e comunhão. É viver a vida plena, conforme os planos celestiais. É viver o céu na terra, é viver na terra, o céu!

Ser humano é viver lado a lado com o Criador, sem o mínimo sentimento de solidão, estar só, ausência, vazio; ao contrário, é estar cheio de Deus, de Sua presença, de Seu Espírito, de Seu amor. É viver a vida divina que um dia foi inspirada e depois aspirada para uma vocação celestial. É responder ao chamado de Deus para viver com plenitude tudo aquilo que foi arquitetado para ele. É ser de Deus na terra, é ser na terra, de Deus!
De repente, mais que de repente, houve uma hecatombe! Um grito de desespero vindo do íntimo de sua alma, a bradar: _ Socorro! Quero voltar a ser humano! Quero sair daqui! Quero sair de mim mesmo! Quero voltar a ser eu mesmo! Quero sair de mim mesmo! Quero voltar a ser eu mesmo! A minha vocação! Quero voltar para mim mesmo! Quero voltar para Deus! Quero sentir novamente a felicidade, a bem-aventurança, a alegria imorredoura, a paz, a harmonia e a comunhão fraterna; quero ter novamente a gloriosa presença divina em minha vida, a presença de Deus!

Por que o homem teve essa consciência de ausência divina, de vazio de si mesmo? De perdido?

Há muito e muito tempo, longe, tão longe da Terra, um ser celestial criado antes mesmo dos homens, a coroa da criação, sentiu inveja primeiramente de seu Criador, e em seguida, da obra prima do Seu Criador, ou seja, do ser humano. Que disparate! Que inveja! Que pecado! Que orgulho! Que pretensão! Que desdita! Que infelicidade!

Sim, um ser celestial criador um pouco mais superior que os homens, dotado de maiores e melhores dons que ele, capaz de fazer melhor que ele, sentiu em si, no seu coração, o desejo de estar acima das estrelas dos céus, e, mais ainda, igualar-se a Seu Deus!

No entanto, a sabedoria divina, Onisciente, Onipresente e Onipotente entrou, num átimo de tempo, em execução, acabando com toda aquela pretensão desmedida.
Logo, este ser caiu... de esfera em esfera... de estrela a estrela e veio parar justamente nessa Terra, feita justamente para os homens, exclusivamente nós, os seres humanos.
Com astúcia e sagacidade, invejando toda a sorte, estabeleceu outro plano, um projeto com o intuito de fazer-nos perder a imagem e semelhança de nosso Criador. Sim, esta foi sua intenção e propósito.

O homem, por sua vez, deu ouvidos a esse plano maligno, perturbador e destrutivo, perdendo assim, toda sua similaridade divina, uma boa parte  da  imagem e semelhança do seu Criador, estampada nele.  

Hoje, o homem passou a viver tateando no escuro, como que às apalpadelas, procurando talvez encontrar um apoio para sua galgada terrena rumo ao seu lar celestial. Está peregrinando, do paraíso perdido, ao paraíso recuperado. O homem vê, como num espelho. Lamentável sorte esta, a do ser humano.

Entretanto, o Criador, Todo Poderoso e Todo Bondade e Misericórdia que é a Sua essência, colocou em prática o soerguimento, a restauração do homem, segundo Sua imagem e semelhança.

Deus amou o mundo de tal maneira que, entristecido pela queda humana, fez-Se homem a fim de salvar aquele que estava perdido.
O verbo de Deus se fez carne e habitou entre os seres humanos. Deus humanizou-se! Deus tomou para Si, a natureza humana, para assim, restaurar nele, a sua natureza, imagem e semelhança.

É por isto que o homem, longe da presença gloriosa de Seu Criador clama a plenos pulmões: _ Socorro! Quero voltar a ser humano!
O Criador dos céus e da Terra e do homem, fez mais do que este poderia esperar: deixou de ser criatura, para ser filho; deixou o céu e veio para a terra; deixou sua glória para habitar num mundo de trevas.


Tudo isso, para que o plano divino o tome para Si, nos céus, com Seu Pai! O Espírito que Daquele ressuscitou a Seu Filho, agora habita nele. Que honra! Que felicidade! Que bem-aventurança! 

quarta-feira, 13 de maio de 2015

O Perfume Precioso


Estando em casa de Simão para o jantar, Cristo foi homenageado por uma mulher, chamada Maria, que derramou sobre ele todo o nardo contido em um vaso de alabastro. Toda a casa se encheu daquele perfume maravilhoso, atraindo a atenção de todos os presentes, inclusive dos discípulos, que disseram: "Que desperdício! Poder-se-ia vender este perfume e dar o dinheiro aos pobres". Ao que Cristo respondeu: "Aos pobres, sempre tendes convosco, mas a mim, nem sempre tereis" (Mateus 26). 

Tal episódio de rara beleza nos impressiona e ensina. O ato de Maria surpreendeu a todos e até hoje surpreende. Jesus disse que onde o evangelho fosse pregado, aquela ação seria mencionada.

Naquele tempo, era comum às jovens fazerem suas economias para comprarem o nardo, um perfume muito caro. A essência ia sendo juntada em um vaso a fim de ser utilizada na noite de núpcias. Pensando nesses detalhes, notamos o quanto era importante aquele vaso de perfume para sua possuidora. Representava suas economias, talvez até realizadas com sacrifício, e simbolizava também seus sonhos, seus ideais referentes ao matrimônio e à família. Quanto valor colocado e representado por um vaso de perfume! 

O que Maria fez? Derramou todo aquele perfume sobre Cristo. Isso foi mais do que uma homenagem; foi uma entrega total. É como se ela dissesse: "Senhor, eu entrego a ti tudo o que sou. Eu entrego o melhor que possuo, meus sonhos, meus desejos, meus ideais, meus planos e objetivos". Foi um ato de dedicação absoluta. Notamos que ela não derramou um outro líquido que pudesse ser mais barato e conseguido com mais facilidade, como água, por exemplo. Maria deu o que possuía de mais precioso. Isso nos ensina a dar o melhor para Deus, fazer o melhor para ele, mesmo que nos custe um preço alto. 

O ato de "derramar" nos traz três lições:

Dedicação exclusiva - Tendo derramado todo o perfume sobre Jesus, Maria não poderia mais prestar essa homenagem a outra pessoa. Tendo o compromisso que temos com Cristo, não podemos tê-lo com um ídolo. Nada restou do nosso perfume que possa ser dado a um outro deus.

Dedicação sem reservas - Ela não guardou um pouco do perfume para si mesma. Não haverá nenhuma área da nossa vida que não esteja sob o domínio do Senhor. Somos dele por completo.

Dedicação sem retorno - Uma vez derramado, o perfume não podia ser retomado ou recuperado. Não vamos, amanhã ou depois, pedir ao Senhor que nos devolva o que lhe entregamos. Não vamos desistir da nossa aliança com ele. Se derramamos nossa alma diante do Senhor não vamos tomá-la de volta. Nosso vínculo comJesus é um casamento sem divórcio. Assim deve ser nossa dedicação ao Senhor. Entreguemo-nos completamente e definitivamente. 

Aquele aroma maravilhoso se propagou pela casa e atingiu a todos. Assim é o efeito do testemunho silencioso de uma vida derramada na presença de Deus. Mesmo os que quiserem ignorá-la não poderão. Diante daquele exemplo de desprendimento, alguns disseram: "Que desperdício!" Essas palavras poderão ser ouvidas ainda hoje por aqueles que se dedicam ao Senhor. Alguém poderá dizer que estamos desperdiçando nosso tempo, nosso dinheiro, nossa juventude, nossa vida, etc. Entretanto, nossa dedicação a Deus não é desperdício, é investimento. Tudo o que entregamos ao Senhor será como uma semente lançada ao solo. O ato de semear pode parecer um desperdício. Parece que o semeador está jogando fora as sementes. Porém, no dia da colheita, o trabalhador se alegra com o fruto do seu labor.

Naquele instante, até os pobres foram lembrados. O discurso daqueles defensores dos pobres parece até uma tese da Teologia da Libertação. O fato é que qualquer argumento será usado por aqueles que querem tirar nossa atenção do Senhor. Muitos querem que desviemos nossa visão de Jesus para nos dedicarmos a outras causas, que podem até ser nobres e feitas em nome deCristo, mas não devem tomar o lugar de Deus em nossas vidas. É verdade que, quando ajudamos aos pobres, estamos fazendo a obra de Deus, e devemos fazê-lo, mas isso não substitui uma experiência pessoal com Jesus Cristo. O amor ao próximo é importante, mas não é tudo. O primeiro mandamento é o amor aDeus. Logo, se alguém vive se dedicando ao trabalho social, mas não é convertido nem obediente a Deus, está praticando obras mortas, sem valor espiritual. As obras de caridade não têm o poder de salvar ninguém. Contudo, se somos convertidos e fazemos boas obras, estas têm grande valor e por elas seremos recompensados. 

Notemos que Jesus não condenou a ajuda aos pobres. Ele disse que sempre teríamos os pobres conosco. Assim, poderíamos ajudá-los sempre. Entretanto, tal ajuda não substitui nosso culto e dedicação da vida ao Senhor através de um compromisso de obediência. Essa questão atinge também àqueles que acham que podem deixar de contribuir na igreja a fim de ajudarem lá fora a quem precisa. Na realidade, as duas coisas são importantes e devem ser tratadas na ordem correta de prioridades.

O que nós estamos dando ao Senhor? Como estamos trabalhando pelo seu reino? Que Deus nos ajude a alcançar o nível de fazermos o melhor, de entregarmos o melhor e de colocarmos o Senhor acima de tudo em nossas vidas. Dessa forma, o bom perfume de Cristo será sentido em todos os lugares onde estivermos.  Anísio Renato de Andrade

sábado, 9 de maio de 2015

Maldita Maldição Hereditária

Essa história a vivi quando ainda era menino na fé e adolescente na idade. Aceitei o convite para participar de um congresso de jovens, creio que na simpática cidade de Rubiataba, interior goiano. Aqueles eram os dias da popularização do movimento de Guerra Espiritual, importado dos EUA, uma mistura de Pentecostalismo com Zoroastrismo que ainda faz muito sucesso no meio evangélico.

O movimento é uma espécie de teoria da conspiração aonde de um lado, feiticeiros e demônios lutam contra os crentes e os anjos do outro pelo controle do mundo. Não quero entrar em mais detalhes sobre o movimento em si. No entanto eu me lembro que na primeira noite um cara do altar causou todo um alvoroço emocional (unção) fazendo a todos se debruçarem em prantos orando e pedindo perdão à Deus pela escravidão e o maltrato sofridos pelos índios e negros no Brasil. 

O argumento era que o perdão concedido por Deus liberaria o ambiente espiritual local e avivaria o Brasil. Avivamento significaria não um arrependimento da nação, mas uma reação em cadeia que tornaria todas igrejas tradicionais em centros de curas e milagres de cunho pentecostal. No meio evangélico a novidade se torna revelação e é recebida com euforia, da mesma forma que qualquer tentativa bereiana de verificar a novidade através da luz da Bíblia é interpretada como incredulidade e até mesmo rebeldia, e naquela noite não foi diferente, todo mundo entrou na dança, ficava feio diante dos olhos da liderança não gritar e chorar conforme a melodia tocava. 

Havia, porém, um problema, eu nunca maltratei índio e muito menos possuí escravo, eu era jovem e ignorante, demorou algum tempo para que eu entendesse que se algum obscuro antepassado meu cometeu abusos contra índios e escravos, a culpa foi dele e não minha. Será que havíamos nos tornados Mórmons, pedindo perdão por, e possivelmente também batizando nossos antepassados mortos? 

Esse é um problema sério no meio evangélico, os líderes com um alguma cultura geralmente são de esquerda, e dessa mistura zoroastrica-marxista veio essa ideia ridícula de fazer justiça social espiritual, de purgar os improváveis crimes de antepassados anonimados pela história, a quebra de maldição naquela noite estava a serviço de Marx, livrando os crentes de supostos “demônios de estimação” que os perseguiam por causa da luta de classes de outrora. Nada poderia estar tão longe do evangelho e mais próximo da macumba. Terminado o congresso a novidade se espalhou entre as igrejas levadas pelos que assistiram ao evento. A maioria dos pastores julgam se o novo “mover” é bom ou não pelo resultado prático no aumento na "frequência e entradas" e nesse sentido a quebra de maldições, como atração, nunca falha.
Nada é melhor para atrair pessoas e causar euforia que o misticismo coletivo. A experiência de orar, de cantar, em grupos de 300, 500 e 1000 pessoas é algo que só a igreja pode trazer, a experiência é emocional, dramática, profundamente relaxante e ao mesmo tempo animadora. Não há nada como começar a semana depois de um culto pentecostal no domingo à noite, é revigorante, mas antes de tudo é uma experiência emocional.  Essa força do pentecostalismo como experiência é positiva quando acompanhada de ensinos bíblicos genuínos. 

Foi através de fenômenos semelhantes que a quebra de maldição se popularizou. Não é raro que doutrinas estranhas provenha de erros de interpretação, e com a quebra de maldição não foi diferente. Os criadores da teoria conseguiram ligar as consequências de atitudes sociais com uma culpa hereditária. Dando a mesma resposta à pergunta: "Porque coisas ruins acontecem com pessoas boas?" A resposta segundo o movimento da Guerra Espiritual é sempre a mesma, "maldição hereditária. Coisas ruins acontecem a todos, aos bons, aos maus e aos inocentes, basta se estar vivo para correr o risco de morrer. Porém gente imatura sempre busca explicações idiotas para perguntas sem resposta. E a resposta, segundo os teóricos da maldição hereditária, está em Êxodo 20:6b “Sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam” Esse mesmo texto que é repetido com pequenas variações por cerca de 5 vezes no Antigo testamento. Para uma perfeita exegese é necessário entender que a cultura Judaica, e consequentemente, do escritor não é dualista em sua visão da vida, de Deus e da existência, para o Judeu comum Deus não luta contra o diabo, mas é seu Senhor. Portanto tudo que acontece de bom ou de ruim é resultado do comportamento do homem diante de Deus e não de um ataque do diabo. A partir desse ponto de vista o texto apenas diz que netos e bisnetos sofrerão consequências sociais, financeiras e emocionais por causa do estilo de vida “iniquo” que o indivíduo vive, a palavra traduzida do hebraico para "iniquo" literalmente é aquele que transgride a lei. Sofrerão os descendentes de um homem rico se esse vier a perder tudo que possui na prostituição? Sofrerão os filhos de um assassino pelo estigma social deixado por seus pais diante das pessoas que relacionam o restante da família com ele? Sim e sim, é disso que o texto trata, e não de uma perseguição cósmica de um ser onipotente que coloca na linhagem de alguém um espírito maligno familiar de estimação para atormentar sua linhagem durantes as quatro gerações seguintes. 
Os filhos copiam e repetem o comportamento de seus pais, a sua maneira de relacionar com os filhos, sua reação diante das diversas situações, nesses casos, uma mudança da vida, através de uma verdadeira conversão ao evangelho lhe fará infinitamente mais bem que todas as sessões de quebra de maldições e exorcismo que você queira atender, a diferença, além do resultado inexistente da quebra de maldição, e que este lhe custará mais caro financeiramente que o evangelho grátis de Jesus, e não há nada mais maldito que herdar a falência dos pais.
Na verdade, a teoria dos espíritos familiares vem de um outro erro de tradução e exegese, a palavra “espíritos familiares” forma traduzida da palavra hebraica "obe", que é uma variação de "ab” da palavra hebraica para "pai" termo de muito respeito e honra na cultura judaica. Muitos nomes de famosos personagens bíblico começam com esse prefixo "ab", Abimeleque, Abinadabe, Absalão, mesmo nome Abraão começa com o mesmo prefixo "ab". Seu nome era um nome respeitado que significava "pai de muitos" ou "pai dos fiéis." No entanto “obe” é uma variação que ganhou uma conotação negativa por sua associação com agoureiros e feiticeiros, tomando os significando de “autoridade maligna” ou “pai maligno”.  No Antigo Testamento os falsos profetas, charlatões, adivinhos, que queriam se passar por enviados de Deus sempre adicionavam o prefixo “obe” ao seu nome afim de adquirir certo “status” e respaldo diante do povo. Do prefixo “ab” forma-se também a palavra “aba” pai, ou aquele que tem autoridade.


Portanto o termo que foi traduzido para a versão em latim da Bíblia como “espírito familiar” foi “obe” que é uma variação de “ab” e não se refere a família, mas “aquele que tem autoridade” se opondo inteiramente ao termo “familiaris” do latim que significa "servo doméstico". Portanto ao se traduzir “obe” para “familiar” o tradutor cometeu um grande erro ao inverter o sentido primário contextual pelo qual os adivinhadores e falsos profetas adicionavam o prefixo “obe” ao seu nome, a busca de um título que lhes conferisse autoridade diante do povo. A palavra “obe” ocorre 11 vezes no Antigo Testamento, em Levítico 19:31; 20:6; 20:27 Isaías 8:19; 2 Crônicas 33:6; 2 Reis 23:24; 2 Reis 21:06; 1 Samuel 28:3-25; 1 Crônicas 10:13; Deuteronômio 18:11; 1 Crônicas 10:13-14 em todos as vezes relacionada a agoureiros, adivinhadores e toda sorte de guias e gurus, mas nenhuma vez relacionada a um demônio que habitasse uma árvore genealógica específica como proposto no movimento da guerra espiritual. Os homólogos dos “obe” no Novo Testamento são exatamente os falsos profetas, mesma classe que reclama para si autoridade espiritual, afim de enganar os eleitos:
"Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas se levantarão e mostrarão grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, até os escolhidos" (Mateus 24:24). "Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios" (1 Timóteo 4:1).
A ironia dessa verdade é que os falsos profetas da guerra espiritual os mesmos “obe (s) ” os mesmos embusteiros falsos profetas que a Bíblia nos adverte a não consultar e ouvir estão em nosso meio. Algo que eu não poderia deixar de comentar, e que o “orbe” falsos profetas, adivinhos e agoureiros que viviam entre o povo de Israel faziam suas mágicas no nome de Yaveh, o que lhes permitia habitar entre o povo sem encontrar oposição alguma, a pitonisa de Saul é um exemplo claro. O que Saul encontrou quando consultou a pitonisa seria o mesmo que encontraríamos hoje em certos meios cristãos que consultam os espíritos em nome de Jesus. A minha conclusão é que a grande ameaça ao evangelho nunca foi a oposição reconhecível e aberta de outras religiões, mas vem de dentro, da liderança e dos falsos profetas que usam seu “obe” para enganar os escolhidos, eles estão na TV, nos rádios, nos templos e nas campanhas e nunca se cansam, de dia ou de noite, de enganar os escolhidos.
Sou categórico no que afirmo, e o digo por experiência própria, existem dois tempos de ignorância na vida de um evangélico, um antes da conversão e outra depois da conversão. Cabe a cada um buscar a luz mesmo que apalpando em meio a escuridão.

Wesley Moreira escritor e colunista do Púlpito Cristão

sexta-feira, 8 de maio de 2015

As Raízes do Cristão

Garantia de sobrevivência, crescimento, firmeza e produtividade.

bíblia utiliza muitas figuras de linguagem, especialmente metáforas e símiles, para expressar princípios espirituais. Um exemplo é a comparação entre o justo e a árvore.

“Pois será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto na estação própria, cujas folhas não caem, e tudo quanto fizer prosperará. Não são assim os ímpios, mas são como a palha que o vento dispersa.” Salmo 1.3-4.

Em muitos outros textos, a árvore é usada como ilustração: Os.14.5-7; Jr.17.7-8; Pv.12.3,12; II Rs.19.30; Jó 18.16; Is.27.6; Rm.11.16.

Vamos examinar algumas características que a tornam uma figura tão interessante.

O CEDRO DO LÍBANO

“O justo florescerá como a palmeira; crescerá como o cedro no Líbano. Os que estão plantados na casa do Senhor florescerão nos átrios do nosso Deus. Na velhice ainda darão frutos; serão viçosos e vigorosos.” Salmo 92.12-14.

O cedro é uma das árvores mais imponentes. É símbolo de força e eternidade. Nos 3 primeiros anos de vida, alcança apenas 5 centímetros de altura, mas já possui 1 metro e meio de raízes. Quem poderá arrancar tal “plantinha”? Mesmo jovem, já se mostra firme. Seu crescimento interior é bem maior que o exterior. Depois, cresce 20 centímetros por ano, chegando a 40 metros de altura. Seu desenvolvimento é lento, sem pressa, sem precipitação, mas não se pode detê-lo. Só a partir dos 40 anos é que o cedro produz sementes, mas pode viver centenas de anos [www.libano.org.br/pagina29.htm].

O cedro não depende da chuva, pois suas raízes profundas buscam água diretamente dos lençóis freáticos.

Nos tempos bíblicos, sua madeira era usada para construir casas (Ct.1.17), palácios (IISm.5.11), templos (IRs.6.9), cofres (Ez.27.24) e embarcações (Ez.27.5). O cedro tem beleza, perfume e força. Resiste aos desafios da água e do vento. É, portanto, muito confiável.

O salmista disse que o justo é como o cedro do Líbano. Com isso, podemos ter uma idéia do que Deus espera de nós. É natural que sejamos, pela graça do Senhor, fortes, firmes, confiáveis, apresentando a beleza da vida cristã em nós, sendo resistentes diante das dificuldades. Nossa relação com Deus não dependerá de fatores exteriores, pois a profundidade será característica da nossa espiritualidade.

Cairão mil ao nosso lado e dez mil à nossa direita (Sl.91.7), mas não cairemos porque temos raízes profundas.

AS RAÍZES - SUA “INVISIBILIDADE” E IMPORTÂNCIA

Quando a semente germina, ocorre um crescimento para cima (tronco, galhos, folhas, flores e frutos) e outro para baixo (raiz). Nossa vida não pode ser apenas algo exterior, mas interior. A raiz garante firmeza, nutrição e sobrevivência para a planta (Is.40.24).

Muitas vezes, enfatizamos o que a árvore produz, o fruto, mas nos esquecemos das raízes. Nos mais variados aspectos da nossa vida, valorizamos mais o que é aparente e menosprezamos o que está oculto. O fruto é muito importante, mas a sua falta pode indicar um problema na raiz. Estamos muito preocupados com as aparências, com aquilo que pode ser visto e admirado pelos homens.

Entretanto, nossas raízes são valores e práticas vistas apenas por Deus. Estão abaixo da superfície e precisam ser cultivadas com atenção e cuidado. Se não for assim, corremos o risco de cair, pois o peso exterior não terá sustentação interior.

Jesus disse que os fariseus valorizavam muito as orações, jejuns e esmolas realizadas em público. Os discípulos, porém, foram ensinados a fazerem tudo isso de maneira discreta e, às vezes, secreta, de modo que só Deus pudesse vê-los (Mt.6.1-6,16-18). Uma vida de dedicação íntima a Deus é uma forma de cultivar raízes espirituais. As orações em público são válidas e importantes, mas podem também ser falsas. Quem ora sozinho, dentro de seu quarto, provavelmente o fará com sinceridade de coração.

Muitos querem apenas bênçãos visíveis, materiais, mas não buscam virtudes espirituais que lhes trariam firmeza.

O exterior é importante, mas o interior é imprescindível. Tronco, galhos, folhas, flores e frutos, se forem cortados, podem renascer a partir da raiz. Se esta, porém, for arrancada e morrer, será o fim para a árvore. Será que o nosso cristianismo se resume ao que fazemos no templo? Se for assim, nossas raízes estão comprometidas ou, talvez, nem existam. Nossa vida cristã é superficial ou profunda?

O exterior depende do interior (Mt.13.5-6,20,21; Os.9.16). A falta de raiz leva à morte, conforme observamos nas palavras de Jesus:

“E os que estão sobre pedra, estes são os que, ouvindo a palavra, a recebem com alegria, mas, como não têm raiz, apenas crêem por algum tempo, e no tempo da tentação se desviam” Lc.8.13.

Aquela semente caiu entre as pedras, onde havia pouca terra. Brotou rapidamente, mas, por falta de raízes, morreu sob o calor do sol. Jesus disse que tais pessoas “crêem por algum tempo”. São “crentes provisórios”. Não têm raízes. Este é o caso daqueles que freqüentam a igreja durante algum tempo e depois desaparecem. O texto de Lucas nos mostra que há dois momentos na caminhada com Cristo: alegria e tribulação. Precisamos ter consciência disso. Devemos conhecer tal possibilidade, pois o conhecimento também é um tipo de raiz que nos manterá de pé. Aqueles que esperam apenas momentos de alegria se decepcionam com o evangelho e o abandonam.

O dia da tentação e tribulação traz o teste para a raiz do servo de Deus. É nessa hora que manifestamos o que somos intimamente. O vento e a tempestade nos atingirão inevitavelmente. Então veremos o que existe em nós abaixo da superfície.

A primavera é a estação mais favorável para as plantas. Contudo, não há como impedir que venha o inverno. No hemisfério norte, onde a estação fria é muito rigorosa, as árvores perdem toda a sua beleza por causa da geada e da neve. Ficam com aspecto de destruição completa. Não têm folhas, não tem flores nem frutos. Não lhes resta nem mesmo um aspecto agradável ou saudável. Parecem mortas. Contudo, sob o solo gelado, suas raízes permanecem vivas, garantindo que, na próxima estação, a árvore esteja viva, forte, bela e produtiva.

“Porque há esperança para a árvore, que, se for cortada, ainda torne a brotar, e que não cessem os seus renovos. Ainda que envelheça a sua raiz na terra, e morra o seu tronco no pó, contudo ao cheiro das águas brotará, e lançará ramos como uma planta nova” Jó 14.7-9.

Quando Jó falou sobre a árvore, estava falando sobre sua própria vida (Jó 29.19). Ele havia perdido quase tudo o que possuía. As bênçãos materiais se foram. Ele se tornou como a árvore devastada e destruída, porém sobrevivente por causa de suas raízes. A tribulação veio sobre Jó para testá-lo. Contudo, suas raízes estavam firmes em Deus. Por isso, ele pôde brotar novamente, como se lê no capítulo 42.

Deus pode permitir que percamos o que é aparente. Ficará apenas o que é interior. É nessa hora que conhecemos o verdadeiro cristão, ao vê-lo permanecendo firme pela fé. O falso se escandaliza, blasfema contra o Senhor e se desvia do evangelho.

ONDE ESTAMOS PLANTADOS?

A vida, o crescimento e a utilidade de uma árvore dependerão diretamente do solo onde está plantada. Se estiver em local inadequado, como um pântano ou entre as pedras, poderá definhar e morrer. O Salmo 92 diz que o justo deve estar plantado “na casa do Senhor”, “nos átrios do nosso Deus”.

A natureza da árvore, por si só, não garante sua sobrevivência e produtividade. O ambiente também é importante, na medida em que oferece um conjunto de fatores favoráveis ao pleno desenvolvimento da planta. Da mesma forma, o cristão precisa estar plantado no lugar certo. Ele não pode pensar que irá crescer e frutificar em uma seita herege, ou em local onde se veja vinculado à prática pecaminosa.

Se, porém, sabemos que estamos plantados num bom terreno, precisamos permanecer nele. Pode ser necessário mudar uma planta de lugar, mas isso não pode se tornar rotina, pois impedirá o crescimento da mesma. O transplante contínuo impede o lançamento de raízes. É o caso de quem vive mudando de igreja ou de denominação. Mudanças podem ser necessárias e importantes, mas não devem se tornar costume ou modo de vida (Heb.10.25).

DEMONSTRAMOS FIRMEZA OU INSTABILIDADE?

O cristão não pode ser nômade, mutante ou uma “metamorfose ambulante”. As árvores, normalmente, permanecem onde estão. Nossos deslocamentos, se necessários, devem ser feitos com cuidado e oração. O ímpio pode ser “como a palha que o vento dispersa” (Salmo 1), mas o justo é estável.

Muitas pessoas apresentam uma preocupante instabilidade em suas vidas. Não se firmam no emprego, na igreja, na profissão, na escola, no casamento, etc. Esse modo de vida parece favorável aos propósitos do inimigo. Imagino que ele fica muito satisfeito quando alguém chega a uma etapa avançada da vida e não tem emprego, nem profissão definida, nem estudos, nem recursos materiais, nem família, nem igreja. É o caso de quem nunca criou raízes. Uma pessoa assim pode até defender o valor de sua liberdade e independência. Contudo, será solitária, frustrada e fracassada.

Muitas mudanças podem ocorrer em nossas vidas, mas uma hora, e que não seja muito tarde, precisaremos parar, crescer e frutificar.

A instabilidade pode ocorrer por falta de paciência. Alguns querem que o fruto apareça instantaneamente. Não é assim. Conseguem um emprego e já querem promoção imediata. Se isso não acontece, já se mostram desanimados e querem ir embora. O mesmo acontece com aqueles que se convertem e querem que Deusfaça tudo em suas vidas em pouco tempo. Não é assim. Se estamos plantados num bom lugar, precisamos ficar firmes, esperando a estação dos frutos.

“Portanto, irmãos, sede pacientes até a vinda do Senhor. Eis que o lavrador espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência, até que receba as primeiras e as últimas chuvas. Sede vós também pacientes; fortalecei os vossos corações, porque a vinda do Senhor está próxima. Não vos queixeis, irmãos, uns dos outros, para que não sejais julgados. Eis que o juiz está à porta. Irmãos, tomai como exemplo de sofrimento e paciência os profetas que falaram em nome do Senhor. Eis que chamamos bem-aventurados os que suportaram aflições. Ouvistes da paciência de Jó, e vistes o fim que o Senhor lhe deu, porque o Senhor é cheio de misericórdia e compaixão” Tg.5.7-11.

QUAIS SÃO NOSSAS RAÍZES?

Assim como as árvores, o cristão precisa ter raízes fortes e profundas. Raízes são vínculos, tudo aquilo que nos prende a alguém, a um lugar, etc. Precisamos ter vínculos. Devem existir pessoas que contam conosco e com as quais possamos contar também. Ninguém deve estar solto por aí.

Muitos parecem ter aversão a vínculos. Não querem se envolver. Talvez, por causa de experiências negativas no passado, tornam-se fugitivos, evitando compromissos, relacionamentos sérios e responsabilidades.

Isto pode ser visto nas relações pessoais e também na igreja. Algumas pessoas evitam o batismo e a membresia. São eternos visitantes. Não se envolvem, não participam ativamente em sua comunidade.

Precisamos ter raízes na igreja (Ef.3.17-18; Heb.10.25). A fé e o amor são vínculos que nos unem a Cristo e aos irmãos, mas isso não acontece automaticamente. Precisamos aprofundá-los mediante a ação da nossa vontade, com determinação e compromisso, que se manifestam em forma de participação e trabalho, com perseverança obstinada.

Tendo encontrado uma congregação de irmãos, cada cristão, sob a direção do Senhor, deve ficar ali e criar vínculos. Assim, estará plantado e poderá crescer e frutificar. Pode ser necessário mudar de congregação, mas isso não deve ser freqüente. A igreja local é nossa família. Trocar de família não é algo que se possa considerar normal, embora possa ser necessário por algum motivo raro e especial.

Precisamos ter raízes em Cristo (Cl.2.6-7; Is.53.2; Ap.5.5). Estaremos agarrados nele como uma árvore está agarrada ao chão. Não vamos cair por causa de um escândalo. Não vamos abandonar o Senhor.

Precisamos ter raízes na palavra de Deus (Cl.1.23). Devemos conhecê-la e ser apegados a ela.

Precisamos ter raízes nos compromissos e propósitos estabelecidos. Não seremos levianos. Leviano significa “leve”, ou seja, sem peso, podendo ser levado por qualquer vento. É o tipo de pessoa que não se firma em coisa alguma. Não cumpre os compromisso, não realiza o que foi prometido, nem termina o que foi iniciado.

Como se faz para que uma árvore lance raízes? Não temos como obrigá-la a fazer isso, mas ela o faz por força de sua própria natureza. Podemos, porém, contribuir discretamente. Basta que a deixemos permanecer em um lugar adequado e a cultivemos, dando-lhe água, adubo e livrando-a das pragas. São cuidados iniciais importantes. Tal é o trabalho do líder que cuida dos filhos de Deus na igreja. Além disso, cada cristão é responsável por si mesmo, no sentido de se deixar cuidar e também cuidar-se, buscando o conhecimento bíblico e experiências profundas com Deus.

AS ÁRVORES MORTAS

A igreja primitiva teve problemas com pessoas sem raízes. Eram falsos cristãos, ou mesmo falsos mestres, que queriam benefícios sem compromisso (Jd.4,12,13; IIPd.2.1,13-17). Eram como estrelas errantes, sem rumo, sem referência, sem vínculos. Precisamos tomar cuidado com quem aparece de repente, apresentando-se como cristão, sem ligação com nenhuma congregação específica. Esse tipo de pessoa, normalmente, cria problemas por onde anda, pois está apenas em busca da satisfação de seus próprios interesses. Não está ligado à igreja nem ao Senhor Jesus. Árvore sem raiz não produz coisa alguma. Torna-se infrutífera e inútil. Este é o desejo do inimigo, mas o propósito do Senhor é que estejamos arraigados nele, firmes, inabaláveis, e sempre frutíferos para a sua glória. Prof. Anísio Renato de Andrad