sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Compreendendo o Dom de Línguas

O fenômeno ocorrido no dia de Pentecostes, em 33 d.C. quando os apóstolos e outros discípulos receberam do derramamento do Espírito Santo, com a evidência do falar em línguas, ainda hoje é motivo de controvérsias. A Igreja cresceu, se expandiu para fora dos limites de Jerusalém e atualmente o dom de Línguas é também propagado por outras religiões, gerando assim dúvidas, mitos, exaltação e rejeição por parte dos crentes.

O tema é polêmico e o objetivo desse artigo é tão somente, através do confronto com as Escrituras, reafirmar a importância desse dom, por muitos, considerado inútil. Para outros, considerado extinto.

Na profecia de Isaías.

Apóstolo Paulo, em exortação a Igreja de Coríntios cita uma passagem do Antigo Testamento, livro de Isaías 28: 11,12. “Assim por lábios estranhos, e por outra língua, falará a este povo. Ao qual disse: Este é o descanso, daí descanso ao cansado; e este é o refrigério; porém não quiseram ouvir” .

Deus proveria o dom de línguas para igreja, como  refrigério, descanso.  Em grego temos “menuchah”, se referindo a um lugar de descanso, sossego, refrigério, consolo, paz, silêncio e condição de repouso. É derivado de “nuach” um verbo que significa: descansar, acalmar, tranquilizar, consolar. Partindo desse radical, podemos fazer uma releitura do Salmo 23:2 da seguinte forma: “guia-me mansamente as águas de menuchah (as águas tranquilas)”.

Sabemos que em Cristo Jesus, recebemos a paz que excede todo entendimento. Somente Ele é capaz de promover a satisfação plena do homem, em todos os aspectos. Essa paz se tornou possível porque Cristo veio como homem, nasceu morreu e ressuscitou, ascendeu ao céu e prometeu  nos enviar um consolador, O Espírito Santo de Deus.

É sobre esse tempo que fala Isaías, o dom de línguas é o único que não está evidente no Antigo Testamento, ele é profetizado e está como sinal para a igreja testemunha de Cristo. E a igreja de Cristo é esta assentada sobre a pedra da revelação, dos dons, da operação do Espírito Santo, cuja obra produz o novo nascimento. Um nascimento espiritual que dá acesso a salvação. 

É fato, que a partir do novo nascimento, dispostos a enfrentarmos novidade de vida, nos lançamos em uma caminhada de renúncia, enquanto vida tivermos. Enfrentamos toda espécie de lutas, internas e externas. Muitos, são os que esfriam na fé, perdem o ânimo, caem, desistem, e sentindo-se fracassados, perdem a alegria da salvação. Isto é constatado no livro de Apocalipse. Quando Jesus se dirige as sete Igrejas, cada uma atravessava problemas no que tange a caminhada de fé:

  • Igreja de Éfeso: “lembra-te de onde caíste, e arrepende-te e praticas as primeiras obras” - o amor não era mais fervoroso. Ap 2: 1-7
  • Igreja de Pérgamo “Seguem a doutrina de Balaão- tolerava  heresias. Ap 2:12-17
  • Tiatira: tolerava o culto idólatra e a imoralidade Ap 2:18-29
  • Sardis: era uma igreja morta Ap 3:1-6
  • Igreja de Laodiceia: “Não és frio nem quente: quem dera fosses frio ou quente”, eram indiferentes. Ap 3:14-22.

Esmorecer na caminhada cristã é, portanto, uma realidade. O dom de línguas surge como um revestimento especial, dado por Deus, para fortalecer o crente. É uma habilidade sobrenatural que permite ao Espírito Santo se expressar diretamente através de nós. Ele fala o que precisa ser falado e que nós de maneira natural, não falaríamos. Isto produz paz, descanso e mais que isso: produz edificação pessoal e profecia para igreja.

Paulo  se dirigindo a igreja de Coríntios diz: 

“Dou graças a Deus por falar em línguas mais do que todos vocês. Todavia, na igreja prefiro falar cinco palavras compreensíveis para instruir os outros a falar dez mil palavras em língua. ”1 Coríntios 14:18-19
  • Paulo confessa ter recebido o dom de línguas
  • Ele orava em línguas em secreto, em devoção pessoal a Deus
  • Na igreja Paulo preferia falar de modo compreensível, em língua que todos falavam.

Definições para Dom de Línguas:

“Chegando o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos num só lugar. De repente veio do céu um som, como de um vento muito forte, e encheu toda a casa na qual estavam assentados. E viram o que parecia línguas de fogo, que se separaram e pousaram sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito os capacitava. Havia em Jerusalém, judeus, tementes a Deus, vindos de todas as nações do mundo.Ouvindo-se este som, ajuntou-se uma multidão que ficou perplexa, pois cada um os ouvia falar em sua própria língua. Atônitos e maravilhados, eles perguntavam: "Acaso não são galileus todos estes homens que estão falando? Então, como os ouvimos, cada um de nós, em nossa própria língua materna? “ Atos 2:1-8

Tradução para línguas em Atos 2:

1-  "línguas" = glossa normalmente se refere tanto a língua como um órgão físico como a uma linguagem humana. 
2- dialekton- dialektos- línguas estrangeiras, idiomas.

As línguas que foram faladas eram idiomas, o sobrenatural consistia no fato de que eles falavam por mérito Divino, Deus os capacitou, distribuiu o dom de idiomas como maravilha. Os estrangeiros: medos, persas, elamitas, mesopotâmicos, etc.se admiraram de que homens indoutos, não versados em escolas de idiomas, não poliglotas, pudessem falar perfeitamente cada idioma.

A expectativa do Antigo Testamento, da promessa de Cristo sobre o derramar do Espírito Santo tem seu cumprimento em Atos 2. As línguas foram um sinal da presença do Espírito Santo, Jesus profetizou sobre isso em Mateus 16:7: “ E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas.”

Línguas Como Jargão:

Uma "onda" de erros tem se estabelecido nas igrejas pentecostais, neopentecostais e católicas romanas carismáticas, onde, falar em línguas, é uma repetição de jargões. Chega-se ao absurdo de ensinar a falar línguas, algo totalmente anti bíblico. Há uma confusão generalizada onde todos falam ao mesmo tempo, sons repetitivos que não se traduzem, não têm significado. Esse não é um comportamento  de acordo com as recomendações Bíblicas.

O dom de línguas, conforme vimos, conduz a expressão sobrenatural de se falar um idioma. Uma língua que o crente jamais falaria por seus próprios méritos.

Línguas Como edificação:

“O que fala língua estranha edifica-se a si mesmo” I Cor 14:4

A palavra edificação é oikodomeo que se traduz por se “construir uma casa, tijolo a tijolo”. É como se ao falar em língua, estivéssemos erguendo um edifício, tijolo a tijolo. Construindo uma fortaleza para nossa vida cristã. Deus, além de nos conceder o menuchah (refrigério), concede conhecimento: “Porque o que fala em língua desconhecida não fala aos homens senão a Deus; porque ninguém o entende e em espírito fala em mistérios” I Cor 14:2.

O propósito das línguas na igreja

Primeiro de tudo, vale dizer que Deus ouve toda oração que é feita com fé: pequena, grande, silenciosa... Ele escuta até mesmo pensamentos. Deus, não faz acepção de pessoas. Porém, existe um revestimento especial advindo da oração em línguas. Ela produz crescimento pessoal, espiritual, refrigério diário: “Este é o descanso, daí descanso ao cansado; e este é o refrigério; porém não quiseram ouvir” Is 28:13.  Além de enfatizar o refrigério, profetizado por Isaías, as línguas surgem com outras funções:

  • Línguas é cumprimento da profecia de Isaías (Is 28:11)
  • É cumprimento da profecia de Jesus Cristo (Marcos 16:17)
  • É prova da ressurreição e glorificação de Jesus ( João 16:7 e Atos 2: 26)
  • É uma evidência da presença do Espírito Santo ( Atos 2,4)
  • É um dom espiritual para autoedificação ( I Coríntios 14:4 e Judas 20)
  • É dom para edificação da igreja, quando houver interpretação ( I Cor 14:5)
  • É um dom especial para comunicação com Deus e adoração pessoal ( I Coríntios 14:15)
  • É um meio pelo qual o Espírito Santo opera em nós ( I Coríntios 14: 14)
  • É meio de regozijo ( Efésios 5:18,19 – I Coríntios 14:15)
  • É confirmação da Palavra de Deus pregada ( Marcos 16: 17,20 e I Coríntios 14:22)

Oração em Espírito:

  • Porque, se eu orar em língua desconhecida, o meu espírito ora bem, mas o meu entendimento fica sem fruto. Que farei, pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com o entendimento; cantarei com o espírito, mas também cantarei com o entendimento. De outra maneira, se tu bendisseres com o espírito, como dirá o que ocupa o lugar de indouto, o Amém, sobre a tua ação de graças, visto que não sabe o que dizes? 1 Coríntios 14:14-16 

  • Mas vós,amados, edificando-vos a vós mesmos, sobre a vossa santíssima fé, orando no Espírito Santo. Judas 20.

  • Orem no Espírito em todas as ocasiões, com toda oração e súplica; tendo isso em mente, estejam atentos e perseverem na oração por todos os santos. Efésios 6:18

Qual a diferença entre orar com o espírito e orar com o entendimento? Está claro que Paulo fala de dois tipos de oração, ou dois estados em que se ora. Compreendo que com o entendimento seja com o intelecto, de modo natural, em nossa própria língua. Orando no Espírito é a oração em línguas, em idioma dado por Deus no momento em que se ora. Se a oração em Espírito produz profecia porque fala de mistérios que somente o Espírito de Deus conhece, quem ora em línguas é profeta e o espírito do profeta está sujeito a ele ( I Coríntios 14:32). Assim, o que ora pode exercer o autocontrole, pode intercalar oração com entendimento e oração em Espírito. Pode escolher não falar em línguas em público para não causar confusão na igreja.

Quer dizer que quem ora com o intelecto, não possui o Espírito Santo?

De modo algum! O cristão que ora sem o dom de línguas, recebe o auxílio do Espírito Santo na oração. O Espírito o instruí sobre o que deve pedir, o que deve falar:

  • Da mesma forma o Espírito nos ajuda em nossa fraqueza, pois não sabemos como orar, mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis.  Romanos 8:26

Medo de Falar em Línguas

Algumas denominações proíbem seus membros de buscar esse dom, por acreditarem ser obra do diabo, por julgarem desnecessário, uma coisa do passado, histórica, não mais disponível. Existem muitos mitos, envolvendo o tema. Contudo, escolho acreditar na Bíblia. Este dom é descrito tanto no Antigo como no Novo Testamento e tem sua utilidade, ainda que muitos não compreendam ou rejeitem.

Falar em línguas, não é entrar em êxtase, transe, mudar de aparência, tonalidade de voz, se isto acontecer é porque há algo errado. Também não é balbuciar palavras repetidas. É tão somente comunicar-se com Deus sob intercessão direta do Espírito Santo. É a boca falando mistérios de Deus que somente o Espírito Santo poderia revelar: “porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus senão o Espírito de Deus” I Cor 2:11.

Línguas e presença do Espírito Santo:

“Recebeste já o Espírito Santo quando crestes?” At. 19:2. 

Falar em línguas não significa ser mais espiritual, ter mais fé, ser especial. Nada disso. Muitos cristãos sinceros e admiráveis podem não possuir este dom. “Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. Há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos” I Cor 12: 4,6. Alguém pode não falar em línguas e possuir outros dons  úteis para o ministério. E alguém pode não falar em línguas e ser selado com o Espírito Santo. O fato de alguém arrepender-se dos pecados e entregar sua vida a Cristo já é obra do Espirito de Deus.  Este é quem convence o homem do pecado, da justiça e do juízo ( João 16: 8-10). Não há porque afirmar que somente através do dom de línguas há comprovação da presença do Espírito Santo.

Minha experiência pessoal

Encontrei muitas dificuldades para compreender o emprego correto do dom de línguas. Comecei minha vida cristã em uma pequena congregação Batista tradicional, recebi o revestimento do dom de línguas em casa, enquanto orava. Tinha acabado de ler o livro de Atos e estava transbordando de alegria pela formosura do Senhor, pelo chamado missionário de Paulo e as conversões. Radiante, contei para o meu pastor a boa notícia e voltei por demais decepcionada para casa: “Wilma, qualquer pessoa pode falar em línguas, isto não quer dizer nada, é como um teatro” e daí ele começou a pronunciar palavras repetidas, enquanto eu reprimia meu choro. Não dava mais para ficar naquela igreja, mesmo porque o assunto se espalhou e as irmãs me viam como um escândalo.

Fui para uma igreja pentecostal e tive decepções ainda maiores: A desordem nos cultos me incomodava. O pastor ordenava: “falem em línguas, profetizem!” Também não era ali o meu lugar. Sofri e no secreto falava com Deus: “Senhor sei que tudo que vem de Ti é precioso, se este dom for para o meu bem deixa-me com ele, se não retira-o”. O Senhor não retirou, e testifico quão maravilhoso é dialogar com Deus dessa forma.

Hoje congrego em uma igreja Batista tradicional e em secreto adoro o Senhor no Espírito. Quando me faltam palavras no idioma português para dialogar com Deus, o Espírito Santo provêm o sobrenatural, elevado, acima, com canções e também interpretações do que oro. O Senhor me concedeu a maravilha de falar outros idiomas e é dessa forma que Ele refrigera minha alma, fortalece minha fé.

Na igreja, sigo a orientação Bíblica de falar em idioma compreensível. O dom não é para exibição pública,não é para exaltação humana, mas para glorificar a Deus.

" Mas, se não houver intérprete, esteja calado na igreja, e fale consigo mesmo, e com Deus. ”1 Coríntios 14:28

O mérito não é do homem, é de Deus. A glória é Dele, o dom vem Dele e não há porque vangloriar-se, pois sem Deus, nada aconteceria de sobrenatural. E como disse Paulo, sem o amor, as línguas não edificam, o que fala é como um metal zunindo.

Língua dos anjos e dos homens

“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse o amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine” I Cor 13:1.

Aqui temos mais uma referência às línguas: dos homens e dos anjos. Interpreto, e de acordo com o contexto deste artigo, que a língua dos anjos não é algo incompreensível, mas  sobrenatural por falar mistérios de Deus. 

Todas as vezes que anjos apareceram em relatos Bíblicos, eles se fizeram entender, falando em idioma totalmente compreensível. Contudo, falando de coisas que nenhum homem estava capacitado a conhecer de modo natural.

Exemplo:

Um anjo fala com Daniel: “E me disse: Daniel, homem muito amado, entende as palavras que vou te dizer, e levanta-te sobre os teus pés, porque a ti sou enviado. E, falando ele comigo esta palavra, levantei-me tremendo. Então me disse: Não temas, Daniel, porque desde o primeiro dia em que aplicaste o teu coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, são ouvidas as tuas palavras; e eu vim por causa das tuas palavras.” Daniel 10:11-12

Assim, o que Paulo enfatiza para a igreja de Coríntios, em língua dos homens e dos anjos é: falando eu de modo natural (homem) ou sobrenatural (como os anjos), sem o amor, seria como o metal que soa cujo som nada transmite de inteligível.

Paulo repreendeu a igreja de Coríntios porque eles estavam supervalorizando o dom de línguas, mas esquecendo do fruto supremo do Espírito Santo que é o amor. Havia desordem, traições, contendas em uma prova real de que os dons podem não produzir santidade se houver em nós a servidão ao pecado. Jesus faz uma alerta sobre isso em Mateus 7:22,23:

 “Muitos me dirão naquele dia: 'Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios e não realizamos muitos milagres? Então eu lhes direi claramente: Nunca os conheci. Afastem-se de mim vocês que praticam o mal!”

Edificados Por Deus, Capacitados a Amar.

Dizer que orar em línguas é desnecessário porque não edifica a Igreja, é interpretar erradamente as Escrituras. “O que ora edifica a si mesmo”. Irmãos que crescem no conhecimento, ajudam outros irmãos. Que bom seria se todos pudessem orar em línguas! Se todos compreendessem o que Deus tem a nos oferecer através desse maravilhoso dom! Um “tijolo” firmado corretamente sustenta outros, não? Mas um “tijolo” fora do prumo, põe em risco toda uma estrutura.

Dizer que esse dom não existe é negar a Escritura.

Em I Coríntios 1: 5-7 está escrito:

“Porque em tudo fostes enriquecidos nele, em toda a palavra e em todo o conhecimento (Como o testemunho de Cristo foi mesmo confirmado entre vós). De maneira que nenhum dom vos falta, esperando a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo”

Dom= charisma= gratificação, de graça, livre, milagrosamente.

Não há alegria maior para um cristão nessa terra  do que a de ser instrumento de Deus para abençoar vidas.  Recebemos de graça o que há de mais precioso no mundo, que são os dons de um Deus amoroso, bondoso e justo. Dons para que pudéssemos transmitir ao mundo aquilo que o mundo não pode transmitir aos homens.


Concluindo...

Fico ouvindo os debates à cerca do assunto, pessoas zombando de quem acredita ou fala em línguas, e oro a Deus para que tenha misericórdia de quem ainda não compreende a operação do Espírito Santo na igreja. Oro por mim, inclusive, para que não venha a esfriar na fé, no amor, a ponto de viver mais teologia e menos Jesus. Oro para que eu não queira, jamais, estar cega, surda, muda em relação ao Reino de Deus, pois,  nada sou nesse  fugaz reino dos homens. É em Deus que me sinto feliz, é na certeza de que Ele É e faz o que sua Palavra afirma.

Deus está vivo, Jesus Cristo ressuscitou, o Espírito Santo foi dado para a igreja, no dia de Pentecostes, e não se ausentou ainda de nós. Ele opera hoje, da mesma forma que operou no passado.

Que Deus nos abençoe.
Wilma Rejane
http://www.atendanarocha.com/

Fonte:

BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo Plenitude, Tradução João Ferreira de Almeida, São Paulo, Sociedade Bíblica do Brasil, 1995. A Bíblia Plenitude contêm dicionário do grego.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Retiro Espiritual de Carnaval dos jovens da Assembleia de Deus Luz para as Nações

O Retiro Espiritual é fundamental para fortalecer a fé das pessoas, pois elas deixam suas preocupações diárias para voltar seu pensamento para o Senhor. Nesses dias de refúgio, os jovens e adultos podem perceber a importância de suas famílias, a valorização das amizades, além de poderem passar pelo “deserto”, entendendo a plenitude da fé. O “deserto” não dever ser visto como algo sem vida, estéril, ou duro de caminhar, mas como algo fértil. E essa fertilidade poderá nos transformar e nos renovar na caminhada. Jesus, em vários momentos, saiu várias vezes para orar, para meditar: “Venham vocês também para um lugar deserto e descansem um pouco” (Mc 6, 31); “Mas ele costumava retirar-se a lugares solitários para orar”. (Lc 5, 16).

Os Retiros Espirituais, muito importantes para aprofundar a fé em meio à pressão provocada pelo mundo nos períodos de carnaval, deve fazer a Igreja buscar estratégias adequadas para posicionar-se a estas mudanças, dentro da Palavra de Deus, e não dentro de movimentos contrários a ela.
Esse foi pelo menos o propósito firmado pelos 35 jovens da Igreja Apostólica Assembleia de Deus Luz para as Nações de Campos do Jordão, quando trocaram a folia das ruas no carnaval, pela tranquilidade e paz oferecida por um Retiro Espiritual na cidade de São Bento do Sapucaí (SP). Jovens com propósitos, que buscam sentido para a vida, que esqueceram os problemas de casa, vindo buscar Deus.

O evento foi realizado em um sítio na zona rural.  As lindas paisagens vão se descortinando à medida que o local do acampamento se aproxima... o canto dos pássaros, o cheiro das flores, o guincho dos macacos... muito relaxante, sossegado, distante da poluição e do barulho da cidade.

O Retiro começou no sábado (14) às 09 horas da manhã e terminou quarta-feira (18). Durante o acampamento, os jovens aproveitaram a piscina, o campo, o jardim, e muito verde.

No alojamento, os meninos ficaram em quartos separados das meninas, onde deixam tudo bagunçado. Esta é a segunda vez que os jovens fogem da badalação do carnaval.
Ensinamentos de princípios bíblicos através de palestras criativas e bem elaboradas, com temas atraentes foi de fundamental importância na programação desse Retiro, pois os jovens precisam aprender que as decisões da vida não devem ser baseadas em suas emoções, mas sim em princípios da palavra de Deus.

Além de atividades de lazer, participaram de cultos, ministrações, gincanas bíblicas e dinâmicas. Contando com a presença do Apóstolo Maurício e a Bispa Dalessandra, fundadores do Ministério Luz para as Nações à frente da organização, e do líder de jovens, Pastor Clilton, que, durante a ministração, pela graça de Deus, conduziu os mesmos para momentos de oração e intercessão. Momentos que estimularam os jovens a se esquecerem das preocupações alheias e concentrarem seus pensamentos em Deus para buscar sua presença. Criou-se um clima espiritual.


Durante o Retiro, foi destinado um tempo para momentos de lazer, recreação e diversão dos jovens. Procurou-se utilizar muito tempo neste item, não deixando de realizar as atividades espirituais, como palestras e oração, primordiais na realização do Retiro.

O Evangelista Maurício com suas dinâmicas, técnicas e brincadeiras, teve como objetivo fazer com que os jovens vivenciassem situações complicadas do dia-a-dia em um mundo cheio de pecado e concupiscências, demonstrando que possuem características e potencial que receberam de Deus em sua personalidade através do Espirito Santo para vencer os obstáculos e adversidades da vida. Foram incluídas dinâmicas de grupo interessantes na programação. Foi inserido uma competição saudável, formando duas equipes: Brasa Viva, representando as meninas, e Exércitos do Senhor, representando os rapazes. A disciplina no alojamento fez parte das regras da competição. Na verdade, foi uma Gincana Bíblica bem diferente com perguntas e respostas da Bíblia em Slides de maneira criativa e interessante para os Jovens e para estimular a agitação e movimentação durante o acampamento, com a principal intenção de saber se a juventude está em dia com palavra de Deus, e isto, de maneira divertida e engraçada, o que fez muito sucesso.  A competição tornou-se acirrada, quando o pastor Marco Aurélio, o Apóstolo Maurício e a Diaconisa Cida tiveram participação aguerrida.

O Pastor Marco Aurélio, também ministrou sobre o pecado, e outros líderes abraçaram este tema, como o Missionário Rafael.

É preciso muita organização para manter os jovens. Por isso, voluntários da Igreja trabalharam no Retiro. O Cooperador Waldir foi quem fez a ponte entre a Igreja e o Acampamento, não deixando nada faltar. Contou-se também com a presença da Tia Zélia, e as Diaconisas Cida e Eliza, que se preocuparam com a qualidade das refeições, dando a devida assistência. Foram servidas 05 refeições diárias, com muito amor e carinho. Que panqueca saborosa! Que churrasco! Torta de frango!

Durante o Retiro, os jovens foram convidados a deixarem suas preocupações diárias a fim de voltar seu pensamento para o Senhor. Puderam perceber a importância de suas famílias, a valorização das amizades, a paixão pelas almas perdidas, a beleza de servir ao Senhor Jesus e o reavivamento espiritual que todo crente necessita.
Além das orações e momentos de reflexão, divertiram-se muito com amigos. Sem dúvida alguma, foi um evento destinado a oferecer aos participantes muita recreação, edificação espiritual, estudo e meditação, objetivando um contato íntimo com Deus.


Viveram momentos de reflexão todos os dias. Cantaram, assistiram a palestras e participaram de cultos e ministrações. Rotina que emocionou. Saíram aliviados, tiraram um peso das costas. Saíram renovados, graças a Deus. Saíram dali percebendo Deus em cada detalhe. Voltaram para casa diferentes. Quem foi, quer voltar. 

Evangelista Maurício

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

O Folião e o Cristão

A “Festa do Demônio”, como muitos a intitulam ou a “Festa da Alegria”, definem outros, não importa o nome que se dê à Festa de Carnaval, ela será sempre ou muito perversa ou muito divertida. Se o Carnaval fosse banido do Brasil resolveria os nossos problemas como nação? Com toda a certeza, não! Antigamente eram os pastores que mais esbravejavam contra o Carnaval. Mas, hoje, escutamos e lemos jornalistas, cientistas políticos, intelectuais, etc., gente de bem que sabe discernir os verdadeiros males do carnaval e que se pronunciam contra essa farra popular.

Sabemos que o Carnaval traz muitos males: homicídios, destruição de lares, consumo excessivo de drogas (lembrando que álcool é também uma droga), enfermidades sexualmente transmitidas, gravidez indesejada, estupros, inimizades, confronto de grupos (as tribos), dívidas, etc. Mas esses não são os piores males do carnaval. Ele é, na verdade, o melhor “Pão e Circo” jamais inventado! Massa de manobra na mão de certos políticos que não manifestam qualquer amor pela pátria, muito menos pelo seu povo.

Poderíamos denomina-la como “A Maior Festa De Alienação Popular Do Brasil”! Supera o futebol! Isso ainda é pior do que todos os males juntos acima descritos. Imagine-se morando numa casa com dois salões. Em um deles você guarda o seu tesouro, no outro você promove festas. Enquanto você dança e se diverte na festa, os ladrões roubam o seu tesouro sem você se dar conta. A festa está muito boa para você abandoná-la, por que então se importar com o outro salão já que a festa é imperdível? No entanto, apenas quando a festa acaba e não antes, é que você se dá conta de que foi roubado.

Roubaram os seus direitos, a sua cidadania, a sua ética, os seus planos futuros, o futuro de seus filhos e netos, a dignidade de uma educação de qualidade, o sistema de saúde eficiente, o seu direito de protestar, você sente-se lesado pelos aumentos de preço e, consequentemente, pelo seu salário corroído pela inflação, afinal você estava se divertindo também, e silenciaram a sua voz! Você foi domesticado!

Quem mais gosta do Carnaval não são os foliões, são políticos não sérios, empresários sem escrúpulos, mídia comprometida com o sistema da propaganda do circo, patrocinadores ilegais do consumo das drogas, traficantes e suas mulas, e tantos outros setores que se valem desses dias com o único intuito de tirar vantagens da falsa alegria oferecida ao povo.

Carnaval custa muito caro! O dinheiro que gera não é suficiente para cobrir os prejuízos gigantescos que se arrastam ao longo dos anos. Pessoas sequeladas pelo resto de suas vidas, perdas irrecuperáveis, frustrações jamais satisfeitas, saúde mental que atormentam pelo resto da vida. Mas ainda, com tudo isso acima descrito, afirmo: o Carnaval não faz mal!

O que faz mal não está do lado de fora, mas do lado de dentro! Os maiores inimigos não são os externos que agridem acintosamente, mas os internos, que minam aos poucos, corroendo todo o corpo. Jesus preocupa-se com o coração de onde “procedem: os maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias”. E nós, Igreja de Cristo, ainda insistimos atacar o que é periférico no lugar do essencial. Cuidamos da nossa aparência, mas, desprezamos o nosso interior. Colocamos ‘pó de arroz’ na face, mas não zelamos pela saúde interior que traz beleza e saúde à pele.

Enquanto falamos mal do Carnaval abraçamos o mal que corrói a comunhão fraternal. Polimos nossa soberba e fazemos cara feia para os irmãos, porque o nosso orgulho tornou-se mais importante do que um coração humilde e gentil, compreensivo e compassivo. Evitamos os irmãos pelos quais Cristo morreu e comungamos com aqueles que desprezam o nosso Senhor. Fugimos da Eucaristia, mas caímos na folia da irresponsabilidade fraternal.

Não podemos parabenizar aqueles que não brincam o Carnaval enquanto não limparem também o interior de seus corações. A nossa tendência é de sermos fariseus autênticos, Cristo, no entanto, nos repreende ensinando-nos ser autênticos cristãos. Por dever, devemos extirpar o mal que contamina, corrói e adoece o nosso coração. Não tenho dúvida de que Deus olha mais para o folião festivo de coração limpo do que para o cristão amargo, rancoroso e cheio de melindres. Não temos o direito de apontar o dedo para os erros do mundo enquanto o mundo habitar em nós.

Uma coisa a mais me chama a atenção: os foliões carnavalescos curtem o Carnaval, mas os santos cristãos nem sempre curtem a sua igreja. Alegria de adorar e servir ao Senhor reservamos para dias especiais quando deveria ser a tônica de todas as horas e de todos os cultos. Será que conseguiremos impressionar o mundo com uma mensagem negativa de culpa? Será que Adoramos a Deus mais do que eles ‘adoram o Carnaval’? Será que podemos ser mais amigos dos pecadores e menos juízes santarrões prontos a lavrar sentenças condenatórias sobre eles?

Você que não brinca o Carnaval, também não brinque de ser cristão! Esse mal pode ser ainda muito pior!  Pr. Miguel Cox

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Linhas Teológicas

"… antes santificai em vossos corações a Cristo como Senhor; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a todo aquele que vos pedir a razão da esperança que há em vós”. (I Pe 3.15) 

Vivemos em um momento de grande marasmo teológico, onde ideologias e novas concepções surgem a cada momento atacando e afrontando as maneiras tradicionais de se crer no divino. 
Diante dessa conjuntura é preciso que sejamos objetivos quando somos abordados acerca da razão de nossa esperança cristã; por que cremos assim? Qual a nossa concepção de Deus? Qual a cosmovisão em que estamos estribados? Enfim, qual é a definição teológica dos evangélicos em contraste com as demais, pois se soubermos distinguir desse marasmo o que realmente acreditamos teremos como levar avante o verdadeiro evangelho de Jesus. Abaixo algumas das mais expressivas linhas de pensamentos teológicos.


Teologia Católica Romana:
A Teologia Católica está estribada em um tripé – A Bíblia, incluindo os apócrifos; A Tradição e o ensino dos Pais da Igreja e a autoridade Papal, ex cathedra, onde o Papa decide questões doutrinárias e morais. Com esse tripé teológico a Igreja Católica concatenou novas doutrinas, sem criar constrangimentos por tais doutrinas estarem além ou aquém da Bíblia. A Bíblia tem um papel secundário em detrimento da própria Igreja que é superior a qualquer outra fonte de autoridade eclesiástica. Essa conjuntura ideológica da cosmovisão teológica gerou os sete sacramentos: batismo, crisma ou confirmação, penitência, eucaristia ou missa, matrimônio, unção de enfermos ou extrema-unção e santas ordens. Segundo o catecismo de 1994, “a Igreja afirma que para os crentes os sacramentos da nova aliança são necessários à salvação.” Os sete sacramentos são nada menos que uma séria de boas obras que os católicos crêem que precisam fazer para alcançar a salvação. (A deterioração da doutrina católica iniciou-se por volta de século IV). 

Teologia Natural: 
A Teologia Natural Baseia-se somente na razão em detrimento da fé e a iluminação do Espírito Santo e seu mover. Os atributos de Deus são aqueles comuns a todos os indivíduos, ou seja, criação, raciocínio lógico, etc… O conhecimento de Deus é obtido pelo relacionamento com o universo por meio da reflexão racional, sem se voltar a vaticínios e meios sobrenaturais. 

Teologia Luterana: 
Sola Escriptura – Somente a Bíblia, Sola Gratia – Somente a Graça e Sola Fide – Somente a Fé formam o fundamento da Teologia Luterana. A Bíblia é a bandeira pela qual o exército de Cristo deve marchar, Ela não fala apenas de Deus, mas é a própria Palavra de Deus. O centro das escrituras é o Cristo revelado a humanidade. Na questão salvífica o indivíduo em nada contribui, sendo destituído do livre-arbítrio, Deus é a causa eficiente da obra redentora. (Século XVI) 

Teologia Anabatista: 
A Teologia Anabatista preconizou o batismo somente para adultos, testificando assim o rompimento do cristão em relação ao mundo e o seu comprometimento em obedecer a Jesus Cristo. Opunham-se ao controle da religião pelo o estado e nutriam um enorme zelo missionário. Devido a maneira pragmática como viam a vida não deram ênfase aos estudos teológicos sistemáticos. 

Teologia Reformada: 
Como na Teologia Luterana, a Teologia Reformada tem como principal bandeira “sola scriptura”. A Bíblia é a Palavra de Deus e isenta de erros. Deus é soberano sobre todas as coisas, tudo está sob o domínio de Deus, como criador e soberano de universo Ele não pode ser limitado por nada. Deus predestinou um certo número de criaturas caídas para serem reconciliadas com Ele mesmo. A salvação pode ser resumida nos cinco pontos do Calvinismo: Depravação Total, Eleição Incondicional, Expiação Limitada, Graça Irreversível e Perseverança dos Santos. (adaptado, 01) 

Teologia Arminiana: 
A Teologia Arminiana divergiu do calvinismo, argumentando que os benefícios da graça são oferecidos a todos, em oposição ao princípio calvinista da condenação predestinada. A ênfase desta Teologia gira em torno da presciência divina, da responsabilidade e livre arbítrio do indivíduo e do poder da Graça capacitadora de Deus. 

Teologia Wesleyana: 
A Teologia Wesleyana era praticamente de cunho arminiana, embora a principal doutrina destacada por Wesley fosse a da justificação pela fé através de uma experiência súbita de conversão. Também se destacava a doutrina da perfeição cristã ou do perfeito amor, segundo a qual era possível a perfeição cristã absoluta ainda nesta vida… Wesley deixou claro que não propunha a perfeição sem pecado nem a perfeição infalível, mas, antes, a possibilidade da santidade no coração (03). 

Teologia Liberal: 
A Teologia Liberal é recheada por convicções contemporâneas de novas ideologias filosóficas e culturais. A humanidade não é pecadora e nem caída por natureza, não precisa de uma conversão pessoal, apenas o aperfeiçoamento sociológico. Jesus não sofreu vicariamente na cruz, ele não é o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, nem Deus, mas simplesmente um representante de Deus, um modelo a ser seguido. A Teologia Liberal segue a visão unitária da pessoa de Deus, Jesus estava cheio de Deus, mas nunca foi Deus. O Espírito Santo é simplesmente a atividade de Deus no Mundo. Os registros bíblicos são falíveis. 

Teologia Existencial: 
Os teólogos existenciais explicam tudo o que é sobrenatural como sendo um mito. Deus atua no mundo como se não existisse, e não se pode conhecê-lo de nenhum modo objetivo. A Trindade, os milagres de Jesus Cristo e sua historicidade, o Velho e o Novo Testamento, as atuações do Espírito Santo, tudo isso, não passam de mitologia religiosa, sendo que pouco se aproveita como conteúdo histórico fidedigno. Encontrar o nosso verdadeiro eu e desmistificar a Bíblia é a maneira pela qual a humanidade poderá ser salva. 

Teologia Neo-Ortodoxa: 
Essa teologia foi uma reação contra a concepção liberal implantada no final do século XIX e houve a tentativa de preservar a essência da teologia da Reforma ao mesmo tempo em que se adaptava a questões contemporâneas. Deus não pode ser conhecido por doutrinas objetivas, mas por meio de uma experiência de revelação. O Cristo importante é aquele experimentado pelo indivíduo, o Cristo bíblico não teve um nascimento virginal. A Bíblia apenas contém a Palavra de Deus, sendo humana e falível. O relato da criação não passa de um mito. Não existe nenhum pecado herdado de Adão, o homem peca por concepção, e não por causa da sua natureza. O inferno e o castigo eterno não são realidades. (adaptado, 01) 

Teologia da libertação: 
A experiência cotidiana das comunidades cristãs latino-americanas que combatem as injustiças econômicas, sociais, culturais e políticas, está na origem da chamada teologia da libertação. A teologia da libertação constitui uma nova interpretação da mensagem evangélica, à luz da injustiça social. Apesar do nome, não é propriamente uma teologia, no sentido de reflexão sobre Deus. Suas raízes podem ser encontradas no movimento denominado teologia política, surgido na Europa na década de 1970, depois que o Concílio Vaticano II (1962-1965), examinou o problema das relações entre a igreja e o mundo moderno. A característica mais inovadora do movimento foi encarar os problemas políticos como base para a interpretação dos textos bíblicos… A mensagem de salvação é interpretada à luz das mazelas sociais de que o homem precisa ser libertado. Ao narrar a libertação dos hebreus do cativeiro no Egito e sua marcha para a Terra Prometida, o Êxodo é a imagem bíblica da mensagem da salvação, e a história sagrada não é algo distinto da história da humanidade ou superposto a ela, mas sim a intervenção de Deus. Um outro elemento importante da teologia da libertação é o método de análise marxista (02). 

Conclusão: 
Mas enfim qual é a concepção teológica dos Evangélicos? A Soberania de Deus, Ele está acima da sua criação e de tudo o que há, não é limitado por nada. A Bíblia é a única fonte de autoridade, inerrante, verdadeira, ela não contém mas é a Palavra de Deus (II Tm. 3:16). Jesus Cristo é o centro das Escrituras; a sua pessoa e obra, principalmente sua obra vicária, são o fundamento de nossa fé cristã e da mensagem da salvação (Jo. 5:39). O Espírito Santo é uma pessoa, que atua por intermédio da Palavra de Deus convencendo o homem do pecado, da justiça e do juízo (Jo. 16:8). A salvação é somente pela graça mediante a fé (Ef. 2:8-9), a fonte da salvação é a graça de Deus manifestada pela obra de Cristo, o fundamento da salvação. A concepção trinitariana é a única maneira de compreender o Deus revelado na Bíblia (Mt. 28:19; II Co. 13:13). O batismo é simbólico, para quem já tem consciência do que é pecado, mostrando a decisão de se separar do mundo em compromisso para com o Senhor Jesus (Cl. 2:12). A Igreja é o corpo de Cristo na terra, composta pelos filhos de Deus (I Co. 12:27; Ef.4:15.16). O cristão deve sempre procurar a santificação em sua vida diária (I Ts. 4:3). A Santa Ceia é em memória da obra de Cristo (I Co. 11:24) e todos os batizados devem participar da mesma (Mc. 16:16; Jo. 6:54). 

Em linhas gerais, o que concluímos no fim desse estudo comparativo é a teologia professada pelos protestantes evangélicos atuais.

Fontes de Pesquisas: 

(01) H. W. House, “Teologia Cristã Em Quadros”, Editora Vida, 2000, São Paulo – SP. 
(02) Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda – CD ROM. 
(03) E. E. Cainrs, “O Cristianismo Através dos Séculos”, Editora Vida Nova, 1988, São Paulo – SP. 

http://www.cacp.org.br/

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Carnaval: Evangelismo ou Retiro Espiritual?

A ORIGEM DO CARNAVAL NO BRASIL

O primeiro baile de carnaval realizado no Brasil ocorreu em 22 de janeiro de 1841, na cidade do Rio de Janeiro, no Hotel Itália, localizado no antigo Largo do Rócio, hoje Praça Tiradentes, por iniciativa de seus proprietários, italianos empolgados com o sucesso dos grandes bailes mascarados da Europa. Essa iniciativa agradou tanto que muitos bailes o seguiram. Entretanto, em 1834, o gosto pelas máscaras já era acentuado no país por causa da influência francesa.
Ao contrário do que se imagina, a origem do carnaval brasileiro é totalmente européia, sendo uma herança do entrudo português e das mascaradas italianas. Somente muitos anos depois, no início do século XX, foram acrescentados os elementos africanos, que contribuíram de forma definitiva para o seu desenvolvimento e originalidade.
Nessa época, o carnaval era muito diferente do que temos hoje. Era conhecido como entrudo, festa violenta, na qual as pessoas guerreavam nas ruas, atirando água uma nas outras, através de bisnagas, farinha, pós de todos os tipos, cal, limões, laranjas podres e até mesmo urina. Quando toda esta selvageria tornou-se mais social, começou então a se usar água perfumada, vinagre, vinho ou groselha; mas sempre com a intenção de molhar ou sujar os adversários, ou qualquer passante desavisado. Esta brincadeira perdurou por longos anos, apesar de todos os protestos. Chegou até mesmo a alcançar o período da República. Sua morte definitiva só foi decretada com o surgimento de formas menos hostis e mais civilizados de brincar, tais como confete, a serpentina e lança-perfume. Foi então que o povo trocou as ruas pelos bailes.

POSIÇÃO DA IGREJA EVANGÉLICA NO PERÍODO DO CARNAVAL

Como pudemos observar, o carnaval tem sua origem em rituais pagãos de adoração a deuses falsos. Trata-se por isso, de uma manifestação popular eivada de obras da carne, condenadas claramente pelas Sagradas Escrituras. Seja no Egito, Grécia ou Roma antiga, onde se cultua, respectivamente, os deuses Osíris, Baco ou Saturno, ou hoje em São Paulo, Recife, Porto Alegre ou Rio de Janeiro, sempre notaremos bebedeiras desenfreadas, danças sensuais, música lasciva, nudez, liberdade sexual e falta de compromisso com as autoridades civis e religiosas. Entretanto, não podemos também deixar de abordar os chamados benefícios do carnaval ao país, tais como geração de empregos, entrada de recursos financeiros do exterior através do turismo, aumento das vendas no comércio, entre outros. Traçando o perfil do século XXI, não é possível isentar a igreja evangélica deste momento histórico. 
Então, qual deve ser a posição do cristão diante do carnaval? Devemos sair de cena para um retiro espiritual, conforme o costume de muitas igrejas, a fim de não sermos participantes com eles (Ef.5.7)? Devemos, por outro lado, ficar aqui e aproveitarmos a oportunidade para a evangelização? Ou isso não vale a pena porque, especialmente neste período, o deus deste século lhes cegou o entendimento (2 Co.4.4)?
Creio que a resposta cabe a cada um. Mas, por outro lado, a personalidade da igreja nasce de princípios estreitamente ligados ao seu propósito: fazer conhecido ao mundo um Deus que, dentre muitos atributos, é Santo.
Há quem justifique como estratégia evangelística a participação efetiva na festa do carnaval, desfilando com carros alegóricos e blocos evangélicos, o que não deixa de ser uma tremenda associação com a profanação. Pergunta-se, então: será que deveríamos frequentar boates gays, sessões espíritas e casas de massagem, a fim de conhecer melhor a ação do diabo a investir contra elas? Ou deveríamos traçar estratégias melhores de evangelismo?
No carnaval de hoje, são poucas as diferenças das festas que originaram, continuamos vendo imoralidade, música lasciva, promiscuidade sexual e bebedeiras.

José Carlos Sebe, no livro Carnaval de Carnavais, página 16, descreve, segundo George Dúmezil (estudioso das tradições mitológicas): O Carnaval deve ser considerado sagrado, porque é a negação da rotina diária. Ou seja, é uma oportunidade única para extravasar os desejos da carne, e dentro deste contexto festivo, isto é sagrado, em nada pervertendo. Na página 17, o mesmo autor descreve: Beber era um recurso lógico para a liberação pessoal e coletiva. A alteração da rotina diária exigia que além da variação alimentar, também o disfarce acompanhasse as transformações. Observe ainda o que diz Manuel Gutiérez Estéves: No passado, faziam-se nos povoados, mas sobretudo nas cidades, diversos tipos de reuniões em que todos  os participantes aparentavam algo diferente daquilo que na realidade, eram. A pregação eclesiástica inseriu na mensagem estereotipada do carnaval a combinação extremada da luxúria com a gula. Não falta sem dúvida, fundamento para isto.

Como cristãos, não podemos concordar e muito menos participar de tal comemoração , que vai contra os princípios claros da Palavra de Deus:
"Porque os que segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são do espírito para as coisas do espírito (Rm 8.5-8)."
"Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus (1 Co 6.20)."

EVANGELISMO OU RETIRO ESPIRITUAL?

A maioria das igrejas evangélicas, hoje, tem sua própria opinião quanto ao tipo de atividade que deve ser realizada no período do carnaval. Opinião esta que, em grande parte, apoia-se na teologia que cada um delas prega. Este fato é que normalmente justifica sua posição. A saber: enquanto umas participam de retiros espirituais, outras, no entanto, preferem ficar na cidade durante o carnaval com o objetivo de evangelizar os foliões.
Primeiramente, gostaríamos de destacar que respeitamos as duas posições, pois cremos que os cristãos fazem tudo por amor ao Senhor e com intenção de ganhar almas para Jesus e edificar o corpo de Cristo.(Cl 3.17). Entendemos, também, o propósito dos retiros espirituais: momentos de comunhão com o Senhor que tem feito grandes coisas em nossas vidas. Muitos crentes têm sido edificados pela pregação da Palavra e atuação do Espírito Santo nos acampamentos promovidos pelas igrejas. Todavia, a visão de aproveitarmos o carnaval para testemunhar é pouco difundida em nosso meio.
Entendemos, que, em meio à pressão provocada pelo mundo, a igreja deve buscar estratégias adequadas para posicionar-se a estas mudanças dentro da Palavra de Deus, e não dentro de movimentos contrários a ela. A Bíblia é a fonte, e não os fatores externos.

Cristãos de todos os lugares do Brasil possuem opiniões diferentes a respeito da maneira adequada para a evangelização no período do carnaval. Mas devemos notar que Cristo nunca perdeu uma oportunidade para pregar, nem mesmo fugia das interrogações ou situações religiosas da época. Não podemos deixar de olhar o que está escrito na Bíblia:
"Prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina"  (2 Tm 4.2).

Aqui o apóstolo Paulo exorta a Timóteo a pregar a Palavra em qualquer situação, seja boa ou má. A Palavra deve ser anunciada.

A igreja jamais pode ser omissa quanto a esse assunto. O cristão deve ser sábio ao tomar sua decisão, sabendo que:
"Em que noutro tempo andaste segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência. Entre os quais todos nós andávamos nos desejos da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também. Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo(pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus"  (Ef 2.2-6).

http://www.midiagospel.com.br/carnaval/opiniao-evangelica-sobre-carnaval

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

EI - Caça aos Lobos


Os terroristas do Estado Islâmico se superaram em matéria de desumanidade. Em mais uma demonstração de barbárie explícita, a facção queimou vivo um piloto jordaniano que vinha sendo mantido refém.

Os terroristas estavam em negociação com o governo jordaniano que já havia concordado em trocar o refém por uma mulher bomba, militante do Estado Islâmico e que era mantida prisioneira na Jordânia. O país pediu provas de que o piloto estava vivo, mas não as teve. Muaz al-Kasasbeh já havia sido assassinado há exatamente um mês.

Enquanto o Brasil envia inútil nota de condolências e os Estados Unidos prometem redobrar a vigilância, o governo jordaniano jurou punição e vingança contra os terroristas. Executou a mulher bomba Sadija Al Rishawi e outros cinco extremista e o terrorista da Al-Qaeda, Ziyad Karboli. E outros quatro extremistas ainda podem ser enforcados em retaliação ao assassinato do piloto jordaniano.

Essa é a resposta que o mundo civilizado espera dos líderes mundiais. Que não se permitam dialogar com extremistas, que não se acovardam diante do terror, mas que combatam a barbárie do Estado Islâmico sem meias ações, nem falsos humanismos.
Estamos diante de uma luta entre a civilização e a barbárie. E não se vence uma batalha com retórica.

Há 70 anos, a Segunda Guerra Mundial chegava ao fim após 6 anos de lutas sangrentas e 50 milhões de mortos. Mas, ela não acabou com a invasão da Alemanha e o suicídio de Hittler. O Japão, então, aliado dos nazistas, resistia ao cerco dos americanos, e só assinou o acordo de paz depois da bomba atômica. Foi aquela demonstração de poderio bélico o que, de fato, selou o fim da Segunda Grande Guerra, desde a Europa até a Ásia. O bombardeio americano acabou sendo um mal necessário, para poupar outras milhões de vidas e por fim ao conflito que já durava muito tempo.

O mundo evoluiu, mas, não se iludam, ainda é regido por uma lei tão antiga quanto a própria natureza. Só os fortes sobrevivem.
Para vencer o terror será necessário bem mais que bravatas, a força definirá vencedores e vencidos. Pois ela é a única linguagem que os bárbaros entendem.

E para os pseudo-pacifistas, que se apiedam de terroristas, mas são incapazes de verter uma lágrima por suas vítimas, eu deixo o sábio conselho do escritor francês, Victor Hugo.

“Quem poupa o lobo, sacrifica as ovelhas”.

 Então, para o bem das ovelhas, que comece a caça aos lobos!


Fonte/autoria: Blog Rachel Sheherazade
http://rachelsheherazade.blogspot.com.br/2015/02/caca-aos-lobos.html

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Uma carta pessoal do Rei Davi para você!

Eu queria já ter escrito esta carta para você, mas estava esperando a oportunidade certa. Para começar, há muito tempo atrás escrevi estas linhas que talvez você lembre...

“Agora, pois, Senhor, que espero eu? A minha esperança está em ti. Livra-me de todas as minhas transgressões; não me faças o opróbrio dos loucos. Emudeci; não abro a minha boca, porquanto tu o fizeste. Tira de sobre mim a tua praga; estou desfalecido pelo golpe da tua mão. Quando castigas o homem, com repreensões por causa da iniqüidade, fazes com que a sua beleza se consuma como a traça; assim todo homem é vaidade. Ouve, Senhor, a minha oração, e inclina os teus ouvidos ao meu clamor; não te cales perante as minhas lágrimas, porque sou um estrangeiro contigo e peregrino, como todos os meus pais. Poupa-me, até que tome alento, antes que me vá, e não seja mais”

Você pode reconhecer essas palavras do Salmo 39.7-13?

Não sei como você se lembra, mas eu me lembro delas como um profundo clamor angustiado da minha alma. Eu escrevi estas palavras quando a vara da disciplina de Deus estava sobre mim. Eu fui consumido pela dureza de Sua mão amorosa. Tudo, tudo que era caro e estimado para mim tinha sido consumido como uma mariposa que se aproximou demais das chamas de uma vela. Eu senti que não poderia suportar a repreensão de Deus por muito mais tempo.

Meu nome é Davi. Rei Davi. Sou filho de Jessé, e fui escolhido por Deus para ser ungido Rei sobre Israel. Talvez você me conheça como o “homem segundo o coração de Deus.”

Mas eu, para ser sincero, mesmo muitas vezes tenho dificuldade de me ver assim muitas vezes: “Porque eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim” - Salmos 51:3

Não me entenda mal – eu amo a Deus com todo o meu coração! Não há nada que eu deseje mais do que a Deus. Como já disse em outro lugar, a minha alma tem sede dele, a minha carne anseia por ele como um viajante sedento pelo deserto deseja por água.

Apesar disso, muitas vezes andai desgarrado como uma ovelha que perdeu seu caminho. Eu pequei gravemente contra meu Senhor. Muitos dos meus pecados você não conhece. E como poderia conhecer? Alguns pecados meus se esconderam até mesmo de mim, mas o grande sondador dos corações conhece todos eles.

Eu não conheço os teus pecados, mas alguns dos meus você conhece. Sei que você já ouvir falar de uma história triste... na verdade, vamos ser sinceros, uma história sórdida, sobre meu pecado com Bete-Seba. As vezes odeio falar sobre isso, me dói quando penso nisso, mas, enquanto eu viver, não poderei deixar de lembrar disso – na verdade, nem quero... sem que talvez muito tempo depois que eu morrer, outros ainda falarão sobre isso.

Eu explorei ela. Eu a humilhei. Eu a persuadi com minha posição. Então – não sendo suficiente – eu enganei o seu marido, e quando ele provou ser um homem melhor do que eu, eu dei um jeito de me descartar dele. Eu deixei ele morrer de maneira proposital, quando ele estava lutando com lealdade uma batalha que era minha.

Eu agi como um monstro moral... nas semanas e meses que se seguiram a esses fatos, tudo exteriormente parecia estar normal... a ideia de que se um plano dá certo é uma evidência de que Deus está aprovando nossa conduta é uma ideia diabólica... nunca confunda a paciência de Deus com sua aprovação... nunca!

Para não perder o fio da meada... deixe eu continuar. Eu me casei com Bete-Seba... uma cerimônia real... você já foi a um casamento de um rei? É grandioso! Ela estava esperando um bebê e o meu Reino estava indo de vento em popa. Prosperidade! Essa é a palavra para descrever meu reino naqueles dias. Eu me sentei em reuniões com meus ministros, eu discursei para o povo... eu me sentei sobre meu trono fazendo julgamentos, tentando se justo neles... me mantendo tão ocupado como um pode estar... fazendo o melhor para deixar todo o meu fracasso distante da minha mente.

Mas quando a noite chegava... eu tenho que ser sincero contigo... a mão de Deus pesava sobre mim... racionalizar é uma dura tarefa e leva a exaustão. Interiormente, eu senti como se todos os meus ossos estivessem definhando. A minha alma e a minha força se secou como um rio no deserto quando a chuva nunca vem (Eu conto isso mais ou menos no Salmo 32) – Se você se interessar depois dê uma lida.

Eu não faltava os ajuntamentos do povo de Deus... Eu ia ao templo... as pessoas não percebiam, mas eu não podia orar. Eu abria a Torá, mas na verdade eu não conseguia me concentrar para meditar nela de verdade.

Mas o pior de tudo, apesar de todas essas coisas que eu estou te contando, eu não podia me arrepender. Eu não podia porque lá no fundo eu não podia reconhecer de fato e sem desculpas tudo o que eu tinha feito.

É como se eu estivesse num estado vegetativo na minha própria miséria buscada.

Eu na verdade estava cego... mas que isso não soe como desculpa. Eu estava cego pela minha própria hipocrisia.

Eu tinha perdido o contado real e estava insensível para com a generosidade de Deus para comigo... que era imensa.

Eu era e eu agi de maneira irresponsável em face das consequências do pecado... tentava me enganar que não haveria consequências.

Foram dias e dias... uma das épocas mais negras da minha história. Mas apesar disso, eu não podia ver a escuridão que estava dentro de mim... racionalização é uma coisa poderosa. O inimigo estava ali, dentro da cidadela da minha alma, da minha mente.

Então, um dia, o profeta Natã veio até a mim. Talvez você o conheça de nome, apesar de não conhecê-lo pessoalmente. Ele me contou a história de dois homens em uma determinada cidade... eu, como rei, julgava muitos casos assim... Natã disse que um dos homens era muito rico, e outro um homem de poucas posses... só tinha o suficiente para sobreviver. Mas o homem rico tinha roubado o pobre da única coisa que ele tinha – uma pequena cordeira que cresceu junto com eles e seus filhos.

Ah! Quando ouvi isso... fiquei furioso! Só uma coisa tomava conta da minha mente – encontrar aquele homem e fazê-lo pagar, condená-lo a morte!

Você sabe, sou um guerreiro experiente em muitas batalhas... eu poderia alegremente ter matado aquele homem como minha própria espada – como ele pôde fazer isso e não ter compaixão?

Neste instante o olhar de Natã perfurou a minha alma. Ele me capturou com aquele olhar... você nem pode imaginar. Na verdade, eu sabia que tinha sido apanhado antes dele falar uma palavra sequer.

Até hoje me arrepio quando suas palavras atingiram a minha mente como um dardo poderoso: “Você é o cara, Davi!” – A primeira reação nestes momento é agir como é comum hoje e dizer: “Quem é você para me julgar?” – Mas na verdade, essa frase só mostra o tamanho da hipocrisia no coração do homem unida a um orgulho imenso... já que é totalmente irrelevante o que o outro é... em nada isso diminui quão grande é o nosso pecado diante de Deus.

Enfim, eu te digo hoje, eu estava despido de todas as minhas defesas. O grande monstro dentro de mim fora revelado. Meu coração que estava gelado como as neves na montanha, estava derretendo. E eu finalmente, depois de toda aquele tempo, me encontrei verdadeiramente com a Palavra do Senhor através de Natã. Natã não recuou, ele enfiou a espada de dois gumes até que ela penetrasse o meu interior. Você pode ler sobre as palavras dele em 2 Samuel:

“Tu és este homem. Assim diz o Senhor Deus de Israel: Eu te ungi rei sobre Israel, e eu te livrei das mãos de Saul; E te dei a casa de teu senhor, e as mulheres de teu senhor em teu seio, e também te dei a casa de Israel e de Judá, e, se isto é pouco, mais te acrescentaria tais e tais coisas. Por que, pois, desprezaste a palavra do Senhor, fazendo o mal diante de seus olhos? A Urias, o heteu, feriste à espada, e a sua mulher tomaste por tua mulher; e a ele mataste com a espada dos filhos de Amom. Agora, pois, não se apartará a espada jamais da tua casa, porquanto me desprezaste, e tomaste a mulher de Urias, o heteu, para ser tua mulher. Assim diz o Senhor: Eis que suscitarei da tua própria casa o mal sobre ti, e tomarei tuas mulheres perante os teus olhos, e as darei a teu próximo, o qual se deitará com tuas mulheres perante este sol. Porque tu o fizeste em oculto, mas eu farei este negócio perante todo o Israel e perante o sol” - 2 Samuel 12:7-12

Ele disse isso tudo na minha cara. Agora, o que eu poderia dizer? Apesar de todo o meu mundo estar desabando na minha cabeça... essas palavras vieram como um doce ( apesar de amargo ) alívio sobre minha mente... apesar da cena traumática... ser desmascarado era a única maneira de encontrar de novo a fonte de limpeza que eu precisava... foram tantos meses de escuridão... eu mal podia esperar, apesar da dor, para mergulhar nesta fonte e perder todas as minhas manchas olhando de frente a minha grande culpa sem racionalizações... sem culpar ninguém a não ser eu mesmo.

Sinceramente, como rei eu poderia mandar Natã se calar... até mandar prendê-lo... ou perguntar se ele era santo para me acusar...mas sinceramente, com o coração partido e sangrando, eu confessei: “Pequei contra o Senhor... não há desculpas e justificativas... foi perverso e pura maldade...” – As comportas da misericórdia se abriram sobre mim.

Eu lembro de Natã dizendo: “O Senhor também traspassou o teu pecado; não morrerás!”

Jamais vou conseguir superar o que senti naquele dia: “Meu Deus, que amor é este, que é dado tão livremente a homens indignos e miseráveis? Que por graça deixa um culpado sair livre!

Não foi só a libertação da culpa não... Deus criou em mim um puro coração. Ele restaurou em mim a alegria da salvação. Ele colocou uma nova canção em meu coração e lábios, um cântico de louvor ao nosso Deus.

Ele realmente não tratou comigo de acordo com a culpa dos meus pecados, nem me reembolsou de acordo com as minhas iniquidades. Ele não fez comigo o que eu disse que faria com aquele que roubou a cordeirinha do homem pobre. Tão alto como está o céu acima da terra, grande é a misericórdia do Senhor para os que o temem realmente. Eu diria que assim como o oriente está distante do ocidente, Ele afasta de nós nossas transgressões. O que eu posso dizer mais? Bendize ó minha alma ao Senhor! E tudo que há em mim bendiga o seu santo nome! O que pode ser mais doce do que ser perdoado? Como é doce saber que quando eu estou agora diante do Senhor, Ele não me vê mais através daquele pecado, Ele me recebe como um santo, como um homem segundo o seu coração. Como eu escrevi certa vez: “Como é feliz aquele que tem suas transgressões perdoadas e seus pecados apagados! Como é feliz aquele a quem o Senhor não atribui culpa e em quem não há hipocrisia!” - Salmos 32:1-2

Mas há algo muito sério que eu preciso dizer a você antes de terminar esta carta. Ao fazê-lo, espero sinceramente poupá-lo de uma enorme dor em tua vida.

Desde o meu pecado com Bete-Seba, já se passaram muitos anos. Eu sei que fui totalmente perdoado e sei de todo coração que Deus não reteve os meus pecados para usá-los contra mim no dia do Juízo.

Mas ainda arde e dói. Anos se passaram, mas foram anos cheios de dor como consequência do meu pecado. Os efeitos foram devastadores sobre minha família e filhos. Eu ainda estou sofrendo sobre as consequências dos meus pecados.

Eu faria qualquer coisa se eu pudesse voltar até aquele instante em que a luxúria começou a subir em meu coração... teria sido muito mais fácil mortificar o pecado ali. E como Deus seria honrado se eu tivesse feito... e como Ele foi desonrado diante dos outros por minha causa. Se eu pudesse voltar naquele instante, negar as minhas paixões e deixar a Verdade reinar em meu coração... meus filhos estariam agora sentados ao meu lado em minha mesa na minha velhice...

Mas eu não posso. Eu deixei... eu deixei o câncer crescer e criar metástases... E Deus teve que fazer uma grande cirurgia em minha alma e minha vida desde então. Ficaram cicatrizes imensas.

Saiba isto, meu amigo – pecados perdoados ainda podem te encontrar em consequências não planejadas... Certifique-se disso. Pecados perdoados podem produzir dor duradoura. Eu já estou velho... logo partirei... mas ainda sinto as picadas ao olhar para meus filhos. Vejo que as consequências vão continuar mesmo depois de eu ter partido.

Fonte: Josemar Bessa
http://ministeriobbereia.blogspot.com.br/