segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

ευαγγελιστης - Evangelistas


Nos textos de Romanos e Coríntios, o Apóstolo Paulo destaca que Deus distribui os dons, ou as capacitações espirituais especiais; todavia, em Efésios, o Apóstolo destaca que Deus distribui pessoas:
E ele mesmo deu UNS para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores ... Efésios 4:11

Deus dá às suas igrejas, pessoas especiais para realizar a Sua obra. O que nos permite inferir que todas as Igrejas – necessariamente, possuem pessoas com estas capacitações.

Todos os dons do Espírito Santo são para capacitação e edificação do Corpo de Cristo, a Igreja; todavia, em virtude de sua dimensão física, do exercício de atividades locais, seu momento de estruturação, etc. observamos que alguns dons ainda não tem sido manifestados, ou mesmo – para aquele momento, não sejam necessários – ainda; pois quando o forem, Deus capacitará a sua igreja local. Contudo, os dons de Apóstolo, Profeta, Pastores, Mestres e EVANGELISTAS já nascem junto com a Igreja local, ou através dos primeiros irmãos enviados para abertura do trabalho – Apóstolos e Evangelistas, ou de obreiros enviados para a continuação do trabalho iniciado – Profetas, Pastores e Mestres; ou seja, nenhuma Igreja local inicia um trabalho espiritual sem o envio de missionários e evangelistas, e a continuidade por pastores e professores bíblicos.

01 – DOM - ευαγγελιστης euaggelistes

1) ) Aquele que traz boas novas, evangelista;

2) Nome dado no NT aos mensageiros da salvação através de Cristo que não eram Apóstolos.

A palavra Evangelista, tanto classifica um dom espiritual especifico, quanto indica uma mensagem ou mesmo uma pessoa.

BASE BÍBLICA -

O evangelho, a mensagem anunciada, tornou-se designação para um povo que segue esta mensagem - EVANGÉLICOS - e é um dom especifico para alguns escolhidos e separados para a nobre tarefa de anunciar a Jesus, vida, obra, morte, ressurreição e volta gloriosa: “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para Evangelistas, e outros para pastores e doutores ... Efésios 4:11

O Dom Ministerial de Evangelista é a capacidade especial dada por Deus para a sua Igreja, e assim como todos os outros dons, também opera para crescimento e edificação do Corpo de Cristo. Também opera na capacitação individual do cristão para viver a nova Vida em Cristo Jesus; todavia, talvez seja o dom mais objetivo na questão do “Testemunhar” que é a característica de espelhar as atitudes de Jesus em suas vidas, em toda e qualquer situação.

"Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria, e até aos confins da terra". Atos 1,8.

Como muitos são os dons espirituais em operação na Igreja local, o dom de Evangelista incide em um percentual pequeno nos membros da Igreja local; todavia, se o percentual é pequeno, grande tem sido os personagens que o recebem e exercem este dom. Vejamos alguns nomes de grandes evangelistas na história:

Felipe 30 d. C - séc. I. 
Primeiro chamado para o Serviço Diaconal; depois, enviado como Evangelista. Atos 8.39-40

John Wesley – séc. XVIII -
Evangelista inglês, revolucionou sua época com pregações e apelos públicos à santidade.

C. H. Spurgeon - séc. XIX 
Pastor Batista inicia jornada de pregação aos 17 anos, pregando nos EUA e Inglaterra, não somente em igrejas, mas, teatros, escolas, e praças livres.

Billy Graham – séc. XX
Pastor Batista, conhecido por suas cruzadas internacionais, falando a mais de 2 bilhões de pessoas em muitos países no mundo.

Séc. XXI
Será que podemos incluir  o seu nome nesta lista?

Conforme Atos 1.8 – Todos que recebem o Poder do Espírito Santo são enviados a Testemunhar de Cristo. O Evangelista tem a habilidade irresistível não apenas de Testemunhar (o que Cristo fez na sua vida pessoal) mas também de apresentar o plano de Salvação Completo (o que Cristo fez na vida da humanidade).
Por fim, o Evangelista é o que não perde a oportunidade de anunciar a Cristo e consegue transformar toda e qualquer situação do seu dia-a-dia em mensagem para a salvação:

CASA - assistindo TV, fazendo as atividades domesticas, etc., encontra similares no texto bíblico, e aplica-os.
TRABALHO – nas conversas com colegas, no cafezinho, cria situações para apresentar Jesus como resposta.
ESCOLA – em meio a discussão das matérias, debates com professores e colegas, sempre introduz a mensagem.
FAMÍLIA – aniversários, casamentos ou mesmo situações fúnebres, sempre há uma palavra de consolo e salvação.

IMPORTANTE – O Evangelista não é o único responsável pelo crescimento da Igreja local: mesmo não sendo todos evangelistas, todos são Testemunhas de Cristo.

Algumas características exigidas para o exercício deste dom:

a) Amor incondicional e constante pelas almas;
b) Alegria e disposição ímpar para o trabalho evangelístico;
c) Conhecimento bíblico destacado para o plano de Salvação;
d) Ousadia;
e) Relacionamentos, amar as pessoas e estar no meio delas.

NO ANTIGO TESTAMENTO

Já observamos que o dom ministerial de Evangelista tem como característica especial o gostar de estar no meio de pessoas e falar as Boas Novas de Deus ao povo, falando a verdade da Graça remidora a partir do Sangue de Cristo que gera salvação.

O próprio Senhor Jesus no Novo Testamento lembra aos seus discípulos que houve um trabalho evangelístico de plantio das Boas Novas antes deles: "Porque nisto é verdadeiro o ditado, que um é o que semeia, e outro o que ceifa. Eu vos enviei a ceifar onde vós não trabalhastes; outros trabalharam, e vós entrastes no seu trabalho". João 4:37-38. Ou seja, os discípulos do NT não foram os primeiros a plantar.
Muitos são os personagens do A.T. que estiveram no meio do povo anunciando Salvação e Justiça de Deus. Destaco aqui, dois: Samuel e Isaías.

Samuel

Profeta, Sacerdote e Juiz são características facilmente identificadas e atribuídas ao Grande Profeta Samuel. Poucos observam sua atividade de Evangelista: "E quanto a mim, longe de mim que eu peque contra o SENHOR, deixando de orar por vós; antes vos ensinarei o caminho bom e direito. Tão somente temei ao SENHOR, e servi-o fielmente com todo o vosso coração; porque vede quão grandiosas coisas vos fez". I Samuel 12.22-23.
Samuel estava no meio do povo não como um sacerdote comum, que habita o tabernáculo ou o templo para cumprir um ministério local, mas, antes, itinerante. Samuel como evangelista, visitou as diversas cidades de Israel anunciando justiça, juízo e a Salvação do Senhor.

O povo havia pecado em escolher um rei que fosse adiante dele, pois, já tinha o Senhor como guia. Samuel mostra o pecado, mas não rejeita seu ministério evangelístico em testemunhar e ensinar as grandezas de Deus: Saul como líder, não mais governava (julgava) a Israel e Aimeleque (ou Aias) sendo o Sumo Sacerdote da época não atuava no templo, mas Samuel, como evangelista, estava no meio do povo.

Isaías

Profeta denominado por alguns como messiânico, por ser o primeiro a narrar a mensagem, vida e obra do Messias, o que foi contestado, por surgir alguns séculos antes da obra de Cristo. "O povo que andava em trevas, viu uma grande luz, e sobre os que habitavam na região da sombra da morte resplandeceu a luz. Tu multiplicaste a nação, a alegria lhe aumentaste; todos se alegrarão perante ti, como se alegram na ceifa, e como exultam quando se repartem os despojos". Is. 9.2,3.
A fala antecipada de Isaías sobre a obra do Messias é tão detalhada que muitos questionam sua veracidade, como se o texto fosse posterior a Jesus, e não anterior. Todavia, o texto é anterior, e o Profeta também pode anunciar as boas novas de salvação: o povo que estava em trevas pode ouvir das boas novas de salvação.
"Quão formosos são, sobre os montes, os pés do que anuncia as boas novas, que faz ouvir a paz, do que anuncia o bem, que faz ouvir a salvação, do que diz a Sião: O teu Deus reina!" Is. 52:7.
"O Espírito do Senhor DEUS está sobre mim; porque o SENHOR me ungiu, para pregar boas novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos". Isaías 61:1.


O dom ministerial de Evangelista pode ser considerado o mais neo testamentário dos dons. O Evangelho que são as “Boas Novas de Paz e Salvação” da parte do Deus aos povos, surge de maneira efetiva, completa e suficiente em Jesus Cristo. Seu anúncio é precedido pelos Profetas, Evangelistas do A.T, e o ultrapassa pelos Discípulos, Apóstolos, Missionários, Pastores.
Muitos são os evangelistas no Novo Testamento e na história da Igreja, tendo como destaque João Batista e Andre.

João Batista

Último Profeta do Antigo Testamento, primeiro Evangelista e discípulo do Novo, é um personagem ímpar na história da fé cristã. Tem o privilégio de anunciar a vinda do Messias e contemplar o seu cumprimento. Como bom evangelista, não estava encerrado ou limitado ao templo, em reuniões ou atividades burocráticas, mas estava no campo, anunciando o evangelho, mostrando Jesus como o caminho. "E percorreu toda a terra ao redor do Jordão, pregando o batismo de arrependimento, para o perdão dos pecados; E toda a carne verá a salvação de Deus". Lucas 3:3-6.

André

Discípulo de João Batista, ao receber a indicação de Jesus como cordeiro de Deus, deixa-o e segue a Jesus, e após passar um período curto com ELE, teve a certeza de que era o Messias prometido. "E, vendo passar a Jesus, disse: Eis aqui o Cordeiro de Deus. E os dois discípulos ouviram-no dizer isto, e seguiram a Jesus. E Jesus, voltando-se e vendo que eles o seguiam, disse-lhes: Que buscais? E eles disseram: Rabi (que, traduzido, quer dizer Mestre), onde moras? Ele lhes disse: Vinde, e vede. Foram, e viram onde morava, e ficaram com ele aquele dia; e era já quase a hora décima". João 1:36-39.
André tem a certeza que Jesus era o Messias, e nesta certeza, o que faz? Assume o papel de Evangelista, e sai a anunciar Jesus como resposta de Deus, fazendo primeiramente em sua casa, à sua família, e em especial ao seu irmão Pedro. "Era André, irmão de Simão Pedro, um dos dois que ouviram aquilo de João, e o haviam seguido. Este achou primeiro a seu irmão Simão, e disse-lhe: Achamos o Messias (que, traduzido, é o Cristo)". João 1:40-41.

ATRIBUTOS DO DOM MINISTERIAL DE EVANGELISTA

A. SENSO DE URGÊNCIA;- Sabe que o mundo jaz no maligno, e o que o tempo está próximo;

B. DISPOSIÇÃO;- O serviço é árduo, constante, e há multidões sem Jesus;

C. AUTO ESTIMA- Capacidade de trabalhar sem receber louros dos homens.

A - SENSO DE URGÊNCIA

O cristão que tem o dom ministerial de Evangelista sabe que o tempo está próximo. Que tempo? O tempo do Senhor Jesus voltar, colher a sua vinha, separar o joio do trigo, receber suas ovelhas e afastar para sempre os bodes. Palavra dura, que o evangelista assume como verdade única para direcionar sua vida, carreira, ministério, família, tempo, e recursos. O Evangelista sabe que se a pessoa ao lado na condução (ônibus, metro, trem), ou o vizinho na rua ou nos bares, ou o colega de escola, faculdade e profissão, não ouvirem de Cristo, não souberem das “Boas Novas” de Paz e Salvação irá para o inferno! Por isso o Evangelista é urgente.

B – DISPOSIÇÃO

De todos os dons mencionados no texto bíblico, somente para o Ministério Evangelístico existe uma apelo do próprio Senhor Jesus para o envio de mais trabalhadores: "Então, disse aos seus discípulos: A seara é realmente grande, mas poucos os ceifeiros. Rogai, pois, ao Senhor da seara, que mande ceifeiros para a sua seara". Mateus 9:37-38.
Este é um Ministério que exige disposição extra dos obreiros, insistência, perseverança, firmeza e constância. Deve ser fiel, mesmo após “tomar inúmeros fora” de amigos e parentes, de ser taxado como “chato” por não parar de falar sempre da mesma coisa: a Salvação que há em Jesus!

C – AUTO ESTIMA

O Evangelista precisa ser um cristão “bem resolvido” consigo, com sua família, com sua igreja e com Deus. Muito trabalho de bastidor! Não está à frente com microfone nos cultos de festa, não grava CDs ou escreve livros, e nem sempre é percebido no ministério local. Raras igrejas tem trabalhos, ministérios ou departamentos de evangelismo organizados, mas o servo de Deus que é capacitado por Deus não espera ou mesmo depende destas coisas; antes, depende única e exclusivamente do Seu Senhor que lhe chamou, capacitou e o enviou ao campo para a colheita.

Tal qual Apóstolos, Pastores e Mestres, Evangelista é uma pessoa enviada à Igreja local para o seu crescimento, edificação, constância e firmeza.

O dom ministerial de Evangelista é para a Igreja nos dias de hoje. É necessário clamar ao Senhor da Seara para que envie obreiros e sustente os já enviados. Que haja reconhecimento e valorização. Aprendamos com eles o valor de uma alma conquistada para Cristo.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Vida Espiritual do Casal

"E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito, falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais, dando sempre graças por tudo a nosso Deus , em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, sujeitando-vos uns aos outros no temor do Senhor" Ef 55:18-21 

Quando falamos de vida espiritual nos referimos a uma obra que é realizada pelo o Espírito Santo de Deus. (Jo 3:3). Conforme o profeta Ezequiel profetizou Deus estaria trocando o coração duro do homem por um coração de carne e poria neles seu Espírito (Ez 36:26). Assim, podemos entender que é o Espírito de Deus quem aplica a obra redentora no homem (arrependimento, fé, regeneração, santificação – . Jo 16:8; Rm 5; 8:26 ). Somente os que andam no Espírito vivem  a plena vida que Cristo tem a oferecer aos que o aceitam como Salvador.

A forma como o casal conduz sua vida espiritual determina assim seu grau de maturidade e comunhão com Deus. Percebemos que apesar de viverem debaixo do mesmo teto, muitos casais estão vivendo níveis diferentes na vida espiritual o que trás em muitos momentos dificuldades no relacionamento e nas atividades cotidianas. As prioridades passam a ser diferentes, o modo de encarar a vida também tem outro sentido. Além disso, nota-se que não há a preocupação do cônjuge Ter uma experiencia profunda com Deus.

Uma vida espiritual precisa ser marcada então pelo enchimento do Espírito, e é com base no que o apostolo Paulo nos falou é que vamos abordar então sobre a vida espiritual. Enchei-vos do Espírito, esta é a exortação. Vejamos o que Paulo quer nos ensinar com isto. Antes porém, é bom que considere-se quatro ressalvas:

- Ser Cristão verdadeiro não é uma garantia de que o casamento e a vida familiar darão automaticamente certo.
- Ser cristão comprometido com os padrões bíblicos pode trazer dificuldade ainda maiores ao casamento.
- Casamento e criação de filhos não são assuntos á parte de nossa fé.
- O conceito bíblico de casamento é único e diferente de todos os demais.

Assim podemos entender que não é somente ser crente que as situações se resolverão da noite para o dia. Na realidade passamos por um processo, onde o Espírito Santo vai trabalhando em nossas vidas nos preparando para a eternidade (II Co 3:18). Neste caminhar necessitamos várias vezes de nos enchermos do Espírito do Senhor.

I – COMO CASAL SER CHEIO DO ESPÍRITO SANTO?

Para o apóstolo Paulo existem três passos necessários para obedecermos ao imperativo: Louvando ao Senhor de Coração v.19;  Agradecendo por tudo ao Senhor v.20 e Sujeitando-nos uns aos outros no temor de Cristo v.21. Ser cheio do Espírito Santo não é apenas falar em línguas. O crente cheio do Espírito Santo demonstra na sua vida “marcas” que comprovam sua vida transformada. Assim sendo, ser cheio do Espírito Santo inclui:

a) Uma vida de louvor a Deus v.19 - Em Jo 4:23 temos a orientação sobre a verdadeira adoração. Adorar a Deus deve ser uma atitude baseada na verdade e conduzida pelo Espírito. Somente aqueles que tem o Espírito podem verdadeiramente adorar a Deus. Desta mesma forma,  o louvor a Deus deve ser uma atitude conduzida pelo Espírito. Não sou eu quem determino como devo louvar a Deus. É Deus que estabelece critérios sobre o louvor que Ele recebe.  Deus é digno de louvor – 1 Cr 16:25; O louvor  Deve estar continuamente em nossa vida Sl 34:1;  Devemos estar na presença de Deus com louvor Sl 100:4; Deus deve ser louvado pelo que é – Sl 147:1; Devemos sermos como crianças a fim de que nosso louvor seja autêntico e sincero diante de Deus – Mt 21:16. Não podemos esquecer que também devemos oferecer sacrifícios de louvor (Hb 13:15), ou seja fruto dos nossos lábios que confessam que Cristo é Senhor.

b) Uma vida de gratidão a Deus v.20 - Um coração marcado pelo Espírito de Deus é grato. Sabe reconhecer as dádivas que vem de Deus e também aquilo que as pessoas fazem por ele. No mundo, onde o egoísmo e o individualismo impera, a gratidão é cada vez mais rara. Devemos aprender a sermos agradecidos (Cl 3.15,16). Ser grato a Deus é saber agradecê-lo provisão (Mateus 6:11,30-34), pela proteção sobre sua vida (Sl 91:1; Ed 8:31) pela salvação (Rm 3:24,25).

c) Uma vida de submissão a Deus e ao próximo v.21 - Paulo escrevendo aos Filipenses diz: nada façais por contenda ou por vanglória, mas com humildade cada um considere os outros superiores a si mesmo; (2.3). Este texto é bem claro em dizer que o crente deve aprender a se submeter ao próximo. Esta submissão não é escravidão. Ela representa o ato de servir, de não querer ser mais que o outro, de ver no próximo alguém semelhante.  É o Espírito de Deus que nos capacita a viver assim. Portanto, é preciso abrir “espaço” em seu coração para que cheio do Espirito de Deus você seja capacitado a respeitar e submeter ao próximo. Onde praticamos esta sujeição mútua?

- Na igreja v. 18–21;
- Na Família 5:22 a 6:4;
- No trabalho 6:5-9

Observe que aqui o apóstolo afirma que uma vida cheia do Espírito é marcada pelo louvor, a gratidão e pela sujeição mútua. Entendemos então que ser cheio do Espírito não é apenas falar em línguas , ou pregar bem ou orar fervorosamente. A atuação do Espírito de Deus na vida do casal pode se evidenciar nestes pontos apresentados por Paulo e são características que demonstram a importância de um caráter transformado por Deus.

Portanto, o ensino de Paulo sobre o casamento e a família (e também sobre nossos relacionamentos no trabalho) é a continuação explicativa do mandamento “sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo”, que por sua vez é uma explicação do mandamento principal enchei-vos do Espirito.

II – FAMÍLIA CHEIA DO ESPÍRITO SANTO

Paulo em Ef 5:22 ss esta tratando com maridos, mulheres , pais e filhos quanto aos seus deveres mútuos, passando-lhes instruções que devem controlar esses relacionamentos. Toda exortação de Paulo quanto ao procedimento do casal esta baseada num imperativo: ser cheio do Espirito. Assim, no relacionamento familiar saudável deve o Espirito de Deus Ter primazia para que assim haja a plenitude da ação de Deus. Lares onde o Espirito de Deus não tem liberdade são marcados por tristezas, problemas no relacionamento, visto que suas vidas estão vivendo longe do verdadeiro conhecimento de Deus.

Tratando especificamento da questão da sujeição na família podemos verificar as seguintes questões:

- O amor do marido pela esposa, seguindo o modelo de Cristo é sacrificial;
- Santifica e cuida da esposa
- É sublime porque é figura do amor de Cristo pela igreja

Quem alcança estas atitudes demonstra Ter na sua vida o Espírito de Deus e cumpre o mandamento da sujeição. Em resposta a uma atitude madura e provedora do homem Paulo demonstra que a mulher tem como resposta o respeito e a submissão ao esposo. É importante ressaltar que num mundo onde os papeis (não as pessoas) de homem e mulher não são mais caracterizados, a bíblia trás uma forte enfase sobre como devem andar enquanto casal que possuem vida espiritual.

Esta atitude promovera o lar e trará oportunidades de crescimento tanto nas áreas do sentimento como também na fé.

III- IMPLICAÇÕES DE UMA VIDA ESPIRITUAL DO CASAL

Uma vida do casal onde ambos são cheios do Espirito e procuram viver nessa dimensão tras diversos benefícios:

a) Proporciona a ambos a oportunidade de amadurecerem juntos na fé.
b) Representa a formação de uma herança espiritual para sua família (filhos)
c) Fortalece o relacionamento
d) Cria ambiente para ministrarem um ao outro (oração, consolo, exortação, ensino, etc...).
e) É um discipulado permanente no lar (um aprendendo com o outro) a como seguir a Cristo
f) Renova as forças da casal nas diversas áreas de suas vidas.

Conclusão:
A palavra enchei-vos esta no tempo verbal que indica três coisas importantes.
- Esta no imperativo passivo – isto indica que a ação de encher não é nossa e sim do Espirito de Deus. Cabe-nos abrir nosso coração para que o Senhor nos encha. É uma atitude de disposição que Deus exige de nós.
- Esta no plural – ou seja, é para todos serem cheios
- É uma ordem (imperativo) isto indica que não é uma opção e sim uma ordem.

Cabe a você hoje abrir seu coração pois Deus quer te encher.  

Pr. Antônio Firmino da Silva Júnior 

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Evangelista

E V A N G E L I S T A


O substantivo é derivado do grego, que significa aquele que traz Boas Novas ou anunciador de Boas Novas. Seu vocábulo veterotestamentário provem do hebraico, como está escrito: “Tu, anunciador de boas novas a Sião, sobe a um monte alto. Tu, anunciador de boas novas a Jerusalém, levanta a voz fortemente; levanta-a, não temas e dize as cidades de Judá: Eis aqui está o vosso Deus” (Is 40.9). Em outras palavras, evangelista é aquele que anuncia, proclama e prega o evangelho de Boas Novas do Senhor Jesus Cristo, com ousadia e veemência (At 2.14-41). Todos os crentes, salvos e remidos pelo sangue de Jesus, foram e são imperativamente convocados para anunciar as virtudes do Senhor que os salvou das trevas para a sua maravilhosa luz (2 Tm 1.9; 1 Pe 2.9). Quando o Senhor Jesus comissionou os seus discípulos a pregar, ensinar e a batizar, ele mesmo disse: “Ide” (Mt 28.19; Mc 16.15). O elemento preponderante e vital para realizar esta obra é o Espírito Santo de Deus (Lc 24.49; Mc 16.17; Mt 28.18). A unção e poder do Espírito Santo é que fazem a diferença na dinâmica da igreja pelo evangelho que ela vive e prega (At 1.8). “E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram” (Mc 16.20). Evangelista é um dos cinco ministérios que Jesus deu a sua igreja (Ef 4.11). O ministério é dado a varões pela autoridade espiritual, bíblica e hierárquica do Senhor à sua igreja (At 20.24; 1 Tm 3.2; 4.6-16). Sendo chamado para a obra do santo ministério, o evangelista tem a nobre missão de ser um representante dos céus na propagação das Boas Novas de Cristo Jesus. Enquanto o apóstolo, chamado por Deus representa a igreja que o enviou abrindo obras; o profeta prediz o futuro pela inspiração do Espírito Santo, como porta voz de Deus; o pastor apascenta o rebanho de Deus que o Senhor o deu responsabilidade; os doutores cuidam da doutrina do Senhor em seu estudo minucioso; e o evangelista anuncia o evangelho de Jesus do calvário à glorificação e eternidade com Cristo (Ef 4.11-13). O Senhor Jesus, que os chamou, é o modelo a seguir, e ele disse: “O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-me a curar os quebrantados do coração, a apregoar liberdade aos cativos e a dar vista aos cegos; a por em liberdade os oprimidos; e anunciar o ano aceitável do Senhor” (Is 60.1-2; Lc 4.18-19). Cada crente é uma testemunha da obra do evangelho em sua própria vida (Rm 10.13-15). Em contrapartida, o evangelista além do seu testemunho pessoal, recebe um chamado ministerial, como de um arauto de justiça e juízo de Deus às almas perdidas (Ez 3.18-19; Jo 16.8-11; 2 Pe 2.5). Embora o termo evangelista apareça apenas três vezes no Novo Testamento, seus ministros e obras estão patentes. Os evangelhos retratam o exemplo de Jesus, a comissão dos doze e dos setenta (Mt 10.1-19; Lc 10.1-20). Dentre vários exemplos no livro dos Atos dos Apóstolos, o doutor Lucas faz menção de Filipe, o evangelista (At 21.8). Este Filipe é um dos sete irmãos eleitos para o ministério diaconal (At 6.1-7). Filipe com poder e autoridade pregava a Cristo, e milagres aconteciam (At 8.5-13). Ele, compungido pelo Espírito, evangelizou ao etíope, eunuco de Candace, o qual creu no evangelho e foi batizado. Filipe, o evangelista, é o único discípulo que foi transladado de uma cidade para outra, em função da propagação do reino de Deus na terra, ele prossegue pregando o evangelho de Cristo (At 8.26-40). Mesmo não sendo apóstolo, ele foi um evangelista de marcas indeléveis e um exemplo de anunciador de Boas Novas (At 8.40; 21.8-9). O evangelista é o verdadeiro legado de Deus para as almas perdidas. Os maiores sofrimentos no ministério de Paulo foram por ocasião pela pregação do evangelho e pelo cuidado da igreja do Senhor (2 Co 6.4-10; 11.22-33; Gl 2.20). Pelo seu exemplo ministerial de fé e dependência de Deus, Paulo admoesta, com súplicas, a seu filho na fé, Timóteo, a pregar, a redarguir, a repreender, e a exortar com longanimidade e doutrina; e, antecipando apostasia, ele o conjura dizendo: “Mas tu sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra dum evangelista, cumpre o teu ministério” (2 Tm 3.14 – 4.5). “Quão suaves são sobre os montes os pés do que anuncia as boas novas, que faz ouvir a paz, que anuncia o bem, que faz ouvir a salvação...” “... ó vós, os que fazeis menção do Senhor, não haja silêncio em ti“ (Is 52.7; 62.6).

sábado, 29 de novembro de 2014

Burca: Cultura ou Tortura?


O entusiasmo é uma doença na qual a imaginação abala o poder, o fanatismo uma paixão arraigada e continuamente sustentada. O primeiro é um acidente passageiro que ataca, algumas vezes, a inteligência mais sã; o segundo uma enfermidade que a transtorna. Kant, Crítica do Juízo

Das coisas que me causam maior perplexidade é a questão da mulher nas sociedades mais radicais do oriente médio. E uso "oriente médio", ao invés de muçulmanas ou islâmicas, porque, estas, identifico com o Islã, o que muito se distingue do que vamos abordar, e do Estado islâmico.

O que fizeram e fazem de seus fiéis, esses pregadores, para tanto distorceram a cultura islâmica?

Diferentemente de outras religiões, que conseguiram "domesticar" o que os deuses tantas vezes perigosamente se tornam em muitas formas de fé (sem espanto, pois o “deus” da Inquisição era bem "selvagem") eles agravaram selvageria dos deuses, tirando daí proveito político.


Não consigo deixar de me incomodar, como em recente viagem a Munique, ao cruzar com mulheres de burca, algumas das quais sequer os olhos podiam ser vistos, cerrados por trás de uma tela negra. Como não imaginar que, por trás daqueles olhos, por vezes a única parte do corpo visível, quando vistos, olhos quase sempre aflitos e medrosos, pode haver uma mulher excisada[1]? 

Há ali, oculta da vista dos homens, alguém que talvez tenha se casado sem amor, e para quem a sexualidade possui tão somente uma função reprodutiva e neurótica. Aqueles olhos desprovidos da liberdade, senão a de olhar, olhar, mesmo assim furtivamente, e, rapidamente, “desolhar”, como se olhar fosse a única fuga, o único “pecado” ou crime, a única transgressão possível.

E é.

Uma mulher sem direito a um rosto, a quem foi roubado o comezinho direito ao corpo e à cor, uma mulher condenada ao preto. E se está passiva ou mesmo conformada, é porque embotada pelo peso da repressão, ou, pior, pelo medo à mais terrível das mortes: a lapidação.

Incomoda a visão de meninas entrando na puberdade, adolescentes sem nenhuma, ou quase nenhuma, leveza, tão característica, as cabeças cobertas, não raras vezes por quase a totalidade do rosto e do crânio, e os ombros fatalmente curvados pelo peso de toneladas de repressão. Nas costas carregam gerações de machos destruidores, de sexo sem prazer, gerações de mulheres física e/ou espiritualmente excisadas.


O cheiro que algumas deixam ao passar (não se choque), não é uma rima, um caminho no ar a atrair os sentidos, mas um rastro, a demonstrar que o banho, que pressupõe o corpo, a nudez, o toque supostamente masturbatorio, é prática reduzida ao essencial, ou até a menos, bem menos que o essencial. Logo uma civilização que tanto prestigiava o banho. 

Me incomodam, não posso negar, e não pelo cheiro, mas por elas, e por mim.

Por elas, por motivos óbvios, são as vítimas reais e carnais; e também por mim, porque não? Sempre me considerei um libertário, um homem que tem a convicção que a intervenção do Estado na vida privada deve ser mínima, o que não acontece por lá, mas que também crê que o mesmo deve acontecer nas relações privadas: que cada um viva e deixe viver! E da forma que melhor lhe aprouver, respeitando as diferenças.

Entretanto, esse mesmo homem não consegue, por outro lado, emprestar à sua visão o que alguns chamam de "relativismo cultural", ou “culturalismo”, e com isso, com esse conflito quase insolúvel, se aterroriza, e sofre, bem menos, é óbvio, mas sofre.

Ora, isso é cultural, me dizem, é preconceito, visão etnocêntrica e ocidentalizante, que nega as diferenças entre culturas, a tudo querendo emplastrar, o que você é, me acusam, é um falso libertário, um preconceituoso.

Mas não é disso, infelizmente, que se trata.

Cultural?

Ora, talvez fosse interessante, rapidamente e como forma de referir, trazer a questão um pouco para próximo de nós. Isso, aqui mesmo, leitor, no Brasil, pois tivemos uma questão semelhante, embora nem de longe idêntica, guarde-se as proporções, mas de todo modo também aviltante.

Seria lícito aceitar como “cultural” o fato de ter havido em nosso país, e há não muito tempo, destaque-se, a doutrina do "inferior valor psíquico da mulher frente o homem", razão pela qual a mulher casada era considerada, pasmem, relativamente incapaz (art. 6o, II, do Código Civil de 1916)?

Isso, me perguntarão os da nova geração, imaginamos que tenha sido há muito, muito tempo... infelizmente, não, somente em 1962, pouco mais de meio século separado de nós, portanto, tal violência à mulher veio a sofrer modificação, com o Estatuto da Mulher Casada (Lei 4121/1962). E essa postura do Estado e da sociedade só veio desaparecer por completo, ao menos juridicamente e em tese, pois socialmente a situação em certos lugares é constrangedora, apenas com a Constituição de 1988. Não, não eram nossas bisavós as vítimas dessa violência, eram nossas mães.

Cultural?

Minha perplexidade beira o paroxismo quando lembro que foi a civilização islâmica que nos legou o fabuloso Mil e Uma Noites, carregado de um nem tão sutil erotismo.

Essa mesma civilização islâmica, amante dos banhos, do qual falamos acima, à qual Lo Duca, na apresentação do “L’Érotism des “Mille et une Niuts””, se refere como a que “integra o erotismo à vida[2], e nesse mesmo livro Lo Duca traz uma citação do Profeta, espante-se: “La femme est votre jardin, cultivez-la”.



Mil e uma noites, ao fim das quais o poder tirânico e masculino do rei Xeriar se viu derrotado pelo erotismo e pela, porque não? literatura de Xerazade. E talvez esteja exatamente aí, como em tantos outros arquétipos do perigoso amor sedutor e “destruidor” – e assim é em todas as variações do mito das sereias - talvez esteja aí, no domínio de Xerazade, a razão para tanto medo, travestido de ódio, às mulheres.






“Mil e uma Noites” e de outros relatos eróticos, dos quais quase violentamente, e com imensa tristeza, me lembrei nessa mesma viagem, ante um afresco, na parte dedicada à, agora sim, Civilização Islâmica, no museu Pergamon, em Berlim. Uma esmaecida pintura retrata uma mulher "com poucas roupas e em nítida posição de "folguedos" com um parceiro", nos conta a curadoria.

A mulher, no afresco, está hoje quase apagada pelo tempo, e totalmente apagada pela ignorância autoritária, na vida carnal e contemporânea. E real, por demais real.


O que fizeram com, aqui sim, a cultura dessa civilização?

O mesmo que fez Confúcio com a arte erótica chinesa[3]: destruíram-nas...

Cultural?

É óbvio que não! O que presenciamos é a deformação de uma cultura e seu massacre, a degenerescência da expressão artística de um povo, em nome do poder e de uma (distorcida) religião e da torturante imposição de um anacrônico patriarca.


E de forma alguma falo de um suposto erotismo estereotipado que alguns ocidentais viam, e ainda vêem, nas mulheres de burca, como se houvesse algum mistério sedutor nos olhos femininos por trás dos panos negros, do qual um bom exemplo é o anúncio, do século XIX, do perfume "Cocaína em Flor".

Mas não há, nem pode haver, erotismo na submissão do parceiro, no prazer anulado, não há qualquer erotismo em tal tipo de perversão, poderia haver pornografia, se muito. Isso sim é preconceito, e, como tal, deve ser criticado.

Cultural?

Ah, mas fala-se de uma cultura em sentido lato, e não em manifestação artística!




Eis uma visão esquizofrênica do que seja cultura, como se nos fosse dado pensar numa cultura desvinculada da história de um povo e de seu inconsciente, ainda mais sendo essa história tão rica. Não existe cultura sem tradição, nem que seja para uma ruptura consciente dessa mesma tradição.

Será isso mesmo, eu que me considero um libertário, que tento olhar com igualdade as diversas culturas, me vejo levado ao conflito, ao repelir essa manifestação de violência contra a mulher, feita em nome de uma suposta diversidade cultural? Como conciliar este paradoxo, como demolir, isso possível, tais argumentos?

AS SEIS VERTENTES DO “CULTURAL”

Essa visão "cultural" passaria por, pelo menos, seis importantes vertentes: a religiosa, a política, a cultural em sentido estrito, que vimos acima, a cultural em sentido lato, que perpassa pela ótica sociológica e antropológica, a jurídica, e a filosófica, que, de certa forma, abrange todas as outras.

Tentemos, dentro das estreitas fronteiras de um artigo, verificar uma a uma, para ver se de preconceito se trata, ou se, realmente, tal suposto relativismo é inaceitável e sua aceitação passaria, necessariamente, pelo paternalismo demagógico, pela preguiça de pensar e pelo comodismo, ou, pior, e talvez mais provável, pela cumplicidade silenciosa, pois negaria àquelas mulheres o direito à dignidade.

A CULTURA COMO RELIGIÃO

Comecemos pelo religioso. Seríamos incapazes de aceitar a liberdade religiosa do Islã, ao recusarmos a pregação dos aiatolás, numa canhestra e anacrônica Cruzada?

Não, o Islã pouco ou nada tem a ver com isso, Jacques Derida, em “Foi e Savoir”, enfatizou que “o Islã não é o Islamismo (...) mas este é exercido em nome daquele”. Devemos, então, pensar o que é e para que se presta a religiosidade:

É um exercício do "demasiadamente humano" em busca do conforto e, numa vertente pouco mais sofisticada, do sublime.

Se tomarmos em conta que nossa lente deve ser a da mulher - ou estaríamos vestindo o masculino do qual, necessariamente, caso queiramos com alguma boa vontade prosseguir, devemos nos despir - por uma ou outra vertente do sentimento religioso, o que vejo caminhando nas ruas é a negação do espiritual.

Do ponto de vista do conforto, nem a mais medíocre das criaturas se convencerá que é possível obter algum conforto espiritual, mínimo seja, em estado de total sujeição e aniquilamento da individualidade, aqui representada pela fatal e trágica ausência de rosto e pela negação ao conforto da cor.

É necessário dizer que está fatalmente fechado o caminho para o sublime? Sublime que Kant definiu como a capacidade de olhar o poder revelado na natureza, “sem medo e de conceber a superioridade de nosso destino”. Seria acreditar ser possível que tal caminho passe pelas portas da iniquidade, pela submissão e pela inferioridade do destino da mulher, e que se esconde atrás de grades que o separam da liberdade.






Querer perceber o Islã pelas Sharias[4] dos atuais Aiatolás, repito, atuais, seria o mesmo de tentar entender o cristianismo pelos olhos de Torquemada, ambos exemplos de deformação e perversão de uma religião. É conclusão tão absurda quanto nefasta.

Não, concluo, não se trata de desrespeito à identidade religiosa.

A CULTURA COMO POLÍTICA

Politicamente, mesmo num indesejado Estado religioso, religião e cultura devem evitar se relacionar com a política, mas, se o fizerem, que seja somente como aliadas da liberdade, jamais para aniquilá-la, embora, reconheço, infelizmente não é isso que comumente acontece.

Aceitar passivamente tal estado de coisas em nome de uma suposta diversidade política, nos levará à teratológica conclusão de que estaríamos sacrificando a liberdade em nome dessa mesma liberdade. E se não existe liberdade, a política, como quero entender, inexiste, logo, de diversidade política tampouco se trata.

A CRUELDADE DA CULTURA COMO CURIOSIDADE ANTROPOLÓGICA

No que se refere ao socio-antropológico, e perdoe a necessidade de aqui fundi-los, dada a exiguidade de tempo e espaço, me parece que, no mais das vezes, tal “respeito” à identidade passa por certa curiosidade mórbida e perversa, pois somente um espírito com esse tipo de curiosidade para querer tornar a mulher um laboratório de teses acadêmicas, cobaias,rattus norvegicus, para respeitar tal despautério, sem nele querer interferir, em nome de um suposto culturalismo.







A CULTURA COMO JURIDICIDADE E UMA NOVA ORDEM JURÍDICA MUNDIAL

Juridicamente, e análise jurídica é aqui importante, quando menos se pensarmos numa suposta vedação a qualquer forma de intervenção nesse estado violento de coisas, mesmo pacífica, impossível não se destacar o desrespeito à dignidade da pessoa humana e sua relação com uma desejada (nova) ordem jurídica mundial, que se não tolera mais isolacionismos cruéis e autoritários, tampouco dá espaço para uma cômoda (e conivente) não intervenção, em nome da diversidade.

Sem sombra de dúvidas, estamos diante de direitos de personalidade, direitos fundamentais por excelência, no caso, o direito à imagem, o direito ao corpo, à individualidade, pois, como ser um indivíduo entre milhões privada do corpo, reduzida a um olhar furtivo (também no sentido de tantas vezes furtado)? Elizabeth Roudinesco nos lembra que o “véu (...) simbolicamente, as proíbe de falar em seu próprio nome”, direito da personalidade por excelência .

Quando a ordem jurídica mundial aprofunda, a partir do neoconstitucionalismo, seus fundamentos na dignidade da pessoa humana, quando o mundo, juridicamente falando, volta os olhos para a linha traçada por Kant, de ter o homem como fim em sua dignidade, e não como meio, vemos mulheres usadas como meio: meio de sustentação pseudorreligiosa, ditatorial e fálica, estruturada para, aniquilando o feminino, reduzi-lo a pouco mais que nada, ou a nada.

Hoje sequer o direito a ser Xerazade lhes é dado: seriam lapidadas antes da terceira noite.

Em se tratando de direitos humanos universalmente conquistados, rupturas institucionais que libertaram os historicamente re(o)primidos, uma vez estabelecidos por qualquer sociedade, criam um marco civilizatório de não-retorno, numa visão universalizante da jurídica vedação ao retrocesso, aplicável, esta, a Estados soberanos. E, uma vez criado esse marco, tais conquistas deixaram de pertencer a esta ou aquela sociedade, e tornaram-se patrimônio da humanidade. Inviável, pois, qualquer tentativa de, retrocedendo, aniquilá-los e não abraçá-los, não como característica particular de uma ou outra cultura, de um ou outro Estado, mas do homem como um todo. Na medida em que esse homem, universal e sem fronteiras, alcançou determinada conquista igualitária, inadmissível a reação e, muito menos, o retrocesso.

Definitivamente, não posso aceitar como “cultural” uma teocracia totalitária com ares medievais.

E é justamente a partir dessa visão universalizante que não temos como aceitar que o homem, visto em sua totalidade, seja ainda entendido apenas a partir da dicotomia ocidente/oriente, pois determinadas conquistas referentes aos direitos humanos, repita-se, não podem ser, e não são, como alegam alguns muçulmanos, apenas frutos de uma organização exclusivamente ocidental, a ONU, cuja legitimidade não é reconhecida pela maioria de seus líderes religiosos radicais, como se apenas os ocidentais tivessem direitos.

E, sublinhe-se, a defesa dos direitos do homem não é uma conquista unicamente da ONU, mas remonta à Declaração dos Direitos do Homem, de 1798 (seria possível furtar da humanidade a Revolução Francesa?), ou a antes, muito antes, à Magna Carta, de 1215, do rei João Sem Terra.

E suspeito dessa dicotomia ocidente/oriente, porque, em última análise, somos filhos de uma mesma linhagem, de uma mesma, agora sim, e isso é fundamental, de uma mesma cultura, aquela que Derida denominou “cultura abraâmica”: judaica, cristã e islâmica. Somos todos herdeiros de Abraão, o que sugere, como em todos irmãos, que nossas diferenças, embora tal afirmação nada tenha de científica, talvez sejam muito mais neuróticas que culturais (e não nos é dado esquecer que Cristo salvou Madalena da lapidação, que ainda hoje é praticada em alguns lugares).


Os direitos humanos, no caso, os direitos das mulheres, por elas próprias tão duramente conquistados, não o foram apenas ante um Estado, qualquer um, seja ele laico ou religioso, e não são conquistas apenas das mulheres, importante frisar, mas também se referem, dentro de uma suposta e desejável (nova) ordem mundial, a todos os seres humanos, e aqueles que creem na possibilidade dessa nova ordem, única utopia ainda possível, não podem negligenciar em afirmar que são conquistas que podem ser estendidas a quaisquer formas de sociedade, pois dizem ao ser humano, independentemente de onde ele viva, e que também podem (e devem) ser moldadas, repetindo, moldadas, e não impostas, a todas as formas de cultura e religião, o que prova que não tratamos aqui de uma questão local, ou de intolerância intercultural, mas universal, adaptável, pois, a toda e qualquer sociedade e cultura.

HABERMAS E A CULTURA COMO (PRÉ)COMPREENSÃO E O DIÁLOGO POSSÍVEL

Visto que nossa abordagem tomou a ótica da Filosofia, o que, em última análise abrange as acima vistas, inegável que tais práticas não poderão mais ser admitidas, se tomarmos, como já dissemos, como paradigma a visão kantiana do homem como fim (em sua dignidade), não como meio, meio de submissão a regimes, religiões, sociedades calcadas no patriarcado.

Então, já que se impõe, o diálogo seria possível? Como começá-lo?

Habermas nos oferece uma maneira de tentar dialogar acerca de determinados valores, de tal forma a que as dissonâncias culturais encontrem um ponto de harmonia, facilitando a absorção de valores universais, inegavelmente existentes, mesmo se entre culturas tão díspares.






Todos temos, ele ensina, em “Direito e Democracia: entre Facticidade e Validade (Habermas, Jürgen. Direito e Democracia: entre Facticidade e Validade, volume II, 2ª Ed.) independentemente da cultura e religião, uma “precompreensão” de determinados valores, ou melhor, kantiana[5], empírica e anteriormente falando, certos sentidos (na mesma raiz de sensível) universais ("fundantes") tais como amor, tristeza, morte, felicidade, e, principalmente, para o que aqui tratamos, liberdade. 

A partir do momento em que trazemos esses valores (sentidos) universais, ou fundantes, da precompreensão para o nível da compreensão, eles perdem sua universalidade e, inevitavelmente, sofrem alguma distorção.

Explicando melhor: no exato momento em passamos a "compreendê-los", ou seja, os trazemos para o nível intelectual e individual, ou seja, cultural, passamos a percebê-los a partir do olhar dessa mesma cultura, e irremediavelmente os traímos, dificultando (traduttori traditori), ou mesmo impedindo, o possível e desejado diálogo entre os interlocutores dissonantes, prevalecendo a discórdia e instaurando-se, talvez irremediavelmente, a Babel. Tal diálogo, então, só será possível se ambos os interlocutores tentarem manter-se no nível da precompreensão, de forma a, afastada a compreensão, possamos afastar as dicotomias culturais, os conceitos, e, por via de consequencia, os preconceitos

Importante frisar que essa “precompreensão” nada tem a ver com "pré-conceitos", pois, a partir de cada cultura isoladamente considerada, o conceito, logo, também o preconceito, só pode se dar a posteriori, a partir, é óbvio, não de uma “precompreensão”, mas de uma “compreensão”, quando então, e só a partir daí, se tornará “conceitual” (apenas compreensível a partir de determinada cultura). E isso nos leva à conclusão de que o próprio conceito se instalará, na verdade, depois, muito depois da precompreensão do que seja liberdade, e, uma vez em nós incutido, é que nos sugerirá ideias preconcebidas, (pré)conceitos, enfim, e não antes.

Logo, a defesa de valores universais (e ideais), livres de quaisquer atavismos, ou, senão livres, mantidos sob cautelosa guarda, é possível, desde que saibamos nos manter dentro do limite da precompreensão, o que, rigorosamente, repito, nada, nada tem a ver com qualquer forma de preconceito, só assim teremos um ambiente propício ao entendimento.

A partir dessa percepção, não me parece razoável acusar de preconceituoso o que se encontra ainda no nível da precompreensão, e tampouco me parece factível estabelecer qualquer conexão com um valor (e não conceito) universal de liberdade - mesmo se dentro de determinada cultura - com o aniquilamento do corpo, e, mais intensamente, da sexualidade, a destruição do indivíduo em sua dignidade.

Há determinadas práticas excisivas que consistem em não só a retirada do clitóris ou dos grandes lábios vaginais, mas na infibulação, o fechamento parcial do orifício genital por meio de sutura, com o único propósito de retirar da mulher qualquer possibilidade de prazer sexual, como espantosamente nos relata Somail Waris Dirie, modelo, ela própria vítima dessa prática. 






A destruição do indivíduo em sua dignidade é de tal forma trair uma precompreensão do que vem a ser liberdade, que não há – e nem pode haver – como aceitar as diferenças, culturais ou não, e jamais chegaremos a um consenso do que seja liberdade, a partir da sua própria negação.

A dignidade solapada, não seria resultado, em suma, apenas de uma “traição”, uma deturpação da “precompreensão”, a partir de uma compreensão, da ideia de liberdade, mas sua própria negação, seu aniquilamento.



E isso, infelizmente, é que torna, se não houver alguma mudança por partes dos opressores, qualquer forma de diálogo harmonioso inviável. Quem, afinal, inviabiliza o diálogo possível, embora, infelizmente, não provável? Quem o intolerante?

Não, devo tranquilizar-me, não há em mim qualquer islamofobia, qualquer carga de preconceito ou etnocentrismo, desculpem-me os ingênuos e os nem tanto, ao contrário, não são culturas o que nos separam, mas as condutas dos dominadores, dos tiranos, dentro determinada sociedade, ainda que disfarçadas de “cultura”, é que inviabilizam o desejado diálogo. E, exatamente isso, justifica a estranheza e eventuais pensamentos de intervenção, desde que pacíficas, é claro, a partir do convencimento, mas, sem liberdade, como fazê-lo?

Qualquer pessoa que acredita numa possível e desejada ordem mundial calcada no humanismo não pode aceitar, em nome de suposta identidade cultural, tamanha negação desse mesmo humanismo, sem um espaço mínimo de conformação individual e de gênero.

Se afasto a angústia da dúvida, outra maior se apresenta: a de não conhecer uma forma de ação que seja aceitável.

UMA TARDE ALEMÃ

Retorno às ruas de Munique, meus olhos passeiam por essa cidade musical e alegre, um pouco mais tranquilos, ou ao menos nem tão angustiados pela perplexidade que me assaltava.

Vejo que se aproxima de mim outra mulher vestida de nuvem negra, como sempre, apenas os olhos a realçam. A olho com atenção, confesso que não consigo afastar meu descontentamento com o homem que, aparente e tiranicamente, conduz aquela família, pois é uma família. Não consigo deixar de enxergá-lo, colorido e levemente vestido, como um pequeno torturador.

É uma adolescente! Claro que é uma adolescente!

Como sei que é uma adolescente, se até seus pés estão cobertos?

Não, não deliro. É uma adolescente! Há, em seu andar, uma leveza excitada que só as adolescentes possuem, da pequena fenda que deixaram, rasgo, no seu rosto oculto, derrama-se a profusão de luz dos olhos que pontuam um brilho explosivo e ansioso, sua burca, seus panos negros colorem-se de dentro para fora, até cobrirem-se de cores, nem tão imaginárias, dos pés à cabeça, há uma ebulição na pele oculta que nenhuma Sharia detém.

Sua leveza e beleza adolescentes, mesmo encobertas, igualam-se a de todas as meninas que passam pelas ruas de Munique, exuberantemente coloridas nesta tarde de verão hormonal e alemã; se igualam, mesmo dentro de uma cela de negro e medo; se igualam, negro transubstanciando-se cores, agora sim, num erotismo quase sagrado a que poderíamos chamar de luz.

É Xerazade, seu nome.

Vai, menina, talvez seja você que restaurará entre os seus - e entre nós - o “império dos sentidos”, noite após noite colhendo manhãs.





E um sopro de esperança e sensualidade colore a tarde alemã...

[1] A castração clitoriana

[2] Dehoi, Enver – Bibliothèque Internationale d’Erotologie - Jean-Jacques Pauvert Éditeur - 1963

[3] Fonte: o inacreditavelmente lindo: “Jeux de Nuages et de la Pluie” – de Michel Beurdeley, Madame Georges Bataille, Kristofer Schipper, Tchang Fou-Jouei, Jaques Pimpaneau – Office Du Livre - 1969

[4] Religião e Direito, ambos se confundem, islâmicos.

[5] Crítica do Juízo de Gosto


Lúcio Autran

http://lucioautran.blogspot.com.br/

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Geração do Vinho Novo

a) Jesus iniciou seu Ministério de uma forma estratégica.

Foi a um casamento em Cana da Galileia e lá transformou água em vinho.
Houve a necessidade do milagre porque havia acabado o vinho na festa.
O segundo vinho, foi eleito melhor do que o primeiro.
Não vamos discorrer sobre o casamento em Cana, nem sobre aquele milagre, mas vamos ver aqui dois tipos de vinho, dois tipos de ministérios, dois tipos de sacerdotes.


b) O vinho novo.
Era melhor que o primeiro.
O vinho novo representa o ministério que Jesus estava iniciando. O ministério da Graça.
Hoje temos necessidade do vinho novo, de um ministério cheio da unção e do pode de Deus.
O vinho novo pode ser representado pelo sacerdócio de Samuel e o vinho velho pelo sacerdócio de Eli.
Vejamos o ministério de Eli e o ministério de Samuel.

c) Todos nós somos sacerdotes.

Qual o ministério sacerdotal que estamos exercendo? De Eli ou de Samuel? Somos vinho velho ou vinho novo?

1. CARACTERÍSTICAS DO SACERDÓCIO DE ELI:


1.1 Falta de Discernimento Espiritual. (I Samuel 1:12-15).

a) Ana pedia um filho a Deus e Eli a tinha por embriagada.
Este é o ministério a falta de discernimento.
O crente sem discernimento faz do seu sacerdócio um desastre.
Ele vê coisas espirituais como carnais e coisas carnais como se fossem espirituais.

1.2 Gera filhos que não se importam com o Senhor. (I Samuel 2:12)

a) Eles tomavam no altar do Senhor qualquer parte da oferta que era trazida para holocausto, sem observar os princípios da lei do holocausto.
Os filhos de Eli eram sacerdotes na casa de Deus.
Eles metiam o garfo na panela e o pedaço que tiravam, comiam.
Também eram prostitutos.
Na verdade eles nem estavam preocupados em agradar ao Senhor.
Este representa o ministério de muitos irmãos que frequentam a casa de Deus, mas não se importam se estão ou não agradando a Deus.
Este é o ministério do vinho velho. Alcançou uma posição e não está mais preocupado em agradar a Deus.
Seus discípulos estão servindo a Deus? Seus filhos na fé estão gerando frutos para Deus? Que tipo de sacerdócio seus discípulos estão exercendo?

1.3 Falta o exercício da autoridade para exortar. (I Samuel 3:13)

a) Eli conhecia os pecados de seus filhos, mas não corrigiu seus erros.
Eli representa o sacerdote que não corrige seus discípulos, o pai que passa a mão sobre a cabeça de seus filhos quando erram.
Deus não quer uma igreja sem correção. É função do sacerdote corrigir os erros e pecados.
Os vínculos da alma foram mais fortes que o exercício da autoridade espiritual.

1.4 Falta visão. Torna-se um ministério cego. ( I Samuel 3:2)

a) Eli perdeu a visão material e espiritual
Eli representa um ministério que está velho, cansado e sem visão.
Muitos líderes hoje perderam a visão ministerial já não estão mais preocupados com a Obra de Deus.
Cuidado para você não perder o foco da sua vida, o foco do propósito de Deus para você.
Quando se perde a visão também se pára a caminhada. Um cego não anda sozinho.
Há muitos sacerdotes cegos. Você é um deles?
Qual a sua visão das coisas de Deus? Qual sua visão dos seus discípulos?

1.5 Não recebe mais revelação de Deus. (I Samuel 3:16-17)

a) Deus não falava mais com Eli. Para conhecer a revelação de Deus teve que consultar a Samuel (uma criança).
Um Sacerdote sem revelação é um desastre, pois é o sacerdote que leva o povo a Deus.
Eli havia perdido toda a unção para ministrar ao Senhor.
Deus havia rejeitado o seu ministério sacerdotal e deixou de se revelar a ele.
Há muitos sacerdotes hoje pregando sem revelação, falando de Deus sem conhecer a vontade de Deus.
Qual sacerdócio você representa: Eli ou Samuel?
Como anda sua vida de comunhão e intimidade com Deus? Eli já não tinha mais comunhão com Deus.
Qual o nível de revelação que você tem recebido de Deus?

1.6 Está condenado a acabar (1 Samuel 2:30 e 33).

a) Deus condena toda a linhagem de Eli.
Este tipo de sacerdócio não agrada a Deus e é condenado a acabar.
Eli serviu a Deus 40 anos como sacerdote e no fim de sua vida não teve discípulos que continuasse o seu ministério sacerdotal.
O pecado do sacerdote faz Deus cortar toda a sua linhagem.
Você é responsável perante Deus pela continuidade do seu ministério sacerdotal. Depois de você quem vai continuar seu ministério?

1.7 Seu fim é morte. Deus julga os sacerdotes Eli e seus filhos. (1 Samuel 4:17-18)

a) O Deus que levanta também é o Deus que abate.
Foi triste o fim do ministério de Eli. Morreu sabendo que não havia substituto em sua família no sacerdócio.
Recebeu a notícia da morte dos seus filhos e da captura da arca da Aliança que era sua responsabilidade guardar.
Acabou o ministério do vinho velho. Agora Deus já havia preparado o vinho novo através de Samuel.
Antes do vinho velho se acabar Deus já havia colocado Jesus na festa para realizar o milagre do vinho novo.
Hoje Deus está levantando uma nova geração – Geração do vinho novo – porque o velho já está se acabando.

2. CARACTERÍSTICAS DO SACERDÓCIO DE SAMUEL:


2.1 Gerado através de oração (1 Samuel 1:10-11)

a) Samuel foi gerado pelas orações de Ana.
Aqui nasce um ministério forte e cheio da unção de Deus, pois foi gerado com oração e voto de consagração.
Você que tem se convertido nesta igreja. Você é resposta de oração, você faz parte da geração do vinho novo que vai conquistar esta nação.
Você foi gerado pelas orações da Igreja.
Você é vinho novo!

2.2 Totalmente dedicado a Deus (1 Samuel 1:26-28)

a) Samuel foi levado ao templo para o serviço do Senhor.
A geração do vinho novo é uma geração de serviço.
É uma geração consagrada para o exercício da obra do Senhor.
É uma geração que vive no altar.

2.3 Levantado para substituir o ministério do vinho velho (Eli). (1 Samuel 2:35; 3:20-21)

a) Samuel foi levantado para substituir a Eli.
Samuel representa um sacerdote fiel que iria proceder conforme o que Deus tinha no coração.
Todo o Israel confirmou que Samuel estava no lugar de Eli.
Deus tem te levantado como sacerdote nesta cidade. Você vai receber a confirmação através da Obra do Senhor em suas mãos.
Você é vinho novo. Faz parte de uma nova geração que Deus está levantando de profetas e sacerdotes destemidos.

2.4 Apto para receber revelação de Deus. (1 Samuel 3:1 e 4)

a) Deus falava com Samuel.
Era um tempo em que revelação era coisa rara e Deus falava com Samuel.
Assim também é hoje. Deus está levantando uma geração que tem ouvidos para ouvir a sua voz
Esta geração do vinho novo está preparada para ouvir a Deus.

2.5 Produz avivamento:

a) Traz o povo de volta a Deus (1 Samuel 7:3-4)
É esta geração que vai trazer o avivamento de Deus. Vai pregar o arrependimento e se levantar contra o pecado.
Samuel aos vinte anos levou o povo a buscar a deus e abandonar os ídolos.
A geração do vinho novo vai trazer milhares de vidas ao arrependimento.

b) Prepara o povo para a batalha (1 Samuel 7:5)
Samuel preparou o povo para a grande batalha contra os Filisteus.
A geração do vinho novo vai preparar o povo para a batalha contra as obras das trevas e levar muitos a vitória.

c) Conquista a batalha no reino do espírito (1 Samuel 7:10)
Samuel sabia qual era a sua função e por isso sacrificou e batalhou no reino espiritual.
Seu povo conquistou a vitória graças ao seu discernimento espiritual.
A geração do vinho novo vai ganhar batalhas contra as trevas.

d) Leva o povo a um tempo de vitória e paz (1 Samuel 7:13)
Durante toda a vida de Samuel o povo nunca mais foi molestado pelos Filisteus.
Samuel representa um novo tempo para os Israelitas.
A geração de Samuel será uma geração que vai conquistar territórios e trazer um tempo de paz.

Conclusão:

a) Qual é o ministério que você está desenvolvendo: de Eli ou de Samuel?

- Você faz parte da geração do vinho novo ou ainda é vinho velho?
- Hoje é dia de você fazer parte da geração do vinho novo.
Jesus transformou água em vinho. Se até aqui você foi só água, agora deixe Jesus te transformar em vinho novo. Pr. Ozenir Correa 

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Contando Nossos Dias

“Porque, que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco e depois se desvanece." (Tg 4:14)

Confesso que não sou a pessoa mais emotiva do mundo. Tenho um pouco de dificuldades em demonstrar minhas emoções e sentimentos.

Chorar é algo um tanto incomum na minha vida, mas esta semana me peguei segurando as lágrimas durante um casamento.

Não que casamentos mexam comigo, mas este foi especial. Tudo estava indo normal, até que a música começou a tocar, as portas se abriram e majestosamente minha filha começou a desfilar pelo tapete vermelho, usando um lindo vestido branco, em direção ao altar. Meio em estado de choque comecei a questionar: Onde está aquela menininha que até ontem carreguei no colo?

Agradeço a Deus por ela só ter nove anos ainda e que tenha entrado no casamento apenas como dama, mas não pude deixar de pensar que em alguns anos ela entrará usando um vestido semelhante, mas desempenhando outro papel na cerimônia. Isto, realmente, me assusta.

Completo trinta e cinco anos (embora alguns amigos achem que já tenha passado dos quarenta) e a cada dia que passa me espanto mais com a brevidade da vida. Os dias vêm e vão e o tempo não dá uma pausa nunca.

O espelho é testemunha das rugas e cabelos brancos que vão se multiplicando. Algumas pessoas já começam a me chamar de senhor. Dores vão surgindo e as vezes sinto-me como um carro precisando de revisão. Mas este desgaste natural não me preocupa.

Aos trinta e três anos Jesus entregava Sua vida por mim. Aos trinta e cinco, ainda questiono o cristianismo que tenho vivido.

Aquele que sustenta todas as coisas pela palavra do seu poder (Hb 1:3), sofreu uma tripla humilhação por mim: Sendo Deus se fez homem. Sendo homem, se fez servo e por fim foi até a cruz (Fl 2:6-8), mas o tempo vai passando e continuo lutando contra meu orgulho e soberba.

O tempo não pára. Os minutos que estou usando para escrever estas palavras não voltarão nunca mais. Não serei mais um adolescente sonhando em conquistar o mundo. Minha filha nunca mais será um bebê que vou carregar nos braços.

A brevidade da vida e a incerteza do amanhã deveria nos levar a viver a vida, que Deus nos deu, com mais excelência e seriedade. Agarrando cada oportunidade de servir ao Senhor, pois é possível que elas nunca mais voltem.

Agradeço a Deus por mais um ano que Ele me deu, mas também sei que na contagem regressiva dos meus dias aqui na terra, tenho um ano a menos. Quero viver o resto dos meus dias de forma que dignifique o nome de Cristo.

Que este seja nosso desejo e motivação: Viver nossos dias na terra de tal forma que nossos passosdesejospalavras e atitudes dignifiquem o nome do nosso Senhor Jesus Cristo.

“Senhor, Tu me sondas e me conheces.” (Sl 139:1) Alex Amorim