quinta-feira, 18 de março de 2021

Os Olhos da Fé

A luz da fé é o grande dom trazido por Jesus. Eis como Ele Se nos apresenta, no Evangelho de João:
“Eu vim ao mundo como luz, para que todo o que crê em Mim não fique nas trevas” (Jo 12, 46).

Não se trata de olhos físicos porque estes já estavam bem abertos antes, mas trata-se de olhos espirituais, os olhos do entendimento, os olhos da consciência, os olhos da alma, que agora passam a ver e se acusarem.

Eles agora "percebem" que estão nus. Perderam o estado da inocência. Percebem não apenas a nudez física, mas a nudez da alma que é muito pior, pois esta impede o homem de perceber Deus.

A nudez de Adão e Eva é a perda da justiça original da imagem de Deus. Todos os seres humanos nascem agora, após a queda, nesta condição e as Escrituras dizem que é necessário que recebamos as "vestes brancas" - Ap 3:18; "vestes de salvação" - Is 61:10, que é a justiça original que Cristo nos traz de volta.

Eles agora estavam percebendo que a sua condição física espelhava a sua condição espiritual.

Perceberam, pela primeira vez, que estavam nus, mas foi muito mais do que apenas isso. De acordo com as Escrituras, a queda não foi simplesmente um dos eventos na história da criação, foi um cataclismo global, uma mudança total no status do universo.

A primeira lente foi colocada em seus olhos e, desde então, a humanidade lida com várias lentes que foram sendo acrescentadas. Na conversão, elas não são eliminadas por completo, já que o processo de santificação apenas inicia na conversão. A renovação de nossa mente é absolutamente necessária se quisermos usufruir de vida plena.

Os olhos são a lâmpada do nosso corpo, e as escamas ou lentes que possuímos precisam ser removidas. À semelhança do que aconteceu com Paulo no caminho de Damasco (At. 9.18), precisamos que nossas lentes sejam substituídas para que possamos ver como Deus vê.

O que a Bíblia descreve como “os olhos de Adão e Eva sendo abertos” é uma das manifestações e consequências mais significativas e fundamentais desta mudança global.

Adão e Eva, que até então tinham visto Deus em sua realidade, e viam tudo somente em sua luz e a luz de sua realidade, começaram a ver o mundo com uma visão nublada e pecaminosa, que daquele momento em diante se tornou, e tem permanecido, a visão da realidade da humanidade.

Eles passaram a perceber o mundo espiritual de uma forma diferente, pois seus olhos se abriram para si mesmos e se fecharam para a realidade espiritual. Perderam sua capacidade de ver o reino espiritual como dantes e automaticamente sua capacidade de ver as coisas eternas ficou muito prejudicada.

Esta situação estendeu-se aos seus descendentes em todos os lugares e eras e o mundo material é atingido de forma impactante, pois agora a natureza também é atingida e passa a sofrer os danos de algo que ela não fez; mas o homem que carrega a essência da terra e a quem foi dado o domínio da terra peca e isso afeta toda a estrutura da Criação.

Esses olhos que foram abertos após o ato de desobediência eram os olhos da alma, que não deveriam ser abertos independentemente de Deus.

Deus nos ama tanto que mesmo pecando, Ele nos dá uma coisa maravilhosa no lugar dos olhos da alma, que foram abertos prematuramente. Deus nos dá algo que nem os anjos podem ter. Deus dá ao homem os olhos da fé.

A fé foi dada ao homem em lugar dos olhos da alma. Deus queria que o homem usasse a fé em lugar dos olhos da alma. Sabemos que o justo viveria pela fé, pois sem a fé seria impossível agradar a Deus. A fé o fez perceber a pessoa de Deus como uma gloriosa realidade a viver.

De agora em diante, para “ver o invisível”, o homem precisaria de “fé”. É por isso que Deus ficou tão preocupado que eles não “estendessem a mão e tirassem também da árvore da vida, e comessem, e vivessem para sempre”; que eles não permaneceriam para sempre assim, incapazes de ver a realidade espiritual —capazes de ver apenas o material e o físico.

Podemos então esperar que quando temos um contato direto com Jesus ressurreto, corremos o risco de termos nossos olhos abertos e isso faz toda a diferença em nossas vidas.

Seus olhos se abriram para o pecado que alija o homem da presença de Deus e fecharam-se para o mundo espiritual.

O processo inverso precisaria ser implementado por alguém e esta pessoa foi Jesus, cujo reconhecimento pela fé, aproxima o homem de sua realidade primária espiritual e faz dele alguém que pode novamente vislumbrar a porta dos céus estando ainda na terra. Satanás tenta minar a nossa fé, porque ele sabe que a fé é o elo principal do homem com Deus.

Um homem fisicamente cego não pode ver a revelação visível de Deus através da criação. Mas um homem espiritualmente cego não pode ver revelação invisível de Deus: o amor, a verdade, a santidade, o perdão, a bênção, a vida eterna, a graça, alegria, paz, etc.

No Éden, nossos olhos foram abertos para ver e vemos hoje o mundo. O inverso é o propósito de Deus, para nos salvar: devolver ao homem a visão que ele perdeu. Aliás, essa foi a missão que o apóstolo Paulo recebeu.

O propósito da salvação é "para lhes abrir os olhos a fim de que se convertam das trevas à luz, e do poder de Satanás a Deus, para que recebam remissão de pecados e herança entre aqueles que são santificados pela fé em mim" (Atos 26:18).

“Eu te conhecia só de ouvir, mas agora meus olhos te veem. Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza.” (42:5-6).

A fé devolve-nos o bom humor, faz-nos sorrir. Faz brilhar, com evidência sempre maior, a alegria e o renovado entusiasmo do encontro com Jesus. A fé abre os nossos olhos. A fé nos abre para enxergarmos o que a incredulidade, o orgulho e o pecado não nos permitem enxergar.

Com a luz, Deus tornou visível aquilo que antes estava invisível; com a fé, o homem torna visível aquilo que no presente está invisível.

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