sábado, 27 de janeiro de 2018

Salomão e Sua Vida Confusa

Sendo o objetivo da nossa missão tornar a sabedoria transformadora da Bíblia compreensível e acessível a todos; dediquei-me a conhecer melhor como a sabedoria de Salomão se cumpriu em Cristo.
Uma das coisas que percebi é a maneira como a sabedoria de Salomão e de Cristo equilibram o seu idealismo moral e seus posicionamentos. Ambas exemplificam atitudes de misericórdia direcionadas aos necessitados que outros desprezariam.
Deduzindo que temos o mesmo interesse naquilo que Deus quer fazer pelas pessoas imperfeitas que vivem neste mundo conturbado, procure perceber nas próximas linhas, se este é o ritmo de sua jornada hoje.
SALOMÃO E SUA VIDA CONFUSA
De uma certa distância seria fácil idealizar Salomão. A Bíblia nos fala da sua riqueza e de suas realizações. Os projetos de construção que ele sonhava para o seu país, são um tributo à sua visão. Suas compilações de provérbios e reflexões sobre o significado da vida demonstram a sua contínua busca pelo conhecimento.
Entretanto, ao olharmos mais de perto, vemos que Salomão tinha uma vida difícil e cheia de problemas, com a qual nos identificamos.
Salomão foi o filho gerado pelo casamento de seu pai e Bate-Seba. Ele herdou raízes do lado obscuro de seu pai. A mãe de Salomão era casada com outro homem quando o Rei Davi e ela cometeram adultério. Davi providenciou a morte do marido dela para encobrir o escândalo.
O fato de o Senhor ter amado Salomão (2 SAMUEL 12:24) e tê-lo tornado um dos homens mais sábios que o mundo jamais conheceu ilustram princípios estabelecidos através das Escrituras. Deus não nos responsabiliza pelos pecados de nossos pais.
Salomão herdou o trono em meio a um conflito familiar. Quando Davi estava em seu leito de morte, seu filho mais velho, de outra esposa, tentou roubar o trono que fora prometido a Salomão. Em um crítico momento, Bate-Seba interviu e relembrou o rei que ele tinha prometido o trono ao filho deles (1 REIS 1:15-21).
Como Deus havia dito a Davi que Salomão seria o rei (1 CRÔNICAS 22:9-10), as mudanças dramáticas nos eventos que se seguiram nos lembram que nossos inimigos não podem impedir-nos de fazer aquilo que Deus quer fazer através de nós.
Os primeiros atos de Salomão como rei aconteceram em uma atmosfera de ajustes culturais e religiosos. Ele casou-se com a filha pagã do Faraó do Egito (1 REIS 3:1), aparentemente, para encorajar um bom relacionamento com os vizinhos ao sul de Israel.
Além disso, Salomão e seu povo adoraram em lugares altos usados pelo povo daquela terra numa tentativa de aproximar-se dos seus deuses (1 REIS 3:2-3). Tal tipo de adoração tinha sido proibida desde os dias de Moisés (DEUTERONÔMIO 12:2).
Contudo, apesar de todos estes erros espirituais, Salomão tinha lugar para o Senhor em seu coração, e Deus foi paciente com ele. A experiência de Salomão nos relembra que em nosso mundo despedaçado, Deus pode trabalhar com o nosso desejo de honrá-lo — mesmo quando não compreendemos o quão confusos estamos.
Uma das mais conhecidas decisões de Salomão foi tomada quando ele estava dormindo. Até os dias de hoje, Salomão é relembrado pela maneira como respondeu quando o Senhor lhe apareceu em sonhos e deu-lhe a oportunidade de pedir o desejo do seu coração (1 REIS 3:5).
Surpreendentemente, Salomão não pediu por saúde ou vida longa. Ao contrário disso, ele pediu compreensão e discernimento para dirigir a nação que lhe fora confiada. Deus afirmou que estava satisfeito com aquele pedido e prometeu dar a Salomão não somente um coração compreensivo, mas também saúde e honra.
No entanto, o que alguns esquecem é que Salomão fez este pedido enquanto dormia. Toda a conversação ocorreu durante um sonho (1 REIS 3:15). Esta experiência nos relembra que Deus trabalha conosco de diversas maneiras, que demonstram melhor a Sua bondade, mais do que a nossa.
O primeiro ato da sabedoria de Salomão registrado foi resolver um conflito de consequências trágicas entre duas mulheres da rua. Deus poderia exibir o Seu dom de sabedoria igualando as habilidades de Salomão àquelas da alta sociedade e com os sábios de então.
No entanto, o primeiro ato de sabedoria registrado foi o ajuste de contas entre duas prostitutas. Ambas tinham filhos recém-nascidos cujos pais estavam ausentes. Mas uma delas tinha perdido seu bebê por morte acidental e agora afirmava ser a mãe verdadeira do recém-nascido sobrevivente.
As duas mulheres apelaram para Salomão para resolver sua disputa. Salomão foi capaz de fazer justiça à verdadeira mãe, pelo impensável ato de pedir por uma espada e ameaçar dividir o menino vivo em duas partes (1 REIS 3:16-28).
Este primeiro ato de justiça praticado por Salomão nos lembra que a percepção de justiça e misericórdia de Deus alcança aqueles que outros rejeitariam como indignos.
Salomão nos mostrou como procurar pelos dois lados da natureza humana. Através da ameaça de dividir o bebê, Salomão nos mostrou que uma daquelas mulheres estava disposta a ver o bebê morto ao invés de vê-lo nos braços de outra mulher. A segunda demonstrou que preferia dar a criança à outra em vez de vê-la morrer.
Ao trazer à superfície um dos melhores, e um dos piores lados da natureza humana, Salomão nos fez vislumbrar nossos próprios corações. A sabedoria rastreia em nós as evidências de que somos criados à imagem de Deus, e, também rastreia os sentimentos conflitantes que se originam ao declararmos a nossa independência de Deus.
A sabedoria de Salomão não o impediu de agir como um tolo. Apesar de todo o entendimento que Deus deu a Salomão, ele acabou fazendo exatamente aquilo que os reis de Israel estavam proibidos de fazer (DEUTERONÔMIO 17:14-20). Ele multiplicou sua riqueza pessoal, esposas e parceiras sexuais de maneira excessivamente tolerante.
No entanto, no momento que pensamos que ele não poderia ter feito nada pior, Salomão construiu altares aos deuses pagãos de suas esposas nas montanhas que circundavam Jerusalém (1 REIS 11:1-8). A vida de Salomão nos mostra algo muito importante. A sabedoria nos ajuda somente se dela fizermos bom uso.
Uma das mais importantes contribuições que Salomão nos deixou foi a constatação de que seus problemas e fracassos realmente aconteceram. Através da insensatez de Salomão podemos ver que toda sabedoria do mundo não modifica nossa natureza humana. Quem dentre nós não quer ser mais honesto, mais amoroso e ter mais autocontrole do que a nossa natureza nos permite?
Por essa razão, a nossa verdadeira necessidade não é por uma sabedoria de autotransformação, pela qual possamos receber o crédito. Nossa verdadeira necessidade é pela sabedoria que vem como um presente da graça de Deus, em Cristo, através de Cristo, e por Cristo (1 CORÍNTIOS 1:30).

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