sexta-feira, 10 de maio de 2019

Vivendo nos Tempos Finais com um Olhar em Daniel

Como a fé cristã pode ser identificada em um mundo que não se entende como cristão? Como pode permanecer reconhecível e vigorosa numa época que cada vez mais se desvincula de conteúdos e valores cristãos? De que modo a nossa fé manterá um perfil que não permita que seja dissolvida ou submerja no mainstream social geral?
Essas perguntas não são novas. Na verdade, são tão antigas quanto a própria fé no Deus da Bíblia. A fé no Deus único da Bíblia sempre esteve em conflito com outras influências, posturas e comportamentos estranhos à fé bíblica.
Se examinarmos a Escritura Sagrada, veremos que o conflito entre adaptação e resistência constitui um tema constante para a fé bíblica. Encontramos Arão, o irmão de Moisés, cedendo à pressão do povo por adaptação e substituindo o Deus do Sinai por uma imagem dourada de um touro. Por outro lado, vemos também como Daniel e seus amigos se mantêm firmes diante da pressão por adaptação na corte babilônica e não abrem mão da sua identidade judia. No profeta Jeremias podemos observar como sua pregação contraria as palavras dos profetas daquele tempo e como ele precisa pagar sua atitude com desprezo à sua pessoa e com sofrimento. Um olhar para os evangelhos mostra-nos a incorruptibilidade e a resistência do Senhor Jesus. Paulo, finalmente, desafia abertamente a igreja em Roma a não se conformar a este mundo (Rm 12.2).
A seguir daremos uma atenção mais detida a Daniel e a seus três amigos. Segundo Gerhard Meier, podemos aprender do livro de Daniel o que significa confiança em Deus, obediência aos mandamentos de Deus e fidelidade até o martírio. Esse livro, um tanto misterioso em muitas passagens, revela hoje em dois sentidos uma atualidade particular. Por um lado, ele nos mostra como podemos viver como cristãos na diáspora. Crentes em situação social minoritária e expostos à pressão de um público ou uma sociedade não-cristã ou anticristã podem aprender com o livro de Daniel. Muitos cristãos em países muçulmanos vivem em situação de minoria, mas mesmo entre nós aqui no Ocidente sentimos crescentemente a pressão por adaptação à tendência social predominante.
Outra coisa que observamos em Daniel é a perspectiva escatológica. O livro de Daniel testifica de uma forte esperança pelo reino vindouro de Deus. Essa esperança vem acompanhada de grandes abalos. Como cristãos, vivemos hoje numa situação comparável. Impérios vêm e vão, e a nossa terra sofre múltiplos abalos. No meio de tudo isso, porém, esperamos o novo mundo de Deus.
Quero agora tentar descrever em cinco tópicos um estilo de vida escatológico que se opõe à pressão por adaptação:
1. Manter firmeza de coração. O livro de Daniel nos introduz nas violentas convulsões ocorridas no Oriente Médio no sexto século antes de Cristo. No ano de 605, o rei babilônico Nabucodonosor vence a grande potência egípcia na batalha de Carquemis, conquistando com isso um domínio irrestrito naquela região. Em seu retorno à Babilônia, ele avança pela primeira vez contra Jerusalém, saqueia o templo e providencia deportações. Daniel e seus três amigos são levados à Babilônia e submetidos a um grande programa de reeducação na corte daquele despótico rei. Nabucodonosor equipara-se nisso aos tiranos de todos os tempos. Ele procura jovens isentos de debilidades, belos, bem-dotados e inteligentes, os quais pretende “enquadrar”. Para isso, deverão não apenas aprender a língua e a escrita dos babilônios; eles devem também acostumar-se à culinária babilônica. Nesse contexto eles são renomeados. Daniel (Deus é meu Juiz) logo se tornará Beltessazar (Bel, o deus pagão, proteja sua vida). – A transição para o cardápio pagão torna-se uma séria prova de fé para Daniel. Os babilônios comem animais considerados impuros segundo a lei judaica. Além disso, tomam vinho dedicado e em parte oferecido aos deuses. A questão da comida não é nenhum adiáforo, ou seja, algo de importância secundária. Antes, trata-se aqui da obediência ao mandamento de Deus.
Em sua família de origem judaica, Daniel aprendeu os regulamentos alimentares dos judeus e também os praticou. Agora ele é pressionado a abandoná-los ou a admiti-los como suas próprias convicções. Ainda como jovem, Daniel enfrenta uma situação decisiva de amplo alcance. Permanecerá ele fiel às suas convicções ou adaptará estas às circunstâncias externas, cedendo à pressão? Podemos também formular essa pergunta assim: como cristãos, onde somos induzidos a nos adaptar ao contexto cultural? Onde precisamos distinguir-nos e obedecer a Deus mais que aos homens?
Daniel se adaptou em vários aspectos. Ele precisou ocupar-se com a língua, a escrita e a ciência pagãs. Ele se movimenta diariamente na corte do rei e interage com pessoas a quem sua fé nada significa. Ele está presente às festas pagãs e até recebe um novo nome. Daniel vive totalmente imerso em um mundo pagão. Ao mesmo tempo, porém, ele toma uma decisão fundamental. Ele não quer tornar-se impuro. Com toda a solidariedade externa com aquele império pagão, em seu coração ele permanece fiel a Deus. Assim, lemos: “Daniel, contudo, decidiu não se tornar impuro com a comida e com o vinho do rei”.
Em seu coração, Daniel toma a firme decisão de permanecer fiel às tradições que sua educação judaica lhe incutiu. Ninguém o força exteriormente a tomar essa decisão. Antes, neste ponto ele assume responsabilidade por si mesmo. Quer permanecer fiel ao seu Deus, à sua fé e à sua educação religiosa.
Podemos extrair três lições desse evento. Por um lado, necessitamos proporcionar às crianças uma formação decididamente cristã. Elas necessitam de tradições, hábitos e rituais que mais tarde lhes possam fornecer apoio na vida. Nesta chamada era pós-moderna, cuja característica inclui a total ruptura com as tradições, enfrentamos grandes desafios. Como poderemos cultivar para nós mesmos tradições úteis e repassá-las à geração seguinte?
Nossas crianças necessitam de tradições, hábitos e rituais que mais tarde lhes possam fornecer apoio na vida.
Outro ponto que se destaca neste contexto é o fato de que Daniel elabora sua própria decisão. Uma tradição precisa ser assumida. É preciso assumir responsabilidade pessoal pelas tradições. Não basta assumir a fé exteriormente. Há necessidade de uma “motivação intrínseca”.
Finalmente, em um mundo secular ou também multirreligioso, a fé impõe decisões. Tomar decisões, porém, significa que um cristão não cederá simplesmente e se deixará arrastar com a grande corrente, mas confessa sua posição e com isso assume responsabilidade.
Tal confissão requer coragem. O Novo Testamento informa-nos que Jesus Cristo reconhece e abençoa decisões como esta (Mt 10.32). Daniel também experimenta a confirmação de Deus. Não só ele experimenta a boa vontade do copeiro real, como também é premiado com saúde, bem-estar e sabedoria divina.
2. Obedecer mais a Deus que aos homens. No segundo ano do seu reinado (aprox. no ano 602), Nabucodonosor é profundamente angustiado por um sonho noturno, mas ele não lembra mais o conteúdo do sonho. Por isso ele ordena aos videntes e sábios do seu reino que lhe comuniquem tanto o conteúdo como a interpretação do sonho. Estes, porém, se veem sobrecarregados e precisam reconhecer: “O que o rei está pedindo é difícil demais; ninguém pode revelar isso ao rei, senão os deuses, e eles não vivem entre os mortais” (2.11). Os representantes do esoterismo pagão chegaram ao fim da sua arte e precisam confessar a necessidade da ajuda de outros deuses, desconhecidos na Babilônia. Finalmente, Daniel toma a iniciativa. Como ele vê a si mesmo e também os magos pagãos em perigo de vida, ele se dirige ao rei e pede um prazo para interpretar o sonho. Daniel procura seus amigos. Juntos eles oram ao Deus que “revela coisas profundas e ocultas; conhece o que jaz nas trevas” (2.22) a fim de que ele lhes revele o sonho. Finalmente, Daniel recebe em uma visão noturna uma tremenda revelação dos reinos deste mundo e de sua desintegração.
A interpretação do sonho por Daniel assustou profundamente Nabucodonosor. Por isso é compreensível que ele trate de fazer tudo que está ao seu alcance para firmar e unir o seu reino – e o que poderia ser melhor para isso do que um grande ato de Estado que obrigasse todos os súditos à adoração do Deus único? Nabucodonosor manda fazer uma estátua revestida de ouro, com cerca de 30 metros de altura e aproximadamente 3 metros de largura. Considerando seu perfil delgado, pode ter sido um obelisco. Para inaugurar esse símbolo da unidade de Estado e religião, ele convida todos os governadores provinciais e representantes da justiça e da administração pública. A unidade do império é questão prioritária. Por isso, os representantes das diversas regiões do império estariam comprometidos com a adoração da estátua.
Assim, também os três amigos de Daniel foram convocados a essa cerimônia oficial em suas funções de governadores distritais. Como judeus, consideram-se comprometidos com o primeiro mandamento. Por isso recusam-se a adorar o ídolo. A informação é levada a Nabucodonosor: “Mas há alguns judeus... que não te dão ouvidos, ó rei. Não prestam culto aos teus deuses nem adoram a imagem de ouro que mandaste erguer” (3.12).
No fundo, o que se passa aqui é ridículo. O que representam três homens entre milhares, talvez até milhões de pessoas que adoram o deus oficial? O império de Nabucodonosor representa o estado anticristão totalitário. Ele exige submissão total. Quem não se submeter é afastado, excluído, difamado, perseguido ou até morto. Temos aqui as características de uma ditadura. A história está cheia delas.
Nós hoje vivemos numa democracia. Há liberdade de opinião, tolerância e liberdade – e liberdade significa sempre a liberdade do divergente. Ainda assim, também em nossa sociedade libertária esbarramos em limites. Existe algo como uma corrente da opinião pública, da qual é difícil escapar. Quem se opõe ao mainstream e não aprova tudo o que a massa ou os formadores de opinião social defendem, é rapidamente excluído e difamado. Infelizmente isso também se manifesta em muitas igrejas. Existe algo como uma correção política daquilo que se pode dizer, escrever ou pensar e o que não pode. Há exemplos de sobra disso no mundo eclesiástico e acadêmico. É injusto quando, por exemplo, um congresso de igrejas exclui o “Serviço de Evangelização de Israel” de sua área de atuação. Da mesma forma é injusto quando grupos como o Wuestenstrom [Corrente no Deserto], que pleiteiam um tratamento alternativo de pessoas com tendências homossexuais, não encontram espaço no maior encontro protestante europeu.
Quem se opõe ao mainstream e não aprova tudo o que a massa ou os formadores de opinião social defendem, é rapidamente excluído e difamado.
Passamos hoje por uma situação agitada no relacionamento com os muçulmanos. Quem arriscará dizer que as diferenças entre o islã e o cristianismo são intransponíveis? Quem arriscará dizer que o cristianismo e o islã jamais poderão se irmanar? Quem arriscará contestar a tendência de equalização?
Como resistir à adaptação? Os três amigos de Daniel obedecem em sua situação mais a Deus que aos homens. Onde a liberdade do evangelho e da fé está em jogo e é ameaçada, aplica-se esta máxima. Os cristãos são leais ao seu Estado enquanto puderem expressar livremente sua fé. Onde se procura inibir isso, eles respondem e obedecem a uma lealdade superior.
3. Suportar sofrimento. A Babilônia criou fama como a terra das fornalhas. Queimavam-se tijolos e fundiam-se minérios em fornos-túnel. Com aquecimento a carvão vegetal, essas fornalhas atingiam temperaturas de até 1.000 graus. Foi numa fornalha desse tipo que os três amigos de Daniel seriam lançados. Eles se recusaram a adorar o ídolo. Agora precisam contar com as consequências e são atirados na fornalha ardente.
A igreja dos tempos finais que resistir à pressão por adaptação não poderá escapar do sofrimento. Jesus mesmo alertou seus discípulos de que seriam lançados nas prisões, conduzidos à presença de reis e governadores e que seriam odiados por todos (Lc 21.12ss). Paulo escreve à igreja de Filipos: “Pois a vocês foi dado o privilégio de não apenas crer em Cristo, mas também de sofrer por ele” (Fp 1.29). A carta aos Hebreus dirige o olhar da igreja sofredora para Cristo, que já sofreu na cruz por ela e suportou a oposição dos homens (Hb 12.1ss).
Há uma afinidade íntima entre seguir a Cristo e sofrer. Os discípulos de Jesus são enviados “como ovelhas no meio de lobos”. Manfred Seitz lembra que a igreja é abençoada no martírio. Para que ela é abençoada? Para que a igreja de Jesus permaneça de fato autêntica e sua vida espiritual não se torne rasteira, ela precisa de uma certa medida de sofrimento. Caso contrário, ela se desprenderá de Cristo e passará a vagar ao sabor de muitas correntezas. Apenas o sofrimento ancora ela firmemente na Palavra de Deus.
Outra bênção do sofrimento consiste em que as denominações separadas se aproximem nessa situação. Seitz lembra aqui as experiências de cristãos luteranos e ortodoxos na Rússia durante a revolução bolchevique e os encontros entre católicos e protestantes nos campos de concentração da Alemanha nazista. No confronto com o império anticristão, que reivindica submissão total, resta à Igreja somente o sofrimento. Karl Hartenstein diz: “Para a igreja não existe revolução, apenas o sofrimento”.
No entanto, em todo sofrimento existe também uma experiência espiritual fundamental. Os sofredores são sustentados e guardados por Cristo de modo especial. Exatamente essa experiência é concedida também aos três amigos de Daniel. Ao entrarem na fornalha, uma quarta pessoa se associa a eles, de modo que Nabucodonosor esfrega os olhos espantado: “Não foram três os homens amarrados que nós atiramos no fogo?... Olhem! Estou vendo quatro homens, desamarrados e ilesos, andando pelo fogo, e o quarto se parece com um filho dos deuses” (3.24b-25).
A carta aos Hebreus oferece uma interpretação desse milagre. Ela diz: “[Pela fé] apagaram o poder do fogo” (Hb 11.34). Com efeito, os três amigos confiaram na supremacia do seu Deus. “... o Deus a quem prestamos culto pode livrar-nos, e ele nos livrará das tuas mãos, ó rei” (3.17).
A história do seu povo ensinou aos três que o seu Deus pode salvar. Se ele salvou Israel do mar Vermelho, ele também poderia salvar naquela situação. Por outro lado, a história dos mártires cristãos mostra que nem sempre o desfecho é tão feliz como no caso dos amigos de Daniel. Ainda assim permanece a certeza de que também aqueles que sofrem por amor a Cristo são sustentados pela sua mão. Em 1917, na região do Báltico, o professor de teologia Traugott Hahn foi primeiro preso pelos bolcheviques e depois morto. Sua esposa escreve em retrospectiva:
“Naquela escuridão quase anestesiante da primeira dor, brilhou da cruz de Cristo o ‘apesar’ da fé. Acaso o mal não havia aparentemente vencido no dia da crucificação? E, no entanto, foi a maior vitória jamais conquistada, o maior ato de amor de Deus em favor dos homens. Assim, também nós pudemos crer nas intenções amorosas de Deus, embora evidentemente ainda estivessem encobertas para nós. Não havia Deus também fortalecido intimamente o meu marido para que pudesse trilhar em obediência a ele o amargo caminho para a morte, e não foi essa vitória íntima maior do que teria sido uma salvação física?”
4. Cultivar a piedade persistentemente. Agora aparece uma nova figura no palco da política mundial: Dario, o rei dos medos. Uma das suas primeiras providências como novo rei foi uma reforma administrativa. Ele subdivide seu gigantesco império: Mesopotâmia, Síria, Fenícia, Israel. Além dos 120 sátrapas, ele ainda institui três supervisores como espécie de instância intermediária entre ele e os sátrapas. Um desses foi Daniel. Assim, Daniel assume um alto posto no governo. Ele é bem-sucedido e faz carreira. Fé em Deus, bem como progresso e sucesso não se opõem, mas são perfeitamente compatíveis.
No entanto, Daniel encara a intriga da oposição. Seu sucesso desperta os invejosos que sabem exatamente por onde pegá-lo. Como seu procedimento é ilibado, resta só a sua fé como aspecto vulnerável. Eles intervêm junto ao rei. Pedem que este outorgue uma lei que proíba orações a um deus estranho. O fato de essa lei ser lavrada por escrito confere-lhe um peso particular.
A reação de Daniel a esse decreto é impressionante: “Quando Daniel soube que o decreto tinha sido publicado, foi para casa, para o seu quarto, no andar de cima, cujas janelas davam para Jerusalém e ali fez o que costumava fazer: três vezes por dia ele se ajoelhava e orava, agradecendo ao seu Deus” (6.10).
Daniel não se perde em agitação ou pânico, nem se torna agressivo. Ao contrário, ele mantém com toda a calma seu hábito de orar três vezes ao dia. Daniel também não contemporiza. Teria sido compreensível interromper as orações por apenas trinta dias! Ou então orar com as janelas fechadas. Nada disso é relatado. Daniel resiste à pressão por adaptação. Cultiva seus hábitos persistentemente e assim permanece fiel ao seu Senhor. A oração de Daniel torna-se uma confissão de fé.
Passamos hoje por uma situação agitada no relacionamento com os muçulmanos. Quem arriscará dizer que as diferenças entre o islã e o cristianismo são intransponíveis? Quem arriscará dizer que o cristianismo e o islã jamais poderão se irmanar?
Em nossos dias, a oração corre perigo. Ou não encontramos tempo para ela ou achamos que se pode perfeitamente renunciá-la. Perguntaram ao velejador Gebhard Rollo, que deu a volta ao mundo, se também havia orado no percurso. Sua resposta: “Não! Isso é para os fracos”. Este é o espírito que nos cerca. Como, porém, pode sobreviver espiritualmente uma cristandade que deixou de orar ou que não encontra mais tempo para a oração? Sem a oração, a fé não tem como encarar a diáspora. Daniel conhecia esse segredo, e por isso ele mantém seus horários de oração.
Por meio da oração, Daniel imprime um foco à sua vida. Simbolicamente, isso se expressa pela orientação a Jerusalém que ele dá à oração. Sem tal orientação diária, nossa fé será frágil e nosso relacionamento com Deus, superficial. Hábitos espirituais como um horário certo de oração por dia são uma ajuda para conferir um perfil à nossa fé. Eles ajudam a nos orientar, purificar e clarificar. Particularmente em nossos tempos tão inundados pela mídia, tais hábitos representam um auxílio genuíno.
5. Manter viva a esperança pela volta do Senhor. O sétimo capítulo do livro de Daniel abre um novo horizonte. Em primeiro plano estão as visões de Daniel sobre o futuro do mundo e do reino de Deus.
Antes de tudo, Daniel vislumbra os quatro ventos (mensageiros de Deus) que movem o mar (dos povos). Toda a humanidade está em rebelião contra Deus. Essa rebelião encontra sua expressão concreta na forma dos quatro animais que se elevam do mar dos povos. Trata-se de potências humanas que, desvinculadas de Deus, trazem em si um caráter animalesco. A sequência dos animais é leão com asas de águia, urso, leopardo e um aterrorizante animal desconhecido.
Na Bíblia, o leão e a águia são figuras dos grandes impérios (cf. Jr 2.15; Ez 17.3). No entanto, o reino sobre-humano do leão é debilitado. Arrancam-se as asas dele e ele recebe um coração humano. O reino poderoso torna-se fraco, humano e temeroso. Muitos aspectos sugerem tratar-se do império persa, diante de cujo poder todo o mundo estremecia. Ao final, porém, ele é atropelado por Alexandre, o Grande (cf. Dn 8.4,7). A característica do urso é, além da sua força, seu apetite insaciável. O urso se levanta. Assume posição de ataque. Na boca ele ainda carrega três costelas, restos da presa que acabou de devorar. Mal abateu uma vítima, ele já busca a próxima. A interpretação encaixa-se bem em Alexandre, o Grande e o seu império. Já no leopardo destacam-se as quatro asas e cabeças. Elas representam o poder de abrangência mundial desse animal. Sua interpretação se encaixa melhor no mais universal dos antigos impérios – o Império Romano. Este torna-se precursor do império mundial anticristão. O quarto animal tem caráter próprio – ele é terrível e destruidor. Os dez chifres são expressão do seu imenso poder. O chifre pequeno (o décimo-primeiro) que brota dele pode ser atribuído à pessoa do Anticristo.
Vemos aí na Escritura Sagrada pela primeira vez a figura do Anticristo. Ele emerge do mar dos povos e alcançará um poder inacreditável. Seu objetivo é destruir a igreja de Deus e abolir os tempos, as ordenanças e as leis que Deus deu a este mundo. Ele possui algo de totalitário e assumirá o lugar do próprio Deus. Como “homem do pecado” (2Ts 2.3-4,8; cf. Mt 24.12), ele abolirá a ligação entre a consciência e os mandamentos de Deus. Ele anuncia o amor, a guarda contra o sofrimento, o alívio na luta pela vida e tudo aquilo que finalmente libertará a sexualidade daquilo que a restringe. Ele elimina a vida nascitura. “O Anticristo incorpora, representa e proclama aquilo que no presente momento mundial é o humano, o evidente, o que merece aprovação e o absolutamente indispensável” (Manfred Seitz). Finalmente, a carta de João diz que ele nega a divindade de Jesus Cristo. Ele representa uma forma de fé. Ele talvez ainda saiba dizer “Jesus”, mas não mais que este é o Cristo. Neste ponto há controvérsias. Na linguagem moderna, o seu espírito se manifesta onde Jesus é considerado apenas um mestre ético, mas não mais Senhor e Salvador do mundo.
A atual igreja evangélica se cala sobre essa misteriosa figura do Anticristo. Existe aí uma espécie de “correção clerical”, um acordo tácito sobre o que se pode dizer publicamente na igreja para não ser condenado como conservador, fundamentalista, anticientífico, biblicista ou excessivamente piedoso. É preciso discernir os espíritos. A Bíblia adverte contra a sedução anticristã.
Agora, porém, abre-se neste sétimo capítulo mais uma outra porta. Além da figura do Anticristo, Daniel vê ainda uma outra. É o Filho do Homem que vem do céu e a quem Deus concede todo o poder e toda honra. O Filho do Homem é considerado o soberano escatológico investido por Deus. Este não é outro senão Jesus Cristo. Deus envia o Filho do Homem ao nosso mundo dominado pelo reino animal para redimi-lo e vencer o animal. É em direção a este último confronto que caminhamos como igreja de Jesus Cristo. Cristo terá a última palavra. Ele vencerá o poder do Maligno. Cabe sustentar a esperança pelo retorno do Senhor que predomina sobre todos os poderes e autoridades deste mundo.
Daniel nos mostra como podemos, na condição de cristãos, resistir à pressão por adaptação. O capítulo 12 diz: “Mas você, Daniel, feche com um selo as palavras do livro até o tempo do fim. Muitos irão por todo lado em busca de maior conhecimento”. – A Palavra de Deus é o que nos sustenta, que nos abre os olhos e dá forças para resistir. Nossa missão como igreja é guardar a Palavra de Deus de forma autêntica, como um diamante em sua pureza e transparência. Dr. Rolf Sons

sábado, 4 de maio de 2019

Chamado à Santificação

“Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor.” (Hb. 12,14).

No capítulo 12 da carta aos Hebreus, a santificação ocupa posição de proeminência. Deve ser priorizada, almejada e perseguida: “Segui a paz com todos e a santificação” (Hb 12.14). Há, aqui, a ideia de algo que deve ser buscado com firmeza de propósito, com determinação. Faz parte dos planos eternos de Deus que cada filho Seu alcance a santificação e, para isso, o próprio Deus dedica-Se à educação deles: “É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos); pois que filho há que o pai não corrige?” (Hb 12.7).
Esse princípio é repetido no verso 10 deste capítulo: “Deus, porém, nos disciplina para aproveitamento”. Santificação é o meio que Deus usa para conduzir Seus filhos pelos caminhos da fé, preparando-os para receber graça sobre graça: “Santificai-vos, porque amanhã o Senhor fará maravilhas no meio de vós” ( Js 3.5).

I. Exortação à santificação (Hb 12.12-17)

Santificação é o processo de modelagem pelo qual a essência da imagem e semelhança de Deus, desonrada pelo pecado, vai sendo regravada no coração do homem. A santificação é operada pelo Espírito Santo de Deus e leva em conta a renúncia do “eu”, desejos e vontades da carne, pela decisão incondicional de seguir a Cristo.
Numa direta conexão com o parágrafo anterior, que tratou dos atos disciplinares de Deus, a carta apresenta, agora, os aspectos pertinentes ao esforço do cristão. São palavras de encorajamento que, também, trazem à memória promessas extraídas de porções proféticas. O objetivo do autor é levar seus leitores a uma busca constante e diligente (esforço pessoal) do padrão divino de espiritualidade (santidade), que se opõe aos fracassos e derrotas da carne. São conselhos que devem ser observados.

1. Não se deixe abater pelo desânimo (Hb 12.12)

Usando Isaías 35.3, o autor da carta aos Hebreus traz à memória as bênçãos do reino restaurado, prometido àqueles que permanecem firmes. Tanto o profeta Isaías como o autor dessa carta têm em mente a eficácia da vigilância espiritual – santificação (Is 35.4). Mãos descaídas e joelhos trôpegos reproduzem uma imagem negativa, sugerem desalento e ruína, inadequados àqueles que têm a promessa da vitória em Cristo (Rm 8.37; 1Co 15.57-58).

2. Não pegue atalhos (Hb 12.13)

A exortação aqui é contra os descaminhos que conduzem à perdição. Eles são ameaça à vida espiritual. O caminho que conduz à cidade eterna não tem atalhos ou desvios, é caminho reto por onde pode andar com segurança até mesmo “o manco”. “Existem ‘mancos’ entre as fileiras dos filhos de Deus. Eles são especialmente ameaçados na vida espiritual” (Fritz Laubach, p.212).

3. Siga a paz (Hb 12.14)

Esforçar-se em prol da paz é dever de todos. Compartilhar com o próximo a paz que temos em Deus faz parte do processo da nossa santificação (cfRm 12.17-20). A paz que domina o coração do cristão deve, também, guiar o seu relacionamento interpessoal. “Aparta-te do mal” (Sl 34.14).

4. Busque a santidade (Hb 12.14)

Santificação é separação do pecado para Deus; sugere pureza de alma, consagração, desvio de contendas, da imoralidade, da incredulidade e de qualquer tipo de idolatria; é indispensável para um viver vitorioso e agradável a Deus; deve ser buscada constantemente, pois só a santificação corrige as imperfeições geradas pelo pecado e leva o homem a participar da própria santidade de Deus: “… Deus, porém, nos disciplina para aproveitamento, a fim de sermos participantes da sua santidade” (Hb 12.10).

5. Evite a contaminação (Hb 12.15)

O autor associa amargura com contaminação. A amargura corrompe, começa dentro da pessoa e vai contaminando o ambiente todo. Santificação pressupõe vigilância pessoal e propósito firme para o combate a qualquer raiz que possa produzir amargura (cfDt 29.16-19). O antídoto, aqui, é o apropriar-se da graça: “ninguém seja faltoso, separando-se da graça”.

6. Cuidado com as escolhas (Hb 12.15-18)

Aquele que se desvia da graça é comparado a Esaú, que trocou seu direito de primogenitura por um repasto. “Sua estultícia em trocar seu privilégio como filho primogênito veio a ser um exemplo de todos aqueles que colocam vantagens materiais ou sensuais antes da sua herança espiritual” (Guthrie, p.242). Segundo alguns comentaristas, a palavra “profano” pode ser entendida como irreligioso – alguém que caminha na contramão da espiritualidade.
A terrível escolha de Esaú não podia ser desfeita: “não achou lugar de arrependimento” (Hb 12.17). Escolhas erradas podem deixar marcas irreversíveis naqueles que se apartam da “graça de Deus”.]

II. O Sinai terreno e a Sião celestial (Hb 12.18-24)

Nesse parágrafo, o autor retoma o tema principal: a supremacia da nova aliança. Os elementos físicos e estrondosos percebidos na outorga da lei, no Sinai, dão lugar ao “sangue da aspersão que fala coisas superiores”, no monte Sião, a Jerusalém celestial, símbolo do evangelho da graça, que nos compromete com a santificação.

1. As marcas do Sinai terreno (Hb 12.18-21)

Não obstante reverente e majestosa, a revelação divina no Sinai expressa a imperfeição e a limitação da antiga aliança, e os efeitos assustadores que provocava nas pessoas.
a) Percebidas através dos sentidos físicos (Hb 12.18-19)
A outorga da lei foi acompanhada por sinais palpáveis aos homens. O pano de fundo dessa porção foi extraído dos relatos de Êxodo 19.12-25; 20.18-21 entre outros. A ideia do autor é trazer à memória os aspectos físicos que cercavam a antiga aliança.
b) Caracterizadas pelo medo (Hb 12.20-21)
A natureza inspiradora de temor daquele evento fala por si mesma. As manifestações visíveis de Deus eram aterradoras: o fogo, as trevas, a tempestade e o clangor da trombeta caracterizavam o juízo divino, impossível de ser suportado pelos homens. A citação: “pois já não suportavam o que lhes era ordenado” (Hb 12.20) dá ideia do pavor que o espetáculo glorioso proporcionava. O autor chega a interpretar os sentimentos do próprio Moisés: “Na verdade, de tal modo era horrível o espetáculo, que Moisés disse: Sinto-me aterrado e trêmulo” (Hb 12.21).
c) Protagonizadas por um Deus distante (Hb 12.20)
Na antiga aliança, o relacionamento de Deus com o Seu povo é marcado pelo distanciamento, pela separação, a exemplo da proposta do Santo dos Santos. O texto de Êxodo 19, citado pelo autor, mostra o método usado por Deus para relacionar-Se com a Sua criação na antiga aliança: “Marcarás em redor limites ao povo, dizendo: Guardai-vos de subir ao monte, nem toqueis o seu termo; todo aquele que tocar o monte será morto” (Êx 19.12-13).

2. O caráter distintivo da nova aliança – Sião celestial (Hb 12.22-24)

Em profundo contraste com a antiga, a nova aliança enfatiza o acolhimento divino expresso na graça disponível aos que creem. Não há mais lugar para o medo nem para o distanciamento de Deus. A santidade de Deus permanece inabalável; todavia, na nova aliança, é cercada de abundante graça.
a) Percebido através dos sentidos espirituais (Hb 12.22)
A proximidade com Deus dá o toque espiritual que contrapõe o Sinai, o lugar da lei, com a Jerusalém celestial, a cidade do Deus vivo, o lugar da redenção. A linguagem usada dá um tom vívido de espiritualidade. Não há nada terreno ou físico que possa sugerir alguma limitação ou imperfeição à nova aliança. A ideia é dar ênfase a esse caráter espiritual da nova aliança.
b) Caracterizado pela alegria (Hb 12.22-23)
Não estão mais em foco as demonstrações aterrorizantes do Sinai. Deus mudou a forma. A nova aliança se caracteriza por uma assembleia festiva, alegre e encorajadora. O contexto sugere paz e harmonia. Os adoradores são estimulados a uma adoração verdadeira e espontânea. O texto sugere um ambiente de profunda comunhão e grande gozo, resultantes dessa exuberante festa espiritual.
c) Protagonizado por um Deus acessível (Hb 12.24)
É oportuno lembrar, aqui, uma das mais preciosas citações de Jesus: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei” (Mt 11.28). Jesus é o Deus Filho, o Mediador da nova aliança, Aquele que bondosamente chama as pessoas para O seguirem, andarem com Ele e aprenderem Dele. Em Cristo, um “novo e vivo caminho” nos aproxima de Deus (Hb 10.19-22). O acesso a Deus agora é possível porque o sangue da nova aliança justifica; enquanto, na antiga aliança, o sangue de Abel acusava.

3) Atenção à voz de Deus (Hb 12.25-29)

A última seção deste capítulo começa com uma advertência solene: “Tende cuidado, não recuseis ao que fala” (Hb 12.25). Não sejam tais como aqueles que “suplicaram que não se lhes falasse mais” (Hb 12.19). O sangue de Cristo é, agora, a voz de Deus. Nossa responsabilidade é infinitamente maior. Uma vez que somos parte da nova aliança, firmada no evangelho da graça, que fala de um reino eterno e inabalável, espiritual e não terreno, devemos ter ouvidos atentos Àquele que fala coisas superiores.
a) Deus ainda é o mesmo (Hb 12.25)
Aquele “que dos céus nos adverte” e Aquele que “os advertia sobre a terra” (Hb 12.25) são os mesmos. A substituição dos estrondos pela sublimidade da graça não indica que Deus Se tornou condescendente com o pecado. Na verdade, a advertência celestial exige maior responsabilidade do homem. A severidade de Deus transcende o tempo e a geografia do universo. Se os israelitas não escaparam devido à sua incredulidade, muito menos nós escaparemos, especialmente porque temos a plena revelação de Cristo e Sua obra mediadora. Deus muda o método, jamais Seus princípios. Há, neste verso 25, uma síntese da exortação já comunicada em Hebreus 2.1-4.
b) A inabalável aliança exige santidade (Hb.26-27)
Os fenômenos físicos que acompanhavam a antiga aliança caracterizavam coisas que podem ser abaladas, coisas ligadas ao que é terreno, transitório e passageiro, que, segundo o autor desta carta, serão “ainda uma vez por todas” abaladas. Está em foco aqui um acontecimento vindouro, acompanhado de estrondos sobrenaturais (cf2Pe 3.10-13). Com isso em mente, ele transmite a ideia da superioridade da nova aliança, definitiva e inabalável, “autenticada” pelo “sangue da aspersão”, o sangue do Cristo vivo que “ontem e hoje, é o mesmo e o será para sempre” (Hb 13.8).
O autor retoma o tema da santificação quando fala da “remoção dessas coisas abaladas”: um aviso e um apelo à espiritualidade. A santificação deve ser o alvo e o estilo de vida dos cristãos (cfHb 12.14), que os mantém ligados no que é próprio do mundo perene (2Co 4.18; 1Pe 1.13-16).
c) No reino espiritual, o essencial é gratidão e serviço (Hb 12.28-29)
Na carta aos Efésios, Paulo declara que Deus nos chamou “para louvor da glória de sua graça” (Ef 1.6), ou seja, declara a essencialidade do serviço cristão: verdadeiros adoradores. Desta forma, o autor da carta aos Hebreus destaca aspectos desse serviço de adoração:
 – Agradável
Pois deve ser recebido, aceito diante de Deus;
– Reverente
Pois devemos reconhecer nossa indignidade diante da majestade e da santidade de Deus;
– Com santo temor
Pois o caráter reto e justo de Deus jamais inocenta o culpado (Na 1.3). “Nosso Deus é fogo consumidor” (Hb 12.29).

Conclusão

A santificação está no centro da vontade de Deus em todos os tempos, para todo aquele que crê (1Ts 4.3,7). É a própria transformação espiritual e moral que ocorre no salvo que o credencia como adorador e servo. E, conforme escreveu o apóstolo Paulo, é também objeto de promessa, e a fidelidade de Deus há de completá-la (Fp 1.6). Sem se deixar vencer pelo afrouxamento ou cansaço espirituais, sem fazer concessões ao pecado e com disposição para aceitar e entender a disciplina proposta por Deus, o cristão poderá alcançar a paz e a santificação, que o capacita a experimentar a própria natureza de Deus (cfHb 12.14).
>> Autor do Estudo: Pr. Evaldo Bueno Rodrigues
>> Publicado originalmente pela Editora Cristã Evangélica, usado com permissão.

quarta-feira, 1 de maio de 2019

Nossa Vida é um Barco.

“E, naquele dia, sendo já tarde, disse-lhes: Passemos para o outro lado. E eles, deixando a multidão, o levaram consigo, assim como estava, no barco; e havia também com ele outros barquinhos. E levantou-se grande temporal de vento, e subiam as ondas por cima do barco, de maneira que já se enchia. E ele estava na popa, dormindo sobre uma almofada, e despertaram-no, dizendo-lhe: Mestre, não se te dá que pereçamos? E ele, despertando, repreendeu o vento, e disse ao mar: Cala-te, aquieta-te. E o vento se aquietou, e houve grande bonança. E disse-lhes: Por que sois tão tímidos? Ainda não tendes fé? E sentiram um grande temor, e diziam uns aos outros: Mas quem é este, que até o vento e o mar lhe obedecem? ” Marcos 4.35-41 

Nossa vida com Deus pode ser comparada a uma viagem de barco rumo à Salvação. 

Vamos ilustrar a salvação comparando uma viagem de barco: 


1- O mar: é a vida 

A vida cristã é como o mar, longo e profundo, inescrutável. As ondas são as circunstâncias que enfrentamos. De perto tudo parece instável, mas no horizonte tudo se acerta. 

2- O barco: é a Igreja 

A Igreja é a embarcação que pegamos para nos proteger nesta viagem da vida. Em meio às tempestades nos abrigamos na comunhão com os irmãos. 

3- O Piloto: Cristo 

Jesus é o Piloto que dirige este barco. Ele conhece o destino e até manda nas águas do mar para parar as tempestades. Às vezes pensamos que Ele está dormindo, mas Ele não está, pois Ele “não dormita nem dorme”, para dirigir este barco de nossa vida e garante que chegaremos ao destino. Aqueles pescadores achavam que estavam levando Jesus naquele barco, mas viram que era Jesus quem os levava como conduz todo o céu e a terra. 

4- Os marinheiros: somos nós 

Quem poderiam ser os marinheiros cooperadores para remar este barco? Nós estamos a serviço deste navio que é a Igreja e o capitão pilota ordenando como devemos remar. 

5- O destino: é a salvação 

Quando olhamos para o mar parece que vai se encontrar no céu. Esta viagem destina ir para a salvação em Cristo Jesus. Por isso não precisamos temer as tempestades. 

6- O preço da passagem: é a Graça 

A passagem é gratuita por que o nosso Piloto Capitão pagou para todos nós e quer ver o seu barco cheio de vidas a serem salvas. 

7- O leme: é a Fé 

A direção certa no balanço das ondas é tomada pela fé em cada momento para não virar o barco em meio ao vai e vem das marés. 

8- A Bússola: é a Bíblia 

A Palavra de Deus dirige nossas vidas e nos direciona para onde devemos ir. Em meio às tempestades, Ela nos dirige a caminhos tranquilos. Em meio à imensidão do mar ela nos mostra a direção certa. 

9- A âncora: é a certeza da salvação 

A certeza de que seremos salvos é a âncora que nos assegura em cada momento. Quando precisamos de um repouso podemos estar ancorados em lugar seguro e quando vêm as tempestades ela nos dá firmeza. 

10- O vento: é o Espírito Santo 

A força que sopra e impulsiona este barco é o Espírito Santo de Deus. A certeza da chegada é garantida. 

Embarque nesta viagem da Salvação! Não tenha medo, pois Jesus está nos convidando para entrar no barco com Ele. Pr. Welfany Nolasco Rodrigues

domingo, 21 de abril de 2019

História da Páscoa

Desde o mundo antigo, a Páscoa é uma das mais importantes datas do calendário de festividades do mundo cristão. Sua mais conhecida conotação religiosa vincula-se aos três dias que marcam a morte e a ressurreição de Jesus Cristo. Entretanto, muitos estudiosos tentam dar outra interpretação a esse fato, trazendo uma visão menos ligada à história da ressurreição.

A relação entre a Páscoa cristã e os mitos pagãos

Em uma perspectiva histórica da formação das crenças cristãs, alguns estudiosos apontam que o cristianismo, ao florescer em sociedades marcadas pelo politeísmo e por várias narrativas míticas, acabou incorporando a ideia de imortalidade presente em outras manifestações religiosas. De acordo com os pesquisadores M. Goguel, C. Guignebert e A. Loisy, a morte trágica seguida do processo de ressurreição que é vinculada a Jesus em muito se assemelha às histórias de outros deuses, como Osíris, Attis e Adônis.

Estudos mais recentes apontam que essa associação entre a Páscoa cristã e outras narrativas mitológicas está equivocada. A própria concepção de mundo e as funções que a morte e ressurreição assumem nas crenças orientais e greco-romanas não podem ser vistas da mesma maneira que na construção do ideário cristão. O estudioso A. D. Nock aponta para o fato de que no cristianismo a crença na veracidade da história bíblica é uma chave fundamental de seu pensamento e que está ausente na maioria das religiões que coexistiram na Antiguidade.

A relação entre a Pascoa cristã e a Páscoa judaica

Interpretações mais vinculadas à própria cultura judaica e à narrativa Bíblica apontam a Páscoa como algo que dá um novo sentido à festividade de libertação dos hebreus do cativeiro egípcio. Nessa visão, a libertação do cativeiro, enquanto um episódio de redenção do povo hebreu, se equipararia à renovação do Cristo que concedeu uma nova esperança aos cristãos. Apesar de a narrativa bíblica afirmar que o episódio da ressurreição foi próximo à festa judaica, a definição do dia da Páscoa causou uma contenda junto aos representantes da Igreja.


Concílio de Niceia (325) e a data da Páscoa no calendário cristão

No ano de 325, durante o Concílio de Niceia, houve a primeira tentativa de se estabelecer uma data que acabasse com as contendas com respeito ao dia da Páscoa. Mesmo tentando resolver a questão, só no século XVI – com a adoção do calendário gregoriano –, as dificuldades de definir a data da páscoa foram amenizadas. Foi determinado que a celebração da Páscoa ocorreria no primeiro domingo, após a primeira Lua cheia do Equinócio da Primavera, entre os dias 21 de março e 25 de abril.

Mesmo sendo alvo de tantas explicações e contendas, a Páscoa marca um período de renovação entre os cristãos, quando a morte de Jesus deve ser lembrada com resignação e alegria. Ao mesmo tempo, traz aos cristãos a renovação de todo um conjunto de valores fundamentais à sua prática religiosa. Rainer Sousa

quinta-feira, 18 de abril de 2019

O Caráter de Deus.

A religiosidade formatou minha mente para pensar que Deus não era tão bom assim. E nesse pensamento vivi por anos dentro da igreja acusando Deus de todo tipo de desgraça. Afinal de contas, Deus é soberano e pode tudo não é verdade? Claro que não! Uma das coisas extremamente importante e que Deus não pode, é mentir.
Está escrito no livro de Tito 1:2 “… O Deus que NÃO PODE mentir…” Se Deus pudesse “tudo”, como alguns pensam, ele poderia mentir. Mas, gloria a Deus! Deus não pode mentir! Eu sei que há outras coisas que Deus não pode, mas mesmo assim Ele continua sendo Soberano.
O conceito de Soberania não é definido por alguém que está no controle de fazer todo o bem e fazer todo o mal. Infelizmente, é assim que muitos pensam a respeito de Deus. Porém, o governo de Deus, sua autoridade, domínio, força, poder, soberania, estão totalmente ligados ao seu bom caráter, que é a sua Palavra.
Deus não pode ir além do que Ele mesmo disse. Quando falo além, é dizer algo e fazer outra coisa. Se isso fosse possível, Deus seria mentiroso. Mas, como já vimos que ele não pode mentir, ele é fiel para cumprir o que disse.
Vamos ver tudo isso de outra forma:
Se Deus nos fez sarados em Cristo Jesus, se a sua palavra nos garante que ele já nos curou, então, dizer que Deus coloca doença em nós é o mesmo que dizer que Deus mente! Foi O Senhor quem disse: “Certamente ele LEVOU sobre sí todas as nossas doenças e enfermidades” Isaias 53:4.
Agora veja o versículo 5: “Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades ; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras FOMOS SARADOS!” Glória a Deus! Deus não pode mais desfazer isso! Ele o fez em Cristo Jesus, na palavra! É simples amados, os homens é que complicam tudo com suas doutrinas erradas. Deus é Soberano na sua verdade e justiça. Ele está no controle do seu reino de luz.
Alguns dizem: “Deus está no controle de tudo! Aleluia!” Se assim o fosse, Ele controlaria você para ser fiel nos seus dízimos, para você tratar bem sua esposa, seu marido, etc.
Não é assim como a religião está dizendo. O Deus e Pai do nosso Senhor Jesus Cristo governa, reina, é soberano, todo poderoso, Segundo a verdade. O problema, é que muitas pessoas estão acusando Deus de algo que o diabo fez. É isso que satanás quer. Ou seja, destruir o caráter de Deus.
O diabo diz: “Deus não é tão bom assim, se Ele fosse, porque existem tantas mortes de crianças no mundo, porque tantas guerras, terremotos, tsunamis, injustiças. Onde está Deus, o Deus de Amor?” Não são esses pensamentos que permeiam nas mentes da humanidade? Mas a bíblia responde a tudo isso: 1 João 5:19
“Sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro jaz no Maligno”.
Mas Deus está no controle do seu Reino de Justiça. E todos aqueles que estão se rendendo ao seu reinado soberano, a sua palavra, sempre vão provar da bondade do Senhor. Deus é bom o tempo todo, e ele não muda.
Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança. Tiago 1:17
Nunca tenha medo de Deus. Nunca mais deixe o diabo “torcer” o caráter do seu Pai celestial. É Deus que te livra do mal, dos perigos, das doenças e enfermidades e da morte. Deus é bom o tempo todo!

segunda-feira, 15 de abril de 2019

Jesus, o nosso Cordeiro Pascal

"…Pois também Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado”. (1Co 5.7)

Em poucos dias, grande parte da sociedade ocidental celebrará a Páscoa. Para alguns, trata-se de apenas mais um feriado no qual será possível ir à praia ou visitar alguns familiares no interior. Para outros, trata-se de uma data oportuna para comer ovos de chocolate. Contudo, para os que creem em Jesus qual é o sentido da Páscoa? Vejamos abaixo três considerações sobre o tema:

Em primeiro lugar, devemos nos lembrar de que a Páscoa é originalmente uma festa judaica. O termo “páscoa, vem da palavra hebraica pessach que significa ‘passar por cima’ – uma referência ao episódio da Décima Praga narrado no Antigo Testamento quando o anjo da morte ‘passou por cima’ das casas dos judeus no Egito e não entrou em nenhuma delas para matar os primogênitos. A razão foi que os israelitas haviam sacrificado um cordeiro, por ordem de Moisés, e espargido o sangue dele nos umbrais e soleiras das portas. Ao ver o sangue, o anjo da morte ‘passou’ aquela casa”. A partir daquele momento, Deus instituiu, então, a Páscoa como um rito anual, no qual os judeus se recordariam do livramento do Senhor no Egito (Êx 12.26).

Em segundo lugar, devemos nos lembrar de que Jesus Cristo foi morto e ressuscitou durante a celebração da Páscoa pelos judeus. O evangelista Mateus relata: “Sabeis que, daqui a dois dias, celebrar-se-á a Páscoa; e o Filho do Homem será entregue para ser crucificado” (Mt 26.2). O apóstolo João escreve: “Ora, antes da Festa da Páscoa, sabendo Jesus que era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim” (Jo 13.1). Através de outros relatos bíblicos sabemos também que Jesus ressuscitou “…no domingo de manhã cedo, após o sábado pascoal. Como sua morte quase que certamente aconteceu na sexta-feira, a “sexta da paixão” entrou no calendário litúrgico cristão durante a idade média como dia santo”. Logo, o modo como celebramos a Páscoa hoje tem mais a ver com a tradição da igreja – baseada na morte e ressurreição de Jesus – do que com o ritual judaico do Antigo Testamento.

Em terceiro lugar e último lugar, devemos nos lembrar de que há uma relação direta entre a Páscoa celebrada pelos judeus no Egito e a consumação da obra de Cristo celebrada pela igreja cristã. Contudo, qual é essa relação e o que ela significa para nós hoje? No Egito, Deus ordenou que seu povo sacrificasse um cordeiro e que marcasse a porta de suas casas com o seu sangue. Desse modo, Deus os livraria da morte (Êx 12). Agora, através do sangue de Jesus Cristo derramado na cruz, eu e você também somos livrados da morte. Deus, ao “passar por cima”, vê sobre nós o sangue de seu Filho perfeito (Cl 1.20), de modo que nenhuma condenação há sobre nós (Rm 8.1). 

Reflita nesses dias sobre o verdadeiro significado da Páscoa. Lembre-se do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1.29). Não deixe de adorar, juntamente com a igreja, a Jesus, que foi morto em seu lugar, pois ele é digno de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor (Ap 5.12). Afinal, ele é o nosso Cordeiro pascal!