quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Éfeso, a Igreja do Amor Esquecido

A fundação da Igreja em Éfeso

Capital da província romana da Ásia (atualmente, parte da Turquia), residência oficial do governador, cerca de 500.000 habitantes, grande centro cultural, comercial e religioso, Éfeso foi alcançada pelo Evangelho no final da segunda viagem missionária de Paulo, que ao chegar na cidade pregava aos judeus na sinagoga (At 18.19-21). Em sua terceira viagem missionária Paulo retornou a Éfeso, onde se estabeleceu por um período de três anos (At 19.1-20; 20.17-21, 31).

A igreja em Éfeso foi destinatária de duas cartas, a primeira enviada por Paulo entre 60-64 d.C. (Ef 1.1-2), e a segunda enviada por Cristo através de João por volta do ano 96 d.C. (Ap 2.1-7).

A Ascensão da Igreja em Éfeso

Em seus primórdios, a igreja em Éfeso foi contemplada com a plenitude do poder do Espírito, derramada sob a imposição de mãos de Paulo, e manifesta através da manifestação do falar em línguas e de profecias (At 19.6-7).

Éfeso se tornou uma base missionária estratégica, a partir de onde todos os habitantes da Ásia foram alcançados pela mensagem do Evangelho, e testemunharam dos milagres extraordinários que Deus operava pelas mãos de Paulo (At 19.10-12). A sã doutrina foi também ensinada exaustivamente e amplamente por Paulo (At 20.21).

Na carta escrita por Paulo aos efésios fica evidente o alto nível de vida espiritual experienciada e vivenciada naquela igreja:

Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo, [...] (Ef 1.3)

e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus; (Ef 2.6)

Por esta causa, me ponho de joelhos diante do Pai, de quem toma o nome toda família, tanto no céu como sobre a terra, para que, segundo a riqueza da sua glória, vos conceda que sejais fortalecidos com poder, mediante o seu Espírito no homem interior; e, assim, habite Cristo no vosso coração, pela fé, estando vós arraigados e alicerçados em amor, a fim de poderdes compreender, com todos os santos, qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus. (Ef 3.14-19)

A igreja em Éfeso foi abençoada também com a diversidade de ministérios, fator imprescindível para o alcance da maturidade espiritual:

E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo, para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro. (Ef 4.11-14)

Apesar destas, e de tantas outras bênçãos, a igreja em Éfeso, assim como as demais igrejas da Ásia, foi seriamente e claramente advertida quanto aos perigos que a rondaria, e que trabalharia no sentido de removê-la de sua fé, amor e ortodoxia (At 20.29-31; Ef 6.10-17).

É interessante que nas últimas recomendações dadas por Paulo em sua carta àquela igreja, o desejo e a necessidade de contínua paz e amor com fé são destacados (Ef 6.23). Sobre a combinação de fé com amor William Barclay escreve:

[...] o amor sem fé é sentimentalismo, e a fé sem amor é aridez. [...] Esta combinação de fé e amor deve produzir ação, porque o amor nunca deve ser mera aparência (Rm 12.9). É perfeitamente possível pregar o amor e viver uma vida sem ele, cantar os louvores do amor nas palavras, e negar a existência dele nas ações. [...] A fé deve estar ligada ao amor, e o amor à fé, e esta combinação deve ter como resultado a mão generosa e o coração que perdoa. (As obras da carne e o fruto do Espírito, Vida Nova, 2000, p. 66 e 67)

A Decadência da Igreja em Éfeso

A igreja em Éfeso, assim como muitas outras ao longo da história, não resistiu ao fato tempo. Com cerca de sessenta anos de fundação, já se encontrava num estado de crise espiritual grave, que resultou na carta que Jesus pediu que João escrevesse e que lhe fosse enviada (Ap 2.1-7).

A grande ênfase desta carta recai sobre o abandono do primeiro amor (gr. agápe) pela igreja. Há pelo menos três possibilidades implícitas aqui:

- O abandono do primeiro amor a Deus. Devemos amar a Deus sobre todas as coisas (Mt 22.37; Mc 12.30; Lc 10.27; Rm 8.28; 1 Co 2.9; 2 Tm 4.8; 1 Jo 4.19). Há um pensamento de Barclay bastante pertinente:

O cristianismo não pensa em termos do homem finalmente se submeter ao poder de Deus; pensa em termos de ele finalmente se entregar ao amor de Deus. Não se trata de a vontade do homem ser esmagada, trata-se de o seu coração ser quebrantado. (Ibid., p. 73).

O amor a Deus é provado pela livre submissão e obediência à sua Palavra e vontade, e pela maneira como amamos o nosso próximo (1 Jo 4.20).

- O abandono do primeiro amor ao próximo. No comentário da Bíblia de Estudo Conselheiro (SBB, 2011, p. 552) sobre esta possibilidade, lemos:

Será que esses crentes passaram a dedicar-se tanto a combater erros, falsos profetas e falsas doutrinas que, aos poucos, acabaram se distanciando do amor e da graça, a ponto de o amor cristão nos relacionamentos ir perdendo lugar? Jesus deixa claro que essa direção é mortal para a igreja.

Em se tratando de Assembleia de Deus, acrescentaria as seguintes possibilidades: Será que a liderança da igreja passou a dedicar tanto tempo a construção de obras faraônicas, para louvor da própria glória, para perpetuação do seu nome e para demonstração de força e poder diante dos seus “concorrentes” (Gn 11.4; 2 Sm 18.18), e ainda a desperdiçar tanta energia e dinheiro com campanhas políticas eclesiásticas em disputas eleitorais por cargos e posições, a ponto de o amor cristão e o cuidado com o rebanho ir perdendo lugar? Será que as recomendações de Paulo aos presbíteros da igreja em Éfeso não nos caberia hoje (At 20.28)?

Será que na condição de crentes estamos tão voltados para o nosso enriquecimento e acúmulo de bens materiais (Mt 6.19-21), influenciados pela Teologia da Prosperidade e da Vitória Financeira, que acabamos por incorrer no erro do rico insensato (Lc 12.13-21) e na adoração avarenta às riquezas (Mt 6.24).

Vale lembrar que na perspectiva cristã o próximo é todo aquele que precisa e a quem podemos ajudar, inclusive reais ou potenciais inimigos (Lc 10.25-37), justos ou injustos (Mt 5.43-48).

Diante destes fatos, assim como nos dias do Novo Testamento, uma crise de hipocrisia em torno do amor assola os púlpitos e a igreja de forma geral (Rm 12.9-10).

- O abandono do primeiro amor na realização das obras. O ativismo dos efésios é outra praga vivenciada em nossos dias. Estamos tão envolvidos com a realização de coisas para Deus (e para nós mesmos), que perdemos de vista as reais e legítimas motivações para isso. Ministérios, igrejas, líderes e membros em geral são avaliados pela quantidade de coisas que fazem na e para a igreja, e não pelos sentimentos nobres que deveriam nortear as suas realizações. Fazemos as coisas pelas coisas. Queremos demonstrar nossas habilidades produtivas, nossa eficiência e eficácia, nossas competências, nossa suposta espiritualidade ou generosidade, nossa disponibilidade ao martírio, mas nos esquecemos de que se não tivermos amor, nada vale ou aproveita:

Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine. Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei. E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará. (1 Co 13.1-3).

Além do abandono do primeiro amor na realização das obras, passamos a amar mais as obras do que a Deus e ao próximo. Amamos presidir, construir, ensinar, pregar, orar, cantar, tocar, ofertar, etc., porque todas estas coisas ajudam na autopromoção, no louvor que vem dos homens. Quando o primeiro amor é abandonado, em lugar de altruísmo e da glória de Deus, nos tornamos egoístas e buscamos o reconhecimento dos nossos feitos aqui e agora.

A Oportunidade de Restauração da Igreja em Éfeso

Nenhum juízo é derramado por Deus sobre o seu povo, sem que Ele antes não deixe claro o pecado cometido, e não conceda a oportunidade de arrependimento.

Ao mandar que João escrevesse e enviasse a carta à igreja em Éfeso, o Senhor desejou promover uma tomada de consciência por parte do líder e de toda a igreja, que resultasse na lembrança de onde a mesma tinha caído (o que implica também “onde”), e consequentemente em seu arrependimento:

Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas. (Ap 2.5)

O arrependimento que possibilita novamente o perdão e aceitação de Deus é mais do que simples verbalização de frases prontas e impressionistas. O termo grego para “arrependimento” aqui se deriva de metanoeo, que implica em mudança de pensamento ou mentalidade que resulta em mudança de sentimentos e atitudes. É uma mudança plena de uma condição que desagrada a Deus, para uma outra condição de o alegra. Arrependimento é tristeza diante do pecado, e não simples remorso (2 Co 7.10).

A oportunidade foi outorgada à igreja em Éfeso, e é também nos concedida hoje. O que faremos? Qual será a nossa resposta àquele que graciosamente insiste em nos atrair de volta ao primeiro amor, e consequentemente a ele mesmo. Qual o nosso destino enquanto igreja estabelecida na história, denominação evangélica e igreja nacional, regional, estadual ou local?

Somos melhores do que a igreja em Éfeso, ou do que qualquer outra igreja da Ásia? Somos melhores do que alguma igreja que já se estabeleceu em algum momento da história, e que não mais existe? São melhores do que qualquer igreja que apesar de ainda existir, existe em sua própria apostasia?

A exortação do Senhor à igreja em Éfeso, ainda reverbera nos dias atuais:

Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito dias às igrejas: Ao vencedor, dar-lhe-ei que se alimente da árvore da vida que se encontra no paraíso de Deus. (Ap 2.7) Pr Altair Germano 

sábado, 3 de dezembro de 2016

Tragédias

Tragédias! Elas são indescritíveis. Não têm hora para chegar, não pedem licença e interrompem os sonhos, no início ou na melhor parte deles. Elas não têm a cortesia de esperá-los terminarem.

A tragédia, em geral, parece acontecer só com as outras pessoas. Mas quando ocorre conosco, uma pergunta insistente paira no ar: por quê? Onde Deus está quando a tragédia ataca? Ele sabe onde estamos e o que está acontecendo conosco? Ele vê quando estamos sofrendo? Realmente se importa? Se sim, por que não vem nos socorrer?

Jamais entenderemos os problemas; jamais compreenderemos todas as desgraças, enquanto não buscarmos desvendar o que se passa por trás de tudo isso. Não há meio de entendermos o sofrimento, enquanto não entendermos a Deus.

Precisamos, realmente, compreender o dilema divino. Deus não queria brinquedos para manipular e controlar. Ele não criou robôs. O Criador não tencionou formar pessoas movidas a bateria. Ele queria gente de verdade a quem pudesse amar e por quem pudesse ser amado. Deus queria que os homens fossem livres para escolher. “Se, porém, não lhes agrada servir ao Senhor, escolham hoje a quem irão servir, se aos deuses que os seus antepassados serviram além do Eufrates, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra vocês estão vivendo. Mas, eu e a minha família serviremos ao Senhor.” Josué 24:15. Essa foi a liberdade de escolha que Deus deu aos anjos e a todos os seres criados. Quando fez isso, Ele correu um tremendo risco: alguém, em algum lugar, poderia escolher se rebelar. E foi exatamente isso o que aconteceu.

O profeta Isaías escreveu a esse respeito: “Como você caiu dos céus, ó estrela da manhã, filho da alvorada! Como foi atirado à terra, você, que derrubava as nações! Você, que dizia no seu coração: Subirei aos céus; erguerei o meu trono acima das estrelas de Deus; eu me assentarei no monte da assembléia, no ponto mais elevado do monte santo. Subirei mais alto que as mais altas nuvens; serei como o Altíssimo.” Isaías 14:12 a 14. Lúcifer era o filho da alva! Era o anjo mais elevado do Céu, aquele que ficava junto ao trono! Mas ele ficou orgulhoso e quis ocupar o lugar de Deus!

Aprendemos mais sobre esse assunto no livro do profeta Ezequiel: “Você foi ungido como um querubim guardião, pois para isso eu o designei. Você estava no monte santo de Deus e caminhava entre as pedras fulgurantes. Você era inculpável em seus caminhos desde o dia em que foi criado até que se achou maldade em você. Seu coração tornou-se orgulhoso por causa da sua beleza, e você corrompeu a sua sabedoria por causa do seu esplendor. Por isso eu o atirei à terra; fiz de você um espetáculo para os reis.” Ezequiel 28:14, 15 e 17. Que lindo anjo Lúcifer deve ter sido! Mas o coração dele se exaltou por causa da sua beleza. Ele corrompeu sua sabedoria por causa de seu resplendor.

Há pessoas que dizem que Deus é o responsável pelo mal, por ter criado Lúcifer. Afirmam que Deus criou o diabo. Mas isso não é realmente verdade. O que a Bíblia nos revela é que “o anjo de luz” era perfeito nos seus caminhos desde o dia em que foi criado. E o Criador deu-lhe o poder e a liberdade de escolha da mesma maneira como faz conosco. Ao exercer sua liberdade de escolha, Lúcifer transformou-se em alguém mau. Diante disso, o que Deus faria? Observe o dilema divino: Deus poderia impedir a rebelião do anjo caído, deixando de criar pessoas. Ele poderia preencher o Universo com sóis, galáxias e planetas, deixando-os desabitados. No entanto, Deus preferiu criar as pessoas porque só elas podem amar.

Não há meio de entendermos o sofrimento, enquanto não entendermos a Deus. 

Depois da rebelião de Lúcifer, a harmonia do Universo acabou, mas ainda restaram várias opções. Deus poderia ter optado forçar Seus súditos ou poderia descartá-los, jogando-os fora, como se faz com brinquedos quebrados. Caso Ele tivesse agido dessa maneira, não seria compreendido. O Pai provaria apenas que, de fato, queria robôs e não pessoas que pudessem exercer a liberdade de escolha. Deus poderia explicar as razões pelas quais expulsou os anjos rebeldes do Céu; mas explicar a natureza do pecado estaria além da compreensão de seres que nunca tinham presenciado o pecado. 

Talvez, Deus pudesse simplesmente ignorar a rebelião, mas se tivesse agido assim, o resultado seria o caos, já que ela poderia se alastrar e o Universo inteiro cairia. Só havia uma maneira segura de lidar com a rebelião: permitir que o pecado demonstrasse seu verdadeiro caráter. E isso levaria muito tempo. Implicaria em milhares de anos de sofrimento, guerras, catástrofes, inveja, ódio e violência, tudo isso causado pelo anjo rebelde. Seria necessário tempo suficiente para que seres humanos, anjos e habitantes de outros mundos vissem a verdadeira face do pecado. Deus, então, poderia finalmente destruir o pecado sem nenhuma voz de reprovação.

A segurança do Universo exige que o pecado seja destruído, um dia. Mas Deus não tomará essa decisão extrema se não tiver a aprovação de todos os seres inteligentes. No entanto, a rebelião demandou uma ação imediata da parte de Deus. E o resultado foi uma guerra no Céu. “Houve então uma guerra nos céus. Miguel e seus anjos lutaram contra o dragão, e o dragão e os seus anjos revidaram. Mas estes não foram suficientemente fortes, e assim perderam o seu lugar nos céus. O grande dragão foi lançado fora. Ele é a antiga serpente chamada Diabo ou Satanás, que engana o mundo todo. Ele e os seus anjos foram lançados à terra.” Apocalipse 12:7 a 9.

O pecado será destruído, um dia. A segurança do Universo exige isso.

A rebelião de Lúcifer havia trazido uma assustadora nota de discórdia à harmonia celeste. Uma decisão deveria ser tomada, pois a ameaça dessa desarmonia se espalhar pelo Universo era real. Por isso, Miguel e Seus anjos lutaram contra o dragão (antes Lúcifer, agora Satanás) e seus anjos. O diabo e seus adeptos foram derrotados e, finalmente, expulsos do Céu.

A despeito de saber o risco que o nosso planeta correria, o plano da Criação seria mantido. Os seres humanos também seriam criados com liberdade de escolha. E quando o plano da criação deste mundo foi executado, Deus estava tranqüilo porque sabia exatamente o que fazer caso Adão e Eva participassem da rebelião proposta por Satanás. Deus enfrentaria seu inimigo não com força nem com armas, mas com uma cruz. A Trindade havia concordado que se os seres humanos se juntassem à conspiração, Deus, o Filho (a segunda pessoa da Trindade) viria à Terra para morrer em lugar do homem. Deus já possuía o Calvário em Seu coração porque Ele salvaria toda a humanidade com o “Cordeiro que foi morto desde a criação do mundo.” Apocalipse 13:8.

Que declaração! Ela nos conta uma tremenda história. O Cordeiro (Jesus) estava pronto para morrer desde a fundação do mundo. Essa seria a arma com a qual Deus combateria o pecado: o Cordeiro morto numa cruz. E, com essa arma, Ele seria vencedor. E agora, Satanás abandonaria sua guerra contra Deus? Não!

Ainda assim, é impossível entender as tragédias se não atentarmos para esse conflito cósmico que está em andamento. O sofrimento será sempre um mistério até que compreendamos o que está acontecendo nos bastidores. Temos a tendência de creditarmos a nós mesmos todos os sucessos e as coisas boas da vida e de culparmos a Deus por todas as desgraças e tragédias.

A Bíblia nos relata a interessante experiência de Jó. Ao lê-la, conhecemos os participantes que estão por trás das cenas da vida. Somos informados que ocorreu uma conversa entre Deus e Satanás. O Senhor conhecia a lealdade de Seu servo, mas Satanás, por sua vez, declarou que Jó servia a Deus somente porque era favorecido. Sendo assim, permitiu que Satanás fizesse o que bem entendesse, desde que não tocasse na saúde dele. “Mas estende a tua mão e fere tudo o que ele tem, e com certeza ele te amaldiçoará na tua face. O Senhor disse a Satanás: Pois bem, tudo o que ele possui está nas suas mãos; apenas não toque nele. Então Satanás saiu da presença do Senhor.” Jó 1:11 e 12.

Apesar de tudo o que lhe sobreveio, Jó manteve sua total confiança em Deus. Então, Satanás disse que se pudesse atingir a saúde dele, sua lealdade vacilaria. Deus permitiu que o diabo prosseguisse, desde que poupasse a vida do seu servo. “Estende a tua mão e fere a sua carne e os seus ossos, e com certeza ele te amaldiçoará na tua face. O Senhor disse a Satanás: Pois bem, ele está nas suas mãos; apenas poupe a vida dele. Saiu, pois, Satanás da presença do Senhor e afligiu Jó com feridas terríveis, da sola dos pés ao alto da cabeça.” Jó 2:5-7. As chagas vieram… E como doíam! Os que se diziam amigos de Jó, sentaram-se e olharam para ele durante sete dias sem dizer uma só palavra. Quando abriram a boca, disseram que ele deveria ser um terrível pecador para merecer tamanho castigo. Que tortura! Aqueles homens pensaram que Deus estava provocando tudo aquilo, afinal de contas, para eles, Deus era o responsável. Muitas pessoas ficam confusas nesse ponto, mas é Satanás quem se delicia em sair e levar sofrimento e desgraça aos seres humanos.

É impossível entender as tragédias se não atentarmos para esse conflito cósmico que está em andamento.

A exemplo do que fez no passado, Jesus gostaria de andar pelos caminhos e vilas, pelos hospitais e clínicas e não deixar nenhum doente. Ele gostaria de mandar para casa cada paciente perfeitamente curado, impedir que os carros colidissem, evitar que os aviões caíssem, que os acidentes ocorressem e que os terremotos, as inundações e os incêndios não acontecessem. Mas se Deus realmente gostaria que todas essas coisas não acontecessem, por que não o faz? Por que Ele não se apresenta e acaba com o sofrimento? Seu poder estaria faltando? Deus não pode fazer alguma coisa pelos nossos problemas além de expressar Sua simpatia?

Não seria justo mencionar falta de poder para Aquele que falou e tudo se fez. Seria, então, ausência de amor? Mas, se fosse falta de amor, Deus não entregaria Seu Filho para morrer em nosso lugar. Então, qual é o problema? Se Ele é poderoso o suficiente e ama o bastante, por que deixa todas as tragédias acontecerem?

É Satanás quem se delicia em sair e levar sofrimento e desgraça aos seres humanos.

Deus age assim porque é sábio. Se fosse enfrentar a rebelião da maneira como queremos, isso faria somente com que ela se alastrasse ainda mais. Se Ele fizesse o que gostaria, se curasse toda doença e impedisse todas as armas de dispararem e todos os acidentes de acontecerem, se fizesse o possível para tornar a vida mais suave para nós, jamais entenderíamos o quanto o pecado é cruel, impiedoso e mortífero. No entanto, o maior de todos os mistérios é a razão pela qual o inocente deve sofrer com o culpado.

Se o Senhor protegesse e curasse Seus filhos e respondesse a todas as orações como gostaria de fazer, deixando a tragédia cair somente sobre aqueles que rejeitam Sua graça, Satanás O acusaria de ser injusto. E mais: ele afirmaria que servimos a Deus por causa de Seus favores especiais.A discussão entre Deus e Satanás não terminou. E até que termine, muitas coisas ruins acontecerão a todos.

É impossível compreender as lágrimas e o sofrimento a não ser que entendamos o conflito que está caminhando rumo à solução final. É um conflito a ser decidido entre Deus e Satanás, entre o bem e o mal. Você e eu estamos envolvidos nessa questão. Anjos do bem e do mal estão disputando por nossa lealdade. Se nossos olhos se abrissem para o mundo invisível, veríamos como essas batalhas são ferozes.

Um dia, muito breve, Deus explicará os estranhos mistérios da vida. E nós entenderemos e aprovaremos o modo como Ele conduziu as coisas.

É impossível compreender as lágrimas e o sofrimento a não ser que entendamos o conflito que está caminhando rumo à solução final.  

domingo, 27 de novembro de 2016

A Fé e o Cordão Umbilical


"Sim, há um rio cujas correntes alegram a cidade de Deus, o santuário das moradas do Altíssimo. O rio da água da vida, brilhante como cristal, que sai do trono de Deus e do Cordeiro; rio puro de águas vivas. Naquele dia haverá uma fonte aberta para a casa de Davi, e para os habitantes de Jerusalém, para purificação do pecado e da imundícia. Se alguém tem sede, venha a Mim e beba. Todo aquele que beber da água que Eu lhe der nunca terá sede; pelo contrário, a água que Eu lhe der se fará nele uma fonte de água que jorre para a vida eterna. Quem crer em Mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva. Quando vindes para comparecerdes perante Mim, quem requereu isso de vossas mãos, que viésseis pisar os meus átrios? A fé atravessou o pátio exterior, e foi direto ao trono do Rei, para render ali sua homenagem à Sua pessoa, e lavar os pés do Admirável, o Conselheiro, Deus forte".

A fé ocupa a posição de um canal ou de um tubo condutor, a graça é a fonte. A fé é o aqueduto por onde descende o fluxo da misericórdia para refrescar os sedentos filhos dos homens. O aqueduto deve conservar-se intacto para que possa transportar a corrente de água, e da mesma forma, a fé tem que ser legítima e verdadeira, e tem que subir diretamente a Deus e descer diretamente a nós, para que possa converter-se em um condutor útil de misericórdia para nossas almas. A fé é o canal, o aqueduto, e não a fonte, e não devemos colocar muito os olhos nela, como para exaltá-la acima da fonte divina de toda benção que está na graça de Deus. Lembre-se disso ou você pode cair no erro de fixar tanto a sua mente na fé que é o canal da salvação que se esquece da graça que é a fonte e até origem da própria fé. Jamais convertam sua fé em um Cristo, nem a considerem como se fosse a fonte independente de sua salvação. Encontramos nossa vida ao “olhar para Jesus”, não ao olhar a nossa própria fé. Todas as coisas se tornam possíveis a nós através da fé, porém, o poder não está na fé, e sim no Deus em que descansa nossa fé. A graça é a locomotiva, e a fé é a cadeia por meio da qual o vagão da alma se vincula ao grande poder motor. O poder está na graça de Deus e não em nossa fé. Grandes mensagens podem ser enviadas através de fios delgados e a paz dá testemunho de que o Espírito Santo pode alcançar o coração por meio de uma fé semelhante a um filamento que parece quase incapaz de sustentar o seu próprio peso. Pense mais Naquele para quem você olha do que em seu próprio olhar. Devemos olhar para longe até mesmo do nosso próprio olhar e ver apenas Jesus, e a graça de Deus revelada Nele.

Os “rios” denotam a pluralidade de abundância espiritual que existe na vida de todos os remidos. Nada é nosso enquanto não nos apropriamos. Se queremos receber riquezas, a coisa da qual se apropria nos enriquece; não é incorreto, mas estritamente correto dizer que é a apropriação da bênção o que nos faz rico. A fé é a mão da alma. Ao esticá-la, se agarra à salvação de Cristo, e assim pela fé somos salvos. “Tua fé te salvou”

Era cego, mas podia ver muito mais que os fariseus, que diziam que podiam ver. Cego, mas sua visão interna viu o Rei em sua beleza, viu o esplendor de Seu trono, e o confessou. Era um mendigo, mas tinha uma alma real, e uma forte determinação soberana que não podia ser reprimida.

Tinha o tipo de mente que habita em homens que são príncipes entre seus companheiros. Ele não ia ser detido por discípulos, não, nem por apóstolos. Ele começou a orar, e vai orar até obter a bênção que busca. Ele não tinha nenhum pensamento acerca de algumas cerimônias que os sacerdotes deviam desempenhar; não tinha nenhuma ideia que lhe tivesse chegado por meio dos médicos. Sua exclamação foi, “Filho de Davi”.

Todos nós temos fé, até mesmo os ateus que costumam dizer “eu não creio em Deus”, mas quando acontece alguma coisa repentina, eles clamam na hora “Meu Deus”. Se nós somos imagem e semelhança de Deus e somos Suas criaturas, com certeza estamos ligados ao nosso Criador através da fé. Vamos entender melhor como é essa ligação entre nós e nosso Criador.

A fé é o cordão umbilical que nos liga a Deus. Quando fomos concebidos éramos apenas uma bolina de sangue, mas, com o tempo o sangue de nossa mãe que entra pelo cordão umbilical vai formando nosso corpinho, cada parte a seu tempo, como também recebemos o alimento necessário para crescermos fortes e sadios e aos nove meses já estamos totalmente formados e maduro para nascer. Quando crescemos costumamos dizer: eu vim da barriga da minha mãe, mesmo não nos vendo sendo gerados, disso temos convicção, mas não sabemos como foi gerada nossa alma, porque nem vimos e ninguém nos contou.

Através de Seu filho Jesus, o Pai vem nos dizer que não estamos sozinhos, mas, que através de nossa fé tudo pode ser mudado. Eram multidões que acorriam até Jesus, porque tinham fé, até mesmo alguns soldados que iriam crucificar jesus lá na frente vieram ter com jesus. Respondeu o centurião: “Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha casa. Dizei uma só palavra e meu servo será curado. Pois eu também sou um subordinado e tenho soldados às minhas ordens. Eu digo a um: Vai, e ele vai; a outro: Vem, e ele vem; e a meu servo: Faze isto, e ele o faz. Ouvindo isto, cheio de admiração, disse Jesus aos presentes: Em verdade vos digo: não encontrei semelhante fé em ninguém de Israel”.

Nosso corpo foi gerado no ventre de nossa mãe e nossa alma foi gerada no coração de Deus. Nós sabemos que nossa vida aqui é uma passagem, podemos viver, 50 anos, 30 anos, alguns até nem chegam a nascer, temos certeza de que um dia vamos morrer, mas, não sabemos na verdade para onde vamos pois infelizmente muitos de nós colocamos a fé em pessoas, bens materiais, dinheiro, etc... Jesus vem para direcionar nossa fé ao Pai Criador que nos deu a vida e que nos salva por meio da fé. Ninguém cria fé, nascemos com ela, dom de Deus.

A fé é o cordão umbilical que nos liga a Deus. Ela fé vai crescendo ao passo que buscamos conhecimento, oração, entrega, silencio... Nosso coração fica totalmente entregue a Deus a ponto de não se preocupar com o tamanho da fé que temos, mas nos regozijar com os efeitos que ela produz em nós. Não podemos jamais sermos autossuficientes nos achando cheios de fé.

A fé é o cordão umbilical que nos liga a Deus e, de Deus vem o alimento espiritual para a nossa vida. Ele nos sustenta e nos guarda em todos os nossos caminhos. O cordão umbilical é a estrutura que une o bebê à mãe e permite a passagem de sangue, oxigênio, nutrientes. O cordão umbilical é um tubo que liga o organismo da mãe e do bebê. Possui duas artérias e uma veia que levam substâncias que nutrem o organismo do bebê e ainda garantem sua respiração. O cordão umbilical funciona como uma ligação entre mãe e filho e é sem sombra de dúvidas uma das fontes de vida mais rica e fantástica.

Quando lemos João 3:1-5, podemos observar que essa passagem nos revela duas dimensões acerca do Reino de Deus: Ver o Reino, Entrar no Reino. Para ver o Reino é necessário nascer de novo. Todo aquele que foi marcado pela experiência do novo nascimento, foi habilitado a ver em essência o Reino de Deus.

O nascer de novo está relacionado com a vida sobrenatural do Senhor no nosso espírito. Nascer de novo não é somente repetir uma oração, mas sim, algo que traz uma mudança total nas nossas vidas. No texto original lemos da seguinte maneira: (…) é necessário ir nascendo de novo. Isso denota um processo, uma progressão. Nicodemos estava pensando somente num evento, mas Jesus disse que o novo nascimento é um processo que durará toda uma vida, onde as áreas do nosso ser integral progressivamente irão nascendo de novo.

Salvação no grego é a palavra sozo, que significa ser salvo, curado e liberto. A salvação não acontece como um evento, mas como todo um processo. Deus não quer levar apenas a nossa alma para o céu, Ele quer também que o nosso corpo físico seja curado. Assim como o nosso espírito é regenerado, precisamos trabalhar na integração do nosso coração, na restauração da nossa alma, na transformação da nossa mente e na cura do nosso corpo. Jesus disse a Nicodemos que o primeiro nível é nascer de novo para ver o Reino. À medida que vamos nascendo de novo, experimentamos cada vez mais o Reino de Deus.

O segundo nível é nascer da água e do espírito para entrar no Reino. Isso é diferente do nascer de novo. Não significa, como muitos pensam, a representação do Batismo, mas denota uma imersão nas águas da revelação da Palavra que nos permitirão acessar as dimensões sobrenaturais do Reino de Deus. Por isso precisamos ser expostos a uma Palavra Revelada, que não seja apenas letra, mas que tenha a vida que seja capaz de nos inserir o Reino de Deus.

É necessário que os véus da religiosidade sejam removidos da nossa vida para que possamos acessar o Reino sobrenatural. A letra mata, o Rhema vivifica. Em qual dimensão você se encontra?

A salvação nunca foi o alvo de Jesus. Ele nunca pregou a salvação, mas o Reino. A Salvação é apenas a porta de entrada para um Reino sobrenatural. 

Fomos chamados a caminhar no sobrenatural. Fomos chamados a acessar as dimensões sobrenaturais do Reino de Deus.

O que se vê nos dias de hoje é que muitos experimentaram o novo nascimento, contudo se conformaram com essa experiência. Não nasceram das águas de revelação. Não acessaram o Reino. Quando Jesus fala isso a Nicodemos, ele recebe a mensagem de forma natural. Entretanto, devemos sempre ter em mente que toda verdade é paralela. Tal como no natural, assim é no espiritual. Então, para entendermos o processo que se dá no novo nascimento de forma espiritual, veremos como acontece o nascimento de um bebê no natural. É importante ressaltar que quando um bebê sai do ventre da sua mãe, o primeiro que acontece é o corte do cordão umbilical.

Espiritualmente falando, se afirmamos que nascemos de novo não pode ser normal vivenciarmos situações incompletas, oportunidades perdidas, falta de prosperidade, enfermidades, etc. Se nós nascemos de novo, por que nos sentimos presos as ligaduras do passado que não nos permitem acessar as dimensões sobrenaturais que o Pai determinou para nós? Isso nos revela que quando nascemos de novo, precisamos que a nossa origem seja remida e a herança que recebemos dos nossos antepassados, cortada.

Em Ezequiel 16:1-8, nos fala da história de Jerusalém, uma cidade comparada a uma mulher com suas personalidades. Essa é a realidade da maioria das pessoas nos dias de hoje. Pessoas que, ainda que nasceram de novo, não experimentaram todo o processo do novo nascimento nem do nascimento das águas de revelação para acessar e usufruir da plenitude que o Reino de Deus tem para oferecer.

A tua origem e o teu nascimento procedem da terra dos cananeus; teu pai era amorreu, e tua mãe, heteia. Os cananeus eram os habitantes de Canaã, a Terra Prometida. Junto com os amorreus e os heteus, eles faziam parte das sete nações na qual o Senhor ordenou ao povo de Israel destruir. Entretanto, o povo desobedeceu às ordens do Eterno, se misturou e se contaminou, praticando as mesmas abominações deles. Jerusalém não passou pelo processo de remissão da origem.

E, quanto ao teu nascimento, no dia em que nasceste não te foi cortado o umbigo. O que une o bebê a sua mãe é o cordão umbilical. Quando ele nasce, esse cordão é cortado. Do mesmo modo, quando nascemos de novo, deve haver um corte com o vínculo do passado, com toda influência com os nossos antepassados. (…) nem foste lavada com água, para te limpar. Aqui vemos o mesmo que Jesus disse a Nicodemos. A primeira parte do processo é cortar o cordão umbilical.  Mas, é necessário ir nascendo de novo pela revelação da Palavra para entrarmos no Reino. Não podemos nos conformar com a letra. A religião engessa, e não permite o acesso ao sobrenatural.

Precisamos nos lavar com as águas de revelação da Palavra Rhema de Deus. (…) nem tampouco foste esfregada com sal. Essa é uma das razões pela qual a Igreja é tão fraca e doente nos dias de hoje. Na cultura hebraica quando um bebê nascia, era feito uma pasta com azeite e sal. Essa pasta era esfregada no recém-nascido para tirar toda a aderência do ventre, bem como o resto de placenta, e os coágulos de sangue. Assim no espiritual, não é suficiente nascer de novo, mas também toda aderência de morte deve sair da nossa vida. Para isso precisamos do azeite e do sal, ou seja, da UNÇÃO. Onde não há unção, as pessoas continuam com as aderências do passado.

A religiosidade nos deixa com aderências de rebeldia e de incredulidade. Nos leva a pensar que tudo está bem, quando nem conseguimos dominar a própria carne. Isso se deve ao fato de nos focarmos apenas ao novo nascimento e não no processo que o Pai tem para nós. Isaías 10:27 diz que a unção apodrece o jugo e despedaça as cadeias, quebrando todas as aderências. Precisamos desta pasta/unção para nos fortalecer.  Precisamos estar imersos na unção. A unção arrancará de nós tudo aquilo que não é a nossa herança! Essa é a mensagem do Reino. (…) nem envolta em faixas para te proteger.

Na cultura hebraica após o bebê ser esfregado com sal, colocava-se nele fraldas que o envolviam da cabeça aos pés, a fim de que os ossos ficassem alinhados e não houvesse distorção. Se não permitimos nos envolver para que nos corrijam nas áreas da nossa vida, o nosso futuro será distorcido. A religião nos deixa crescer deformes, pois não passamos pelo processo de sermos envolvidos, alinhados e corrigidos das nossas más formações.

Muitos de nós temos pensamentos confusos acerca do amor. O amor do Pai nos leva a Sua Justiça, a Sua Destra, ao Seu alinhamento. Porque Ele nos ama, Ele não permite que permaneçamos distorcidos. O amor permissivo não é o amor do Pai. Ele não nos deixará desprotegidos. Ele nos envolve para nos proteger. Quem não se deixa envolver, não está protegido. Ninguém se apiedou de ti para te fazer alguma destas coisas, compadecido de ti; porém foste lançada fora no campo, pelo nojo de ti, no dia em que nasceste.  E, passando eu por ti, vi-te banhada no teu sangue, e disse-te: Ainda que estás no teu sangue, vive; sim, disse-te: Ainda que estás no teu sangue, vive.  A verdadeira compaixão não é permitir fazer o que você quer, mas tirar de tudo aquilo que não é plano do Pai. O Pai quer passar pelas nossas vidas e cuidar do nosso crescimento e desenvolvimento. Ele quer cortar com toda a herança (iniquidade) que recebemos dos nossos antepassados.

No nascimento é-nos cortado o cordão umbilical físico. Sua função de nos ligar à mãe e nesse contato nos manter vivos, alimentados e seguros, deixa de existir. Muitos, diz a psicologia, ficam presos emocionalmente a este cordão. Isso não é bom. Afinal, precisamos crescer. Não vivemos na “Terra do Nunca” da história de Peter Pan. A vida avança para uma nova etapa. Agora, alimento, segurança e vida nos são dados de outras formas. Mas crescer não é fácil! Às vezes dói. Mas se nesse crescimento cortamos o cordão umbilical físico, o conceito quer nos lembrar, agora positivamente que na família, psicologicamente falando, ele vai existir, ser “elástico” e durar a vida toda. Através desse cordão umbilical elástico há uma segurança extra, sempre presente, que garante elementos básicos para o viver de cada ser humano. Dentre estes o sentimento de pertencimento. Através dele, psicologicamente falando, mantemos uma ligação com a nossa família. Dele decorre que nas dificuldades, não nos sentimos sós, mas pertencentes. Essa visão não nos prejudica, mas serve de alicerce, ou noutra figura de linguagem, de um “porto seguro”. Espiritualmente falando não nascemos com nenhum cordão umbilical (Salmo 51.5; Efésios 2.1). Mas somos enxertados num, pelo Batismo. Este nos une ao Pai Celestial, pela fé em Cristo, criada no Batismo.

Ele, por mais que o tempo passa, serve para nos trazer de volta a grande família da fé. Por meio do Batismo, este cordão umbilical “espiritual”, cria em nosso coração um sentimento de pertencimento e de acolhida. Triste é ver e perceber um grande número de “suicídios” espirituais causados pela ruptura deste cordão e pela inanição espiritual que este afastamento causa. Este vínculo espiritual é elástico. Mas pode ser rompido definitivamente na hora da morte, caso não tenha sido alimentado, mantido, levado em conta, vivido… Mas, belo, relevante e de grande importância, é sabermos que na sua elasticidade, ele nos permite voltar à casa paterna. Assim como a família tem recebido de volta os seus, por causa de decisões infelizes, pelos reveses da vida, etc. também a família da fé está aberta a volta daqueles que partiram expondo-se a morte espiritual. Mas essa família faz mais, Ela vai ao encontro daqueles que anseiam por voltar e ter no coração este sentimento maravilhoso de pertença, de acolhida, de sustento e de amor.

A história do Filho Pródigo, é bem isso. Aquele filho teve uma família para onde voltar. Que bom ser família assim, tipo “porto seguro”. É bom ser igreja assim. E em Cristo nós somos igreja que acolhe, religa pelos sacramentos, vai ao encontro e permite a constante volta… Viva assim em sua família. Garanta a noção de pertencimento a todos os seus integrantes. Se você desejar ir, pense bem antes… É direito seu. Tendo ido, saiba que podes voltar. Não por mérito seu, mas por graça…pela graça de pertencer a uma grande família que vive suprida pela graça de estar unida ao Pai Celeste pelo cordão espiritual da fé.

Abandonar a fé em Deus, é como cortar o cordão umbilical que nos liga ao único ser capaz de realmente alimentar nossa alma. Agir pelas nossas próprias forças, estribados no nosso próprio entendimento, embaçados na nossa visão, no nosso conhecimento, é dizer no fundo do coração: não há Deus, pois, na prática, o que existe para mim sou eu e minha capacidade. A fraqueza da sua fé não destruirá você. Uma mão trêmula pode receber um presente de ouro. A salvação do Senhor pode vir a nós embora tenhamos a fé somente como um grão da semente de mostarda. Porque uma vez exercitada corretamente a fé se converte no motor da natureza inteira. A fé opera de acordo a condição, às circunstâncias, sexo, ou habilidade da pessoa na qual vive, e a melhor maneira que se manifesta é em sua própria forma, não de uma maneira artificial, mas na efusão natural do coração.


Fontes:

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal

http://www.dacruz.org/index.php/2012/10/cordao-umbilical-elastico/
Pr José Daniel Steimetz

http://apostolofernando.com.br/artigos/cortando-o-cordao-umbilical/
Fernando Guillen

Eliana Fialho
https://mais.uol.com.br/view/17263askcth5/fe-04024D1B396AE4914326?types=A&

Charles Haddon Spurgeon
https://www.projetospurgeon.com.br/2012/01/uma-defesa-da-doutrina-da-justificacao-pela-fe-moody-sankey/

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

A Arte Dolorosa de Podar


A linguagem de Jesus nos evangelhos é repleta de metáforas, construídas sob uma riqueza de imagens. Suas parábolas são verdadeiros convites à imaginação. Banquetes verbais que alimentam espiritualidades famintas. São mais do que simples histórias com fundo moral ou doutrinário: convidam-nos a adentrar um mundo cheio de símbolos, imagens, possibilidades, verdades, ideias e certezas do reino.

Uma particularidade bela é que Jesus nem sempre conclui suas histórias. Com isso, ele nos convida a sermos co-autores dessas histórias. Somos convidados a encontrar ressonâncias delas em nossa cotidianidade. Somos convidados a encontrar final diferente. Histórias não são como exercícios de matemática: não são exatas! Não são imutáveis, encarceradas à tirania de uma lógica (desde que aprendemos que um mais um soma dois, isso jamais mudou). As histórias são libertas dessas algemas: elas crescem conosco, amadurecem quase no mesmo ritmo que nós.
A imagem da videira constitui uma das mais profundas e inspiradoras metáforas utilizadas por Jesus no trato com seus discípulos. Nessa construção espiritual, nossa vida é apresentada como sendo os galhos ligados à videira. Ele é a videira, nós, os galhos. Uma metáfora de implicações profundas. Um convite à intimidade que produz frutos. Muita gente, na atualidade, gosta do título de “íntimo”, porém, sem produzir nenhum fruto.

Um processo longo e doloroso
Poucos conseguem compreender a grande e desafiadora verdade de que para crescer e produzir frutos o galho carece do trabalho de um agricultor experiente que, com muita precisão, amor e ternura, trabalha na realização da poda. Talvez, uma das mais belas lições desse texto seja: Deus enxerga possibilidades no galho! Jesus afirma que Deus, o Pai (questão central da espiritualidade, Deus como Pai), no início das primaveras, toma os ramos em suas mãos e começa a realizar essa delicada e incrível tarefa. O jardineiro celeste abençoa cada galho com suas mãos bondosas. Lutero dizia: “Nosso Senhor escreveu a promessa da ressurreição não somente nos livros, mas em cada folha da primavera”.

Seu trabalho é meticuloso: limpa, corta, tira o excesso propiciando às folhas e frutos a bênção de nascer saudáveis. Essa metáfora nos leva às mais profundas dimensões da espiritualidade, no lugar secreto onde habita a necessidade de manutenção da vida espiritual. Esse lugar íntimo é perigoso, é o lugar onde ilusões podem matar, onde parasitas da espiritualidade habitam, daí a necessidade de uma poda.

Crescimento espiritual não é fruto de uma somatória de eventos, experiências, informações e realizações que vamos acumulando ao longo da vida. É o resultado de um longo processo de jardinagem, onde o jardineiro experiente trabalha com o único anseio de ver o fruto brotar belo e saudável. Nosso grande problema é acreditar que a espiritualidade é determinada por aquilo que fazemos para Deus, contudo, essa metáfora deixa bem claro que,antes de fazermos alguma coisa, de darmos algum fruto, somos submetidos à poda de Deus. Portanto, o que Deus faz em nós precede o que fazemos por Ele.

Do ponto de vista de um leigo em jardinagem, a poda parece uma mutilação, uma violência, uma agressão. O processo é doloroso. A planta fica feia, sangra. Porém, esse é o caminho. Para que a planta possa produzir, eliminar os parasitas, ela precisa atravessar esse processo.

O que precisamos podar?Muitas coisas precisam ser podadas em nós. Carecemos muito da intervenção do jardineiro celeste. Os parasitas da atualidade são muito mais letais, muito mais nocivos. Vivemos num século da desumanidade, da deterioração da beleza. Nossos galhos agonizam numa poeira pós-moderna asfixiante.

Uma das coisas que precisamos podar é a ambição desmedida. A busca alucinada por sucesso, fama, garantias profissionais e financeiras, segurança, estabilidade. Estamos como prisioneiros de um velho pecado que surge hoje com cara nova: a ambição. Antigamente era considerada um grande mal, hoje, é aclamada, valorizada, buscada e desejada. Foi “santificada”, transformou-se virtude. O grande problema desse parasita, é que ele, sutilmente, inverte os pólos, levando-nos a deixar de ser criaturas para ser criadores.

Para que possamos viver plenamente, precisamos estar inseridos nos termos da criação. Isso implica viver debaixo de uma ordem definida na criação, ou seja: Deus ama e nós somos amados; Deus cria e nós somos criados; Deus revela-se e nós recebemos a revelação; Deus ordena e nós obedecemos. Isso nos leva a crescer como criaturas, aceitando o Criador, entendendo que não somos nós que damos sentido ao mundo, é Deus. Ser cristão é aceitar os termos da criação. Isso nos livra da tentação de viver num mundo sem criador. Isso nos livra de carregar um peso que não é nosso. Se o jardineiro divino podar nossas ambições, seremos livres para amar, para ser conduzidos e para ser abençoados.

Outra coisa que necessitamos ser podados é a ingratidão. Elas nos torna pessoas insatisfeitas. Nunca temos o suficiente, sempre há alguma coisa em falta (ou alguém). Perdemos a capacidade de ver Deus agindo nas pequenas coisas, a alegria de perceber sua graça nos detalhes. Como efeito colateral disso, perdemos a capacidade de confiar. Somos aprisionados na dependência de nós mesmos, numa masmorra da autossuficiência.

Nessa busca por autoconfiança, encontramos apenas ansiedade e desespero. Fechamos as portas da alma para a presença alegre e libertadora do Espírito Santo. Somos engendrados numa teia agonizante de reclamações, onde perdemos a capacidade de perceber o cheiro das flores e o sabor dos frutos. Galhos marcados pela esterilidade.

Quando Deus poda a ingratidão, abrimos a alma para a generosidade. Valorizamos o dar ao invés do receber. Aprendemos a ir ao encontro do outro, redescobrir o bendito movimento para-o-outro, ao invés de esperarmos que o outro nos encontre. Aprendemos a oferecer a mão, o ombro, o carinho, a compaixão, ao invés de lamentar o abandono e a solidão. Ao invés de buscar bênçãos, tornamo-nos bênção para os outros. Exalamos o perfume das flores que a poda divina fez nascer em nós novamente.

Também precisamos podar a apatia ou acomodação. A apatia (do grego: a + patós: sem sentimento) é a fonte da anemia espiritual. Ela nos torna descuidados, displicentes, acomodados. Aliás, não há nada mais feio do que um jardim abandonado. As roseiras que não foram podadas no tempo certo, que cresceram desordenadas, não têm mais forças para fazer as rosas brotarem, misturam-se com o mato, tornam-se semelhantes a ele. O que o jardineiro celeste faz é limpar o mato, tirar o excesso, abrir os caminhos para a circulação da vida. Podar é possibilitar novamente o fluxo da vida, o viço da beleza, o crescimento saudável.

Quando descuidamos da vida devocional, da oração, quando o descaso para com a igreja cresce, o abandono da comunhão acontece, o mato vai crescendo e sufocando a vida. Outros hábitos vão sendo formados, passamos a gostar de outros lugares, a ter prazer noutras coisas. O mato começa a fazer parte da paisagem, toma conta do jardim. O que é mais triste é que só daremos conta do mal quando o fruto vier apodrecido, isto se vier algum fruto.

Podar a apatia ou acomodação é renovar alianças e votos. É permitir que a seiva da graça de Deus volte a correr por todos os canais, trazendo de volta a vida e a paixão por Deus, pela família, pela igreja. É voltar os olhos para o futuro e, como o jardineiro – que logo após a poda, deixa a videira mutilada e feia – saber que, após alguns dias de chuva e sol, ela renascerá cheia de vida, bela, radiante e admirada pelas cores e pelo perfume.

Uma certeza temos: precisamos da poda! É doloroso, mas necessário. Existem muitos ramos que já não frutificam. O mato tem sufocado a espiritualidade, eliminado o perfume, apagado as cores. Jesus deixou claro que o destino de tais galhos é o fogo da destruição, uma vez que já não servem. A lição que fica aqui é muito importante: Deus anseia por nos libertar de nossa própria debilidade, ele anseia mostrar ao mundo sua beleza em nós, seu perfume em nós, sua glória. É a arte do jardineiro na pobreza do galho.

Temos uma verdadeira alegria, pois ainda que as crises façam o mato crescer, temos um jardineiro atento e pronto a nos podar para que nossos frutos sejam dignos e belos.

“Você já notou a diferença existente na vida cristã entre obra e fruto? Uma máquina pode realizar sua obra; só a vida produz fruto”. Andrew Murray

Alan Brizotti 

Via: Blog do Pr. Matias

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Lutero e a Justificação pela Fé

“Mas o justo viverá pela fé.” – Habacuque 2:4.
Este texto é empregado três vezes pelo apóstolo Paulo como argumento. Leia Romanos 1:17, Gálatas 3:11 e Hebreus 10:30 – em cada um desses casos aparece, “o justo viverá pela fé”. Este é o antigo texto original ao qual o apóstolo se referiu quando disse, “Como está escrito, o justo viverá pela fé.” Nós não estamos errados em fazer da inspiração do Antigo Testamento tão importante quanto à do Novo, pois a verdade do Evangelho deve se manter em pé ou então cair com os profetas da antiga dispensação. A Bíblia é uma e indivisível – não se pode questionar o Antigo Testamento e reter o Novo. Ou Habacuque estava inspirado ou Paulo escrevia coisas sem sentido.
Ontem, há 400 anos, em 10 de Novembro de 1483, veio a este mundo fraco o filho de um mineiro refinador de metais, que não fez poucas coisas para eliminar o Papado e refinar a Igreja. O nome deste bebê era Martinho Lutero – um herói e um santo. Bendito foi este dia acima de todos os dias deste século, que honra, pois concedeu uma bênção sobre todos os séculos subsequentes por meio do “monge que abalou o mundo”. O seu espírito corajoso derrubou a tirania do erro que havia por tanto tempo envolvido as nações em sua escravidão. Toda a história da humanidade, desde então, tem sido mais ou menos afetada pelo nascimento deste maravilhoso garoto! Ele não era um homem absolutamente perfeito – nós também não endossamos tudo o que ele disse nem admiramos tudo o que fez – mas ele era um homem sobre o qual o olhar da maioria dos homens deveria repousar.
Ele foi um poderoso juiz em Israel, um servo real do Senhor. Nós devemos mais frequentemente orar a Deus pedindo por homens como este – homens de Deus, homens de poder. Deveríamos orar para que, de acordo com a infinita bondade do Senhor, Seus infinitos dons continuem e se multipliquem para a perfeição da sua igreja, pois quando Cristo ascendeu aos céus, ele levou cativo o cativeiro e entregou dons aos homens. E “alguns ele fez apóstolos; e outros profetas; e outros evangelistas; e outros pastores e mestres” (Efésios 4:11). Ele continua a outorgar estes dons escolhidos de acordo com as necessidades da Igreja e Ele os dispensaria mais plenamente, talvez, se nossas orações mais intensamente subissem ao Senhor da messe que enviaria trabalhadores à sua messe. Mesmo quando acreditamos no Salvador crucificado como nosso salvador pessoal, nós devemos acreditar que o Senhor ascendeu para o perpétuo com os confessores e evangelistas que declararão a verdade de Deus.
Eu gostaria de fazer uma pequena homenagem a Lutero em seu aniversário e eu penso que eu não poderia fazer melhor coisa que usar a chave da verdade de Deus pela qual Lutero destravou as masmorras da mente humana e transformou corações escravos em livres. Esta chave dourada encontra-se na Verdade brevemente contida no texto diante de nós – “O justo viverá pela fé”. Você não está um tanto surpreso de achar uma passagem tão Evangélica em Habacuque? Por descobrir em um antigo profeta uma afirmação tão explícita que Paulo pôde usar como argumento pronto contra os oponentes da justificação pela fé? Ele mostra que a doutrina cardial do evangelho não é uma nova noção! Claramente não é um novo dogma inventado por Lutero, nem mesmo uma verdade de Deus ensinada em primeira mão por Paulo!
Este fato, Justificação pela Fé, foi estabelecido em todas as eras e, portanto, nós o encontramos aqui, entre as coisas antigas, uma lâmpada para iluminar as trevas que pairavam sobre Israel antes da vinda do Senhor! Isto também prova que não houve mudanças no evangelho. O evangelho de Habacuque é o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo. Uma luz muito clara foi lançada sobre esta Verdade de Deus pelo dom do Espirito Santo, mas o caminho da salvação tem sido, em todos os tempos, o mesmo! Nenhum homem jamais foi salvo pelas suas boas obras. O modo pelo qual cada justo tem vivido sempre foi pelo caminho da fé. Não houve o menor desvio desta Verdade – foi estabelecido e instituído – sempre o mesmo, como Deus o proferiu.
Em todos os tempos e em todos os lugares, o evangelho é e continuará sendo o mesmo. “Jesus Cristo, o mesmo ontem, hoje e eternamente”. Nós lemos “o evangelho” a partir de um – nunca dois ou três evangelhos – como muitos. Céus e terras passarão, mas a Palavra de Cristo nunca passará. Também é digno de nota que esta verdade de Deus é tão antiga e ainda assim continua tão imutável, e com tanta vitalidade. Esta sentença, “O justo viverá pela fé”, produziu a Reforma! Desta linha, a partir da abertura dos selos do apocalipse virão todos os sons das trombetas do evangelho e todas as canções evangélicas como o som de muitas águas. Esta única semente – esquecida e escondida nas trevas da era medieval – foi trazida de volta, colocada no coração dos homens, cresceu pelo Espírito Santo de Deus, para no final produzir grandes resultados.
Esta porção de semente no topo das montanhas foi multiplicada de tal forma que o fruto moveu o Líbano e suas cidades e floresceu como a erva do campo. Mesmo a menor parte da Verdade de Deus lançada em qualquer lugar viverá! Algumas plantas são tão cheias de vitalidade que apenas o fragmento de uma folha colocado no solo fará com que ela crie raízes e cresça. É completamente impossível que esta vegetação se extinga, e assim acontece com a Verdade de Deus – ela é viva e incorruptível – e, portanto, nada pode destruí-la. Desde que uma Bíblia reste, a religião da Graça Livre viverá! Não, se puderem queimar todas as escrituras, ainda que reste apenas uma criança que se lembre de um único texto da Palavra, a Verdade se levantará novamente!
Mesmo nas cinzas da verdade o fogo ainda está vivo, e quando o sopro do Senhor vem sobre elas, a chama arde gloriosamente. Por isto, sejamos confortados nestes dias de blasfêmias e censura – confortados porque “embora a erva embranqueça e a flor caia: mas a Palavra do Senhor dura para sempre.” E esta é a palavra pela qual o evangelho é pregado a você. Deixe-nos examinar este texto cujo sentido iluminou o coração de Lutero, enquanto o explico a você.
I. Eu devo, a princípio, fazer uma breve observação – UM HOMEM QUE TEM FÉ EM DEUS É JUSTO. “O justo viverá pela fé.” O homem que possui fé em Deus é um homem justo – a sua fé é a sua vida como um homem justo. Ele ser “justo” sentido do Evangelho, isto é, ter a fé que Deus prescreve como caminho da salvação, ele é, por sua fé, justificado na visão de Deus. No Antigo Testamento é dito a nós, em referência a Abraão, que “ele acreditou no Senhor; e o Senhor lhe contou isto por justiça” (Genesis 15:6). Este é o plano universal de justificação. A fé está abraçada à justiça de Deus em aceitar o plano de justificação de pecadores por meio do sacrifício de Cristo – e ela faz do pecador um justo.
A fé aceita e apropria por ela mesma todo o sistema Divino de justiça que se desdobra na pessoa e no ministério de Jesus Cristo. A fé regozija em vê-Lo vindo ao mundo em nossa natureza, e nesta natureza, obedecendo a Lei de Deus em cada jota e til, mesmo que ele não estivesse sob a Lei Ele escolheu colocar-se lá em nosso lugar. A fé se compraz quando vê o Senhor, que veio sob a Lei, oferecendo-se como perfeita expiação e fazendo uma completa vindicação da justiça divina pelo Seu sofrimento e morte. A fé se encontra na pessoa, vida e morte do Senhor Jesus como a sua única esperança – e na justiça de Cristo ela se sustém. Ela grita “O castigo que me traz a paz estava sobre Ele e pelas Suas pisaduras fui curado”.
Agora, os homens que creem no método de Deus de transformar homens em justos através da justiça de Jesus, e aceitam Jesus e põem a sua fé Nele, estes são homens justos! Aquele que faz da vida e morte de Jesus a grande propiciação e nela crê como a sua única fonte de confiança é justificado aos olhos de Deus e tem seu nome escrito entre os justos pelo próprio Senhor. A sua fé é imputada pela justiça porque a sua fé se agarra à justiça de Deus em Cristo Jesus. “Todos os que creem são justificados de todas as coisas, daquilo que não podíeis ser justificados pela lei de Moisés”. Este é o testemunho da Palavra inspirada – quem o negará?
Mas o crente também é justo em outro sentido, cujo mundo exterior aprecia melhor, embora não seja mais valoroso que o sentido formal. O homem crente em Deus torna-se, pela fé, movido para tudo o que é correto, bom e verdadeiro. Sua fé em Deus retifica sua mente e o faz justo. No julgar, no desejar, no aspirar, em seu coração, ele é justo. Seus pecados foram perdoados, na hora da tentação, ele clama: “como, agora, eu fraquejei e cometi este pecado contra Deus?”. Ele acredita no derramamento de sangue que Deus proveu para limpar o pecado e, para ser lavado em seu interior, ele não pode escolher se sujar novamente. O amor de Cristo o constrange a seguir o que é verdadeiro, correto, bom, amável e honroso aos olhos de Deus.
Tendo recebido pela fé, o privilégio da adoção, ele emprenha-se em viver como um filho de Deus. Tendo obtido, pela fé, uma nova vida, ele anda em novidade de vida. “Princípios imortais impedem os filhos de Deus de pecar”. Se muitos vivem em pecado e amam isso, eles não têm a fé dos eleitos de Deus, pois a fé verdadeira purifica a alma. A fé que operou em nós pelo Espírito Santo é a maior exterminadora de pecados debaixo do Céu. Pela graça de Deus ela afeta o íntimo do coração, modifica as vontades e emoções; e torna o homem em uma nova criatura em Cristo Jesus. Se há alguém na terra que pode, verdadeiramente, ser chamado de justo, estes são os que assim são transformados pela fé em Deus através de Jesus Cristo nosso Senhor. Deveras, nenhum outro homem é justo, salvo aqueles a quem o santo Deus deu o título de justos – e para estes o texto diz que o justo viverá pela fé.
A fé crê em Deus e, portanto, O ama. E, portanto, O obedece. E, portanto, cresce como Ele. É a raiz da santidade, a primavera da justiça, a vida do justo!
II. Acerca desta observação, que é vital para o texto, eu não mais me prolongarei, mas avançarei a outro ponto que dialoga com ele, a saber, O HOMEM JUSTO TEM FÉ EM DEUS. Ou então, deixe-me dizer, ele não é justo, pois Deus merece fé e aquele que O rouba, não é justo. Deus é tão justo que duvidar Dele é injustiça – Ele é tão leal que não confiar Nele é ofendê-Lo – e este que faz a Deus tamanha injustiça não é considerado justo. Um homem justo deve ser primeiramente justo com o maior dos seres. Seria inútil para ele ser justo com todas as outras criaturas se intencionalmente ele ofendesse a Deus. Eu digo que ele seria indigno do nome justo. Fé é o que o Senhor, justamente, merece receber das suas criaturas – é devido a isto que acreditamos no que Ele diz – e especialmente em referência ao Evangelho.
Quando o grande amor de Deus em Cristo Jesus é claramente estabelecido, ele será crido pelos de coração puro. Se o imenso amor de Cristo em morrer por nós for completamente entendido, então ele deve ser crido por toda a mente honesta. Duvidar do testemunho de Deus acerca do seu Filho Jesus é cometer a maior injustiça ao Seu infinito amor. Aquele que crê não rejeitou o testemunho de Deus ao dom indizível e o colocou naquele que merece adoração em gratidão dos homens, pois, sozinho, pode satisfazer a Justiça de Deus e dar paz à consciência dos homens. Um homem verdadeiramente justo, para a completude da sua justeza, crê em Deus e em tudo aquilo que Ele revelou.
Alguns sonham que essa questão de justiça apenas concerne à vida exterior e não toca nas crenças do homem. Eu digo, não é assim – a justiça diz respeito ao interior do homem, a parte central de sua humanidade – e o verdadeiro homem justo deseja ser limpo em partes secretas e, nas partes escondidas, eles conheceriam a sabedoria. Não é assim? Nós ouvimos isto continuamente: que nossas compreensões e crenças constituem uma província isenta da jurisdição de Deus. Então, deverás, eu posso acreditar no que eu quiser sem ter responsabilidade por isso diante de Deus? Não, meus irmãos e irmãs! Nenhuma parte de nossa humanidade está fora do alcance da divina lei! Nossa completa capacidade como homens repousa sobre a soberania d’Ele que nos criou e estamos obrigados a tanto acreditar como a agir corretamente!
Na verdade, nossas ações e pensamentos estão tão entrelaçadas e emaranhadas que não há divisão entre um e outro. Dizer que a justiça da vida exterior é suficiente é ir contrariamente ao teor da Palavra de Deus. Eu estou mais voltado a servir a Deus com meu coração e minha mente! Estou tão sujeito a crer naquilo que Deus revela assim como estou sujeito a fazer aquilo em que Deus se regozija! Erros de julgamento são tão verdadeiramente pecados quanto erros da vida. É parte da nossa submissão para o nosso grande e Soberano Senhor que nós submetamos nossa compreensão, nossos pensamentos e nossas crenças ao Seu supremo controle. Nenhum homem é correto até que ele acredite nas coisas corretas. Um homem justo deverá ser justo através de Deus, por crer em Deus e confiando Nele em tudo o que Ele é, diz e faz.
Eu também não vejo, meus caros amigos, que razão há para o homem ser justo com seus semelhantes quando ele desistiu da sua crença em Deus. Se se trata de uma pequena parte e um homem pode entregar-se por um pedaço de desonestidade, por que ele não deveria ser desonesto se não há uma lei maior do que a que seus companheiros fizeram? Se não há trono de justiça, nenhum julgamento a se seguir, porque ele deveria se preocupar? Há poucas semanas atrás um homem matou deliberadamente seu empregado, que o havia ofendido. E como ele se entregou à polícia, ele disse que não estava nem um pouco receoso ou envergonhado daquilo que havia feito. Ele admitiu o assassinato e reconheceu que sabia muito bem das consequências. Ele disse que esperava sofrer a dor por meio minuto e depois então viria o seu fim e estava pronto para aquilo.
Ele falou e agiu em consistência com as suas crenças ou descrenças – e verdadeiramente não há forma de crime, mas o que se torna lógico e legítimo é se existe ou não fé em Deus e a vida após a morte para o homem. Sem isto, rompamos com a comunidade – não há nada que faça com que os humanos permaneçam juntos! Sem Deus, o governo moral do universo cessa e a anarquia é o estado natural das coisas. Se não há Deus e o julgamento no porvir, deixe-nos bebamos, porque amanhã morreremos. Se necessário, deixe-nos roubar, mentir e matar!
Porque não? Se não há lei, julgamento ou punição para o pecado – nada pode ser pecaminoso! Se não há legislador, não há lei! E se não há lei, então não pode haver transgressão! A que tipo de caos chegaríamos se a fé em Deus fosse renunciada! Onde o justo será encontrado se a fé for banida? O homem justo é crente em uma medida ou outra – e ele que é digno de ser chamado de “justo” no sentido bíblico, é um crente no Senhor Jesus Cristo, que  foi feito justiça de Deus por nós!
III. Mas agora vou para o ponto no qual eu pretendo me alongar. Em terceiro lugar, POR ESSA FÉ O JUSTO DEVERÁ VIVER. Isto é, a princípio, uma declaração estreita. Cortam-se muitas maneiras de viver fingindo, dizendo: “O justo viverá pela fé.” Esta sentença dá sinais da porta estreita que está à frente do caminho – o caminho estreito que leva à vida eterna. De um só golpe isso acaba todas as reivindicações de justiça, independentemente de um modo de vida. Os melhores homens do mundo só podem viver pela fé – não há outra forma de ser justo aos olhos de Deus! Nós não podemos viver em justiça própria, em hipocrisia. Se formos confiar em nós mesmos, ou em qualquer coisa que venha de nós mesmos, estamos mortos, enquanto confiamos – nós não temos conhecido a vida de Deus de acordos com os ensinamentos da Sagrada Escritura.
Você deve vir direto para fora da confiança em tudo o que você é ou esperar ser. Você deve arrancar as vestes de lepra da justiça legal e romper com toda e qualquer forma dela. Autossuficiência quanto às coisas da religião resultará em autodestruição! Você deve descansar em Deus como Ele é revelado em Seu Filho Jesus Cristo e Nele somente. O justo viverá pela fé. Aqueles que olham para as obras da lei estão debaixo da maldição e não podem viver diante de Deus. O mesmo também acontece com aqueles que se esforçam para viver de sensações ou sentimento. Eles julgam a Deus por aquilo que veem – se Ele é abundante para eles em providência, Ele é um Deus bom. Se eles são pobres, eles não têm nada de bom para dizer a Ele, porque eles O medem por aquilo que sentem, provam e veem. Se Deus trabalha continuamente para um propósito e eles podem ver o seu propósito, eles elogiam a Sua sabedoria. Mas quando eles ou não pode ver o fim, ou não conseguem entender o caminho pelo qual o Senhor está trabalhando, imediatamente O julgam imprudente. Viver pelos sentimentos acaba por ser um modo de vida sem sentido, trazendo morte a todo conforto e esperança –
“Não julgueis o Senhor pelo sentido fraco,
Mas confiar nele para a Sua Graça.”
Pois apenas nesta confiança um homem justo pode viver.
O texto também destrói toda a ideia de vida por mero intelecto. Muitos dizem: “Eu sou o meu próprio guia! Farei doutrinas para mim e vou transferí-las e moldá-las de acordo com meus próprios recursos”. Essa maneira é a morte para o espírito. Estar de acordo com os costumes das épocas é, por vezes, ser inimigo de Deus! O caminho da vida é acreditar no que Deus tem ensinado, especialmente a acreditar Naquele a quem Deus estabeleceu para ser Propiciação pelo pecado, por que está fazendo de Deus tudo e nós nada.
Descansando sobre uma revelação infalível e confiante em um Redentor Onipotente, temos descanso e paz. Mas, por outro princípio instável, tornamo-nos estrelas errantes, para quem é nomeado o negrume das trevas para sempre. Pela fé, a alma pode viver  – em todas as outras maneiras, temos um nome para viver e estamos mortos.
O mesmo é igualmente verdade da fantasia. Que muitas vezes encontram-se com uma religião extravagante no qual as pessoas confiam aos impulsos, aos sonhos, a ruídos e coisas místicas que eles imaginam terem visto – tudo isso é conversa fiada! E ainda estão bastante envolvidos nisso. Eu oro para que você possa expulsar essas coisas sem valor – não há alimento para o espírito nelas. A vida de minha alma não está no que eu penso, ou no que imagino, ou no que eu fantasio, ou no que faz com que eu me sinta bem, mas apenas no que a fé apreende ser a Palavra de Deus! Vivemos diante de Deus, confiando em uma promessa, dependendo de uma pessoa, aceitando um sacrifício, vestindo uma justiça e cercando-nos com Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Implícita confiança em Jesus, nosso Senhor, é o modo de vida e todos os outros levam à morte. É uma estrita declaração – deixem que aqueles que chamam de intolerância, dizerem o que quiserem – será verdade por mais que tentem execrá-lo, tanto quanto agora!
Mas, em segundo lugar, essa é uma afirmação muito ampla. Muito é compreendido no ditado “O justo viverá pela fé”. Não diz que parte de sua vida paira sobre sua crença, ou que fase da sua vida melhor prova sua fé – compreende o início, continuidade, ampliação e aperfeiçoamento da vida espiritual como sendo tudo pela fé. Observe que o texto significa que no momento em que um homem crê, ele começa a viver à vista de Deus. Ele confia em seu Deus, ele aceita de Deus a revelação de si mesmo, ele confia, repousa, se inclina sobre o seu Salvador e naquele momento ele se torna um homem espiritualmente vivo, vivificado com a vida espiritual pelo Espírito Santo de Deus!
Toda a sua existência antes da fé não era nada, a não ser uma forma de morte. Quando ele vem a confiar em Deus, ele entra na vida eterna e tem o nascimento vindo do alto. Sim, mas isso não é tudo, nem é a metade – para isto o homem continua a viver diante de Deus, se ele está tão apegado ao seu modo de santidade – sua perseverança deve ser o resultado de uma fé contínua. A fé que salva não é um único ato feito e acabado em um determinado dia, é um ato contínuo e persevera durante toda a vida do homem! O justo não só começa a viver sua fé, mas ele continua a viver por sua fé! Ele não começa no Espírito e termina na carne, nem vai tão longe pela graça e o resto do caminho pelas obras da lei. “O justo viverá pela fé“,
diz o texto de Hebreus, “mas se alguém recuar, a minha alma não tem prazer nele. Mas nós não somos daqueles que recuam para a perdição, mas daqueles que creem para a conservação da alma”.
A fé é essencial ao longo de todo e cada dia, em todas as coisas. Nossa vida natural começa pela respiração e deve ser continuada pela respiração. O que a respiração é para o corpo, a fé para a alma. Irmãos e Irmãs, se quisermos fazer avanços e progressos na vida divina, isto ainda deve ser da mesma maneira! Nossa raiz é a fé e somente através da raiz vem o crescimento. Progresso na graça não vem da sabedoria carnal, ou esforço legal, ou incredulidade. Não, a carne não traz crescimento à vida espiritual e os esforços feitos na incredulidade em vez de fazer a vida interior crescer, a diminuem. Não nos tornamos mais fortes por mortificações, lutos, obras, ou nos esforçando, se estes estiverem separados da simples fé na graça de Deus – pois somente por este canal o alimento pode entrar na vida de nosso espírito. A mesma porta pela qual a vida entrou em primeiro lugar é aquele pelo qual a vida continua a entrar.
Se alguém me diz: “Eu já vivi crendo em Cristo, mas agora eu me tornei espiritual e santificado e, portanto, eu não tenho mais necessidade de olhar como um pecador para o sangue e justiça de Cristo,” eu digo a este homem que ele tem necessidade de aprender os primeiros princípios da fé! Eu o adverti que ele tem de ser atraído de volta à fé, pois aquele que é justificado pela Lei, ou de qualquer outra forma que não a justiça de Cristo, tem caído em desgraça e deixou o único fundamento sobre o qual uma alma pode ser aceita por Deus. Sim, até ao portão do céu não há esteio para nós, a não ser a fé no sempre abençoado Salvador e Sua Expiação Divina! Entre este lugar e o céu nunca seremos capazes de viver por méritos, ou viver fantasias, ou pelo intelecto – temos ainda que ser como crianças ensinadas por Deus como Israel no deserto, dependendo inteiramente daquele grande Invisível.
Para sempre nosso, é olhar para todas as coisas e para nós mesmos e perceber, pois “o justo viverá pela fé”. É uma frase muito ampla, um círculo que engloba toda a nossa vida que é digna desse nome. Se há alguma virtude, se há algum louvor, se existe alguma coisa que é bela ou de boa reputação, devemos recebê-la, exibi-la e aperfeiçoá-lo pelo exercício da fé. A vida na casa do Pai, a vida na Igreja, a vida em particular, a vida no mundo, devem ser todas realizadas e praticadas no poder da fé, se somos homens justos. O que é sem fé é sem vida! Obras mortas não podem satisfazer o Deus vivo! Sem fé é impossível agradar a Deus (Hebreus 11:6).
Imploro-lhes a sua atenção, em terceiro lugar, que declaração desqualificada é esta. “O justo viverá pela sua fé.” Então, se um homem tem, mas um pouco de fé, viverá. E se ele é muito justo, ele ainda vive pela fé. Muitos homens não chegaram mais longe do que correr atrás santidade, mas ele é justificado pela sua fé – sua fé está tremendo e lutando e a sua oração frequente é: “Senhor, eu creio, ajuda minha incredulidade“- ainda assim  a sua fé fez dele um homem justo!  Às vezes ele tem medo de não ter fé!  E quando ele cai em depressão profunda, este é o quanto ele pode fazer para manter sua cabeça acima da água.  Mas, mesmo assim sua fé o justifica. Ele é como um barco em um tempestuoso mar, às vezes ele é levantado ao céu, piscando ondas de misericórdia e outra ele afunda no abismo entre os vagalhões de aflição. O quê? É ele, então, um homem morto? Eu respondo: Este homem crê verdadeiramente em Deus? Ele não aceita o registro sobre o Filho de Deus? Ele pode verdadeiramente dizer: “Creio na remissão dos pecados”, e com fé, como ele tem, ele só se apega a Cristo e a ninguém mais? Então o homem deve viver! Ele viverá pela sua fé!
Se a pequenez da nossa fé pode nos destruir, então quão poucos poderão ser numerados com os vivos? “Quando o Filho do homem vier, porventura achará fé na terra?” Só aqui e ali e agora e depois, um Lutero parece que realmente acredita com todo seu coração. A maioria de nós é tão grande quanto o dedinho de Lutero – não temos tanta fé em nossa alma inteira como ele tinha a em um cabelo da sua cabeça! Mas ainda assim esta pequena fé nos deixa vivos. Eu não digo que pouca fé nos dará força, ou vigor de um leão como que Lutero tinha, mas viveremos. A declaração não faz distinção entre este e aquele grau de fé, mas ainda estabelece, como uma verdade inquestionável de Deus, “o justo viverá pela fé“. Louvado seja Deus, então, eu viverei, pois acredito no Senhor Jesus como meu Salvador e meu Tudo! Você também não acredita nele? Sim, e não é singular que essa declaração não deve mencionar qualquer outra graça, como aquela que vai ajudar a construir o terreno em que os homens justos vivem?
O justo viverá pela fé.” Mas ele não tem amor? Ele não tem zelo? Ele não tem paciência? Ele não tem esperança? Ele não tem humildade? Ele não tem santidade? Oh, sim, ele tem tudo isso e vive nelas, mas ele não vive por elas, porque nada disto o liga tão intimamente a Cristo, como a sua fé faz! Atrevo-me a usar uma figura muito familiar porque é o melhor que posso pensar. Aqui está uma criança pequena, um bebê. Ele tem muitos membros necessários, tais como seus olhos, ouvidos, pernas, braços, coração e assim por diante. E todas são necessárias, mas o órgão pelo qual o bebê vive é a sua boca, pelo que ele suga de sua mãe todo o seu alimento. Nossa fé é a boca pela qual sugamos a vida nova a partir da promessa do Deus sempre abençoada. Assim, a fé é o que vivemos! Outras graças são necessárias, mas a fé é a vida de todas elas. Nós não subestimamos o amor, ou paciência, ou penitência, humildade ou depreciamos ou olhos ou pés do bebê. Ainda assim, o meio de vida do homem espiritual é a boca pela qual ele recebe alimento divino das verdades de Deus reveladas pelo Espírito Santo na Sagrada Escritura. Outras graças produzem resultados provindos da fé, mas a fé é o Receptor-Geral de graça para a ilha que é o homem.
Isto, caros amigos, para continuar um pouco mais adiante, é uma declaração muito sugestiva – “O justo viverá pela fé” – porque nisto há muitos significados. Primeiro, o homem justo existe mesmo pela sua fé. Isto é, a forma mais baixa de Graça em um caráter justo é dependente da fé. Mas, irmãos e irmãs, eu espero que você não seja tão tolo para dizer “Se eu sou apenas uma criança viva de Deus, isto é tudo que eu preciso”. Não, nós não desejamos somente ter a vida, mas tê-la em abundância! Vê aquele homem salvo de um afogamento? Ele está vivo, mas se a única evidência disto é o fato de que um espelho fica orvalhado por sua respiração, você não estaria contente de estar vivo há anos nestes moldes pobres, iria? Você deve ser muito grato se você está espiritualmente vivo, mesmo dessa forma débil, mas ainda assim, não queremos ficar em um estado de desmaio. Nós queremos ser ativos e vigorosos!
No entanto, até mesmo para a menor vida você deve ter fé. Para o mais fraco tipo de existência espiritual que pode ser chamado de vida no todo, a fé é necessária. O justo que praticamente sobrevive, que é fraco na mente, que dificilmente se salva, é, no entanto, entregue pela fé. Sem fé não há vida celestial. Tomemos a palavra “vida”, em um sentido melhor, e o mesmo se aplica “O justo viverá pela sua fé“. Às vezes encontro com pessoas muito pobres que nos dizem em tom patético: “Nosso salários são terrivelmente escassos”. Dizemos a eles: “Você realmente vive com tão pequena quantia?”. Eles respondem: “Bem, senhor, você pode dificilmente chamar de vida, mas nós existimos de alguma forma”. Nenhum de nós gostaria de viver em um estilo de vida tal se pudéssemos mudá-lo. Queremos dizer, então, por “vida”, alguma medida de alegria, felicidade e satisfação. O justo, quando tem o conforto, alegria e paz os têm pela fé. Graças a Deus, a paz do coração é o nosso estado normal, porque a fé é uma graça permanente. Cantamos com alegria de coração e nos regozijamos no Senhor e, bendizemos o Senhor, isso não é novidade para nós! Mas nós temos conhecido e ainda conhecemos esta bem-aventurança somente pela fé.
O momento em que a fé chega, a música invade – como se fossem corujas gritando! Lutero pode cantar um Salmo apesar do diabo, mas ele não poderia ter feito se não tivesse sido um homem de fé. Ele poderia desafiar imperadores, reis, papas e bispos, enquanto ele segurou firme na força de Deus, mas só depois de tê-la segurado! A fé é a vida da vida e faz a vida valer a pena ser vivida. Ela coloca alegria na alma em acreditar no Pai e o Seu grande amor eterno; na Expiação eficaz do Filho e na habitação do Espírito, em ressurreição e glória eterna! Sem as quais, de todos os homens, nós somos os mais miseráveis. Acreditar nestas verdades gloriosas é viver – “O justo viverá pela fé“. Vida também significa força. Dizemos de certo homem: “Que vida que ele tem em si! Ele é cheio de vida! Ele parece estar sempre vivo”. Sim, o justo obtém energia, força, vivacidade, vigor, poder pode, e a vida pela fé.
A fé confere aos crentes uma majestade real. Quanto mais eles acreditam, mais poderosos se tornam. Esta é a cabeça que usa uma coroa! Esta é a mão que empunha um cetro! Este é o pé, cujo pisar real faz tremer as nações! Fé em Deus nos liga com o Rei, o Senhor Deus Onipotente! Pela fé o justo vive em quando os outros morrem. Eles não são superados pelo pecado prevalente, ou heresia da moda, ou a perseguição cruel, ou feroz aflição nada pode matar a vida espiritual enquanto a fé permanece “O justo viverá pela fé“. Continuidade e perseverança vêm dessa forma. O homem justo, quando ele volta atrás, não é confundido. E quando ele é ferido pelos inimigos, ele não está morto. Onde outro homem é afogado, ele nada. Onde outro homem é pisado, ele se levanta e grita vitoriosamente “Não se Alegre sobre mim, O meu inimigo! Se eu cair, mas hei de subir novamente!”.
Na fornalha ardente da aflição ele caminha ileso por meio da fé. Sim, e quando chega a sua vez de morrer e, com muitas lágrimas, seus irmãos e irmãs carregam suas cinzas ao túmulo: “Ele, estando morto, ainda fala“. O sangue dos justos Abel gritou do chão para o Senhor e ele ainda está chorando ao longo dos séculos, mesmo nesta hora. Voz de Lutero, através de 400 anos, ainda soa nos ouvidos dos homens e estimula nossos pulsos, como a batida do tambor na música marcial, ele vive! Ele vive, porque ele era um homem de fé. Gostaria de resumir e ilustrar este ensino ao mencionar certos incidentes da vida de Lutero. Após o grande reformador, o Evangelho de Luz adentrou por lentos degraus. Foi no mosteiro que, em se virar para a Bíblia que esteve acorrentada a um pilar que esta passagem veio a ele – “Esta passagem celeste ficara grudada a ele, mas ele não havia compreendido todos os seus aspectos“.
Ele não podia, no entanto, encontrar a paz em sua profissão religiosa e hábito monástico. Mesmo sem entender, ele perseverou em penitências e mortificações, muitas tão árduas, que às vezes ele foi encontrado desmaiado por exaustão. Elas o trouxeram às portas da morte.  Ele deveria fazer uma viagem a Roma[1], pois em Roma havia uma igreja nova para todos os dias e você podia estar certo de ganhar o perdão dos pecados e toda sorte de bênçãos nestes santuários sagrados. Ele sonhava em entrar em uma cidade de santidade, mas ele viu que era um refúgio de hipócritas e um covil de iniquidade! Para seu horror, ele ouviu os homens dizerem que se houvesse um inferno, Roma fora construída em cima dele, pois era a abordagem mais próxima a ele que poderia encontrar neste mundo! Mas ele ainda acreditava em seu papa e ele continuou com suas penitências, buscando repouso, mas não o encontrando.
Um dia ele foi subindo de joelhos a Scala Sancta, que hoje ainda está em Roma. Eu fiquei espantado de, no fim desta escada, ver pobres criaturas irem para cima e para baixo em seus joelhos na crença de que é aquela a escada que o nosso Senhor desceu quando Ele deixou a casa de Pilatos![2] Diz-se que alguns degraus são marcados com gotas de sangue a essas pobres almas – eu quase disse tolas – as mais devotas as beijam. Bem, Lutero foi subindo estes degraus um dia, quando esse mesmo texto que ele havia encontrado antes, no mosteiro, soou como um trovão em seus ouvidos: “O justo viverá pela sua fé.” Ele levantou-se da prostração e desceu os degraus para nunca mais rastejar sobre eles novamente. Naquele tempo o Senhor trabalhou nele uma libertação completa da superstição e ele viu que não por padres, nem sacerdócio, nem penitências, nem por qualquer coisa que ele podia fazer era para ele viver, mas que ele deve viver pela sua fé.
Nosso texto de hoje de manhã pôs o monge em liberdade e colocou a sua alma em chamas! Mal ele começou a acreditar nisso ele começou a viver no sentido de ser ativo. Neste momento um cavalheiro chamado Tetzel, estava marchando sobre toda a Alemanha vendendo o perdão dos pecados pelo dinheiro que pudesse ser pago. Não importa o seu crime, assim que o seu dinheiro tocar o fundo do caixa seus pecados irão embora! Lutero ouviu isso, ficou indignado e exclamou: “Vou fazer um buraco em seu tambor“, que com certeza ele fez em vários outros tambores! A apregoação de suas teses na porta da igreja era de certa forma silenciar a música da indulgência! Lutero proclamou perdão do pecado pela fé em Cristo sem dinheiro e sem preço e as indulgências do papa foram logo objetos de escárnio.
Lutero viveu pela sua fé e, portanto, aquele que de outra forma poderia ter vivido tranquilamente, denunciou o erro furiosamente como um leão ruge em cima de sua presa. A fé que havia nele o encheu de vida intensa e ele mergulhou em uma guerra com o inimigo. Depois de alguns anos, ele foi convocado para ir para Augsburg[3], apesar de seus amigos o aconselharam a não ir. Lá o chamaram de herege, para responder por si mesmo na Dieta de Worms[4]. E todo mundo ordenou-lhe que ficasse longe, pois ele com certeza seria queimado, mas ele sentiu que era necessário testemunhar e, portanto, em um vagão, ele passou de vila em vila e cidade em cidade, pregando conforme seguia! As pessoas pobres saiam para agitar as mãos para o homem que estava de pé para Cristo e para o Evangelho com o risco de sua vida. Você se lembra de como ele se colocou diante daquela augusta assembleia e embora ele soubesse, tanto quanto o poder humano foi, que sua defesa lhe custaria a vida, para ela, provavelmente, ser comprometida com as chamas, como John Huss[5], mas ele se portou como homem para o Senhor, seu Deus?
Naquele dia na Dieta do Sacro Império Romano-Germânico, Lutero fez um trabalho para que dez mil vezes as mães de milhares de crianças tenham bendito seu nome e abençoado, ainda mais, o nome do Senhor seu Deus! Para colocá-lo fora de perigo por um tempo, um amigo prudente a mando do eleitor da Saxônia, Frederico II, o sábio, o levou prisioneiro e o manteve fora da contenda, no castelo de Wartburg[6]. Lá ele teve bons dias, descansando, estudando, traduzindo, fazendo música e se preparando para o futuro, que seria muito agitado. Ele fez tudo que um homem pode fazer para estar fora da briga, mas, “o justo viverá pela sua fé“, e Lutero não poderia ser enterrado vivo – ele precisa atingir o trabalho de sua vida! Ele manda dizer aos seus amigos que estava vindo e logo estaria com eles, e de repente ele apareceu em Wittenberg. O príncipe pretendia tê-lo mantido no exílio um pouco mais de tempo, mas Lutero deve viver e quanto Eleitor temia por não poder protegê-lo, Lutero escreveu a ele, “Eu venho com muito maior proteção do que o sua, não, eu mantenho que eu sou mais provável para proteger sua graça do que Vossa excelência me proteger! Ele que tem a fé mais forte é o melhor protetor”.
Lutero aprendeu a ser independente de todos os homens, pois ele lançou-se sobre o seu Deus! Ele tinha todo o mundo contra ele e ainda viveu alegremente. Se o Papa excomungou, ele queimou a bula de excomunhão! Se o Imperador o ameaçou, ele alegrou-se porque se lembrou das palavras do Senhor: “Os reis da terra se levantam, e os príncipes dos países juntos. Aquele que está sentado nos céus se rirá” (Salmo 2). Quando eles disseram-lhe: “Onde você vai encontrar abrigo se o Eleitor não protegê-lo?”. Ele respondeu: “Sob o escudo amplo de Deus”. Lutero não podia ficar parado. Ele tinha que escrever e falar! E oh, com que confiança ele falou! Dúvidas sobre Deus e as Escrituras ele abominava! Melancthon[7] diz que ele não era dogmático. Prefiro diferenciar de Melanchton, e acho Lutero era o chefe dos dogmáticos! Ele chamou Melancthon chamado “aquele que pisa docemente”, e eu me pergunto o que teríamos feito se Lutero tivesse sido como Melancthon também?
Os tempos precisavam de um líder firme com a certeza e fé que fizeram de Lutero o que ele é durante todos esses anos, apesar de suas muitas dores e enfermidades. Ele era um Titã, um gigante, um homem de calibre mental e físico esplendidamente forte, mas a sua vida e força principal estava em sua fé. Ele sofreu muito com os exercícios da mente e do corpo através de doenças. E estas poderiam muito bem ter ocasionado uma exibição de fraqueza, mas a fraqueza não aparece, pois quando ele acreditava, ele estava tão certo do que ele acreditava como se disso dependesse sua própria existência e, portanto, ele era forte. Se todos os anjos do céu tivessem passado por ele e cada um tivesse assegurado a Verdade de Deus, ele não teria agradecido por seu testemunho, pois ele creu em Deus, sem o testemunho de anjos ou homens! Ele pensou que a Palavra de testemunho divino é mais certa do que qualquer coisa que os serafins poderiam dizer! Este homem foi forçado a viver por sua fé, pois ele era um homem de alma tempestuosa e somente a fé poderia falar de paz a ele.
As agitações trouxeram sobre ele, depois de tudo, depressões de espírito e, em seguida, ele precisava de fé em Deus. Se você ler a vida espiritual dele, você vai achar que foi um trabalho árduo, às vezes, para ele manter sua alma em vida. Sendo um homem de paixões como nós, e cheio de imperfeições[8], ele era, às vezes, como os mais desalentados e desesperados e fracos entre nós. Tamanha dor dentro dele ameaçou explodir o seu coração poderoso. Tanto ele quanto João Calvino frequentemente suspiraram pelo descanso do Céu, porque não amou a contenda em que habitava, mas teria sido feliz em pacificamente alimentar o rebanho de Deus na terra e depois de entrar em descanso. Estes homens habitaram com Deus na santa ousadia de viver em oração, ou então não poderiam ter vivido tudo o que viveram. A fé de Lutero se prendeu à cruz de nosso Senhor e não seria movida dele. Ele acreditava no perdão dos pecados e não podia se dar ao luxo de duvidar.
Ele lançou âncora na Sagrada Escritura e rejeitou todas as invenções de clérigos e de todas as tradições dos pais. Ele assegurou a Verdade do Evangelho e nunca duvidou, mas o que iria prevalecer apesar da Terra e do Inferno foi jogado contra ele. Quando ele veio para morrer, seu velho inimigo atacou ferozmente, mas quando lhe perguntei se ele tinha a mesma fé, dele, “Sim”, foi positivo o suficiente! Eles não precisavam ter perguntado isso para ele, eles deveriam ter certeza disso. E agora, hoje, as verdades de Deus proclamadas por Lutero continuam a ser pregadas e serão até o nosso Senhor, Ele mesmo, vir! Então a Cidade Santa não precisará de vela ou da luz do sol, porque o Senhor, Ele mesmo, será a Luz de Suas pessoas! (Apocalipse 22) Mas até lá temos de brilhar com a luz do Evangelho para o nosso melhor. Irmãos e irmãs, vamos nos posicionar a Ele que, como Lutero, vivia pela fé, mesmo assim vamos e que Deus o Espírito Santo opere em nós mais do que fé. Amém e Amém!
FONTE
Todo direito de tradução protegido por lei internacional de domínio público e com permissão
[1] Uma viagem que Lutero precisou fazer em nome de seu monastério para resolver uma questão eclesiástica
[2] Spurgeon visitou Roma em 1864; em uma viagem de férias, quando ainda eram Estados Pontifícios, antes da Unificação da Itália. A Scala Santa é ainda no Vaticano centro de peregrinação e de turismo, em grande parte por conta realmente da superstição relatada por Spurgeon (N. Do revisor)
[3] Lutero foi convidado a ir a Roma para explicar-se de suas teses: recusou-se a fazê-lo, alegando razões de saúde; e pretendeu uma audiência em território alemão. O seu pedido baseava-se no argumento (Gravamina) da Nação Alemã. Seu pedido foi aceito, ele foi convidado para uma audiência com o cardeal Caetano de Vio (Tomás Caetano), durante a reunião das cortes (Reichstag) imperiais de Augsburg. Entre 12 e 14 de outubro de 1518, Lutero falou a Caetano. Este pediu-lhe que revogasse sua doutrina. Lutero recusou-se a fazê-lo. (Wikipédia)
[4] A Dieta de Worms (foi uma reunião de cúpula oficial, governamental e religiosa, chefiada pelo imperador Carlos V que teve lugar na cidade de Worms (Alemanha), entre os dias 28 de Janeiro e 25 de Maio de 1521, mais conhecida pelas decisões que dizem respeito a Martinho Lutero e os efeitos subsequentes na Reforma Protestante. Lutero foi convocado à Dieta para desmentir suas 95 teses, no entanto ele as defendeu e pediu a reforma da Igreja Católica, entre 16 e 18 de Abril de 1521., o qual ele não fez, sendo assim declarado herege e fugitivo (Fonte: Wikipédia)
[5] Jan Hus (Husinec, 1369 – Constança, 6 de Julho de 1415) foi um pensador e reformador religioso. Ele iniciou um movimento religioso baseado nas ideias de John Wycliffe. Os seus seguidores ficaram conhecidos como os hussitas. A Igreja Católica não perdoou tais rebeliões e ele foi excomungado em 1410. Condenado pelo Concílio de Constança, foi queimado vivo. (Wikipédia)
[6] Frederico, o sábio ordenou que Lutero fosse capturado por um grupo de homens mascarados a cavalo, que o levaram para o Castelo de Wartburg, em Eisenach, onde ele permaneceu por cerca de um ano. Deixou crescer a barba e tomou as vestes de um cavaleiro, assumindo o pseudônimo de Jörg. Durante esse período de retiro forçado, Lutero trabalhou na sua célebre tradução da Bíblia para o alemão. (Wikipédia)
[7] Philipp Melanchthon (em português Filipe Melâncton; Bretten, 16 de fevereiro de 1497 — Wittenberg, 29 de abril de 1560) foi um reformador alemão. Colaborador de Lutero, redigiu a Confissão de Augsburgo (1530) e converteu-se no principal líder do luteranismo após a morte do próprio Lutero. (Wikipédia)
[8] Certamente, Lutero não foi perfeito, e é repudiável os escritos de Lutero que recomendavam a matança dos camponeses rebeldes de 1524 e seus escritos contra os judeus que hoje podem ser considerados anti-semitas (Nota do editor do Projeto Spurgeon)
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