domingo, 20 de novembro de 2016

Lançando as Redes


"Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos, mas sob a Tua palavra lançarei as redes." (Lucas, 5.5)

Havia sido uma noite difícil e de muito trabalho para Pedro e seus dois sócios, Tiago e João; horas lançando as redes no mar da Galiléia sem conseguir o sucesso esperado. No rosto de Pedro estavam estampados o cansaço e a frustração enquanto lavava as redes a fim de guardá-las. Muitas dúvidas enchiam o seu coração quando pensava sobre a próxima noite. O que dizer em casa quando chegar mais uma vez sem nada para oferecer à família? Onde estava o resultado pelo seu esforço tão sincero, dispendido em horas de trabalho? 

Algo novo aconteceu naquela manhã; aquEle pregador, filho de José, o carpinteiro de Nazaré - cidade próxima à aldeia onde Pedro morava -, passeava pela areia da praia e era seguido por uma grande multidão. Parando diante de Pedro, pediu sua ajuda para que, de seu barco, um pouco dentro do mar, tivesse condições de falar àquelas pessoas tão carentes de orientação divina. Atendendo ao convite, Pedro levou Jesus aonde Ele havia pedido e, sentado ao Seu lado, ouvia atentamente à voz do Mestre.

Finda a mensagem, Pedro recebeu de Jesus uma ordem totalmente contrária à sua grande experiência de pescador, que não se coadunava com suas recentes tentativas: voltar ao mar alto e lançar as redes novamente. Mas ele já tentara tantas vezes, em tantos lugares, durante toda a noite, sem sucesso! 

Aquela, porém, era uma nova tentativa, diferente, decerto, pois estaria lançando as redes da forma que Jesus queria, no lugar que Ele havia orientado e no tempo escolhido pelo Senhor. Que resultado poderia obter? Os versículos 6 e 7 nos descrevem: "isto fazendo, apanharam grande quantidade de peixes; e rompia-se-lhes as redes. Fizeram sinais aos companheiros do outro barco, para que fossem ajudá-los. E foram e encheram ambos os barcos, a ponto de quase irem a pique.".

A partir daquele dia, Pedro reconheceu que não havia como continuar suas atividades corriqueiras, diárias, sem a orientação e a companhia de Jesus. Ele decidiu que tudo o que fizesse a partir de então seria "sob a Sua palavra". 

Você tem tentado caminhar e tem buscado vitórias sem o resultado esperado? Tem colhido tentativas frustradas e dúvidas quanto ao futuro? Não é verdade que estas tentativas estão baseadas na sua própria tese de "lançamento de redes" e não nas do Senhor? Quero desafiá-lo a sentar e ouvir o que Jesus tem a dizer sobre sua vida e atentar para a forma, o lugar e o tempo de "lançar as redes", já providenciados para você. Dê ouvido à orientação de Jesus Cristo, e suas redes ficarão cheias. Alisson Magalhães

terça-feira, 15 de novembro de 2016

A Árvore de Natal e a Guirlanda

A verdade sobre a árvore de natal e a guirlanda!
Você sabe qual é a origem da árvore de natal e também das guirlandas, que são muito usadas em nossos finais de ano como enfeites em casas, prédios, ruas, etc? Se você pesquisar na Internet vai encontrar dezenas de explicações, dezenas de origens que ligam tanto a árvore de Natal quanto as guirlandas a rituais pagãos dos mais diversos, onde essas peças seriam utilizadas em cultos a deuses dos mais variados. No entanto, gostaria de falar exatamente a respeito desse tipo de critério que as pessoas usam para dizer se algo é correto ou não. Seria um critério correto?

A verdade sobre a árvore de natal e a guirlanda

A origem das coisas

Você pesquisa a origem de todas as coisas antes de usá-las? Você sabe a origem desse computador, desse celular ou desse tablet que está usando? Você sabe se quem o produziu o ofereceu aos seus próprios deuses ou se o criador dessas coisas era um adorador do diabo? Aquele arroz que você comeu hoje na hora do almoço, você sabe se foi plantado por algum agricultor que ofereceu sua colheita aos seus deuses ou se a fábrica que fez o beneficiamento pertence a alguém que todos os dias oferece a sua produção ao diabo?

Aqueles que satanizam a árvore de natal e as guirlandas por conta de sua SUPOSTA origem pagã, deveriam também pesquisar a origem de todas as coisas que usam em seu dia a dia, caso contrário, isso tem aquele cheiro da famosa hipocrisia, que foi muito condenada por Jesus.

Agora imagine comigo: já pensou se nós fossemos pesquisar a origem de cada coisa que usamos por causa desse medinho que muitos têm do diabo como se ele fosse o criador das coisas e como se ele tivesse um poder que está acima do poder de Deus? Iríamos ficar doidos, perder toda a nossa liberdade em Cristo!

Paulo passou por um problema parecido. Mas na época dele o problema eram as coisas vendidas no mercado. Era comum as pessoas oferecerem suas colheitas e seu alimentos aos seus deuses e muitas vezes os servos de Deus ficavam sem saber se aquilo que compravam no mercado era algo sacrificado a ídolos. Qual foi a orientação de Paulo? Vejamos: “Comei de tudo o que se vende no mercado, sem nada perguntardes por motivo de consciência; porque do Senhor é a terra e a sua plenitude” (1 Coríntios 10:25).

Em outro momento Paulo teve problemas com pessoas que proibiam outras de comer carne, pois essa carne seria uma carne que foi oferecida a ídolos. A orientação de Paulo é libertadora: “Não é a comida que nos recomendará a Deus, pois nada perderemos, se não comermos, e nada ganharemos, se comermos” (1 Coríntios 8:8). Paulo deixa claro que esse “poder” que algumas pessoas conferem a qualquer ídolo, como se ele fosse capaz de ter alguma coisa, de criar alguma coisa, é uma grande besteira, é conferir aos ídolos algo que eles não têm: “No tocante à comida sacrificada a ídolos, sabemos que o ídolo, de si mesmo, nada é no mundo e que não há senão um só Deus” (1 Coríntios 8:4).

Jesus fazia exatamente dessa forma. Lembra que várias vezes ele comia com pecadores? Certamente esses pecadores tinham seus deuses e muitos de seus alimentos eram oferecidos aos seus deuses. Mas Jesus sabia que essas coisas não tinham poder sobre Ele ou sobre um servo de Deus, “pois tudo que Deus criou é bom, e, recebido com ações de graças, nada é recusável” (1 Timóteo 4:4).

Quando usar árvore de natal e guirlandas pode ser pecado?

Analise a sua motivação e seus objetivos

A motivação do nosso coração pode indicar que usar árvore de natal e guirlandas pode se tornar algo que não agrada a Deus quando essa motivação em usar esses objetos é para não glorificar a Deus ou para glorificar a outros deuses. É importante dizer que podemos também ter esse tipo de motivação com qualquer tipo de objeto e não somente com objetos natalinos. Podemos ter uma motivação errada com a casa que temos, com o carro, com os alimentos, com as roupas, com tudo. O homem tem a grande capacidade de transformar tudo em algum deus falso e adorá-lo.

Outra coisa importante a cuidar é do nosso testemunho com os de fora. Paulo, quando tratou dos assuntos que mencionei acima, traz uma ressalva importante: “E, por isso, se a comida serve de escândalo a meu irmão, nunca mais comerei carne, para que não venha a escandalizá-lo” (1 Coríntios 8:13). Se de forma clara e consciente a nossa atitude em aceitar algo, seja árvore de natal, guirlandas ou qualquer outra coisa, ferir de alguma forma a consciência de alguém, segundo a orientação de Paulo, é melhor não priorizar a confusão, mas abrir mão daquilo em favor daquele que é mais fraco e não tem ainda condição de perceber que comer aquela carne ou ter aquela árvore de natal em casa não faz de ninguém um adorador de outro deus.

Conclusão

A verdade sobre a árvore de natal e sobre as guirlandas é que existe muita polêmica boba sobre elas. Não existe qualquer atestado de autenticidade sobre as lendas de sua origem e que são usadas por muitos de forma hipócrita para proibir o seu uso. O crente pode usar sim de forma saudável como enfeite sem qualquer problema, desde que com motivação correta e sem o objetivo de ferir a consciência dos mais fracos na fé.

Ou seja, a verdade sobre a árvore de natal e as guirlandas é que não temos o poder de proibir quem quer que seja de usá-las sobre o pretexto de que elas teriam sido usadas num passado que ninguém sabe ao certo por pagãos em supostos rituais. Se fizermos esse tipo de proibição, que sejamos coerentes e analisemos a origem de todas as coisas que usamos e tiremos tudo aquilo que tem origens parecidas. Está disposto a viver essa prisão desnecessária?  Presbítero André Sanchez

Filha de Sião

Salmo 87:2-3 diz: "o SENHOR ama as portas de Sião mais do que as habitações todas de Jacó. Gloriosas coisas se têm dito de ti, ó cidade de Deus!" Sendo citada mais de 150 vezes na Bíblia, a palavra “Sião” essencialmente significa “fortificação”. Na Bíblia, Sião é a cidade de Davi e a cidade de Deus. À medida que a Bíblia progride, a palavra Sião deixa de se referir à cidade física e passa a assumir um contexto espiritual.

Antes de explicarmos o significado da expressão “filha de Sião”, precisamos também compreender o que significa “Sião” na Bíblia. A palavra “Sião” tem pelo menos quatro aplicações diferentes na Bíblia:

(1) A fortaleza construída pelos povo jebuseu no monte Sião e que foi conquistada posteriormente pelo rei Davi e foi chamada posteriormente de cidade de Davi (2Sm 5.7).

(2) O monte, antes chamado de Moriá, onde foi construído o templo de Salomão (2 Cr 3.1). Você já deve ter ouvido a expressão monte Sião (Sl 133.3)

(3) A cidade de Jerusalém (2 Rs 19.21) ou a terra de Israel (Is 34.8)

(4) O céu (Hb 12.22)

A palavra “Sião” é mencionada pela primeira vez na Bíblia em 2 Samuel 5:7: "Porém Davi tomou a fortaleza de Sião; esta é a Cidade de Davi." Sião, portanto, era originalmente o nome da fortaleza jebusita na cidade de Jerusalém. Sião passou a significar não só a fortaleza, mas também a cidade onde a fortaleza se encontrava. Depois que Davi capturou "a fortaleza de Sião", Sião passou a ser chamada de "a Cidade de Davi" (1 Reis 8:1; 1 Crônicas 11:5; 2 Crônicas 5:2).

Quando Salomão construiu o Templo de Jerusalém, a palavra Sião expandiu o seu significado para incluir também o Templo e a área ao seu redor (Salmo 2:6; 48:2,11-12; 132:13). Sião foi eventualmente usado como um nome para a cidade de Jerusalém, a terra de Judá e o povo de Israel como um todo (Isaías 40:9; Jeremias 31:12; Zacarias 9:13).

O uso mais importante da palavra Sião é em seu sentido teológico. Sião é usada figurativamente de Israel como o povo de Deus (Isaías 60:14). O significado espiritual de Sião continua pelo Novo Testamento, onde recebe o significado Cristão do reino espiritual de Deus, a Jerusalém celestial (Hebreus 12:22; Apocalipse 14:1). Primeiro Pedro 2:6: "Pois isso está na Escritura: Eis que ponho em Sião uma pedra angular, eleita e preciosa; e quem nela crer não será, de modo algum, envergonhado."

Assim, concluímos que o uso da expressão “filha de Sião” aponta em alguns textos para a cidade de Jerusalém especificamente (por exemplo em Is 52.2) e em outros textos aponta para toda a terra de Israel (por exemplo em Mateus 21.5). Wellington Fernandes

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

A Pobreza de uma Vida com Riquezas!


As riquezas têm sido o alvo de muita gente. Vivendo sob um sistema econômico capitalista e em um contexto cultural e social plenamente consumista, a obtenção de riquezas tem-se traduzido no alvo de vida e realização de muitas pessoas. Muitos pensam que ao atingir uma certa independência financeira, ao montar seu “império” econômico, a felicidade, a satisfação e o sentido da vida vão fluir interiormente, trazendo paz ao coração conturbado. É o pensamento de que quanto mais se tem (bens e riquezas) mais se é algo na vida. Assim sendo, não importa a maneira como se chega a possuir; o importante é possuir.

Vemos o aumento da violência, dos assaltos, sequestros, roubos, extorsões, golpes, negociatas, trapaças, sonegações etc., tudo isso, geralmente, em busca de riquezas. O pior de tudo é que estas pessoas nunca se satisfazem com o que conseguem acumular. É a pobreza de uma vida com riquezas.


1. AMBIENTE HISTÓRICO

O rei Salomão era filho do rei Davi com a ex-mulher de Urias – Bate-Seba. Seu nome significa “pacífico”. O profeta Natã o chamou de Jedidias, que quer dizer “amável do Senhor” (II Sm 12.25). Salomão começou a reinar com a idade de 20 anos. Obediente às orientações de seu pai, seguiu inicialmente os caminhos do Senhor, e por isso recebeu de Deus o presente da sabedoria (I Rs 3.3-28). Assim, Salomão começou seu reinado julgando seu povo com a luz divina. Salomão construiu um império econômico invejável (I Rs 10).

Contudo, as suas diversas alianças com os povos vizinhos o levaram a inúmeros casamentos, o que acabou prejudicando o seu reinado. Ele começou a importar os costumes religiosos destas suas mil mulheres (I Rs 11.1-8), e seu coração se deixou seduzir pelos cultos pagãos. Apesar de toda pompa e riqueza, Salomão viveu dias de profunda pobreza. Seu coração apartou-se do Senhor, ele passou a explorar terrivelmente o povo e a vida se tomou uma enorme vaidade, algo sem sentido, como se lê em Eclesiastes: “correr atrás do vento” (v. 11). Salomão: a pobreza de uma vida cheia de riquezas. Tal condição de vida pode ser assim caracterizada:


2. VIDA CENTRADA NA AUTO-PROMOÇÃO

Salomão, quando começou a reinar, pediu a Deus sabedoria para servir ao povo que liderava, com justiça e verdade. Contudo, sua atuação política e seus conchavos sociais o levaram a um afastamento de Deus e dos ideais que antes sustentava.

Em Eclesiastes 2.1-11 encontramos um ideal alterado. Vemos um homem a serviço de si mesmo. Alguém somente preocupado com seu nome, com seus feitos, com suas obras. Perde-se a conta de quantas vezes aparecem no texto as expressões: “meu”, “minha”, e os verbos na primeira pessoa do singular, em alusão ao “eu”.

A pobreza de uma vida cheia de riquezas é marcada por uma visão absolutizada de si mesmo, onde descarta-se o semelhante e ignora-se Deus, onde a expressão “serviço” deixa de existir no dicionário da vida, a não ser se for para ostentar e evidenciar seu próprio nome.

Hoje, essa postura de Salomão tem tomado conta da vida de muita gente. É a vida egocentralizada, onde “não se move uma palha” pelas necessidades do semelhante e do necessitado. Temos em nosso país pessoas que fazem de tudo para ter seus nomes em destaque. Pessoas que só se preocupam com seus próprios interesses. A vida de nossa nação tem se tornado cada vez mais pobre, por causa da vida que está centralizada em si mesma.


3. VIDA PREOCUPADA COM FUTILIDADES

Uma outra realidade da vida de Salomão, no início de seu reinado, era a preocupação com a justiça social, com a verdade dos fatos, com uma política voltada para o bem-estar do povo, com a decência. Ideais nobres, porém frágeis em sua vida que, ao desviar-se de Deus modifica-os terrivelmente.

Em Eclesiastes vemos a tremenda preocupação de Salomão em fazer alguma coisa. Ele procurava satisfação e paz de consciência em suas obras. Mas estas obras não lhe conferiram nada. Diz o texto: “Empreendi grandes obras, edifiquei para mim casas, plantei vinhas, fiz jardins, pomares. Fiz para mim açudes…”(vv.4-6). Mas nada disso preencheu os seus anseios.

A preocupação de uma vida marcada pela pobreza, ainda que cheia de riquezas materiais é evidenciada pela consolidação das futilidades. Para muitas pessoas a vida se resume apenas em férias no exterior, gastos astronômicos com carros caríssimos, mansões, praias particulares, banquetes em restaurantes requintadíssimos, grifes… Para muita gente, isto é vida. Que pobreza interior!

Enquanto isso, milhares de pessoas trabalham para amenizar a fome no país. Outras acordam nas madrugadas para enfrentar as filas e as greves nos transportes urbanos das cidades. Moram em barracos nas encostas dos morros que, em épocas de chuva, desabam matando muitos.

As reais necessidades humanas são desprezadas, enquanto se dá grande valor às maiores futilidades.


4. BUSCA DO PRAZER NA VIDA VAZIA

Outra realidade descrita no reinado iniciante de Salomão, era o prazer que tinha em ser instrumento de Deus para o governo do povo. Uma vez que se perde isto na vida, o homem anda desesperadamente à procura de algo que possa substituir esta realidade.

Eclesiastes apresenta um Salomão boêmio, desvairado, inveterado, ébrio, alguém que forja inúmeras alternativas de prazer, para trazer gozo à sua alma. Veja a descrição do texto: “Amontoei para mim prata e outro… provi-me de cantores e cantoras, e das delícias dos filhos dos homens: mulheres e mulheres”(v.8); e ainda: “Disse comigo: Vamos! eu te provarei com a alegria; goza, pois, a felicidade…” (v. 1); “resolvi no meu coração dar-me ao vinho…” (V.3).

Veja a luta deste homem para tentar superar a pobreza de sua alma. A tristeza de uma vida sem ideal divino é desfalecida. Uma vida sem Deus torna-se um deserto árido, seco e sem verdor. Não pode haver prazer, nem gozo contínuo. E o homem se torna cativo, escravo de paliativos do prazer.

E desta forma que se explicam os inúmeros casos de depressão, suicídio por “overdose” (no meio elitizado principalmente), os pais de família caídos nas sarjetas, embriagados, o crescimento da prostituição, dos bordéis e motéis que incentivam a promiscuidade sexual como alternativa de prazer. As jovens que se entregam sem pudor às relações sexuais ilícitas e buscam em seguida o aborto para solucionar um problema criado pelo prazer desenfreado. É a Síndrome de Lúcifer, bem descrita na biografia de Judas. O homem totalizando o prazer na vida vazia e sendo escravizado pela sua necessidade de prazer sem Deus.

Entretanto, em meio às desilusões da pobreza de uma vida com riquezas, Salomão chega à mais surpreendente, feliz e sábia conclusão capaz de revestir de sentido a existência humana, tornando-a uma experiência profundamente rica. Ele conclui: “De tudo o que se tem ouvido, a suma é: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos, porque isto é dever de todo homem. Porque Deus há de trazer a juízo todas as obras até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más”(Ec 12.13-14).

5. DISCUSSÃO
- Por que Salomão chegou à conclusão de que tudo é vaidade e correr atrás do vento?
- No meio evangélico há preocupação com as futilidades como acontece no meio secular?
- O que você acha do sistema econômico que incentiva a acumulação cada vez maior de riquezas? Pr Josias Moura

domingo, 13 de novembro de 2016

Fé como um Grão de Mostarda


"Respondeu-lhe o Senhor: Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta amoreira: Arranca-te e transplanta-te no mar; e ela vos obedecerá" (Lc 17.6). "Pois em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará. Nada vos será impossível" (Mt 17.20).

Que pensamentos e emoções invadem o nosso coração quando lemos essas afirmações do Senhor Jesus? Estamos de fato firmemente convictos de que isso se cumprirá literalmente com uma ordem nossa, fazendo uma amoreira ou um monte se transplantarem de um lugar a outro? Ou reagimos justamente ao contrário, simplesmente rejeitando essas afirmações e dizendo que isso não é possível?

Infelizmente, são justamente essas afirmações de Jesus que criam em muitos crentes uma sensação de fraqueza interior, pois quase automaticamente vem o pensamento: "isso não é possível!" Pelas leis da natureza, infelizmente, é o que acontece com essas passagens das Escrituras; em princípio, sempre despertam dúvida e incredulidade, levando-nos à humilhante constatação de que não entendemos direito o que a Palavra quer nos dizer.

Por isso empenhemo-nos para entender qual é, afinal, o sentido espiritual mais profundo das palavras de Jesus especialmente em Mateus 17.20.

Em primeiro lugar, quero dizer que em nosso texto: "Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará. Nada vos será impossível", não se trata de uma grande fé, mas de uma grande façanha, de um ato grandioso! Essa afirmação é totalmente contrária à interpretação tradicional que sempre fala de uma fé tão grande que muda um monte de lugar. Mas repito: aqui prioritariamente não se trata de uma grande fé, mas de uma grande ação pela fé!

Afinal, que fé é esta, que pode ter um efeito tão impressionante como o deslocamento de um monte? Será que é uma fé imensa, sistemática, objetiva, planejada, convincente, que não vê empecilhos, e que de maneira soberana supera tudo o que atravessa o seu caminho? Uma fé que move montanhas evidentemente poderia ter tais características. Mas o Senhor Jesus não fala de uma fé desse tipo. Então, que fé é esta, que tem – como Jesus expressa figuradamente – a condição de transferir montes? A esta fé capaz de fazer grandes façanhas, o Senhor Jesus chama de:

Fé como um grão de mostarda

Grãos de mostarda
"Pois em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará. Nada vos será impossível". O que é um grão de mostarda? Em Marcos 4.31, ele é chamado de "...a menor de todas as sementes sobre a terra". De fato ele tem um diâmetro de apenas 0,95 -1,1 mm. Esse pequeno grão de semente, que tem de ser observado com uma lente se quisermos vê-lo nitidamente, é considerado pelo Senhor como exemplo para uma fé que é capaz de mover montanhas.

Por que Jesus considera justamente esse pequeno grão de mostarda como exemplo para uma fé pela qual podem acontecer grandes coisas? Pelo fato desse pequeno grão de semente ser capaz de ilustrar o que significa transportar montes. Esse grão de semente extremamente pequeno, que quase não pode ser visto a olho nu, no espaço de um ano se transforma num grande arbusto, numa pequena árvore com galhos de cerca de 2,5 a 3 metros. Portanto, como são diminutos os pré-requisitos para um resultado tão grande num minúsculo grão de semente, onde aparentemente nada existia. No entanto, justamente estas condições mínimas são um exemplo que o Senhor usa para ilustrar uma fé que é suficiente para remover montanhas! Essa "fé como um grão de mostarda" não aponta de maneira clara para a nossa fé, que muitas vezes é tão fraca e pequena? Com isso, de maneira alguma quero desculpar nossa repetida incredulidade dizendo simplesmente: afinal, só tenho uma fé bem pequena, como um grão de mostarda! Quero lembrar que muitos de nós, repetidas vezes, já tivemos a impressão de que nossa fé era assim tão pequena e insignificante, e isso pode provocar dificuldades consideráveis. Assim mesmo, essa é justamente a pequena fé, quase imperceptível, que, segundo as palavras de Jesus, tem o poder de transpor montes.

É necessário mudar o raciocínio!

Oração de fé
Será que, às vezes, não imaginamos algo errado quando pensamos na fé que precisamos ter para viver como cristãos verdadeiros? Todos nós nos defrontamos diariamente com situações, perguntas e problemas que se avolumam como montes. Não é justamente nesses momentos que aspiramos de todo o coração ter mais fé, ter uma fé maior, a fim de vencermos tudo isso? É justamente aí que muitos precisam aprender a mudar o raciocínio, pois Jesus diz: "Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá!" Em outras palavras: nossa fé não necessita ser particularmente grande para transferir montes – simplesmente é suficiente "termos fé".

Se o grão de mostarda tivesse a possibilidade de olhar para si mesmo e conseguisse se enxergar, teria tudo para desanimar, pois em si mesmo não teria nada a apresentar. E assim é também, muitas vezes, em nossa vida: olhamos para nós e vemos uma fé relativamente pequena, limitada, e então ficamos desanimados. Mas o grão de mostarda não faz isso. Ele não olha para si mesmo para então desanimar. Não, ele simplesmente se deixa plantar na terra, ali começa a crescer, e finalmente se torna aquilo que deve ser, ou seja, uma árvore em cujos ramos "aninharam-se as aves do céu" (Lc 13.19).

Ao mesmo tempo é de se considerar que o grão de mostarda não se torna uma árvore porque empreendeu grandes esforços, mas simplesmente porque torna ativo e aplica o que possui! Oh!, como seria bom se compreendêssemos hoje que, com todas as nossas fraquezas, dificuldades e tentações diárias, simplesmente podemos nos aquietar com fé infantil na mão de nosso Salvador! Que modificação isso provocaria em nossa vida espiritual!

Simplesmente creio que, muitas vezes, caímos no erro de ter conceitos errados acerca da fé. Na verdade, é a fé singela na obra consumada de Jesus Cristo que consegue nos levar adiante e que, a cada dia, nos conduz para uma comunhão mais profunda com o Cordeiro de Deus, e não o esforço da nossa alma em crer bastante.

Em nossa vida como cristãos não precisamos nos estender buscando novas formas e grandezas de fé, mas simplesmente ter e usar a fé pela qual fomos salvos, ou seja, a fé simples no Senhor Jesus Cristo. Nesse contexto, leia novamente o que Davi diz no Salmo 18.29: "Pois contigo desbarato exércitos, com o meu Deus salto muralhas". Ou veja também o que ele diz nos Salmos 60.12 e 108.13: "Em Deus faremos proezas, porque ele mesmo calca aos pés os nossos adversários". Essas afirmações testificam de uma fé poderosa e vencedora que Davi tinha? Eu penso que não, pois Davi era um homem com fraquezas e erros como nós. Ainda assim, esses versículos testemunham que Davi se agarrava com toda a simplicidade ao seu Deus e por meio dEle podia fazer grandes proezas.
Ou lembremos de 1 João 5.4: "Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé". Que fé é essa que vence o mundo? É uma fé poderosa, forte, que supera tudo? De modo algum! A fé que vence o mundo é a fé singela, que muitas vezes não se sente; é a fé sacudida e posta à prova, mas assim mesmo firmada no sangue reconciliador e salvador de Jesus Cristo! Isso é tudo! Essa fé não se apóia no que sentimos ou percebemos, mas naquilo que sabemos, ou seja, que Jesus venceu o mundo (Jo 16.33b), e que de fato somos filhos de Deus. Essa é a fé que remove montanhas!

Como seria bom se compreendêssemos hoje o que significa de maneira bem prática nos contentarmos com a fé simples como um grão de mostarda. Então muitos de nós mudariam totalmente sua vida espiritual teimosa e pouco inteligente! Que de uma vez por todas reconhecêssemos que o caminho da fé é simples; que não se trata de fazer grandes esforços espirituais, mas simplesmente de confiar naquilo que nos é oferecido em Cristo!

Grandes resultados da fé como um grão de mostarda

Monte
Em Isaías 42.3 está escrito: "Não esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega". Essa é uma profecia messiânica que é confirmada no Novo Testamento (Mt.12.20) de maneira direta em relação a Jesus Cristo, e por isso já se tornou grande fortalecimento para muitos filhos de Deus. Essas palavras também são uma figura de uma pessoa que possui fé como um grão de mostarda. Pois a cana quebrada ainda não foi esmagada, está apenas quase partida, e uma torcida que fumega ainda não está totalmente apagada. Nesse sentido essas palavras apontam para a fé mais pequena possível que uma pessoa pode possuir, fé como a de um grão de mostarda.

O que vimos no caso do grão de mostarda? Que ele não tem quase nada a oferecer, mas oferece tudo o que tem, e por meio disso experimenta grandes resultados!

Meu irmão, minha irmã, você compreende o que o Senhor quer lhe dizer com isso? Talvez você leia esta mensagem com o estado interior de uma "cana quebrada" ou de uma "torcida que fumega". Você se sente interiormente fraco e miserável, e em seu interior só resta uma fé ínfima, do tamanho de um grão de mostarda? Você se sente assim porque diante de sua alma se amontoam grandes montanhas de angústias, preocupações e problemas. Mas agora escute bem: o fato de você se sentir como uma "cana quebrada" ou uma "torcida que fumega" prova que em você ainda existe algo. Pois uma cana quebrada ainda não está amassada, e uma torcida que fumega ainda não está apagada. Apesar de todos os montes de dificuldades que talvez neste momento existam à sua frente, você ainda tem uma centelha de fé. E é justamente isso que você tem que ativar agora, pois Jesus diz: "Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará. Nada vos será impossível". Todos estes montes, problemas e dificuldades podem ser "lançados no mar" se você ativar e aplicar sua pequena fé, embora ela seja como um grão de mostarda. Em outras palavras, isso acontece se você simplesmente vier agora a Jesus como você é. Ele não "esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega". Pelo contrário, no Salmo 34.18 está escrito: "Perto está o Senhor dos que têm coração quebrantado e salva os de espírito oprimido". Uma coisa, porém, você precisa fazer: você – "a cana quebrada" e "a torcida que fumega " – tem que buscar a Jesus como você é. Assim você torna ativa a sua fé como um grão de mostarda. E por meio disso você terá condições de "lançar no mar" todos os montes, preocupações e problemas. Incentivo você a vir ainda hoje, agora, a Jesus com o pouco que você tem – com sua fé como um grão de mostarda. Assim o Senhor poderá lhe encontrar de maneira totalmente nova, e fazer transbordar sua vida como talvez nunca aconteceu antes!

Nesse contexto, façamo-nos a pergunta:

Como aconteceu a alimentação dos cinco mil?

Pão
Para poder alimentar os milhares de ouvintes, os discípulos já haviam projetado um plano "muito bom": "Ao cair da tarde, vieram os discípulos a Jesus e lhe disseram: O lugar é deserto, e já vai adiantada a hora; despede, pois, as multidões para que, indo pelas aldeias, comprem para si o que comer" (Mt 14.15). O Senhor, porém, não havia esperado por uma proposta dessas, mas por outra bem diferente. Ele não necessitava dos estoques de gêneros alimentícios dos arredores para poder alimentar as milhares de pessoas. Ele procurou por alguém que tivesse fé como um grão de mostarda. Ele necessitava de uma pessoa que possuísse pouco, mas que estivesse disposta a dar ao Senhor o pouco que possuía. Por meio disso, Ele seria capaz de realizar uma grande obra.

E de fato estava presente "um rapaz" que, como está escrito em João 6.9, tinha "cinco pães de cevada e dois peixinhos", e que estava disposto a Lhe entregar esse pouco! E o que fez o Senhor com isso? "Então, Jesus tomou os pães e, tendo dado graças, distribuiu-os entre eles; e também igualmente os peixes, quanto queriam" (v. 11). Dessa maneira o Senhor Jesus Cristo alimentou cinco mil homens além das suas mulheres e crianças com cinco pães de cevada e dois peixinhos. Entendamos corretamente: Ele somente realizou esse milagre porque estava presente alguém – justamente esse rapaz – que demonstrou a fé como um grão de mostarda, entregando ao Senhor o pouco que possuía. Que montanhas de problemas e receios foram afastados dos discípulos e ao mesmo tempo lançados no mar! Eles viam montes enormes diante de si, pois como seria possível alimentar um número tão grande de pessoas? Eles também já haviam se preocupado em como poderiam afastar estes "montes". Mas Jesus não necessitava de nada disso. Ele apenas procurou a fé como um grão de mostarda que acabou encontrando nesse rapaz. Dessa maneira todos os montes de dificuldades e impossibilidades "foram lançados no mar".

Meu irmão e minha irmã, seja, ainda hoje, como esse rapaz: consagre ao Senhor o pouco que tem. Traga ao Senhor a sua fé como um grão de mostarda, e Ele virá ao seu encontro de maneira totalmente nova. Entregando o pouco de fé que você possui, Ele terá condições de "lançar no mar" as montanhas de sua vida, suas dificuldades e preocupações! Portanto, não é o tamanho de nossa fé que faz a diferença, mas a fé como um grão de mostarda num grande Deus! (Marcel Malgo – http://www.chamada.com.br)

sábado, 12 de novembro de 2016

A Sequoia e o Bonsai

Originada na China antiga, a arte do Bonsai foi difundida muito mais pelos japoneses do que os próprios chineses. Na minha cabeça era uma espécie de árvore miniatura cultivada para permanecer bela ao longo dos anos. Errado! O Bonsai é feito a partir de qualquer planta utilizando dessas técnicas para que ela permaneça pequena, limitada e encruada. Tudo isso garante que ela nunca se desenvolva. Muito triste, não? Podar todas as suas energias vitais para transformá-la em bibelô de decoração.Pinçamento de brotos, poda, e aramação de galhos, são técnicas usadas para limitar o crescimento saudável. O Bonsai é isso: plantas que são cultivadas num recipiente para restringir as suas raízes. Em outras palavras, é um processo de impedimento do crescimento de uma árvore. Achava muito interessante essa arte, mas depois de entender como funciona foi uma decepção.

Imagine só. Nós quando crianças sendo podados o tempo inteiro. Um não aqui, uma superproteção ali. Todos aqueles condicionamentos que nos impuseram e que nos impediram de crescer de forma natural. A restrição de nossos impulsos, a classificação dos nossos frutos e até mesmo a repressão deles. Mas quem nasceu para ser Sequoia não deve ser Bonsailizado! As Sequoias são as árvores mais altas do planeta Terra. As sequoias são as maiores e mais antigas arvores do mundo. Recentemente foi descoberta no Parque Nacional Redwood, ao norte de São Francisco, a mais alta com mais de 115 m de altura, um diâmetro de mais de 17 metros e aproximadamente 4.000 anos de idade.

Depois disso fiz uma reflexão sobre como podemos estar cultivando um Bonsai dentro de nós mesmos. E há muito tempo! Ou ainda, permitindo que sejamos cultivados para serem apenas bibelôs no paisagismo da vida. Que a gente permita o crescimento dos nossos brotos e de nossas histórias. Não sendo Bonsais, e sim Sequoias.

A palavra bonsai significa, literalmente, "plantado em uma bandeja"- consiste em criar uma representação miniaturizada, porém realista, de uma árvore.


A mesma mudinha de uma sequoia, cuja natureza é subir em direção ao céu com mais de cem metros de altura, com um diâmetro de mais de 10 metros, pode ser tão tolhida no seu desenvolvimento pela famosa técnica bonsai, que pode existir em um estado atrofiado por centenas de anos, como uma árvore minúscula. Sua raiz, ou sua fonte de vida, foi restringida. Não lhe foi permitido crescer até a sua grandeza inata, pois suas raízes foram sabotadas. Seu propósito foi alterado pelo homem, para que ela fosse mantida em cativeiro, reduzida à mera estética. É isso que a tradição e a cultura religiosa podem fazer com pessoas criadas à imagem de Deus. Vidas destinadas a realizações podem ser reduzidas a uma existência de bonsai. Vidas projetadas para a grandeza podem ser limitadas e restritas ao papel de estética emocional e visual, para o prazer de outras pessoas que gostariam de guardá-las nos seus vasos enfeitados e de segurá-las em suas mãos cobiçosas. Mas tal coisa somente poderá acontecer se você permitir que aconteça.




As gigantescas árvores nada mais representam uma pequenina amostra do poder de Deus!


Fonte:

Eli Miranda Soares
Cuidandodocuidador.blogspot.com

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Preparativos para o Natal

Graças a Deus pelo seu dom inefável! 2 Cor. 9,15

Amo o Natal, pois é a celebração do nascimento de Cristo e, a beleza e a maravilha da estação fazem dele “a época mais maravilhosa do ano”. Ultimamente, entretanto, a estação vem acompanhada de crescente irritação. Todos os anos “os preparativos de Natal” surgem cada vez mais cedo — arrastando-se da primavera até o dia de Natal.

O Natal costumava chegar apenas em dezembro, mas agora temos estações de rádio e lojas tocando canções natalinas no começo de novembro. Lojas começam a anunciar ofertas de Natal em outubro e os panetones aparecem nos mercados no fim de setembro. Se não tivermos cuidado, essa contínua antecipação pode nos entorpecer — até mesmo nos amargurar com relação a esta época que deveria ser de gratidão e reverência.

Quando essa irritação começa a surgir em meu espírito, tento fazer uma coisa: lembrar. Trago à memória o significado do Natal, recordo-me de quem Jesus é, e porque Ele veio. Lembro-me do amor e da graça de um Deus perdoador que nos enviou o resgate na Pessoa de Seu Filho. Lembro-me de que, no fim das contas, há apenas um presente que realmente importa — o “inefável dom de Deus!” (2 Cor. 9,15). Lembro-me de que a salvação que Cristo veio oferecer é a dádiva e o Doador, embalados juntos como um só presente.

Jesus é nossa vida durante todo o ano e Ele é a maior das maravilhas. “Ó vinde e adoremos!” (Pão Diário)

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Resiliência Espiritual

"Porque o Senhor fará justiça ao seu povo, e se compadecerá de seus servos; quando vir que o poder deles se foi, e não há preso nem desamparado" (Dt. 32,36).

Resiliência é a capacidade de certos objetos de voltar ao normal depois de submetido à prova, estresse e tensão, exemplos: os elásticos, as varas de salto em altura se vergam sem quebrar e depois retorna à forma original. As fibras de um tapete de nylon elas recuperam a forma assim que acabam de ser pisadas e amassadas. O material em prova mostra sua plasticidade e elasticidade. Os objetos deformados por uma força externa voltam ao estado natural quando esta mesma força é cessada. A Resiliência espiritual é igual o cristão ele consegue voltar ao normal depois da prova, da luta, da dor, do acidente etc.

I - ONDE PODEMOS OBSERVAR RESILIÊNCIA

1. Resiliência na administração:

Podemos ver a Resiliência nas empresas que passam por certas crises e conseguem recuperar-se, reerguer-se, saindo vitoriosa. 

2. Resiliência na ecologia:

Podemos ver a Resiliência no meio ambiente, em frente a um impacto, por exemplo, uma queimada. As raízes depois de certo período podem voltar a brotar. (Jó 14.7-9) Porque há esperança para a árvore que, se for cortada, ainda se renovará, e não cessarão os seus renovos. Se envelhecer na terra a sua raiz, e o seu tronco morrer no pó, ao cheiro das águas brotará, e dará ramos como uma planta.

3. Resiliência na engenharia:

Podemos ver a Resiliência até no resistente aço usado em grandes estruturas, se mostra flexível, quando é submetido à pressão e ao calor. Exemplos: A ponte Rio - Niterói, a cidade Administrativa de Minas Gerais. O aço cede a pressão, ao calor, mas voltam ao normal.

4. Resiliência na psicologia:

Podemos ver a Resiliência na capacidade do ser humano de retornar ao seu equilíbrio emocional após sofrer grandes pressões ou estresse. Depois das perdas, ser querido e de empresa. Depois das enfermidades, dos acidentes. Depois do choro. (Sl 30.5) O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã.

5. Resiliência na teologia:

Podemos ver a Resiliência na teologia encontramos pessoas dizendo que o sofrimento faz parte do crescimento espiritual até mesmo Jesus ensinou a dar a outra face.

II – O QUE A BÍBLIA FALA SOBRE A RESILIÊNCIA

1. Pessoas resilientes fazem uma fonte no vale árido:

(Sl 84.6) Que, passando pelo vale de Baca, faz dele uma fonte; a chuva também enche os tanques. Baca significa lagrimas. O Vale de Baca era chamado também de: O vale das Lamentações, vale Árido, vale de Lágrimas e vale das Balsameiras. Este balsamo que crescia ali como planta rasteira, não precisava de água, ele chorava o seu balsamo perfumado que todos sentiam ao cruzar pelo vale de Baca. Todo viajante a Sião passava pelo vale de Baca. Sendo ele árido, caminhantes abriam poços para matar sua sede, o mesmo devemos fazer nós ao cruzar o vale da dificuldade.

2. Pessoas resilientes tiram força da Fraqueza:

(Hb 11.34) Apagaram a força do fogo, escaparam do fio da espada, da fraqueza tiraram forças, na batalha se esforçaram, puseram em fuga os exércitos dos estranhos.

3. Pessoas resilientes agarram de promessas da Força:

(Is 40.29) Dá força ao cansado, e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor. (Sl 28.8) O Senhor é a força do seu povo; também é a força salvadora do seu ungido. A força esta na casa de Deus. (Sl 96.6) Glória e majestade estão ante a sua face, força e formosura no seu santuário. O crente vai de força em força: (Sl 84.7) Vão indo de força em força; cada um deles em Sião aparece perante Deus.

4. Pessoas resilientes são levantadas do pó:

(Sl 117.7,8) Levanta o pobre do pó, e do monturo levanta o necessitado, para fazê-lo assentar com os príncipes. Pó aqui é a expressão máxima de miséria, de pobreza, de necessidade.

III – TIPOS DE PESSOAS RESILIENTES

1. A Resiliência de José:

Odiado, desprezado, ameaçado de morte, vendido como escravo. (Gn 37.19) Vive no Egito 15 anos como escravo. Assediado pela mulher de Potifar, escapa ileso, mas passa 2 anos na prisão. (Gn 39.12-20) Sai de lá para ser o governador do Egito.

2. A Resiliência de Sansão:

(Jz 15.15) Então Deus fendeu uma cavidade que estava na queixada; e saiu dela água, e bebeu; e recobrou o seu espírito e reanimou-se; por isso chamou aquele lugar: A fonte do que clama que está em Leí até ao dia de hoje.

3. A Resiliência de Rute:

Rute teve 3 pessoas mortas na sua família, seu sogro Alimeleque, seu cunhado Malom e seu próprio marido Quiliom. Moram por quase 10 anos um pais estrangeiro por causa da fome. Volta a Israel, vive com sua sogra e da caridade recolhendo sobra de trigo nos campos de Boaz.

4. A Resiliência de Pedro:

Depois de negar três vezes a Jesus, praguejando e jurando que não conhecia tal homem. Levanta-se restaurado no dia do Pentecoste e ganha três mil almas ao Senhor. (Mt 26.60-75)

5. A Resiliência de Paulo:

(2 Co 11.23-29) São ministros de Cristo? (falo como fora de mim) eu ainda mais: em trabalhos, muito mais; em açoites... em perigo de morte, muitas vezes. Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um.Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo. Em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos. Em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejum muitas vezes, em frio e nudez. Além das coisas exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas as igrejas. Quem enfraquece, que eu também não enfraqueça? Quem se escandaliza, que eu me não abrase?

6. Jeroboão não teve Resiliência:

(2 Cr 13.20) E Jeroboão não recobrou mais o seu poder nos dias de Abias; porém o Senhor o feriu, e morreu. Por quê? Jeroboão fez varias coisas erradas: Fez guerra contra Judá sendo irmãos. Modificou o culto original, colocando 2 bezerros de ouro desviando o povo que peregrinasse até Sião. Expulsou os sacerdotes de Deus, consagrou qualquer pessoa a sacerdote sem ser da linhagem de Levi, com um requisito de 7 carneiros, onde deveria ser dois.

IV – JÓ O TIPO CLÁSSICO DA RESILIÊNCIA

1. Dificuldade na alma:

(Jó 6.2,3) Oh! se a minha mágoa retamente se pesasse, e a minha miséria juntamente se pusesse numa balança! Porque, na verdade, mais pesada seria, do que a areia dos mares...

2. Dificuldade de alimentar-se:

(Jó 6.7) A minha alma recusa tocá-las, pois são para mim como comida repugnante.

3. Dificuldade da pele:

(Jó 7.5) A minha carne se tem vestido de vermes e de torrões de pó; a minha pele está gretada, e se fez abominável.

4. Dificuldade de respirar:

(Jó 9.18) Não me permite respirar, antes me farta de amarguras.

5. Dificuldade de banhar-se:

(Jó 9.30,31) Ainda que me lave com água de neve, e purifique as minhas mãos com sabão, ainda me submergirás no fosso, e as minhas próprias vestes me abominarão.

6. Resiliência é esperança:

(Jó 19.25) Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra.

7. Resiliência é virada de cativeiro:

(Jó 42.10) E o Senhor virou o cativeiro de Jó, quando orava pelos seus amigos; e o Senhor acrescentou, em dobro, a tudo quanto Jó antes possuía.   Pr. Teófilo Karkle 

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

A Escola do Cemitério

No dia 2 de novembro se celebra o dia de Finados. Qual a origem do dia de Finados?

Cemitério é simplesmente o lugar do repouso dos mortos. A palavra cemitério vem do latim caemeterium, que literalmente significa dormitório, como a palavra grega donde se origina. Dormitório! Lugar de descanso. Os corpos dos fiéis cristãos dormem, à espera da ressurreição.

Na linguagem cristã, o cemitério chama-se também campo santo. E há lugares onde o denominam também campo de Deus. Os povos pagãos tinham do cemitério uma ideia ou supersticiosa ou muito grosseira e materialista. Os romanos o denominavam putreolli – lugar onde se apodrece. Os pagãos modernos têm horror ao cemitério e pensam o mesmo em aboli-lo, substituindo-o pelos macabros fornos crematórios. Entretanto, é um lugar sagrado, uma lição perene para os vivos, é a recordação de nosso nada, de nossa miséria, mas também de nossa imortalidade e da ressurreição da carne. É um lugar sagrado. Tem este caráter sagrado, por mais que o laicismo tende reduzi-lo a um simples depósito de cadáveres destinados ao apodrecimento. Nosso corpo é sagrado, é o templo do Espírito Santo. Ainda depois de separado da alma, há de merecer todo respeito, porque um dia ressuscitará.
Segundo a Bíblia o que acontece com os seres humanos na hora da morte?

No livro de Hebreus 9.27 se lê que após a morte segue-se o juízo. E Jesus contou sobre a situação dos mortos em Lc 16.19-31. Nessa parte bíblica destaca-se quatro ensinos de Jesus:

a) que há consciência após a morte;
b) existe sofrimento e existe bem-estar;
c) não existe comunicação de mortos com os vivos;
d) a situação dos mortos não permite mudança. Cada qual ficará no lugar da sua escolha em vida. Os que morrem no Senhor gozarão de felicidade eterna (Ap 14.13) e os que escolheram viver fora do propósito de Deus, que escolheram o caminho largo (Mt 7.13-14) irão para o lugar de tormento consciente de onde jamais poderão sair.

O cemitério é uma escola, não há dúvida. Fala-nos da morte. Palavra profunda e tão singela! Sim, a morte é uma grande mestra. E onde ensina melhor? Onde está sua escola? No cemitério. Quantas lições não nos dá ela! Ó, se os vivos soubessem aproveitar as lições da Doutora Morte! Vamos ao cemitério com sentimentos cristãos e muito aprendemos lá. Prega a nobreza do corpo humano, cercando-o de respeito e veneração, mesmo quando ele se transforma num montão de ruínas, numa podridão, num punhado de cinzas. Respeita estas cinzas e as quer depositadas num lugar sagrado.

Uma voz parece se ouvir no cemitério como a do Senhor a Moisés: É sagrado o lugar onde estás, esta terra que pisas.

Lá dormem os cristãos. Como é triste verem-se, ainda hoje, túmulos donde baniram a cruz, substituída por uma coluna partida ou qualquer outro símbolo de dor e desespero. Como são belas as inscrições que nos deixam! Todas falam da imortalidade e do Céu. Às vezes uma só palavra dizia tudo: Viveu! Como é doloroso ver-se desrespeitado e profano o lugar dos mortos com tantas leviandades e até com o escândalo e o pecado. No cemitério conservamo-nos respeitosos como num templo. Meditemos ali. É lugar sagrado. O cemitério fala-nos que somos todos irmãos. Todos nivelados numa tumba! A diferença dos mausoléus e das sepulturas rasas não tira ao cemitério a ideia do nivelamento, do nada que somos, e da podridão de uma sepultura. Que lição para os orgulhosos! E como devemos nos amar em CRISTO, nós que seremos nivelados após a morte até a ressurreição da carne! Debaixo de uma sepultura, todos iguais! Ali não se acaba tudo. Ali começa tudo. É a porta da eternidade, o pórtico da outra vida. Então, pensamos na imortalidade de nossa alma. Olhar para um cemitério com a indiferença deste grosseiro materialismo que hoje aí impera, é muito triste e horrível porque desespera. Cada sepultura é uma porta do céu para o verdadeiro cristão. Uma sementeira onde descansa um corpo que depois de apodrecido como a semente na terra, surgirá ressuscitado para unir-se à alma na eternidade, quando vier a ressurreição da carne. Ressuscitarei um dia! Que doce esperança do cristão!

A alma voltará um dia para animar este corpo que foi seu companheiro na Terra e que ela o fez trabalhar no serviço de DEUS. Tomará de novo sua forma mortal, mas uma forma embelezada, enobrecida, elevada até o apogeu da glória. A alma santificada elevará este corpo a um grau de glória e o fará entrar no Céu e lhe comunicará os dons da imortalidade e da glória.

Tudo isto o cristão aprende e medita num cemitério quando o visita com fé. Quanto mais os cristãos tíbios e os pagãos modernos têm horror e fogem dos cemitérios, tanto mais nós, os que cremos na imortalidade de nossa alma e esperamos a ressurreição da carne, devemos visitar e amar o campo santo.

Visitemos os cemitérios. Serão nossos mestres. Podemos visitar os cemitérios. Não basta aquela visita, muitas vezes por vaidade e ostentação, no dia de Finados, umas coroas depositadas nos túmulos, umas lágrimas que logo se enxugam e as flores que logo se murcham. As flores provam amizade, não as reprovamos. São elas uma manifestação delicada de amor. As lágrimas não as condenamos. JESUS não chorou ante o sepulcro de Lázaro? O que foi fazer Maria Madalena no túmulo de Jesus? Ficaremos, todavia só em lágrimas de sentimentalismo? Enfim, visitemos os cemitérios como cristãos, como os que acreditam na ressurreição da carne. Aconselha-se a visita aos cemitérios para meditação. É um Campo Santo e um local que deve ser respeitado como tal. As almas não estão ali, mas seus restos mortais sim, de um corpo que serviu como templo de Deus e morada do Espírito Santo. Convém recolher-se um pouco ao passar diante de um campo santo, refletir um instante! Não sejamos indiferentes e frios como os que não têm fé e não esperam a ressurreição da carne.

Em hipótese alguma estou expressando sobre celebrar ou participar de culto aos mortos, antes pelo contrário, fomos e somos chamados a anunciar aos vivos a vida que somente podemos experimentar em Cristo Jesus.  Ele ensinou que todos os mortos ressuscitarão. Só que haverá dois tipos de ressurreição: a primeira, a ressurreição da vida, que se dará por ocasião da segunda vinda de Cristo, no arrebatamento, e a ressurreição do Juízo Final.

O mais importante a aprender, seja qual for a época do ano, é que salvação, ou condenação, é matéria de fé e só se decide em vida. Quem reconhece Jesus como Salvador está salvo e não precisa mais fazer penitências para ajudar em sua salvação, porque o preço já foi pago integralmente por Jesus na cruz, mas quem não crer que Jesus é Filho de Deus já está condenado e não há nada que se possa fazer depois que a pessoa morrer. Depois da morte segue-se o juízo e aí nada mais se pode fazer pelas pessoas. Isso é fato!

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Cristão Cabeça de Abóbora

Este texto, “Cristão Cabeça de Abóbora” foi compilado para educar os cristãos sobre o verdadeiro sentido do Halloween. Para sua leitura, são bem-vindos todos aqueles que mantêm a cabeça clara e o espírito aberto. Aqueles com ‘cabeça de abóbora’ definitivamente não estão convidados. Não pretendo ser contra o Halloween, tampouco quero compartilhar o culto à morte e a exaltação de coisas monstruosas ou feias que traz consigo, pois é próprio dos cristãos celebrar o triunfo da vida e promover a beleza e o bem. Se é o dia dedicado a todos os santos, vamos celebrar a santidade e não o dia das bruxas. Melhor santos, que abóboras ocas. 

Por isso, frente às fantasias dos mortos-vivos que enchem as ruas das cidades no dia 31 de outubro, devemos transmitir outra mensagem: a vida é bela e sua meta é o Céu; são muitos os que já chegaram e todos somos chamados a compartilhar sua felicidade, pois todos podemos ser santos.

Não creio que haja algo de ruim que as crianças vistam uma fantasia, vistam-se de vaqueiro ou de Cinderela e peçam doces de casa em casa. É uma diversão saudável. O perigo está nas fantasias que glorificam deliberadamente o mal e infundem medo, ou quando as pessoas pretendem “conseguir poderes especiais” através da magia e da bruxaria, inclusive por um simples entretenimento.

No livro do Deuteronômio, o capítulo 18, fala de não tentar consultar os espíritos dos mortos, nem os que pratiquem feitiços, bruxaria ou atividades como estas. Isto seria uma violação de um mandamento, seria colocar outras coisas antes da relação com Deus. E esse seria o perigo do Halloween. Que de alguma maneira Deus se perca em tudo isto, que a conotação religiosa se perca e, finalmente, as pessoas glorifiquem o mal.

É importante recordar que o diabo e os espíritos malignos não têm nenhuma autoridade adicional no Halloween, embora pareça que sim. O diabo atua no que as pessoas fazem, ele não faz algo por si mesmo. Talvez pela forma em que celebram esse dia, na verdade esteja convidando o mal para entrar em nossas vidas. Uma das melhores coisas que os pais podem fazer é aproveitar o Halloween como um momento de aprendizagem e para explicar às crianças “por que certas práticas não conduzem a nossa fé e identidade cristã.

O Ano-Novo dos celtas, dois mil anos atrás, era em 1º de novembro. Para esse povo que habitava o que hoje chamamos de Irlanda, Reino Unido (e também França), o dia marcava o fim do verão e o começo do inverno. Em uma época em que as estações do ano determinavam os ciclos da agricultura com muito menos espaço para intervenções humanas que hoje, e que o sucesso das colheitas definia o tamanho da despensa das pessoas, a data era crucial. Nada mais justo que fosse escolhida para encerrar um ano e começar outro. Era o fim do período solar, vivo e encalorado e o início da longa, fria e morta treva. O inverno chegara.

Na véspera desse dia de mudança, a divisão do plano dos vivos e dos mortos se misturava. À noite de 31 de outubro, desprovida de cancelas fronteiriças entre os que aqui estavam e os que já se foram, eles deram um nome, samhain. No samhain, fantasmas dominavam a terra, destruíam plantações e causavam arruaças. Em contrapartida, a presença deles facilitava o trabalho dos druidas, os sacerdotes celtas, de fazer previsões. Profecias eram um abraço quente e necessário no tenebroso inverno que começava – não muito diferente do apego contemporâneo ao horóscopo todo começo de mês. Se os druidas previram, não conseguiram evitar a invasão de um povo mais poderoso e violento que os celtas, os romanos. Em 43, o império iniciou o domínio das terras que eles batizariam de Britânia. Nos quatro séculos seguintes, os costumes romanos se misturaram aos celtas. Feralia, uma festa em que Roma celebrava a partida dos mortos, realizada em fins de outubro, naturalmente se aclimatou no Norte e deu novas cores ao samhain. Outra festividade incorporada pelos nortenhos celebrava Pomona, deusa dos pomares, cujo símbolo, uma maçã, talvez explique em parte a antiga brincadeira de pegar maçãs com a boca.

As terras dos celtas seguiram como um lugar distante do centro do poder até que o próprio Império Romano se dividiu e, no Oeste, foi pulverizado. Em 13 de maio de 609, a Igreja Católica dava as cartas, e o papa de então, Bonifácio IV, oficializou um costume que os antigos cristãos no Oriente já faziam: honrar os mártires. Para deixar claro o recado, o papa pegou um antigo templo romano, o Panteão, e o dedicou àqueles que morreram por Jesus. O templo de todos os deuses romanos passou a ser o templo de todos os mártires. Mais tarde, outro papa, Gregório III, expandiu a festividade a todos os santos e mudou a data para 1º de novembro. Em 1000, a Igreja criou mais uma data nessa sequência de festas, e aí o 2 de novembro virou o dia para honrar todos os mortos. A escolha foi estratégica. A ideia é que a nova festividade substituísse o samhain nas ilhas celtas, onde a palavra de Jesus começava a se firmar. Assim, as paradas, fogueiras e fantasias de santos e demônios do samhain acabariam incorporadas por uma celebração semelhante e, mais importante, sancionada por Roma. Agora, a Igreja tinha um dia para todos os santos e outro para todas as almas, que no Brasil chamamos Dia de Finados. Ambos pegaram, mas o 2 de novembro não eliminou o 31 de outubro, apenas o fez mudar de nome e se adaptar. O Dia de Todos os Santos era chamado, em inglês, de “All-hallows”. A noite da véspera era, portanto, “All-hallows Eve”. O termo mudou com o tempo e acabou virando “Halloween”.

Na segunda metade do século 19, os Estados Unidos, que haviam sido colonizados por cristãos daquelas antigas terras celtas, receberam uma nova leva de imigrantes, especialmente da Irlanda, que sofria, na época, um bocado com uma crise de fome. Os irlandeses levaram na bagagem o ancestral costume do Halloween.

Ao longo das décadas seguintes, a festa ganhou novos contornos. O gesto de pedir comida ou dinheiro no dia de todas as almas na Inglaterra, em troca de orações para os mortos da família, deu origem ao “gostosuras ou travessuras”. Ao mesmo tempo, o senso de comunidade tirou espaço do medo real de fantasmas. Na virada para o século 20, o Halloween já tinha perdido boa parte do caráter supersticioso. As máscaras e fantasias, que serviam para enganar os espíritos, viraram apenas uma brincadeira para enganar, no máximo, um vizinho desatento. Deixar comida na porta de casa, que servia para afastar os fantasmas do lar, tornou-se uma forma de interação com a comunidade. Isso nos Estados Unidos. Outros povos comemoram as festividades à sua maneira.

No México, o dia dos mortos, tradição anterior à colonização espanhola, ganhou elementos cristãos e segue ainda hoje firme como uma das festas mais famosas do mundo. Austríacos decoram túmulos de entes queridos com lanternas. Filipinos cantam de casa em casa pelas almas do purgatório. Chineses queimam pequenos botes de papel. Brasileiros levam flores ao cemitério, aproveitam o feriadão para pegar trânsito na estrada e, mais recentemente, incorporaram o Halloween americano – algo que não é exclusivo. Até a França, tão protetora da cultura local, começou a adotar a festa da abóbora decorada nos anos 90.

Já a origem do símbolo da abóbora está ligada à lenda de Jack O’Lantern. Existe uma antiga lenda irlandesa, em que se conta de um homem chamado Jack que tinha sido tão mau em vida que supostamente não podia nem entrar no inferno por ter enganado muitas vezes o demônio. Assim, teve que permanecer na terra vagando pelos caminhos com uma lanterna, feita de um vegetal vazio com um carvão aceso. 

As pessoas supersticiosas, para afugentar Jack, colocavam uma lanterna similar na janela ou à frente de sua casa. Mais adiante, quando isto se popularizou, o vegetal para fazer a lanterna passou a ser uma cabaça com buracos em forma do rosto de uma caveira ou bruxa. 

Jack, um alcoólatra grosseiro, em um dia 31 de outubro bebeu excessivamente e o diabo veio levar sua alma. Desesperado, Jack implora por mais um copo de bebida e o diabo concede. Jack estava sem dinheiro para o último trago e pede ao Diabo que se transformasse em uma moeda. O Diabo concorda. Mal vê a moeda sobre a mesa, Jack guarda-a na carteira, que tem um fecho em forma de cruz. Desesperado, o Diabo implora para sair e Jack propõe um trato: libertá-lo em troca de ficar na Terra por mais um ano inteiro. Sem opção, o Diabo concorda. Feliz com a oportunidade, Jack resolve mudar seu modo de agir e começa a tratar bem a esposa e os filhos, vai à igreja e faz até caridade. Mas a mudança não dura muito tempo, não. No próximo ano, na noite de 31 de outubro, Jack está indo para casa quando o Diabo aparece. Jack, esperto como sempre, convence o diabo a pegar uma maçã de uma árvore. O diabo aceita e quando sobe no primeiro galho, Jack pega um canivete em seu bolso e desenha uma cruz no tronco. O diabo promete partir por mais dez anos. Sem aceitar a proposta, Jack ordena que o diabo nunca mais o aborreça. O diabo aceita e Jack o liberta da árvore. Para seu azar, um ano mais tarde, Jack morre, e em seguida tenta entrar no céu, mas sua entrada é negada. Sem alternativa, vai para o inferno. Chegando lá, encontra o diabo, o qual ainda desconfiado e se sentindo humilhado, também não permite sua entrada, e como castigo, o diabo joga uma brasa para que Jack possa iluminar seu caminho pelo limbo. Jack põe a brasa dentro de um nabo para que dure mais tempo e sai perambulando. Devido a esse acontecimento, sua alma penada passa a ser conhecida como Jack da Lanterna.

Os nabos na Irlanda eram usados como "lanternas do Jack" originalmente, mas quando os imigrantes vieram para a América, eles descobriram que as abóboras eram muito mais abundantes que nabos. Então começaram a utilizar abóboras iluminadas com uma brasa por dentro ao invés de nabos. Por isso a tradição de se fazer caricaturas em abóboras e iluminá-las por dentro com uma vela na época de Halloween.

Halloween, Dia de Todos os Santos e Dia de Finados são a evolução de eventos realizados por diversos povos, que aproveitavam a mudança de estação para lembrar a brevidade da vida e honrar os mortos. Por mais que a origem tenha se desvanecido na história, nós não somos tão diferentes quanto os celtas que faziam festa quando o calor dava lugar ao frio. Até começo de horário de verão é uma boa desculpa do calendário para beber.

O saci-pererê retratado por Monteiro Lobato em 1917 era chifrudo e tinha dentes pontudos para sugar o sangue de cavalos. Lendas mais antigas do curupira falam que ele não tinha ânus. A mula-sem-cabeça original tinha cascos afiados. Os três assassinavam quem cruzasse seu caminho. A cuca era uma velha horripilante que capturava crianças, nada daquela bruxa-jacaré trapalhona do Sítio do Pica-pau Amarelo. O negrinho do pastoreio era um pobre escravo, amarrado ensanguentado em um formigueiro. Um folclore rico, sanguinário e mais carismático do que imaginamos. O Dia do Saci nasceu na década passada como uma resposta à crescente popularização do Halloween no Brasil. Mas o Halloween, diferentemente do que muito se propaga, não é uma festa unicamente americana e pagã. É uma mistureba com elementos dos antigos celtas, de romanos, de irlandeses e ingleses da Idade Média e dos primeiros séculos de tradição cristã.

Se o Halloween é o resultado de 2 mil anos de adaptações e evoluções, está mais que na hora de o saci maluco invadir a festa do vampiro importado. O Halloween marcava a mudança de estações. 

E nisso um Halloween brasileiro levaria vantagem. Não é o inverno gélido e decrépito que bate à porta. É o verão.

O Halloween é, sem dúvidas, uma cerimônia de menor relevância na cultura brasileira. No entanto, a pergunta de muitos permanece: um cristão deveria participar de uma festa de Halloween? Creio que alguns princípios podem nos orientar a fim de respondermos essa pergunta:

Em primeiro lugar, antes de participarmos de qualquer celebração cultural, é imperativo que investiguemos suas origens e desenvolvimento histórico. Conhecer a história do Halloween, Natal, Festas Juninas, entre outras, nos ajudará a formar uma opinião mais sólida e sem preconceitos sobre tais temas;

Em segundo lugar, não podemos negar que a antiga festa cristã que celebrava a vida dos mártires, “All Hallows Eve”, nada tem a ver com o atual Halloween, caricaturado por bruxas, caveiras e feiticeiros. Mesmo assim, seria ir longe demais considerar pecado colocar uma fantasia, acender abóboras ou pedir doces de casa em casa — com exceção das travessuras. Errado seria fazer isso sem conhecer o que há por trás destas coisas ou mesmo participar de algum tipo de cerimônia ocultista.

Em terceiro lugar, parece que a maioria das pessoas participa da festa porque, como acontece na festa junina, é mais um evento cultural do que religioso. No Halloween a maior parte das pessoas, especialmente as crianças, só querem doces por causa dos doces e as famílias decoram a casa mais por uma questão cultural que religiosa.

Em quarto lugar, como cristãos, o Halloween é uma boa oportunidade para as igrejas ensinarem o que realmente compreendemos sobre a vida após a morte, isto é, que as almas dos mortos não podem retornar para o nosso mundo e apenas Cristo nos dá o poder de vencer a morte. Nesta perspectiva, qualquer festa cultural pode ser usada como ponte para ser proclamada a verdade do Evangelho, ainda mais para aqueles que tiveram uma origem distintamente cristã.

Em quinto lugar, como cristãos protestantes, ao invés de investirmos nosso esforço para redimir uma festa que já se tornou um folclore bem confuso, poderíamos canalizar nossa energia em celebrar a Reforma protestante, no mesmo dia 31 de outubro, pois nesta data vemos como a leitura da Palavra trouxe vida para um mundo escuro e cheio de confusão.

Que todos sejam sal na terra (Mt 5, 13-14), e que este sal tenha a virtude de não deixar a identidade cristã desnaturar-se mesmo num ambiente duramente secularizado. Este é o caminho, ser luz pela ação do Espírito Santo no mundo, assim como também exorta Paulo: “Não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, a fim de conhecerdes a vontade de Deus: o que é bom, o que Lhe é agradável e o que é perfeito” (Rm 12,2). 

Trata-se de uma moda que, no entanto, tem sérias implicações não apenas no âmbito consumístico. A grande maioria dos jovens, que organizam festas a fantasia nessa ocasião, são vítimas inconscientes tanto da moda quanto daqueles que, a todo custo, devem vender produtos comerciais manipulando realidades espirituais. Vejo que o fenômeno é tão irracional que se torna a real cifra da sociedade contemporânea: quem não acredita na verdade termina por acreditar em alguma coisa, até mesmo nas abóboras! Estou ciente, no entanto, que em alguns casos estes tipos de manifestações tenham origens ocultistas e até mesmo satânicas e, portanto, alimentá-las e não as corrigir pode transformar-nos em inconscientes alimentadores daquela “fumaça de satanás”, que já intoxica muito o mundo. Todos devemos ter cuidado para não respirar fumaças tóxicas; as vezes isso acontece quase inadvertidamente. Lembremos que uma abóbora, ainda que abençoada, sempre será uma abóbora. Aquelas do dia das Bruxas nem sequer são abençoadas!

Que resplandeça a santidade e não as abóboras ocas próprias do Halloween. Na noite de 31 de outubro, recordemos o senhorio de Deus em seus santos, o triunfo da luz sobre a escuridão. Que nesta noite não haja espaço para a escuridão.

Fontes:

Revista Super Interessante  - Felipe Van Deursen;
https://pt.zenit.org/
http://ultimato.com.br/