Eles viram o Deus de Israel. Sob os seus pés havia como um pavimento de
safiras transparentes, tão límpido como o próprio céu. Êx. 24,10
Sim, tiveram uma bela visão do Deus de
Israel. Deus estava pisando num pavimento de pedras de safira. Parecia o céu num
dia claro!
Após a ministração das leis que deveriam
reger Israel, o Senhor Deus disse a Moisés que chamasse Arão, Nadabe, Abiú e
setenta autoridades de Israel para adorar à distância do monte. Setenta e cinco
homens foram convidados a subir o Monte Sinai para adorarem ao Senhor.
Estavam ali Moisés, o profeta, e seu ministro
Josué. Arão e seus filhos subiram como representantes do futuro sacerdócio
Levítico. Os setenta anciãos sem dúvida representavam a nação de Israel que
teve o seu início com setenta almas. Eram os representantes do povo para
testemunhar à nação a natureza da aliança. Eram homens de mais idade, chefes de
famílias, respeitados como líderes e que gozavam de prestígio entre os israelitas.
Eram representantes de toda a congregação, foram escolhidos para testemunhar a
manifestação de Deus, para que se satisfizessem com a verdade da revelação que Ele
havia feito de Si e de Sua vontade; e nessa ocasião era necessário que o povo
também fosse favorecido com uma visão da glória de Deus. Assim, a certeza da
revelação foi estabelecida por muitas testemunhas. O número setenta é citado
pela primeira vez e faz referência à quantidade de líderes capazes mencionados
na conversa de Moisés e Jetro.
O comando dado a todos, exceto a Moisés, foi
inclinai-vos de longe. Nesta passagem, inclinai-vos significa literalmente
curvar-se para a terra, num gesto de adoração a Deus. Só podiam aproximar-se
dele de acordo com Suas ordenanças. Por causa de Sua maravilhosa graça, o
profeta foi chamado para se achegar a Ele.
O comando “sobe a mim”, demonstra que apenas
Moisés pôde chegar perto de Deus naquela hora. Somente Moisés é admitido na
presença imediata de Deus, como mediador da aliança. Arão e seus filhos, Nadabe
e Abiú, com mais setenta anciãos, tiveram permissão para permanecerem apenas ao
pé do monte. Hoje, todos nós somos chamados a ter uma viva comunhão com Ele por
intermédio de Jesus.
Surge com detalhes uma cerimônia de
sacrifício para a aliança, em que o essencial é o rito do sangue aspergido
sobre o altar (símbolo de Deus) e sobre o povo. O sangue é sinal de vida.
Portanto, entre Deus e Israel existem uma aliança, uma comunhão de vida, uma
nova relação de intimidade e de amor.
As partes envolvidas em uma aliança
normalmente faziam uma refeição fraternal. Comer e beber era importantes
elementos rituais envolvidos na realização de alianças. Refeições semelhantes a
essa para selar uma aliança são registradas em outras passagens da Bíblia. No
entanto havia ali uma reunião e um momento de comunhão e entrosamento no qual
Deus permitiu a todos participarem de sua presença e ainda se alimentarem e beberem.
Quem preparou a comida? O que beberam e comeram?
É algo muito profundo isso. Moisés, Arão e
seus dois filhos e mais setenta do povo que certamente representariam os
setenta de Jacó que partiram para o Egito dando início a nação de Israel. Era
Deus ali renovando a memória deles e mostrando que Ele era fiel à Sua aliança e
queria com eles estabelecer relacionamentos.
A cerimônia tem início com Moisés lendo ao
povo todas as palavras do Senhor e todos os estatutos. Toda e qualquer aliança
envolvia a leitura e a aceitação pública de seus termos. Por isso o povo
promete: “Tudo o que falou o Senhor faremos”. Era necessário que o povo
não apenas soubesse o que o Senhor lhe impunha por meio da aliança que estava
para ser estabelecida e o que Ele lhe prometia, mas também declarasse sua
disposição para cumprir o que lhe era imposto. Preliminarmente, uma leitura
pública da lei e a renovação da aceitação dos termos pelo povo.
Não é à toa que o nome do livro que Moisés
menciona é o Livro da Aliança. O tema da aliança é sempre recorrente em toda a
Bíblia, desde Gênesis à Apocalipse. Afinal de contas a semente que se está
esperando é o Príncipe da Aliança.
Os Dez Mandamentos foram escritos em cada uma
das tábuas de pedra e dispostas perante o único Deus vivo. O objetivo de Deus
ao fornecê-las a Moisés era instruir o povo e confirmar a aliança que havia
acabado de fazer.
Em seguida, Moisés ergue um altar com doze
colunas, que representam as doze tribos de Israel, ou seja, a congregação. As
colunas são testemunhas simbólicas e também um memorial da aliança ali
celebrada.
São sinais para as doze tribos, que se
empenharão em renovar e viver a aliança. O altar representa a presença do Senhor
no meio de seu povo.
Ofertas de paz eram sacrifícios em que uma
parte do animal era queimada, e o resto era comido pelo sacerdote e pelas
pessoas que o estavam oferecendo. Serviam para fortalecer a comunhão. Como não
havia ainda o sacerdócio Levítico, Moisés enviou alguns homens para oferecer
sacrifícios ao Senhor. Não eram primogênitos nem sacerdotes araônicos, mas
homens escolhidos por Moisés para esse ato em particular, talvez os membros
mais fortes e mais ativos da comunidade. É significativo que não se fale em
oferta pelos pecados. Era um povo redimido, que agora, por meio desses
sacrifícios de dedicação e comunhão, estava se empenhando e penetrando em uma
comunhão íntima e entrelaçada com seu Redentor.
Moisés tomou metade do sangue (rituais de
sangue são comuns à maioria das alianças) e o pôs em bacias, e aspergiu sobre o
povo nas doze colunas, representando o povo, e o ato foi acompanhado por uma
proclamação pública de sua importância. Estava fixando o selo deles à aliança. Apesar
da estrita proibição de erigir colunas para adoração, estas colunas não
deveriam ser adoradas, mas servir como representantes das diferentes tribos, e
a outra metade aspergiu sobre o altar. Era o sinal de ratificação solene, metade
sobre cada parte na transação. Metade do sangue era atribuída ao povo e metade
a Deus: o sangue aspergido sobre o altar simbolicamente ligava Deus aos termos
da aliança, e o aspergido sobre o povo ligava este último da mesma forma. Essa
dupla separação do sangue tinha conexão com as duas partes envolvidas na
aliança (Deus-povo), levando-as a uma unidade. A aliança foi formalmente
confirmada quando o sangue foi aspergido sobre a nação de Israel. (Este ato foi
usado para provar a necessidade do sangue de Jesus na dedicação da Nova Aliança).
Moisés cuidadosamente repetiu todas as
palavras da aliança para Israel. A leitura tornou solene o acordo verbal até
então existente.
Mais uma vez, podemos ver que a Lei de Deus
estava sendo escrita durante a peregrinação por Moisés. O povo concordou com as
três formas de lei que compunham a aliança, que foi realmente confirmada.
Jesus proclamou o cumprimento desse
simbolismo por ocasião da Última Ceia, quando ofereceu o cálice: “Isto é o
Meu sangue, o sangue da nova aliança, derramado em favor de muitos, para
remissão de pecados”.
Deve ter sido uma cena profundamente
impressionante e instrutiva, pois ensinou aos israelitas que a aliança foi
feita com eles apenas por meio da aspersão de sangue – que a aceitação divina
de si mesmos e dos serviços era somente em virtude de um sacrifício expiatório.
e que até mesmo as bênçãos da aliança nacional foram prometidas e asseguradas a
elas somente pela graça. De forma passageira, a atitude de Moisés confirmou a
aliança de Deus com Seu povo e selou o perdão de seus pecados. Mas Jesus fez
isso de maneira superior e definitiva.
Ali estava sendo renovada com acréscimos de
novos detalhes a aliança de Deus com o homem que começou com Adão e Eva com os
mandatos cultural, social e espiritual. Este não é outro, senão o Deus da
aliança, que não muda, nem jamais mudará e que se revela, sempre se revelou e
ainda se revelará ainda mais. Em cada aliança, algo novo completando sua
revelação e aspectos de seu relacionamento com um povo santo que Ele está
levantando e cuidando e guardando para Seus eternos propósitos.
A refeição festiva da aliança provavelmente
incluía a carne dos sacrifícios pacíficos, o pão e o vinho. Esta era uma grande
celebração da presença do Deus vivo. Ao comerem o banquete de sacrifício, a
presença do Senhor lhes foi manifestada com especial distinção. No ato de
adoração solene, eles perceberam que Ele estava presente com eles, como seu
Senhor e seu Libertador. Esta festa teve um suporte profético, insinuando a
morada de Deus com os homens. Constituía também um relance profético da Ceia do
Senhor Jesus com Seus discípulos, na qual Ele transformou os antigos símbolos
de libertação do Egito (pão e vinho) em novas representações de Sua iminente
morte e ressurreição. Todos viram a Deus e comeram e beberam.
A respeito da festa no Monte Sinai, viram o reflexo
da Sua glória. Eles não viram a glória Dele ou mesmo um símbolo da Sua
presença. É inútil especular sobre o modo dessa revelação.
Deus aparecendo e se fazendo visível,
falando, “comendo, bebendo”, um livro sendo escrito e registrado, testemunhas
como Moisés e os setenta e três, anjos, fumaças e nuvens e fogo, luz azul, a
glória do Senhor e altares sendo levantados, sacrifícios sendo feitos para se
obter o sangue que seria usado para aspergir, um mediador, o povo, tudo isso para uma finalidade: o
estabelecimento de uma aliança!
Debaixo de seus pés havia um pavimento que
parecia como o céu na sua claridade. Era como uma obra de pedra de safira
brilhante e como o próprio céu em clareza. A menção de seus pés e de sua mão
indica que eles avistaram uma manifestação do Senhor em um tipo de forma
humana. A descrição se concentra exclusivamente sobre os pés do Senhor, uma
indicação do caráter parcial da manifestação divina. Talvez esta fosse a
aparência de Jesus antes de Sua encarnação. A falta de detalhes nos lembra que
qualquer tentativa de descrever a glória divina é, de certa forma,
insuficiente. Eles viram uma manifestação visível do Senhor, mas não a
plenitude de Sua glória e poder. Mais tarde, Moisés foi privilegiado por ver a
“bondade” e as “costas” de Deus, embora o caráter limitado da manifestação
tenha sido enfatizado. Fica claro que Deus não é uma força impessoal, mas uma
pessoa real. Não havia nenhuma forma visível ou representação da natureza
divina, mas um símbolo ou emblema de Sua glória foi claramente, e à distância,
exibido diante das testemunhas escolhidas. Muitos pensam, no entanto, que nesta
cena particular foi revelada, em meio ao brilho luminoso, a forma vagamente
embotada da humanidade de Cristo. Viram uma obra pavimentada de uma pedra de
safira, um trabalho de safira. Pisos mais incrivelmente incrustados com pedras
de várias cores ou pequenos azulejos quadrados, dispostos em uma grande
variedade de formas ornamentais. Os romanos gostavam particularmente deles, e
deixaram monumentos de seu gosto e engenhosidade em calçadas desse tipo, na
maioria dos países onde estabeleceram seu domínio. Algumas amostras muito finas
são encontradas em diferentes partes da Grã-Bretanha. Muitos destes permanecem
em diferentes países até os dias atuais.
Quão glorioso deve ser um pavimento,
constituído por pedras polidas desse tipo, perfeitamente transparentes, com uma
refulgência de esplendor celestial derramada sobre eles!
O vermelho, o azul, o verde e o amarelo,
organizados pela sabedoria de Deus, nas mais belas representações emblemáticas,
e todo o corpo do céu em sua claridade brilhando sobre elas deve ter feito uma
aparição gloriosa.
Como a glória divina apareceu acima do monte,
é razoável supor que os israelitas viram o pavimento de safira sobre suas
cabeças, pois poderia ter ocupado um espaço na atmosfera igual em extensão à
base da montanha; e sendo transparente, o brilho intenso que brilha sobre ele
deve ter aumentado bastante o efeito.
É necessário ainda observar que tudo isso
deve ter sido apenas uma aparência, desconectada de qualquer semelhança
pessoal. Em nenhuma dessas aparências havia semelhança com qualquer coisa no
céu, na terra ou no mar. E embora os pés sejam mencionados, isso só pode ser
entendido da base de safira ou calçada, na qual apareceu essa glória celestial
e indescritível do Senhor. Há uma descrição semelhante da glória do Senhor no
livro de Apocalipse 4: 3: “E aquele que estava sentado [no trono] devia
parecer um jaspe e uma pedra de sardônio; e havia um arco-íris em volta do
trono, à vista como uma esmeralda.”
Assim, Deus teve o cuidado de preservá-los de
todos os incentivos à idolatria, enquanto Ele lhes deu todas as provas de Seu
ser. Eles viram o Deus de Israel, tiveram um vislumbre de Sua glória, em luz e
fogo, embora não tivessem nenhuma maneira de semelhança.
Eles viram o lugar onde estava o Deus de
Israel, algo que se aproximava da semelhança, mas não era; o que quer que eles
vissem era certamente algo do qual nenhuma imagem ou figura poderia ser feita,
e ainda o suficiente para satisfazê-los de que Deus estava com eles em verdade.
Moisés fala de algo que parecia um piso sobre
o qual Deus estava, de cor azulada, próxima à da safira. Nada mais é descrito,
exceto o que estava sob Seus pés, pois nossas concepções de Deus estão todas
abaixo Dele. Eles não viam tanto como os pés de Deus, mas no fundo do brilho
que viam, uma calçada mais rica e esplêndida do que antes de safiras, azuis ou
cor do céu.
Os próprios céus são a calçada do palácio de
Deus, e Seu trono está acima do firmamento. Esta é uma das poucas ocasiões em
que humanos viram a Deus. O céu na sua claridade, geraram nesses homens fé
duradoura e obediência a Deus. O fato de Deus não ter estendido a sua mão sobre
eles talvez signifique que não viram o seu poder ali.
A safira, uma das mais valiosas e lustrosas
das pedras preciosas, de cor azul celeste ou azul claro é frequentemente
escolhida para descrever o trono de Deus. O azul puro do céu acima deles
emprestou sua influência para ajudar o sentido interior a realizar a visão que
nenhum olho mortal podia contemplar. É uma pedra preciosa de uma fina cor azul,
a seguir em dureza ao diamante. O rubi é considerado pela maioria dos
mineralogistas do mesmo gênero; o mesmo acontece com o topázio.
Portanto, não podemos dizer que a safira é
apenas de cor azul; é azul, vermelho ou amarelo, como pode ser chamado de
safira, rubi ou topázio; e alguns deles são azuis ou verdes, de acordo com a
luz em que são mantidos; e um pouco de branco.
Que capítulo gostoso de se ler e difícil,
porque não estamos acostumados com tanta teofania envolvendo não somente Moisés
com quem Deus falava face a face, mas outros como Arão, Nadabe e Abiú, e
setenta dos anciãos de Israel. Obviamente que não viram Deus numa revelação
total porque nem Moisés que falava face a face com Deus teve essa oportunidade,
antes somente o viu pelas costas.
Não fique com inveja deles que viram a Deus e
comeram e beberam. Hoje, graças ao Senhor da Aliança, o Mediador supremo, o
Sumo Sacerdote da Lei, o Rei e o Profeta, Jesus, temos seu Espírito Santo que
faz no cristão, sua habitação e morada! Eles deveriam olhar para o futuro e
desejar este dia que vivemos, assim como nós olhamos para o passado e o
invejamos em nossa ignorância.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui seu comentário.