quinta-feira, 10 de outubro de 2013

O Alvo da nossa Vida



“Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus. Considerai, pois, atentamente, aquele que suportou tamanha oposição dos pecadores contra si mesmo, para que não vos fatigueis, desmaiando em vossa alma.” (Hb 12.1-3)

Há um texto no Antigo Testamento que me chama muito a atenção: Em 2Cr 20 quando o rei Josafá é avisado de que os inimigos vinham contra ele. Com medo, ele pôs-se em oração e buscou a Deus. No v.12 ele então diz: “Ah! Nosso Deus, acaso, não executarás tu o teu julgamento contra eles? Porque em nós não há força para resistirmos a essa grande multidão que vem contra nós, e não sabemos nós o que fazer; porém os nossos olhos estão postos em ti”.

Ele estava com medo, não sabia o que fazer, mas sabia para quem olhar: Deus! Aqui no texto de Hb 12.1-3 encontramos o mesmo princípio bíblico: nossos olhos devem estar no Autor e Consumador da nossa fé, Jesus! Por isso quero meditar com os amados sobre o alvo da nossa vida.

O escritor sagrado, depois de falar sobre os grandes servos de Deus que no passado testemunharam com suas vidas do amor de Deus e que o exemplo desses servos deve ser seguido por nós. Eram homens pecadores como nós, sujeitos à tristeza, medo, fraquezas assim como nós. Contudo, eles viveram pela fé. Esse viver pela fé não se trata apenas de uma crença em Deus, mas, sim, viver na esperança de ver o Autor e Consumador dessa fé, Jesus. Dessa forma, Cristo é o centro da História. Os servos de Deus que viveram antes de Cristo vir ao mundo viveram na esperança de Sua vinda. Hoje, nós vivemos na esperança dAquele que veio e que um dia voltará.

No v.1 o escritor sagrado usa a figura de um estádio onde na arquibancada estão todos esses servos de Deus olhando para nós que estamos nas raias correndo. É claro que esse texto não está dizendo que os mortos podem ver os que estão nesse mundo, mas, sim, que nós enquanto enfrentamos lutas neste mundo devemos nos inspirar no exemplo desses servos de Deus que se mantiveram firmes em Sua presença, e isso porque não tiraram seus olhos da pessoa de Jesus. Assim como no passado Jesus cumpriu Sua promessa de vir a esse mundo salvar Seu povo, da mesma forma Ele voltará para buscar esse povo por quem Ele morreu. Mas, enquanto isso não acontece nós devemos:

1 – Correr com perseverança a carreira que nos está proposta (v.1).
À nossa frente temos uma carreira proposta por Deus: a carreira da Fé Cristã. Novamente usando a figura do atleta que para ter bom desempenho na corrida precisa se desembaraçar de tudo quanto possa lhe ser um estorvo.

Aqui duas palavras descrevem isso: peso e pecado. Existem coisas em nossa vida que são pesos desnecessários que carregamos que com toda probabilidade se tornam pecados que insistentemente nos assediam. Por exemplo: quando alguém nos ofende, até aí não cometemos pecado nenhum. Mas, se não perdoarmos tal ofensa o quanto antes, de um peso que nos atrapalha, ela se transformará numa mágoa, rancor e ódio, coisas essas que são pecado, e nos assediarão o tempo todo.

Outro exemplo é quando ficamos preocupados com alguma coisa. Termos preocupações como resultado de nossas responsabilidades não é pecado, mas, é um peso, que fatalmente se transformará nos pecados da ansiedade e da falta de confiança em Deus. De quais pesos você precisa se livrar hoje? Quais pecados estão abrigados em seu coração e estão roubando-lhe o fôlego nessa carreira que Deus lhe propôs?

Para você não carregar peso e pecado em sua vida, você precisa olhar para o alvo: Jesus. E essa é justamente a nossa segunda ação nessa carreira da Fé Cristã que nos foi proposta por Deus até a volta de Cristo ou até o nosso encontro com ele.

2 – Olhar firmemente para o Autor e Consumador da nossa fé (v.2).
O atleta quando corre não fica olhando para a arquibancada, nem para seus oponentes; ele olha para frente, para a linha de chegada onde está o troféu. Se ele ficar olhando para os lados, fatalmente cairá ou se desviará do seu rumo. A exortação bíblica é para que olhemos firmemente. O verbo grego aqui é αφορωντες e quer dizer: desviar-se de uma coisa e concentrar-se em outra.

Aplicando essa verdade em nossas vidas isso quer dizer que devemos deixar de ficar olhando para as lutas de tribulações que passamos e fixarmos nossos olhos em Cristo da mesma forma que Ele olhou fixamente para a “alegria que lhe estava proposta”, a saber, glorificar a Deus o Pai como Salvador e Deus Gracioso e também ser o Noivo, o Senhor, a Cabeça da Sua Igreja em vez de ficar olhando para os sofrimentos, para a cruz, a humilhação a ignomínia, suportando tudo isso, e, por isso mesmo, estar “à destra do trono de Deus”.


Temos o grave pecado de ficarmos olhando para os problemas em vez de nos concentrarmos em Cristo. Para muitos o sofrimento deve ser rejeitado, exorcizado, amarrado, pois é obra do diabo. Lamentavelmente, tais pessoas não percebem que o diabo dessa forma trabalha em seus corações, colocando neles uma revolta contra Deus.

Deus usa os sofrimentos e lutas para moldar nosso caráter conforme o caráter de Jesus (Rm 8.28,29). Olhe firmemente para Cristo. Não perca seu tempo e nem o rumo olhando para as circunstâncias.

3 – Considerar como Cristo lidou com a oposição (v.3)
Novamente a Palavra de Deus nos exorta a olharmos para Cristo. No v.2 a Palavra de Deus nos mostra que em vez de olharmos para as circunstâncias devemos olhar para Cristo. Aqui no v.3 ela nos mostra que em vez de olharmos para os nossos opositores devemos olhar para Cristo.

Lidar com a oposição não é fácil. O tempo todo encontramos pessoas que se nos opõem. Mas o texto aqui não se refere a qualquer tipo de oposição. A oposição a que se refere esse texto é especificamente quela em que as pessoas opoem resistência e criticam a nossa fé.

Cristo quando se apresentou como o Messias sofreu resistência, e resistência tal que O levou à cruz. Quando nos apresentamos como crentes em Cristo Jesus somos taxados de fracos de mente, como pessoas que não atingiram a maturidade e por isso precisam ficar presas a sistemas religiosos.

Seja qual for a oposição que se nos fizerem, nós, como crentes em Cristo Jesus, pessoas que têm seus olhos fixos em Cristo não devemos buscar a justiça com as nossas próprias mãos. Antes, devemos entregar tais pessoas a Deus e confiar Nele para executar a justiça. Não se trata apenas de dar a Deus a oportunidade de exercer uma justiça melhor que a nossa; trata-se de deixar Deus ser Deus e não usurparmos dEle a prerrogativa que Ele tem como Deus de exercer a justiça.

Jesus fez assim e assim devemos nós também fazer, para que não nos fatiguemos desmaiando em nossas almas. Como nos desgasta a sede de justiça não é mesmo? Como nos consome o desejo de retribuirmos a alguém o mal que nos foi feito. A razão pela qual o desânimo tem tomado o coração de muitos crentes é porque estes têm em si um desejo muito forte de vingança.

Não permita que tal coisa tome conta de seu coração. Em vez disso, considere tudo o que Cristo suportou por parte de Seus opositores. O único que foi realmente injustiçado neste mundo foi Aquele que é o Deus da justiça: Jesus. E tudo isso por amor ao Pai e a nós. A melhor maneira de lidar com a oposição sem cair no risco de se fatigar e desanimar é continuar olhando para Cristo.

Conclusão
Encerro esse artigo ressaltando a seguinte verdade: a Fé Cristã não é uma filosofia de vida como muitos dizem. Uma filosofia de vida é baseada em dizeres e ensinamentos. A Fé Cristã é baseada numa pessoa: a Pessoa de Cristo Jesus.

Ele não é um mestre. Em momento algum Ele se intitulou mestre. O tempo todo Ele se apresentou como o Deus que é. Isso porque o resgate de pecadores como nós não pode ser feito por um mestre, um guru; nosso resgate precisava de um resgatador, e esse Resgatador é Jesus, “o Autor e Consumador da nossa fé”. Como autor foi Ele quem deu as normas dessa fé, e como consumador Ele executou tudo quanto essa fé determinava.

Você e eu não precisamos de um mestre, mas, sim de um Salvador. Essa é a grande diferença da Fé Cristã para as religiões ou filosofias de vida. Aconteça o que acontecer, jamais tire seus olhos da Pessoa de Cristo. Pode o medo bater à sua porta e você não saber o que fazer como aconteceu com Josafá, mas saiba para quem você direciona o seu olhar. Só assim você vencerá.


Olivar Alves Pereira

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