É
necessário lidar com os pensamentos, com o coração e com a alma para orar de
verdade, para orar como orou Abraão, como Elias, como Davi e muitos outros
oraram. Deus disse a Abraão: “anda na minha presença e sê perfeito”. Soren
Kierkegaard fala que orar é ouvir Deus. A oração não transforma Deus, mas
transforma aquele que não apenas ouve falar de Deus, mas conversa com Deus.
Alguém
disse: “A oração não se mostra verdadeira quando Deus escuta o que se lhe pede.
Ela é verdadeira, quando quem ora continua orando, até que seja ele mesmo a
escutar o que Deus quer. Quem ora de verdade, nada mais faz senão escutar.”
Muitos
estudiosos da oração definem a oração com uma palavra apenas: recolhimento. É
entregar a vida por inteiro para ouvir a voz divina no descanso perfeito da
alma e do ser. Não é preciso apressar, não é preciso falar muito, mas sim como
amigos íntimos apenas estarem juntos, lado a lado um do outro. Jesus disse que
enviaria o Consolador, o Parákleto, ou seja, aquele que está ao lado do
discípulo, andando lado a lado.
Conhece-se
o conceito que uma pessoa tem de Deus, quando se observa as suas orações e os
seus cânticos. Pois é impossível ter um conceito correto de Deus revelado nas
Escrituras e orar, cantar e adorar de maneira errada. O comportamento e o
entendimento que alguém tem do Divino refletirá na maneira como faz as
orações. Quanto mais se conhece as Escrituras e o Deus que se
revelou na Pessoa de Jesus Cristo, mais se conhecerá os atributos divinos.
Jesus ao ensinar o “Pai Nosso” aos seus discípulos Ele o fez de maneira bem
natural. Jesus não usou palavras coloquiais, mas sim, Ele usou palavras comuns
do dia-a-dia que uma criança diria ao seu pai, ou que um amigo diria para outro
amigo.
Mesmo
que a soberania de Deus seja o tema central de toda a bíblia, isso não impede
de modo algum que Deus deseja relacionar-se com o homem num nível de Criador e
criatura feito a Sua imagem e semelhança. A soberania de Deus sempre foi o tema
de Paulo, Agostinho, dos reformadores: Lutero, Calvino, Zuwinglio; e dos
puritanos bem como é o tema central da bíblia. Todavia, todos os acima citados
colocaram a oração como o ponto alto e de suma importância no relacionamento
que o homem tem com Deus, andar na presença do Pai.
Jesus
no Getsemani deixa vazar seu coração como homem e se coloca diante do Pai
apresentando a sua vontade, se submetendo aos propósitos divinos, à vontade
soberana de Deus, todavia mesmo na angústia pela qual passava e a luta interior
que se travava Ele mantinha a intimidade e a amizade com o Pai. Não se
exasperou, não duvidou do amor que o Pai nutria por Ele e vice-versa.
A
oração sacerdotal, onde Jesus revela toda a sua missão de salvar os eleitos
para Deus, deixando claro que Ele veio para um povo específico, e que Ele não
somente tornou possível a salvação deste povo, mas que cumpriu o propósito
eterno de Deus salvando todos os que o Pai daria a Ele. O verso 4 e 5 de
João 17 diz: “Eu te glorifiquei na terra consumando a obra que me confiaste
para fazer, e agora glorifica-me ó Pai contigo mesmo com a glória que
tive junto de Ti, antes que houvesse mundo”. Jesus, mesmo nos últimos
dias de vida aqui na terra, tinha prazer de estar na presença do Pai, ainda que
fosse para se despedir de maneira doída e angustiada.
A
igreja primitiva estava constantemente em oração. Eles começaram com oração e
continuaram com oração. O livro de Atos é cheio de orações que os apóstolos
faziam. Vida e ministério na presença do Pai celestial. Logo no início do livro
podemos contemplar todo o grupo orando desta maneira: “Senhor, tu és o Deus que
fizeste o céu, e a terra, e o mar e tudo o que neles há; Que disseste pela boca
de Davi, teu servo: Por que bramaram os gentios, e os povos pensaram coisas
vãs? Levantaram-se os reis da terra, E os príncipes se ajuntaram à uma, Contra
o Senhor e contra o seu Ungido. Porque verdadeiramente contra o teu santo Filho
Jesus, que tu ungiste, se ajuntaram, não só Herodes, mas Pôncio Pilatos, com os
gentios e os povos de Israel; para fazerem tudo o que a tua mão e o
teu conselho tinham anteriormente determinado que se havia de fazer. Agora,
pois, ó Senhor, olha para as suas ameaças, e concede aos teus servos que falem
com toda a ousadia a tua palavra”.
Paulo
sempre orava para que o Espírito Santo abrisse os olhos espirituais dos irmãos,
dando-lhes sabedoria para compreenderem a vontade de Deus. Várias passagens das
cartas Paulinas demonstram claramente que a visão que Paulo possuía da
soberania de Deus e do mistério que lhe fora revelado, determinava suas orações
e a sua comunhão com Deus. Vivia e andava na presença de Deus, chegando a
recomendar que os tessalonicenses orassem sem cessar.
Os
filhos de Corá cantavam dizendo: “quão amáveis são os teus tabernáculos, Senhor
dos Exércitos! A minha alma suspira e desfalece pelos átrios do Senhor; o meu
coração e a minha carne exultam pelo Deus vivo.” Sl.84: 1 e2. Isso é ter prazer
de estar e viver na presença do Senhor. Tanto o coração, as emoções como a
carne, ou seja, o próprio corpo se alegrava em ir à Casa do Senhor, estar em
comunhão com Deus, viver na presença do Senhor.
Hoje
há dificuldade de estar na presença do Senhor em oração. Pensa-se que pelo
muito falar, sabe-se orar. As orações são pagãs, mera repetição onde não
há vida verdadeira e compromissada com Deus. No nome de Jesus – crença de boca
pra fora – julga, odeia e condena as pessoas que não pensam iguais; as ovelhas
que não estão no mesmo redil e ainda por cima reclamam e se amarguram
por Deus não ouvir suas orações imprecatórias.
Orar
é habitar na Casa do Pai, é louvar perpetuamente, é ter o coração sereno com
caminhos aplanados ainda que se tenha que passar pelo vale árido das
circunstâncias, ainda que se passe pela dor da perda, pela enxurrada de águas
barrentas e tumultuosas. Orar é fazer dessas experiências um manancial
de vida e de paz na presença de Cristo, o Senhor e salvador amado.
Orai
sem cessar!!! Orai uns pelos outros!!!
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