No livro de Cantares de Salomão, o Espírito Santo emprega a linguagem do Esposo
para com a Esposa e vice-versa para mostrar a verdadeira comunhão e intimidade
que deve existir entre Ele e a Sua Igreja ou entre Ele e uma alma redimida.
Uma
das frases que o Senhor usa para com a alma redimida é «Jardim fechado és
tu...» uma coisa em que o Senhor acha prazer, e certamente foi uma das razões
principais de o Senhor nos salvar sermos para o Seu prazer. Não veremos nesse
jardim a história da nossa alma? Antes de ser jardim era apenas um pedaço de
terreno inculto, mato talvez, inútil, produzindo apenas vegetação bravia que
gozava constantemente a vida da terra, desfrutava o sol e a chuva e nenhum
fruto dava.
Creio
que a nossa vida era assim outrora; por quantos anos não recebemos o sol do
amor de Deus, a chuva dos seus cuidados, a própria vida d'Ele proveniente sem
nada darmos em troca? Tudo quanto recebíamos era para nós, para gastarmos em
nosso proveito ou para dissipar no mundo. As raízes das «ervas daninhas» do
pecado e perversidade ganhavam cada vez mais força e estendiam-se cada vez
mais; onde devia crescer o amor brotava o ódio, onde devia florescer a paz
reinava a perturbação, em lugar da benignidade, a maldade, e em vez de produzir
alegria as raízes de tristeza e amargura eram cada vez mais e abundantes. O
terreno do coração humano sempre produz com abundância, é muito fértil tanto
para coisas bravas como para as coisas boas, nunca é árido, sempre produz
alguma coisa.
Também
aquele terreno antes de ser um jardim fechado podia ser calcado por toda a
gente; não havia muro ou vedação alguma, quem quisesse passar por ele podia
fazê-lo; era calcado por todos!
O
Senhor Jesus na parábola do Semeador falou de semente que caiu ao pé do
caminho, onde o terreno estava bem calcado; o coração do incrédulo é um caminho
aberto para os pés de todos os vícios mundanos todos têm passagem por tal
coração; daí o endurecimento de tantos; estão tão calcados que difícil é para a
semente da Palavra de Deus crescer nele.
Mas
chegou o dia quando o dono deste jardim fechado o comprou; escolheu aquele
pedaço de terreno, mediu-o, pagou o preço exigido e era dele. O crente nunca se
esquece do preço com que foi comprado pelo Salvador preço de sangue, a Sua
própria vida dada para poder possuir este pedaço de terra dos nossos corações O
preço foi grande, nós não compreendemos porque é que Ele estava pronto a pagar
assim tão caro por uma coisa tão inútil; está nisso o Seu grande e infinito
amor e a Sua glória. Aquele terreno não podia escolher a sua sorte depois, nem
podia deixar de se entregar Àquele que o tinha comprado, mas o crente pode
recusar entregar ao Senhor o que Lhe pertence; pode não deixar o Senhor do
«jardim» fazer o que este dono fez!
Este
era um jardim fechado; quer dizer que o dono tratou logo de edificar um muro em
volta, separando-o para si só. Agora ninguém podia passar por aquele jardim,
estava guardado, ele tinha a chave do portão e só ele tinha o direito de
entrar. Creio que a santificação é simplesmente isso o Senhor separa a nossa
vida para Ele só, põe urna divisão dentre ela e o mundo de pecado, toma para si
o direito de fechá-la contra tudo o que não seja da Sua vontade. Ele só permite
que passe por ela o que não faça mal ao «terreno» do coração; é uma questão
daquilo que Ele quer e não daquilo que nós achamos lícito.
Há
um muro em volta das vossas vidas? Tem o Senhor a chave da porta? É Ele o
porteiro ou tendes vós a chave para a abrirdes a tudo quanto vos agrada?
Só
depois de ser cercado de um muro começou o verdadeiro trabalho naquele jardim,
o trabalho de cavar, arrancar, limpar de pedras, erva, etc. Não valia a pena
principiar essa obra antes de haver muro, pois daí a pouco estaria no mesmo
estado. Foi o erro daquela pessoa da qual saiu o espírito mau; disse o Senhor
que, depois de algum tempo, o espírito voltou e achou a casa realmente limpa, mas
vazia ou sem dono; tinha sido liberta do mau mestre mas não se tinha entregado
ao Bom Mestre. Pouco valerá a santificação sem a purificação ou a purificação
sem a santificação; uma depende da outra para se ter um resultado prático na
vida.
Crentes
há que se queixam de que as suas vidas continuam no mesmo estado depois de
terem pedido que o Senhor as santifique; deixaram que Ele também as
purificasse? E impossível manter essa pureza sem o «muro».
O
dono deste jardim trabalhou até não haver nem pedras nem ervas daninhas nem
nenhuma coisa brava; queria o terreno preparado para outras coisas; ele bem
sabia o perigo de deixar tais coisas, pois brotariam, sem dúvida, entre as
plantas que ia semear, estrangulando-as.
Como
era um jardim fechado, tudo quanto havia lá dentro seria para aquele que
tivesse a chave e pudesse entrar para gozar daquela deliciosa fragrância.
“Vem
tu, vento norte, e vem tu, vento sul e assopra no meu jardim para que se
derramem os aromas”. Desse jardim levavam os aromas das especiarias para outros
se de deleitarem neles, O que é que levam da nossa vida? O que é que sai de nós
quando estamos abatidos por esses ventos?
Podemos
dizer como o apostolo: Graças a Deus que sempre nos faz triunfar em Cristo?
Refrigério
Edição n.º 118 - Setembro/Outubro 2007
Autoria:
Frank Smith
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