terça-feira, 24 de julho de 2012

A Batalha de Lepanto


No dia 7 de Outubro de 1571, após três horas de combate, a Liga Santa derrota o Império Otomano na Batalha de Lepanto. A Liga Santa era constituída por barcos e homens de Veneza, Espanha, Malta e Estados Pontifícios.

A Batalha de Lepanto (ao largo de Corinto, Atenas) deteve o avanço turco. Em 1570, os turcos otomanos tomaram a Ilha do Chipre, que antes estava sob o domínio da República de Veneza. Esta República pediu ajuda ao Papa e o Papa, Pio V, mobiliza forças para repelir os otomanos. Foi mais uma guerra religiosa, uma cruzada. O Papa insiste com Espanha que se trata da defesa da fé católica. Espanha não queria participar porque Veneza aliara-se várias vezes aos turcos, noutros contextos.

Duzentas e oito galés e seis galeaças cristãs, comandadas por João da Áustria (filho ilegítimo de Carlos V) capturaram 193 das 230 galés turcas. Do lado europeu perderam-se 12 navios.


I - Contextualização Histórica

A) Principal Inimigo: Decadência da cristandade com o Renascimento.

            Problemas internos com o Protestantismo (1527) que levara a Inglaterra (Henrique VIII) e estava corroendo a Alemanha e a França

            Cobiça dos Reis católicos influenciados pelo humanismo, que já não eram movidos pelo zelo da Fé e adesão à Igreja, chegando a fazer alianças com os próprios muçulmanos para garantir seus interesses particulares.

B) Expansão Muçulmana (império Otomano) -

- 1453 - Queda de Constantinopla

            - Domínio da Pérsia e do Egito com Selim I

            - Queda de Rhodes em 1522 (forçando a Ordem de S. João de Jerusalém a ir para a ilha de Malta.

            - Solimão II, chamado o Magnífico, sucessor de Selim I, ocupava Belgrado e atacava, através de Barba-Ruiva, temível corsário, várias cidades que estavam sobre a tutela da Sereníssima República de Veneza: Clissa, Prevesa, Castelnuovo, e as ilhas mais ao sul, próximas à Grécia. Isso sem falar dos ataques em outras regiões e das alianças com reis católicos contra outros reis católicos, fruto da decadência da cristandade.

            - Seu desejo era de invadir Roma e entrar à cavalo na Basílica de S. Pedro.

C) Outras Datas:

1) Brasil anexado à Espanha (1580) com a morte de D. Sebastião. Mesma época em que vivia o Beato José de Anchieta. Aliás, consta que este santo teve a visão da morte de D. Sebastião e da vitória em Lepanto.

2) A Invencível Armada  (1587) - Derrota dos Espanhóis para os Ingleses.



II - Início da Reação Católica

         A) 1565 - Vitória da Ordem de S. João de Jerusalém (chamada de “escorpiões do mediterrâneo” pelos infiéis) sobre os otomanos, quando estes tentaram invadir a ilha de Malta, ao sul da Sicília. Os muçulmanos perderam 30.000 homens e seu grande general: Dragut Rais.

            B) 1566 - Eleição de S. Pio V. ardia na alma do novo pontífice o desejo de soerguer a Cristandade para um duplo combate: contra o protestantismo e contra o adversário otomano.

                        1) convidou os príncipes católicos a celebrarem uma aliança contra o Sultão.

                        2) Escreveu carta ao Grão-Mestre da Ordem de S. João de Jerusalém, que tencionava abandonar a ilha diante da iminente vitória dos turcos, para que não abandonasse seu posto: “Ponde de lado a idéia da abandonar a ilha. Vossa simples presença em Malta inflamará a coragem dos cristãos e imporá respeito ao Otomano, pelo terror do nome que o fulminou no ano passado. Sabei que ele teme vossa pessoa mais que todos os vossos soldados reunidos”. La Valette, Grão-Mestre, leu a carta do Papa diante do Conselho da Ordem, beijou respeitosamente o documento pontifício e depois o solo da ilha, e exclamou: “A voz de vosso vigário, ó Jesus, indica o meu dever. Ficaremos aqui, e aqui morreremos”.



III - Formação da Liga em Defesa da Cristandade

            A) Retrocesso:

1) queda da cidade de Quios, no arquipélago jônico, e da cidade de Szigethvar, na Hungria, com o conseqüente avanço Otomano

2) morte de Solimão II, sucedido por seu filho Selim II, conhecidamente mole e sensual.

3) Otimismo nos católicos, não acharam necessário a Liga, visto que Selim II não representava um grande inimigo, apesar dos apelos do Papa. em sentido contrário.

4) Em dezembro do mesmo ano, 1566, S. Pio V dirige às nações católicas novo brado de alarma e o convite a se unirem numa Liga em defesa da Cristandade. Ninguém quer ouvi-lo, pois estão ocupados com seus problemas internos.

5) Três anos de espera

B) Selim II ameaça Veneza:

1) Em fins de 1569 chegava a Constantinopla a notícia de que o arsenal veneziano fôra destruído pelo fogo e, devido a uma má colheita, a Península toda estava ameaçada pela fome.

2) Selim II rompe a paz e envia um ultimatum: ou Veneza entregava uma de suas possessões preferidas, Chipre, ou era a guerra.

            C) Veneza pede auxílio, mas não quer a aliança com a Espanha, apenas a mediação do Papa junto aos demais Estados para conseguir dinheiro, tropas e mantimentos.

            D) A Espanha também não quer a Liga, pois Veneza várias vezes fez alianças com os Turcos.

            E) S. Pio V intervém e exorta a Espanha a mandar uma esquadra poderosa para proteger Malta e garantir a rota que levaria socorro à ilha de Chipre. A Liga entre Espanha e Veneza deveria ter um caráter defensivo e ofensivo, e ajustar-se para sempre ou, pelo menos, por um tempo determinado.

            F) Felipe II inicia negociações, enviando embaixadores.

            G) S. Pio V nomeia Marco Antônio Colonna (conhecido de Felipe II e de Veneza) como chefe da esquadra auxiliar pontifícia.

            H) Seis Meses perdidos em negociações.

1) Sob a égide e mediação do Pontífice Romano, começaram as negociações. Com um discurso inflamado, o Papa convocava a todos para uma nova cruzada.

2) Jogos de interesses de ambas as partes. Os Espanhóis desconfiavam das intenções dos venezianos e queriam cobrar mais caro pelos cereais. Os venezianos se diziam impossibilitados de contribuir com mais de uma quarta parte dos gastos de guerra, quando eram sobejamente conhecidas as possibilidades do tesouro da Senhoria...

3) Apesar de seu temperamento fogoso, S. Pio V intervinha com uma paciência e cordura heróicas.

4) Sugestão de D. João d’Áustria como generalíssimo dos exércitos cristãos. Irmão bastardo de Felipe II, jovem de 24 anos e maneiras profundamente aristocráticas que à todos impressionava.

5) Peste atacava a esquadra veneziana e os turcos atacavam a ilha de Chipre, a qual caía depois de 48 dias de resistência heróica.

6) Desânimo na cristandade. Não seria melhor atacar separados mesmos?

7) S. Pio V reclama e diz que a culpa é dos príncipes católicos, os quais deviam arrepender-se de sua atitude antes que fosse tarde demais e só expiariam sua falta se se resolvessem afinal a unir-se na defesa da causa da Cristandade.

8) Os turcos sitiavam Famagusta, ameaçavam Corfu e Ragusa.

9) O Núncio em Veneza, Facchinetti, anunciava, já em fevereiro de 1571, que se não se finalizasse a Liga, havia o perigo de que Veneza pedisse a Paz e cedesse Chipre, desfazendo a possibilidade de reagir contra os otomanos.

                        I) Forma-se a Liga. Em março chegaram, com diferença de apenas dois dias, as resposta do Rei da Espanha e do Doge de Veneza.

1) Superadas as pequenas desavenças restantes, forma-se a Liga, que devia ser estável, ter um caráter defensivo e ofensivo, e dirigir-se não somente contra o sultão, mas também contra seus Estados tributários, Argel, Túnis e Trípoli.

2) A tríplice aliança contaria com duzentas galeras, cem transportes, 50 mil infantes espanhóis, italianos e alemães, 4.500 cavalos-ligeiros, e o número de canhões necessários.

3) O Papa arcaria com a sexta parte dos gastos, a Espanha com três sextos e Veneza com o resto.

4) O Sumo Pontífice publica um jubileu, toma parte nas procissões rogatórias e manda cunhar uma medalha comemorativa.



IV - Preparativos para a Batalha

            A) S. Pio V lembra D. João d’Áustria que ele ia combater pela Fé católica e de que por isso Deus lhe daria a vitória.

            B) O Papa envia o estandarte da Liga: era de damasco de seda azul e ostentava a imagem do Crucificado, tendo aos pés as armas do Papa, da Espanha, de Veneza e de D. João.

                        1) D. João recebeu o estandarte solenemente, das mãos do Cardeal Granvela, na Igreja de Santa Clara, com a presença de muitos nobres, entre os quais os Príncipes de Parma e de Urbino. “Toma, ditoso Príncipe, disse-lhe o Cardeal, a insígnia do verdadeiro Verbo Humanado; toma o sinal vivo da santa Fé, da qual és defensor nesta empresa. ele te dará uma vitória gloriosa sobre o ímpio inimigo, e por tua mão será abatida sua soberba. Amém!”.

            C) Avanço Turco. Angustiado com as notícias do avanço turco, S. Pio V mandou uma carta a D. João exortando-o a zarpar para Messina.

            D) D. João chega a Messina. De uma formosura varonil, louro e de olhos azuis, no esplendor da juventude, profundamente aristocrático, o filho do imperador causou enorme impressão em Messina, onde foi recebido com júbilo indizível.

E) Ardor da juventude de D. João soma-se à experiência dos oficiais. Três semanas de deliberações por alguns desentendimentos. Uns queriam apenas a defesa, outros o ataque. O próprio D. João hesitou.

F) O Núncio exorta ao combate em nome de S. Pio V. O Núncio Odescalchi, que viera distribuir partículas do Santo Lenho para que houvesse uma partícula em cada nau, comunicou ao Príncipe que o Pontífice lhe prometia em nome de Deus a vitória, por cima de todos os cálculos humanos, e mandava dizer que se a esquadra se deixasse derrotar “iria ele mesmo à guerra com seus cabelos brancos para vergonha dos jovens indolentes”.

G) Medidas morais de D. João para preservar o caráter sacral da expedição:

            1) proibiu a presença de mulheres a bordo

            2) cominou pena de morte para as blasfêmias

            3) enquanto esperava o regresso de uma esquadrilha de reconhecimento, todos jejuaram três dias e nenhum dos 81.000 marinheiros e soldados deixou de confessar-se e comungar, o mesmo fazendo os condenados que remavam nas galeras.

H) Saída de Messina à caminho da guerra. Nos dias 16 e 17 de setembro o espetáculo foi deslumbrante. As naus começaram a mover-se duas a duas, encimadas por bandeiras cujas cores as distinguiam segundo a posição que assumiriam na batalha. À frente tremulavam as bandeiras verdes de Andrea Doria, o comandante dos espanhóis. Em seguida vinha a batalha, ou centro, com suas bandeiras azuis , e o gonfalão de Nossa Senhora de Guadalupe sobre a nau de D. João d’Áustria. Os estandartes do Papa e da Liga ficaram guardados para o momento do embate. À direita da batalha vinha Marco Antônio Colonna na nau-capitânia do Papa; à esquerda, o veneziano Sebastião Veniero, grande conhecedor das lides do mar, com seus setenta anos vigorosos, altivamente em pé na Prôa de sua nau. A divisão de Veneza, comandada pelo nobre Barbarigo, seguia atrás, com bandeiras amarelas; as bandeiras brancas de D. Álvaro de Bazán, Marquês de Santa Cruz, fechavam aquele imponente cortejo naval. O Núncio papal dava a benção a cada barco que passava com seus cruzados piedosamente ajoelhados.



V - Em Direção à Batalha

            A) Sinais da passagem dos turcos: restos carbonizados de igrejas e casas, objetos de culto profanados, corpos dilacerados de Sacerdotes, mulheres e crianças covardemente assassinados.

            B) Inconformidade católica

            C) Localização da esquadra inimiga: Lepanto, porto localizado pouco mais ao sul, no estreito de igual nome, o qual liga o Golfo de Patras ao de Corinto.

            D) 6 de outubro, notícia de que Famagusta, capital de Chipre, caíra em poder do Crescente e que o general Mustafá cometera as piores atrocidades com o comandante da praça, Marco Antonio Bragadino, a quem mandara esfolar vivo e cuja pele, cheia de palha, fizera conduzir por toda a cidade.

            E) Cresce a inconformidade católica e o desejo de combater os infiéis.

            F) Céu cinzento e cheio de névoa, vento que detinha os católicos e puxava os otomanos para fora do estreito de Lepanto, facilitando o combate.

            G) 7 de outubro, domingo, duas horas da madrugada, um vento fresco vindo do poente limpou o céu, prometendo um dia ensolarado.

            H) Antes do amanhecer as naus católicas levantaram âncoras e adentraram no estreito de Lepanto.

            I) Levanta-se a bandeira que sinaliza a presença do inimigo. Ordem para formar para a batalha. Troar de canhão. Içado o estandarte da Liga no mastro mais alto da galera-capitânia.

            J) Aqui venceremos ou morreremos”, bradou D. João.



VI - Formação para o Combate

            A) A esquadra católica procurou-se estender o quanto pôde, desde o litoral etólio até o alto mar. D. João comandava o centro, ladeado por Colonna e Veniero; o catalão Roqueséns vinha um pouco mais atrás. A esquadra espanhola de Andrea Doria, com 60 naus, formava a ala direita, em direção ao mar alto. As 35 embarcações do Marquês de Santa Cruz aguardava ordens à retaguarda, para uma eventual intervenção.

            B) Ali-Pachá - almirante otomano - também dispôs sua esquadra para o combate

                        - O Generalíssimo turco parecia querer investir resolutamente pelo centro e ao mesmo tempo envolver os cristãos, aproveitando-se da sua superioridade numérica sobre estes (286 naus contra 208).

            C) O Vento soprava de leste, favorável aos infiéis, enquanto os católicos tinham que se mover à força de remos.

            D) 4 horas até que as duas armadas estivessem prontas para o combate. O vento amainara.

            E)Não é mais hora de falar, mas de lutar”, respondeu D. João à Doria, que queria propor um conselho de guerra e discutir se convinha ou não dar combate a um inimigo numericamente superior.

            F) Conselho prudente de Doria indicando que cortasse o enorme esporão que pesava na prôa das galeras.

            G) Passagem em revista às tropas. O comandante supremo apresentou-se aos nobres e à tripulação de cada nau levando na mão um crucifixo, e conclamando com ardor para o lance iminente: “Este é o dia em que a Cristandade deve mostrar seu poder, para aniquilar esta seita maldita e obter uma vitória sem precedentes”. E, mais adiante: “É pela vontade de Deus que viestes todos até aqui, para castigar o furor e a maldade destes cães bárbaros. todos cuidem de cumprir seu dever. Ponde vossa esperança unicamente no Deus dos Exércitos, que rege e governa o mundo universo”. A outros dizia: “Lembrai-vos de que combateis pela Fé: nenhum poltrão ganhará o Céu”. Distribuía escapulários, medalhas e rosários.

            H) O inimigo cantava com suas cornetas, vociferações, címbalos e cimitarras. Diziam: “Esses cristãos vieram como um rebanho para que os degolemos”. A ordem dada por Ali-Pachá era de não fazer prisioneiros.

            I) O Príncipe D. João ajoelha e reza. Todos os seus homens fazem o mesmo. No meio de um silêncio grandioso os Religiosos davam a última benção e a absolvição geral aos que iam expor-se à morte pela Fé.



VII - A Batalha tem início

            A) Ali-Pachá dá o tiro de canhão para chamar os cristãos à luta. D. João aceita o desafio, respondendo com outro tiro.

            B) O Vento mudara inesperadamente

            C) O primeiro tiro que partira contra os infiéis lhes afundara uma galera. Aos gritos de “vitória, vitória, Viva Cristo!”, os cruzados lançaram-se com toda a energia na  batalha.

            D) Descrição da Batalha: Os turcos procuram dar a maior amplitude a seu deslocamento, para envolver um dos flancos do adversário. Doria tenta impedir-lhes a manobra, mas afasta-se demais da zona que lhe havia sido designada, abrindo um perigoso vão entre a ala sob seu comando e o centro da esquadra cristã.

                        Os 264 canhões de Duodo, abrindo fogo, conseguem romper a linha inimiga. Começam as abordagens.

                        O apóstata italiano Uluch Ali entra pelo vazio deixado por Doria. Com suas melhores naves lança-se no combate em que o centro dos cristãos estava engajado, e com algumas galeras pesadas mantém Doria afastado. Neste lance iam sendo aniquiladas as tropas de Doria, e a reserva do Marquês de Santa Cruz não podia socorrê-las, pois estava empenhada em auxiliar os venezianos da ala esquerda, junto ao litoral. Ali-Pachá, reconhecendo pelos santos estandartes a galera de D. João, abalroou-a com seu próprio navio, proa contra proa, e lançou sobre ela toda uma tropa de janízaros (renegados) escolhidos. Neste momento o conselho de Doria provou sua eficácia: desembaraçada do esporão, a artilharia da nau católica pôs-se a dizimar a tripulação da “Sultana”, a nave de Ali-Pachá. em socorro desta acorreram mais sete galeras turcas, que despejaram mais janízaros sobre a ponte ensangüentada da capitânia de D. João. Duas vezes a horda turca penetrou nesta até o mastro principal, mas os bravos veteranos espanhóis obrigaram-na a recuar. D. João contava agora com apenas dois barcos de reserva, sua tropa tinha sofrido muitas baixas e ele mesmo fora ferido no pé. a situação ia-se tornando cada vez mais perigosa, quando o Marquês de Santa Cruz, tendo liberado os venezianos, veio em socorro do generalíssimo, e este pôde repelir os janízaros.

                        Um após outro, caíram Juan de Córdoba, Fabio Graziani, Juan Ponce de León. O velho Veniero lutava de espada na mão, à frente de seus soldados. O general veneziano Barbarigo tombara ferido por uma flecha no olho quando, para dar ordens a seus homens, afastara o escudo que o protegia. “É um risco menor do que o de não conseguir fazer-me entender numa hora destas!” - respondera a alguém que o advertia do perigo.

                        O momento era crítico, e ainda deixava muitas dúvidas quanto ao desenlace da batalha, quando Ali-Pachá, defendendo a “Sultana” de mais uma investida cristã, caiu morto por uma bala de arcabuz espanhol (ou suicidou-se segundo outra versão). Eram 4 horas da tarde.

                        O Corpo do generalíssimo dos infiéis foi arrastado até os pés de D. João. Um soldado espanhol avançou sobre ele e cortou-lhe a cabeça. Esta, por ordem do Príncipe, foi então erguida na ponta de uma lança para que todos a vissem. Um clamor de alegria vitoriosa levantou-se da capitânia católica. Os turcos estavam derrotados, e o pânico espalhou-se celeremente entre suas hostes a partir do momento em que o estandarte de Cristo começou a drapejar sobre a “sultana”.

                        O veneziano Girolamo Diedo conta que “uma grande parte dos escravos cristãos que se encontrava nos navios inimigos compreende que os turcos estão perdidos. Apesar dos guardas, estes infelizes multiplicam seus esforços para buscar a salvação na fuga e favorecer a vitória dos nossos. Em pouco tempo, ei-los combatendo em todos os setores onde há guerra, com uma coragem sem igual. Seu ardor é decuplicado pelos gritos que ecoam de todos os lados: - A vitória é nossa!”. Nos navios da Liga, os galés - que tinham sido armados de espada - abandonavam os remos quando havia abordagem e lutavam valentemente contra os turcos.

                        Os restos da esquadra inimiga batem em retirada e se dispersam, enquanto as trombetas católicas proclamam a todos os ventos a vitória da Santa Liga na maior batalha naval que a História jamais registrara.

            E) As perdas dos infiéis tinha sido enormes: 30 a 40 mil mortos, 8 a 10 mil prisioneiros (entre os quais dois filhos de Ali-Pachá e quarenta outros membros das famílias principais do império), 120 galeras apresadas e cinqüenta postas a pique ou incendiadas, numerosas bandeiras e grande parte da artilharia em poder dos vencedores. Doze mil cristãos escravizados alcançaram a liberdade.

            F) A Liga perdeu doze galeras e teve menos de 8 mil mortos.

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