quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Os Domicílios Divinos

Porque assim diz o Alto, o Sublime, que habita a eternidade, o qual tem o nome de Santo: Habito no alto e santo lugar, mas habito também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos e vivificar o coração dos contritos. Isaías 57:15.
O menino indagou ao seu pai: – onde Deus mora? Esta é uma questão teológica muito complicada. Santo Agostinho disse com bom humor: Deus é um círculo infinito cujo centro está em toda parte e cuja circunferência não está em lugar nenhum. Deus é espírito infinito, e sendo um espírito não ocupa lugar no espaço.
W. N. Clarke afirmou também: se Deus não estiver em todos os lugares, ele não é Deus verdadeiro em lugar algum. Apesar de Deus não ocupar qualquer lugar no espaço, nem estar limitado ao tempo, ele, em sua transcendência, habita a eternidade, e em sua imanência, com os abatidos de coração ou quebrantados de espírito.
A primeira morada do Altíssimo é a eternidade. Nesta dimensão descomunal nós até podemos ser encontrados pelo ele, mas nunca podemos sondá-lo de fato. Assim, pode-se dizer que ele vive no Palácio Absoluto da inescrutabilidade do entendimento, isto é, fora da nossa compreensão tridimensional. Ele é o eterno escondido de nossa mente.
Foi nesta grandeza que o apóstolo Paulo declarou: Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! Romanos 11:33. Deus conhece o caminho por onde nós andamos, mas nós nunca conheceremos as suas trilhas.
A segunda morada do Alto e do Sublime é no casebre de um coração humilhado. Esta é a casa de veraneio da encarnação do Verbo. O transcendente se tornou imanente para poder encontrar-se com o sujeito arrogante que quer ser como Deus. Só um Deus humano e histórico pode mudar a história do homem no pecado.
O Deus encolhido veio quebrantar a arrogância do ser humano que quer ser expandido até chegar à dimensão da Divindade. Esse projeto de humilhação da humanidade presunçosa visa à desconstrução da egolatria enlouquecida e a construção de uma morada permanente de Deus na pessoa humana, já que Deus não habita em templos feitos por mãos humanas, mas em humanos reconstruídos pelas suas mãos divinas que sangraram sobre a cruz do Calvário.
Primeiro Cristo se fez homem para alcançar humanamente os homens ensimesmados. Depois ele se fez servo para tocar nos soberbos que se presumem ser os senhores na história. E, finalmente, ele morreu para matar o nosso ego que não suporta viver fora do controle neste mundo. Perto está o SENHOR dos que têm o coração quebrantado e salva os de espírito oprimido. Salmos 34:18.
O transcendente se tornou imanente para se aproximar do iminente sujeito que deseja ser Sua Excelência, o eminente Senhor do universo. A teomania é o pecado dos pecados que carece de um quebrantamento radical.
Antes do ser humano passar por uma substituição, ele precisa de um quebrantamento. As boas novas são as notícias da redenção que requerem arrependimento. Para que haja contrição é preciso haver quebrantamento. Vinde, e tornemos para o SENHOR, porque ele nos despedaçou e nos sarará; fez a ferida e a ligará. Oséias 6:1.
O Senhor promove o fracasso do soberbo para que ele possa ser humilhado em sua auto-suficiência e, deste modo, em sua humilhação, venha a clamar pela misericórdia divina. Os quebrantados são os únicos ouvidos capazes de ouvir a mensagem de Cristo.
Sem o quebrantamento não haverá a vivificação do Alto, nem o avivamento espiritual. Foi preciso um quebra pau na esfera espiritual para erguer a cruz que é capaz de quebrar a auto-suficiência desta turma inquebrantável por si mesma.
O evangelho é o anúncio divino aos que foram quebrantados pela graça. O Espírito do SENHOR Deus está sobre mim, porque o SENHOR me ungiu para pregar boas-novas aos quebrantados, enviou-me a curar os quebrantados de coração, a proclamar libertação aos cativos e a pôr em liberdade os algemados; Isaías 61:1.
A reconstrução demanda o quebrantamento, e este, o goro da soberba. Nada, além da cruz de Cristo, pode abortar a altivez do pecado. A pregação das boas novas só tem sentido se o cara estiver vivendo em maus lençóis. O nadador só grita por socorro quando as forças já se esvaíram. Por isso a proclamação do evangelho atinge apenas aos quebrantados, isto é, aqueles que já fizeram de tudo e não obtiveram nenhum êxito em sua vida de confiança em Deus e que foram quebrantados pela graça de Deus em Cristo Jesus.
Antes de viver pela fé o ser humano vive pela sua autoconfiança. Tudo aquilo que é auto, isto é, próprio do sujeito pecaminoso, é contrário à obra do Alto e muito perigoso para o ego altivo. O rompimento da auto-estima, por exemplo, é a porta aberta para a estima do Alto. O Altíssimo habita apenas a eternidade e os corações quebrantados e contritos. Sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito quebrantado; coração compungido e contrito, não o desprezarás, ó Deus. Salmos 51:17.
Quem se auto-estima não estima ainda a estimativa do Alto. Quando Deus vem habitar no contrito e abatido de espírito é porque ele quebrantou as expectativas do ego e veio para vivificar com a vida do Alto, aquele que não pode mais confiar em si mesmo.
O ser humano no pecado é habitado por um ego injusto, insatisfeito e insubordinado. É um inquilino cruel para o usufruto de uma vida plena de significado. Sendo assim, a proposta do Alto é a substituição do ego indomável pelo Cristo manso e humilde de coração. A auto-estima é permutada pela estima do Alto.
Não mais eu, mas Cristo é a proposta de Deus para a libertação dos oprimidos. Esta substituição de locatário acaba expulsando um déspota desgostoso e recebendo um nobre cavalheiro que vem habitar neste barraco humano com o caráter de Sua Alteza.
O grande milagre do evangelho é olhar para uma carcaça humana é ver o Espírito de Deus agindo com gentileza em seu ser. Olhamos e vemos que o corpo é de um ser humano, porém aquela atuação é divina, embora percebamos que não esteja em toda a sua perfeição, por causa do velho barraco de barro esturricado.
O Alto, o Sublime habitando a eternidade é inacessível para a nossa mente finita, mas o Alto habitando um ser que foi sempre autoritário, autônomo e autocentrado é um prodígio fora de série. Não existe coisa mais maravilhosa do que ver Cristo, o Deus Altíssimo, habitando e vivendo numa pessoa quebrantada pela graça plena.
A Trindade Santa habita a eternidade em sua grandeza infinita, conquanto habite também, por meio da humilhação de Cristo, num casebre de barro; esse, sim, é um lugar incomum para a habitação divina, mas foi esse lugar que Deus escolheu para ser a sua morada permanente. Respondeu Jesus: Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada. João 14:23.
Além do Pai e do Filho terem vindo fazer morada em nossos corpos mortais, temos também o Espírito Santo fazendo destes corpos o seu santuário. Acaso, não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? 1 Coríntios 6:19.
Isto me parece um grande absurdo dizer que o Deus absoluto habita em mim em sua plenitude. A minha lógica esbarra na finitude do meu ser limitadíssimo. Mesmo assim, posso entender que um recipiente transbordante de água do oceano Atlântico, não contém todo o oceano, mas está cheio plenamente com a água do mar.
Todos aqueles que foram quebrantados por Deus para serem habitação dele aqui na terra não contém a absoluta dimensão da Divindade em seu ser, mas todos estão contentes por conter a plenitude Divina que lhe é possível receber.
Como moradas de Deus somos pedras vivas e participantes do seu Templo Sagrado no mundo. Cada pedra viva formou o Edifício espiritual que é a Igreja. O mistério da redenção nos mostra que Deus nos quebranta para nos fazer suas moradas, para que, pela sua graça, nós possamos fazer dele a nossa eterna morada.
Sem quebrantamento operado pelo próprio Deus nunca haverá avivamento espiritual. Sem avivamento não há vida espiritual genuína. Por isso mesmo, só o verdadeiramente quebrantado pode promover uma residência para próprio Deus na existência humana e uma autêntica demonstração da fé cristã.
O resumo de tudo isto se encontra nestas três preposições: de – apontado para a origem de tudo; por – falado do meio pelo qual tudo acontece e para – designando a finalidade de tudo. Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém! Romanos 11:36.
FONTE: www.batistalondrina.org

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