quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Sempre Natal!

O relato que encontramos no Evangelho de Mateus nos apresenta três reações ao nascimento de Jesus, que se repetem até hoje:
1. Fé,
2. Perplexidade e
3. Indiferença.
1. Fé
Em Mateus 2.1-2 lemos: "Tendo Jesus nascido em Belém da Judéia, em dias do rei Herodes, eis que vieram uns magos do Oriente a Jerusalém. E perguntavam: Onde está o recém-nascido Rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente e viemos para adorá-lo".
Quem crê, vem
O que levou os magos do Oriente a virem a Israel buscando um encontro pessoal com o Rei dos judeus? Não foi, em primeiro lugar, a estrela que os levou a essa decisão, pois ela foi apenas um fato visível posterior. A realidade do nascimento de Jesus foi o motivo de sua viagem. Lemos duas vezes: "Tendo Jesus nascido em Belém da Judéia... Onde está o recém-nascido Rei dos judeus? Pois vimos a sua estrela no Oriente..." Eles não buscavam a estrela, eles saíram em busca de Jesus.
Jesus veio – e por isso também podemos vir a Ele!
A certeza dos magos de que Jesus realmente havia nascido levou-os a Belém. Certamente o sinal visível da estrela guiando seu caminho foi para eles uma grande ajuda em sua longa jornada. Esse fato deixa bem claro que qualquer pessoa pode vir a Jesus, porque Ele existe! Hebreus 11.6 diz: "De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam".
Essa história se repete nos tempos de hoje: conhecemos o Evangelho, temos a Bíblia. Mas é a fé viva em Jesus, a certeza de que Ele existe, que nos atrai a Ele e nos leva a falar com Ele em oração.
Quem crê vai – mesmo sem estrela
É muito animador e um testemunho alentador vermos que os magos do Oriente não permitiram que sequer um pensamento de dúvida fizesse vacilar seus corações, roubando-lhes sua certeza de encontrar o Rei que procuravam. E nós? Cremos realmente que Ele existe? Então, por que vamos tão pouco a Ele? E, por que oramos com tão pouca convicção? Por que duvidamos e voltamos a duvidar? Será que vamos até Jesus apenas quando vemos sinais ou somente quando sentimos vontade?
A maneira como os magos vieram até Jesus continua sendo um mistério para nós, mas mesmo assim sabemos que não foi a estrela que os levou a Israel e até Belém. Essa é uma idéia falsa. Eles vieram pela fé. Está escrito muito claramente na Bíblia: "Porque vimos a sua estrela no Oriente e viemos para adorá-lo." E quando já estavam em Jerusalém e se punham a caminho de Belém, a estrela voltou a lhes aparecer: "Depois de ouvirem o rei, partiram; e eis que a estrela que viram no Oriente os precedia, até que, chegando, parou sobre onde estava o menino" (Mt 2.9).
Esses magos foram até Israel e procuraram pelo Rei, mesmo sem a direção da estrela. Eles foram simplesmente porque criam que Ele existia. Cremos mesmo sem a presença de sinais? Cremos sem ter provas? Seguimos pelo caminho e perseveramos nele mesmo quando nada vemos à nossa frente?
Quem crê é guiado mesmo que o inimigo interfira
É o que vemos em Mateus 2.8-9: "E, enviando-os a Belém, disse-lhes: Ide informar-vos cuidadosamente a respeito do menino; e, quando o tiverdes encontrado, avisai-me, para eu também ir adorá-lo. Depois de ouvirem o rei, partiram; e eis que a estrela que viram no Oriente os precedia, até que, chegando, parou sobre onde estava o menino." Os magos criam firmemente que Jesus havia nascido e vieram a Jerusalém. Estavam bem próximos do alvo. Mas nesse momento Herodes e os escribas se intrometeram como inimigos de Deus. Herodes mandou os magos a Belém, porém com uma motivação escusa. Seu alvo era matar o recém-nascido Messias. Mas Deus voltou a enviar a estrela, que guiou os magos exatamente para o lugar onde Jesus estava.
O inimigo pode se interpor no caminho dos crentes – mas o Senhor mantém a vitória e dirige Seus filhos até o alvo. Apesar dos empecilhos, continuamos sob Sua direção.
O Senhor poderia ter conduzido os magos diretamente a Belém, pois eles já se encontravam muito próximos de seu destino. Por que Ele não o fez e permitiu essa interferência? Porque Ele queria que as intenções dos inimigos fossem manifestas! Talvez Ele também o tenha feito para nos animar espiritualmente com o exemplo dos magos. Talvez o Senhor esteja nos dizendo através disso: "Meu filho querido! Muitas vezes o inimigo vai tentar pará-lo quando você já estiver bem próximo do alvo. Talvez ele tente pegá-lo numa cilada. Pense nisso: muitas vezes não sou encontrado na ‘capital Jerusalém’, em meio à multidão de grandes e poderosos, como muitos pensam. Muitas vezes é em ‘Belém’, nas coisas pequenas e aparentemente insignificantes, que me revelo, pois nos fracos revela-se o meu poder. Se você somente crer, jamais permitirei que você siga pela direção que o inimigo quer, mas vou levá-lo sempre ao meu objetivo! Não desanime com interferências temporárias, mesmo que a ‘estrela’ não esteja brilhando por um certo tempo. Eu o guiarei".
A fé nos conduz para onde Jesus está
Também os magos foram conduzidos exatamente ao lugar onde estava o menino, eles não erraram de endereço. Jesus é o caminho de nossa fé, o objeto de nossa fé e o alvo de nossa fé. A fé é que nos une a Jesus. Aquele que crê sempre estará onde Ele está. Os magos tinham como alvo a pessoa de Jesus, o Rei dos judeus, e por isso não podiam perder-se. "...Ele é um escudo que protege quem obedece a Deus de todo o coração" (Pv 2.7b, A Bíblia Viva).
O sol nasce para quem crê
"E, vendo eles a estrela, alegraram-se com grande e intenso júbilo" (Mt 2.10). "Intenso júbilo", alegria muito grande – esse é o alvo da fé: "Assim, ó Senhor, pereçam todos os teus inimigos! Porém os que te amam brilham como o sol quando se levanta no seu esplendor" (Jz 5.31). Já nesta terra podemos ter a experiência de que, quem crê não é envergonhado, quem crê é constantemente animado pelo Senhor. Aquele que tem fé no Senhor alcança uma alegria muito grande e uma paz muito profunda, porque segue seu caminho com Jesus. E quando as portas do céu se abrirem para nós, quando virmos Aquele que nos amou e nos salvou, quando nossos olhos enxergarem o Sol da Justiça em todo o seu esplendor, teremos chegado ao alvo de nossa fé! Deus fará "algo novo", e haverá "um novo céu e uma nova terra". Aleluia!
Quem crê, vê mais
"Entrando na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se, o adoraram; e, abrindo os seus tesouros, entregaram-lhe suas ofertas: ouro, incenso e mirra" (Mt 2.11). Quem crê certamente não vê como os católicos. Na Bíblia não está escrito: "Viram Maria, sua mãe, com o menino" (como mostra a maioria das imagens católicas), mas: "o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se, o adoraram."
Quem crê consegue ver o objetivo da salvação e jamais erra o alvo. "Então, eles, levantando os olhos, a ninguém viram, senão a Jesus" (Mt 17.8). O olhar da fé é dirigido diretamente a Jesus, que é nosso Mediador e nossa salvação perfeita. Quem crê também vê que, com Jesus, só pode haver entrega total, consagração da vida inteira, sem segurar nada para si mesmo. Abrimos nossas vidas e entregamos a Ele nossos tesouros? Ele é o dono de nossa vida? Nossa vida é um sacrifício pleno e completo ao Senhor?
Quem crê segue por novos caminhos
"Sendo por divina advertência prevenidos em sonho para não voltarem à presença de Herodes, regressaram por outro caminho a sua terra" (Mt 2.12). Quem crê coloca-se sob a direção de Deus e não vive mais regido pelas "diretrizes" deste mundo. Quem crê busca a direção de Deus e faz Sua vontade. Quem crê segue por novas veredas e deixa os velhos caminhos que trilhou anteriormente. Em Romanos 12.2 somos conclamados: "E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus".
Se esses homens que vieram do Oriente para buscar a Jesus não tivessem seguido as orientações que Deus lhes dava, eles teriam voltado a encontrar Herodes e, ter-se-iam tornado inconscientemente auxiliares do inimigo de Cristo. Quando andamos pelo caminho deste mundo, estamos seguindo pelo caminho da inimizade para com Deus (veja Fp 3.18). Mas o Salmo 119.1,3 diz: "Bem-aventurados os irrepreensíveis no seu caminho... e andam nos seus caminhos". Na trilha da fé, no caminho da odediência pela fé, seremos conduzidos por novos rumos, passaremos por caminhos maravilhosos e abençoados e nos manteremos sob a direção de Deus.
2. Perplexidade
"Tendo ouvido isso, alarmou-se o rei Herodes, e, com ele, toda a Jerusalém" (Mt 2.3). Herodes, o Grande, era um idumeu, designado pelo senado romano para reinar sobre a Judéia. Ele descendia de Esaú e supõe-se que se converteu ao judaísmo apenas por conveniência.
Ele multiplicou o esplendor de Jerusalém como nenhum outro e era considerado extremamente capaz em seu tempo. Suas edificações foram insuperáveis. Ele reconstruiu o templo de Zorobabel, transformando-o em uma obra incomparável. O templo herodiano era considerado uma das maravilhas da Antigüidade. Flávio Josefo observou a respeito: "Quem ainda não viu o templo herodiano nunca viu algo realmente belo." Herodes, portanto, fez muito em prol do culto judeu.
Mas, por outro lado, Herodes era um tirano cruel e ciumento, incorrigível e destemperado, que via rivais em tudo e em todos. Praticamente não havia um dia sem execuções. Ele matou dois de seus cunhados, sua própria esposa Mariane, e dois de seus filhos. Cinco dias antes de morrer ele mandou prender muitas pessoas e ordenou a execução delas para o dia de sua morte, para ter certeza que o povo iria realmente ficar de luto naquele dia. Ele era possuído pelo medo de perder o poder e erigiu para si grandiosas construções, como monumentos em honra a si próprio.
Quando Herodes ficou sabendo que o Rei dos judeus havia nascido, assustou-se, e, com ele, toda a Jerusalém. Para ele era óbvio que precisava matar todos os bebês nascidos em Belém.
Por que Herodes ficou perplexo?
Só porque temia perder o trono! Em Jesus ele via um rival. Quem não estiver disposto a descer do trono de seu próprio coração, deixando Jesus reinar sobre ele, viverá sempre com medo. Qualquer notícia sobre a bênção na vida de outra pessoa causará perplexidade, pois não é Jesus quem reina nesse coração, mas a inveja e o ciúme. Uma pessoa invejosa sempre vê seu próximo como seu concorrente.
Não é assustador ver que um homem tão empenhado na reconstrução de Jerusalém, um homem que chegou a construir um impressionante templo para o culto judeu, não foi capaz de entregar e consagrar sua vida a Deus?! Ele próprio não possuía conhecimento das Escrituras, pois teve de mandar chamar os sacerdotes e escribas. Apesar das muitas obras religiosas, seu coração continuou cheio de trevas. Quantos "cristãos" trabalham no Reino de Deus, mas não chegam nunca até o próprio Cristo!
Como podemos examinar se é um "Herodes" ou Jesus Cristo que reina em nosso coração?
Através da pequena palavra secretamente. Em Mateus 2.7 lemos: "Com isto Herodes, tendo chamado secretamente os magos..." Quem não é sincero sempre agirá de maneira dissimulada e escondida. Uma pessoa assim sempre está preocupada consigo mesma e envolvida com seus próprios interesses. Ela não consegue ser franca, aberta e transparente. Por perseguir sempre seus próprios alvos, não se exporá à luz livremente. Os "cristãos" que agem secretamente e de maneira dissimulada, manipulando as coisas em seu próprio favor, representam um grande perigo para o Reino de Deus. Paulo diz em 2 Coríntios 4.2:
– "...rejeitamos as coisas que, por vergonhosas, se ocultam, não andando com astúcia, nem adulterando a palavra de Deus; antes, nos recomendamos à consciência de todo homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade."
– "Não procuramos enganar o povo para que creia – não estamos interessados em fazer trapaças com ninguém. Nunca procuramos fazer com que alguém creia que a Bíblia ensina o que ela não ensina. Nós nos abstemos de todos os métodos vergonhosos. Achamo-nos na presença de Deus quando falamos, e por isso dizemos a verdade, como todos quantos nos conhecem concordarão" (A Bíblia Viva).
As verdadeiras intençãos de Herodes eram extremamente cruéis, pois ele agiu como se estivesse ajudando os magos, indicando-lhes o caminho para Belém e até dizendo que planejava ir até lá para adorar o menino Jesus, mas na verdade ele estava planejando assassinatos: "Vendo-se iludido pelos magos, enfureceu-se Herodes grandemente e mandou matar todos os meninos de Belém e de todos os seus arredores, de dois anos para baixo, conforme o tempo do qual com precisão se informara dos magos" (Mt 2.16).
Não foi só Herodes que ficou perplexo, mas, com ele, toda a cidade de Jerusalém
"...alarmou-se o rei Herodes, e, com ele, toda a Jerusalém." Em Israel esperava-se pelo Messias. As pessoas poderiam ter se alegrado, mas ficaram alarmadas. Por quê? Porque não desejavam mudanças e porque estavam satisfeitas com as tradições. Mas elas também se alarmaram por temerem um banho de sangue e pelo medo que tinham dos romanos. Parece que consideravam os romanos mais poderosos que o próprio Deus. Eles sempre queriam a intervenção de Deus em relação aos romanos, seus odiados inimigos – mas não dessa maneira!
Hoje a situação é semelhante. Vivemos em um cristianismo satisfeito consigo mesmo e cultuamos tradições cristãs. Somos oprimidos pelo inimigo e desejamos mudanças, mas não através do Nome de Jesus. Quando alguém fala concretamente de Jesus, quando diz porque Ele veio, quem Ele é e o que Ele quer, então muitos ficam perplexos e alarmados. Quem não deseja mudar sua própria vida e está satisfeito com o que é e o que tem, ficará inquieto quando o Espírito de Deus tocar em seu coração para mudar certas coisas e para começar a fazer algo novo em sua vida.
3. Indiferença
"Então, convocando todos os principais sacerdotes e escribas do povo, indagava deles onde o Cristo deveria nascer. Em Belém da Judéia, responderam eles, porque assim está escrito por intermédio do profeta: E tu, Belém, terra de Judá, não és de modo algum a menor entre as principais de Judá; porque de ti sairá o Guia que há de apascentar a meu povo, Israel" (Mt 2.4-6).
Os escribas detinham a incumbência de fazer cópias das Sagradas Escrituras e de zelar fielmente por toda letra do Antigo Testamento. Eles eram responsáveis pelo cumprimento exato das leis transmitidas oralmente. Para isso escreviam comentários sobre o Antigo Testamento.
Eles eram versados na Palavra de Deus mais que qualquer outra pessoa. Eles conheciam a Palavra Profética e criam nela – mas não em seu cumprimento, pois não tinham uma relação pessoal com ela. Mesmo lidando com a Palavra em nível religioso, tradicional e profissional, seu cumprimento deixou-os assustadoramente frios. Justamente a cúpula da religiosidade de Jerusalém mostrou-se desinteressada pelo nascimento de Jesus, indicado por tantas profecias. Conhecimento das Escrituras não significa automaticamente conhecimento de Deus. Já no nascimento de Jesus ficou evidente que os escribas e fariseus viviam uma vida aparentemente piedosa, mas na realidade estavam mortos espiritualmente. Eles, que deveriam ter sido os primeiros a visitarem Jesus, nem se dirigiram até Ele.
Aqui fica evidente de uma maneira muito trágica que os escribas e principais sacerdotes nunca tinham buscado ao Senhor Jesus. O mistério do Senhor manteve-se oculto aos seus olhos, por não O temerem e por não O buscarem. Não é assustador observar que os mais piedosos dos religiosos mantiveram-se na mesma escuridão espiritual que encobria o ímpio Herodes?
Com Jesus o que importa não é saber muito, falar muito ou fazer muito. O que importa é largar tudo e ir até Ele! "E, vendo eles a estrela, alegraram-se com grande e intenso júbilo. Entrando na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se, o adoraram; e, abrindo os seus tesouros, entregaram-lhe suas ofertas: ouro, incenso e mirra" (Mt 2.10-11).
Venha também você a Jesus, adore-O e entregue-Lhe sua oferta (toda a sua vida, veja Romanos 12.1), pois Ele fez tudo por você ao tornar-se homem e ao morrer na cruz do Calvário!

Norbert Lieth

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