terça-feira, 21 de dezembro de 2010

A culpa é do mordomo

Muitas vezes assistimos ou lemos histórias de suspense onde no final a culpa é do mordomo. Conquanto esta estigmatização do pobre mordomo muitas vezes cometa injustiça em grande parte dos enredos, ele de fato é o culpado. Mordomo - Pessoa encarregada da administração de uma casa, administrador. Um dos enredos onde o mordomo tem sido o culpado é o da história da humanidade.
O mundo é a casa que todos nós humanos temos o dever de administrar. Vemos muitos problemas: muita sujeira, muitos deficits, muita injustiça, muita violência, muito abandono, muita maldade, muita doença, destruição, poluição e tantos outros que nos vêm à mente a partir da mensão destes. Quando vemos todo este mal, a pergunta é: de quem é a culpa? Alguns acusam Deus de todo o caos da vida no planeta, mas Ele com certeza não é o culpado. A culpa é do mordomo.
Cada humano deste planeta é culpado de tudo de mal que nele acontece. Somos os mordomos de Deus neste mundo. Fomos criados para a mordomia, e isso não é sinônimo de uma vida de regalias como esta expressão tem sido entendida por muitos. Mordomia é: o manejo responsável dos recursos do mundo de Deus que foram confiados a uma pessoa ou a um grupo. Mordomo, (no grego oikonómos) é o administrador dos bens de uma casa ou de um estabelecimento alheio. A Igreja, o planeta, tudo pertence a Deus e nós somos seus mordomos, se algo está errado a culpa é nossa. Há várias esferas de exercício da mordomia, eis algumas delas:
1) A despensa de Deus: cada um de nós é Despenseiro, que significa pessoa encarregada da Despensa, (Cômodo em que se guardam mantimentos). Se faltar comida a culpa é nossa, pois Deus nos confiou a despensa do planeta cheia, e dependendo de como cuidamos da água, da comida, dos animais em fim, de toda a natureza, vai determinar se faltará ou não mantimento e prestaremos contas ao dono quanto à nossa administração, quando ele voltar para a auditoria final. Cada humano é mordomo no planeta e para nós cristãos que afirmamos comunhão com o dono, a responsabilidade fica maior ainda (Gn 43.16).
2) Dons do Espírito Santo: O cristão é administrador dos Dons espirituais, eles são de Deus e também prestaremos contas de seu uso (1 Pe 4.10);
3) A obra de Deus: nesta esfera há níveis de responsabilizações, pois os obreiros e líderes são responsabilizados em maior grau por cuidar das coisas de Deus. Cada cristão é obreiro, mas um sentido em que alguns são mais diretamente responsabilizados (1 Co 4.1; Tt 1.7).
4) Do nosso Tempo: “Portanto, vede prudentemente como andais, não como ignorantes, mas como sábios, remindo (aproveitando bem) o tempo porque os dias são maus”. O tempo é um bem precioso que Deus nos confiou e precisamos fazer bom uso dele para honrar o seu dono (Ef 5.15,16).
5) Dos nossos Bens: nada é nosso, tudo é de Deus. Carros, casas, roupas, dinheiro, sítios, fazendas, nada disso é um fim em si, nada é meramente para deleite de seu “dono”, que na verdade é apenas mordomo. Tudo que está em nossas mãos tem que ser para deleite do verdadeiro dono: Deus. Por isso a sabedoria diz: “Honra ao Senhor com os teus bens, e com as primícias de toda a tua renda” (Pv 3.9).
6) Do Conhecimento e Inteligência: tudo que sabemos e que podemos temos que colocar a serviço de Deus “Porque em tudo fostes enriquecidos Nele, em toda palavra e em todo o conhecimento” (1 Co 1.5).
7) Dos nossos Dízimos e Ofertas: um dos grandes desafios para o mordomo é administrar o dinheiro de seu dono sem misturar como o seu. O dízimo por exemplo é dinheiro de Deus que passa em nossas mãos, e como mordomos não podemos gastá-lo com outras coisas que não com a casa do dono (Ml 3.8).
8) Dos nossos Corpos: o corpo não é para o pecado ou para o prazer fora da vontade de Deus. O nosso ser e o nosso corpo pertencem a Deus e também prestaremos contas do uso que fazemos deles. “Rogo-vos pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” (Rm 12.1).
Nos dignificando com um cargo de tão grande confiança, vamos concluir então com as palavras de Jesus aos mordomos para não fazerem-se culpados: “Quem é, pois, o mordomo fiel e prudente, a quem o Senhor confiará os seus conservos, para dar-lhes o sustento a seu tempo? Bem-aventurado aquele servo a quem o seu senhor, quando vier, achar fazendo assim” (Lc 12: 42).


Rev. Amauri C. de Oliveira

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