segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Excelência: Performance ou santidade

Numa sexta-feira de 2006 - dia em que habitualmente nos encontrávamos para uma reunião de jovens - fiquei bastante emocionado com a maneira que vi, numa apresentação teatral, a atuação de várias pessoas de diferentes talentos. Isso é o que chamo de AIRO. De certa forma, conseguia enxergar, pela primeira vez, a integração de pessoas que dispunham seus dons e talentos para um fim comum e específico - a vida de Deus. Para mim foi o verdadeiro exemplo da Igreja a que Paulo se refere como o Corpo de Cristo. Eram atores, dançarinos, capoeiristas, atletas, músicos, dj's, etc... Enfim, pessoas dos mais variados talentos numa única apresentação. 
Também foi pela primeira vez que não dei tanta importância para a qualidade performática do grupo dentro de um todo. Vi uma galera vencendo as diferenças para alcançarem um propósito comum. Também consegui enxergar um grande exército de jovens que andava por toda a terra pelo simples fato de terem colocado suas próprias vidas na total disposição de Deus. Eram como filhos de verdade que, estando dentro de sua própria casa, fazem festa a qualquer momento, pela alegria que está intrínseca. Filhos livres de preconceitos, preceitos e paradigmas. Vi jovens multiplicadores de talentos. Uma potencial referência para transformar toda uma geração, ensinando todas as coisas que aprenderam de Deus. Vi jovens como a expressão do Pai, no amor de Cristo e pela cooperação com o Espírito Santo. Desta vez, consegui ver algo que não estava visível ao sentido comum. Enxerguei o invisível como se alcançasse um grande objetivo. 

Li está frase num livro escrito por John Haggai: "consciência é a base para excelência". Descobri que as coisas que falamos conscientemente faz mais sentido do que se apenas fôssemos papagaios que só repetem sem o mínimo de razão. Se não tivermos um mínimo de consciência do que estamos fazendo, quer seja estudando, trabalhando, falando com as pessoas sobre assuntos específicos - vida em Jesus, graça, propósito de Deus, etc. - praticando algum esporte, ensaiando para uma apresentação de teatro ou musical, ouvindo uma música e repetindo-a em seguida... Se não tivermos consciência de quem somos em Deus ou do verdadeiro propósito de nossas vidas - que diz respeito a uma única finalidade - estaremos perdidos fazendo coisas de baixíssima qualidade, andando pelo engano de homens como cegos guias de outros cegos.

Escrevo isso para que cada um avalie a si mesmo dentro desse contexto - consciência e excelência. Paulo, o apóstolo de Jesus Cristo, tocou no assunto enquanto falava sobre a ceia - avalie cada um a si mesmo. Auto avaliação significa saber conscientemente quem eu sou, o que estou fazendo e qual a finalidade disso tudo. O que Paulo poderia querer dizer com isso, senão que o homem tivesse a consciência de suas atitudes, reconhecesse seus próprios acertos e erros, para posteriormente arrepender-se do que for necessário. Desta maneira poderemos progredir para o padrão de vida que Deus quer - santidade, não performance. Sei que se tivermos consciência poderemos alcançar a excelência em todas as coisas - santos em tudo o que fizermos. A ira de Deus é santa, o amor de Deus é santo, a justiça dele é santa, seus planos são santos, sua alegria é santa, seu plano de salvação foi santo, enfim, em todas as coisas, a essência de Deus é sua própria santidade. Arrisco em dizer que essa é a excelência de nosso Pai. Mas para a Igreja essa excelência só será possível através de uma vida íntima com o Pai.
Excelência não diz respeito a performance, mas a nossa condição perante o Deus.
Excelência, pelo padrão de Deus, não é performance, mas santidade.
Insisto, a excelência em Deus nada tem a ver com qualidade de cinema hollywoodiano ou com o nível dos artistas do Cique du Soleil como, infelizmente, muitos acreditam. Por conseqüência a este engano a essência da proclamação do evangelho se perdeu para dar lugar a apresentações performáticas. Com isso os relacionamentos se desgastam cada vez mais ao invés de serem restaurados.
Quisera eu que as reuniões de planejamento para evangelizar fossem muito mais valorizada a necessidade de uma vida íntima com o Pai ao invés de discussões estratégicas - onde mais se falam dos tipos de representações e apresentações que exigem muitos ensaios. Não sou contra esses modelos de evangelismos, mas acho-os de menos.
Infelizmente, neste mundo em que o homem de deus é somente uma religião de aparências, só tem vez a pessoa de melhor técnica, não o que tem a vida santa; tem vez o que fala com grande retórica e eloqüência, não o que se arrepende de seus pecados; tem vez o que dá mais dinheiro, não o que deu tudo, dando apenas um real; tem vez o agressivo, não o que tem a vida separada; tem vez o político, não o que é sem cera na cara.
Infelizmente nos ensinaram ter uma vida performática para agradarmos Deus, não santa, ainda que nada tenhamos a oferecer.


Paulo David Muzel Jr - Tropical

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