quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Nem uma hora

Na fria e escura noite em que Cristo foi traído, seus discípulos não permaneceram em oração com ele nem uma hora. Estavam no jardim do Getsêmani, mas enquanto Jesus orava intensamente, com uma agonia de espírito tão profunda que seu suor pingava no chão, como gotas de sangue, os discípulos dormiam, inconscientes dos eventos transcendentais que estavam para ocorrer. Então o Senhor, com o espírito carregado de tristeza, acordou-os e indagou: "Então, nem uma hora pudestes vós vigiar comigo?" (Mt 26.40.) E as condições da igreja hoje acham-se espelhadas nesse trágico episódio. Jesus, nosso Sumo Sacerdote e intercessor, está orando, mas seus discípulos dormem. E com isso Satanás está ganhando todas as batalhas por negligência nossa. Seria impossível calcular quantas derrotas, quantos fracassos espirituais, quantas perdas morais, quantas separações de casais e outras tragédias semelhantes poderiam ter sido evitadas se os crentes tivessem orado mais. É impossível estimar a quantidade de perdas que poderiam ser evitadas e de penalidades que poderiam ter sido suspensas, se o povo de Deus tivesse dedicado mais tempo à oração. A culpa é minha, e sua também. Mas não foi para ficar colocando complexos de culpa em ninguém que escrevi este livro. Escrevi-o porque sei o que é ter um chamado para interceder, e o que acontece quando deixamos que a fadiga, as interrupções e as pressões da vida sufoquem esse chamado. Durante seis anos, Deus instou comigo para que obedecesse à sua súplica de vigiar com ele uma hora por dia. Quando finalmente atendi, minha vida e meu ministério passaram por uma transformação radical. Uma coisa posso garantir: quando oramos uma hora por dia, opera-se em nós um processo extraordinário. É claro que ele não ocorre da noite para o dia; acontece lentamente, de forma quase imperceptível. O Espírito de Deus enraíza no solo de nosso coração um forte desejo de orar. E esse anseio vai desalojando as ervas daninhas da apatia e da negligência. Depois o anseio amadurece e produz constância. Um belo dia descobrimos que orar não é mais um peso, uma obrigação. É que a disciplina da oração produziu o prazer de orar. Aí começamos a ansiar pelo momento da comunhão. E a oração vai operando uma obra sobrenatural em nós, permeando cada aspecto de nossa vida, dando-lhe uma nova configuração. Sentimos o coração impregnado da presença de Deus e das suas promessas. Descobrimos as prioridades dele para nossa vida, aprendemos a observá-las e a alinhar com elas nossas petições; aprendemos a nos apropriar das provisões de Deus para nossas necessidades. Começamos a gozar maior alegria e senso de realização em nosso relacionamento com outros, e isso coloca nossa vida numa dimensão inteiramente nova. E à medida que passamos a andar no Espírito, em vez de seguir as inclinações da carne, aprendemos a viver pelo poder de Deus e a ocupar a posição de vencedores, conquistada por Cristo para nós. Por que sei disso? Sei, porque foi o que me aconteceu quando atendi ao chamado de Deus para orar. Sei, porque foi isso que aconteceu aos discípulos após a ascensão de Cristo. Vamos pensar um pouco aqui. O que transformou aqueles homens hesitantes, desanimados e sonolentos descritos nos capítulos finais dos evangelhos, no batalhão decidido, unificado e arrojado, retratado no livro de Atos? O que fez deles esse exército espiritual forte, que pegava as adversidades no ar e as transformava em oportunidades; um exército que sabia tomar decisões firmes, e não inseguro, confuso; um exército que, em apenas uma geração, virou o mundo de cabeça para baixo, em nome de Jesus Cristo? A oração. A oração que fez descer dos céus o poder de Deus, e abriu as comportas de seus infinitos depósitos espirituais. E o que poderá mobilizar os desanimados, hesitantes, sonolentos discípulos de hoje, transformando-os num poderoso exército, que avance cantando hinos de libertação, proclamando a restauração do homem? A oração; a oração que arrancará das firmes garras de Satanás as vitórias que Cristo já conquistou para nós; a oração que atacará os portões do inferno. Quem ainda não sabe orar com persistência durante uma hora, diariamente, mas gostaria de aprender, ponha em prática os segredos espirituais aqui expostos, os quais me foram revelados pelo Espírito de Deus nos momentos quando estava de joelhos. E à medida em que você for aprendendo a orar como Jesus ensinou, sua vida espiritual não será mais aquela constante frustração, caracterizada por ensaios e erros; ao contrário, será fácil e natural vigiar com o Senhor uma hora. Vamos inclinar a cabeça agora e fazer a seguinte oração: "Jesus, implanta em meu coração o desejo de orar. Capacita-me a manter um momento de oração diário. Que a oração deixe de ser um dever para mim e passe a ser um prazer. Faz de mim um poderoso guerreiro de teu exército." Fez essa oração? Orou com sinceridade? Então, soldado, acho melhor tirar sua farda do baú, dar polimento nos botões de cobre, e lustrar as botas, pois o exército de Deus está-se preparando para começar a avançar.

Larry Lea


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