quinta-feira, 1 de julho de 2010

Martin Luther

Terrível. Implacável.
Assim eu via o Senhor.
Ele nos punia em vida e nos enviava ao purgatório após a morte ou
nos enviava para as chamas do inferno antes do descanso eterno.
Mas estava errado.
Quem vê um Deus enfurecido...
não O vê com clareza...
mas O vê através de um véu...
como se uma tempestade escura
escondesse a Sua face.
Se realmente acreditarmos
que Cristo é o nosso salvador...
então temos um Deus de amor.
E se tivermos fé em Deus significa olhar para Seu coração generoso.
Então se o demônio jogar seus pecados em seu rosto...
E disser que merecem a morte e o inferno, respondam...
“Eu admito que mereço a morte e o inferno, e daí?”
Pois sei de Alguém que sofreu e morreu na cruz para me redimir.
Seu nome é Jesus Cristo, o filho de Deus!
E onde Ele estiver,
Eu também estarei.

Martin Luther (Martinho Lutero) viveu de 1483 a 1546. Filho de uma família de origem camponesa seu pai Hans Luder um mineiro e mais tarde membro da administração local (Ratsherr). Luther foi um mestre em filosofia pela Universidade de Erfurt (Turíngia, um dos 16 estados da Alemanha), Monge agostiniano, Sacerdote, Doutor em Teologia.
Nasceu em Mansfeld, uma cidade próxima de Eisleben, na Saxônia (Alemanha) em 10 de novembro de 1483.
Em 1497, Luther estudou em Magdeburgo, junto aos monges Irmãos da vida comum.
Em 1501, a Universidade de Erfurt dá a Luther o título de bacharel em artes ("Magister Artium") da faculdade de Filosofia.
Em 1505 ingressa no Convento de Erfurt como Monge, justificou sua decisão quando explicou que teve vários encontros com a morte que lhe fizeram sentir a fugacidade da vida. Sua primeira missa é tomada pelo sentimento de sua própria indignidade.
No outono de 1506 professou como monge e um ano mais tarde se ordenou Sacerdote.
Em 1508, ao ler Romanos 1:17, foi iluminado de súbito pelo Espírito Santo e a paz lhe inundou a alma. Viu, por fim, que a salvação ganha-se pela confiança em Deus, mediante Jesus Cristo, e não pelos ritos, sacramentos e penitências da igreja.
Em 1510 viaja a Roma em representação de Sete monastérios Agostinianos, diante da mundanidade (sistema de vida que apenas valoriza os bens materiais) do clero, é tomado pela indignação:

“Roma é um círculo, um esgoto vivo”,
Compra-se de tudo, sexo, salvação...
Tem bordéis só para clérigos.
Uma Igreja mostrava as 30 moedas que
Judas recebeu...
Quem as beijava, ganhava...
100 anos de indulgência “.

Isso mudou totalmente a sua vida e todo o curso da história. O desespero é vencido, entretanto, pela dedicação ao estudo e ao ensino. Aprendeu línguas antigas, viveu e pregou em Erfurt até 1511.Em 1512, o monge Martin Luther forma-se Doutor em Teologia, tornando-se professor da Universidade de Wittenberg, onde ministrou colóquios sobre os livros dos salmos e as cartas de Paulo, era conhecido como um homem inteligente, sensível e religioso.
É considerado, depois de Jesus e Paulo, o maior homem de todos os tempos. Levou o mundo a romper com a instituição, em busca da liberdade. Defendia suas opiniões em debates universitários em Wittenberg e em outras cidades, por isso foi investigado pela Igreja romana.

Quando me tornei monge, eu achei
que o capuz iria me fazer santo.
Fui um tolo arrogante.
Agora eu sou Doutor em Teologia e...
Estou tentado a acreditar que este
hábito irá me tornar mais sábio.
Bom, Deus já falou uma vez
pela boca de um asno e
Talvez ele esteja preste a fazê-lo de novo.
Mas vou dizer o que penso sem rodeios.
Quem de vocês já foi a Roma?
Comprou alguma indulgência?
Eu sim.
Por um florim de prata
livrei o meu avô do purgatório.
Pelo dobro, teria livrado minha avó e meu Tio Marcus também...
Mas...Eu não tinha fundos, então...Eles continuaram por lá.
Já quanto a mim mesmo, os Padres me
garantiram que apenas de olhar para as relíquias sagradas,
O meu tempo no purgatório seria reduzido.
Sorte que em Roma havia pregos da Santa Cruz...
para ferrar todos os cavalos da Saxônia.
Mas há relíquias em toda a cristandade.
Dos 12 apóstolos, 18 estão enterrados na Espanha.
Mas aqui em Wittenberg nós temos o que há de melhor!
Pão da última Ceia!
Leite dos seios da Virgem!
O espinho que feriu a testa
de Cristo no Calvário e acreditem...19.000 pedaços de ossos sagrados!
E todos eles são relíquias sagradas autenticadas...Até o próprio John Tetzel,
o Inquisidor da Polônia e da Saxônia...um extraordinário vendedor de indulgências...
um conhecedor de relíquias, inveja a nossa coleção.
E para tê-las por apenas uma simples noite...
de muito bom grado ele daria cinco anos de sua vida terrena!
Ou 500 anos no purgatório.

Em 1514, o Papa Leão X concede indulgências para fiéis que havendo confessado e comungado, contribuíam para a construção da Basílica de São Pedro, tal construção iniciada pelo Papa Julio II que em 1506 colocou a primeira pedra da Nova Basílica beneficiada com o dízimo (tributo que os fiéis pagavam à Igreja como obrigação religiosa) dos fiéis.
Em 1515, o Príncipe Alberto de Brandeburgo torna-se comissário das indulgências. É encarregado de levantar dinheiro junto aos cristãos alemães.

INDULGÊNCIA

Uma indulgência, na teologia do catolicismo romano, é o perdão ao cristão dos castigos devidos a Deus pelos pecados cometidos na vida terrena. A igreja católica romana concede estas indulgências após o pecado e o seu imanente castigo de danação eterna tenham sido perdoados pelo sacramento da reconciliação, também conhecido como penitência ou perfeita contrição (arrependimento).
Na teologia católica romana, a salvação tornada possível por Jesus Cristo permite ao pecador fiel a admissão no céu.
E para isso era bem simples, bastava ter fundos o suficiente, caso não tivesse, o inferno era certo. Como cita Luther: Por um florim de prata, ele livrou seu avô do purgatório, pelo dobro teria livrado sua avó e seu tio também, mas como ele não tinha fundos, eles continuaram por lá.
As indulgências removem algumas ou todas estas penalidades devidas pelos pecados dos fiéis. Depende somente de sua condição financeira. Sem querer ironizar, mas seguindo essa linha de pensamento, o povo judeu será o único povo puro na face da terra, pois escolhido de Deus já é, e dinheiro não irá faltar para pagar as indulgências.
Numa indulgência vendida por autoridade do papa por João Tietzel (Tetzel) em 1517, o texto em alemão:
"Pela autoridade de todos os santos, e em misericórdia perante ti, eu absolvo-te de todos os pecados e crimes e dispenso-te de quaisquer castigos por 10 dias"
Vale observar que João Tetzel (Johannes Tietzel), foi um padre Dominicano, Inquisidor da Polônia e da Saxônia...Um vendedor de indulgências autorizado pelo Papa Leão X (Giovanni di Lorenzo de' Médici) eleito em 1513, a sua extravagância característica valeu-lhe muitos inimigos e pelo menos uma tentativa de assassinato, que falhou.
O estilo esbanjador do seu reinado (Leão X) e a construção da Basílica de São Pedro em Roma deixaram o Vaticano na bancarrota e para colmatar o estrago (tapar as brechas), Leão X resolveu vender indulgências através do monge Johannes Tietzel. Seu lema era: Uma vez que Deus nos conferiu o pontificado, vamos aproveitá-lo!
Como conseqüência, nesse mesmo ano em Outubro de 1517 Martin Luther (Luder sendo alterado para Luther: alusão à palavra grega leutheros, que significa Libertador e Livre) afixou as suas 95 teses na porta da igreja de Wittenberg contra os abusos e práticas (irregularidade, corrupção etc.) da Santa Igreja Católica Romana, com essa atitude iniciou o movimento Protestante. Apesar de não ser o único, mas a venda de Indulgências foi seu principal motivo para o protesto.
Para Luther, a essência do cristianismo não se encontrava na organização da igreja liderada pelo Papa, mas na comunicação direta que cada pessoa pudesse estabelecer com Deus. Seu protesto gerou muitos problemas para a Igreja Católica e estabeleceu as diretrizes para outros movimentos, a Alemanha, Escócia, Inglaterra e outros países ergueram-se de súbito a favor de Martin Luther.
A Igreja Romana queimou muitos crentes. Na Espanha sufocou o movimento a ferro e fogo; nos Países Baixos, o duque de Alba massacrou cem mil vítimas; na França se processa uma carnificina, denominada de "Noite de São Bartolomeu", tendo perecido entre setenta e cem mil huguenotes (protestantes calvinistas), o Papa Gregório XIII comemorou ordenando que cantassem o Te Deum, cunharam moedas comemorativas e ainda trocaram presentes. Nos países em que a reforma foi aceita, houve uma volta ao puro ensino de Cristo.
Em 1518 as teses espalham-se por toda a Alemanha. Luther ganha adeptos a cada dia. Chamado a Roma, recorre a Frederico, eleitor da Saxônia, desejando ser ouvido em território do Império. Em 1520 a Bula "Exsurge Domine" dá ao monge Martin Luther sessenta dias para retratar-se. Em resposta, Luther publica uma série de obras. Finalmente, em Wittenberg, queima um exemplar da Bula Papal.
Em 1521 Martin Luther é excomungado (estigmatizado como maldito) na Dieta de Worms (em Alemão: Wormser Reichstag) foi, como qualquer Reichstag (sessão do governo imperial), uma cimeira oficial, governamental e religiosa. Chefiada pelo imperador Carlos V, teve lugar em Worms, na Alemanha, uma pequena cidade no rio Reno.
Diante das autoridades seculares e eclesiásticas ali reunidas, Martin Luther negou a retratação e assegurou que para fazê-la teriam que convencê-lo com as Escrituras e a Razão.
O monge defende a liberdade de consciência diante do imperador e dos representantes da Igreja. O Édito de Worms (veredicto que permitia a qualquer pessoa matar Martin Luther sem sofrer por isso qualquer conseqüência legal, e dispunha que as propriedades de Luther e de seus seguidores fossem confiscadas) ordena que seus 41 textos "heréticos" sejam queimados. Célebres tornaram-se as suas palavras:
"Hier stehe ich. Ich kann nicht anders". (Aqui estou. Não posso renunciar).
Nesse mesmo ano de 1521, Luther se refugia no castelo de Wartburg em Eisenach por cerca de um ano, deixa a barba crescer e toma as vestes de um Cavaleiro, sob a proteção de Frederico o sábio, onde empreendeu sua tradução do Novo Testamento do original grego ao alemão, considerado um ato de heresia.
Com as suas traduções da Bíblia (Novo Testamento em 1521 e Antigo Testamento em 1534), com as quais ele pretendia abrir o conteúdo teológico para a compreensão de todos, incluindo o povo, Luther incutiu simultaneamente um marco na história da língua alemã, até então vista como uma língua inferior, dos ignorantes, plebeus.
Filipe Melanchthon ajudou-o na tradução dos textos bíblicos do Grego e do Hebraico. Como original, serviu-se de uma Bíblia em Grego de Erasmo de Roterdam. Porém, a tradução para o alemão por Luther, não significava uma rejeição ou distinção, ele simplesmente desejava que todas as pessoas tivessem acesso às escrituras, não concordava com o fato de que somente o clero pudesse ter esse privilégio.
Luther não foi o primeiro tradutor da Bíblia para o alemão. Já havia traduções mais antigas. A Tradução de Luther, contudo, suplantou as anteriores. Além da qualidade da tradução, foi amplamente divulgada por causa da imprensa.
Em 1522, a pequena nobreza revolta-se contra o Império, sob a liderança de Von Hutten e de Von Sickingen que pretendiam unificar a Alemanha, mas foram derrotados. Mais tarde, a Revolta dos Camponeses, inspirados pelo ardente teólogo Thomas Muntzer, ganha toda a Alemanha Meridional e Central, Muntzer é capturado em 1525, mas a luta continua por mais 11anos, quando os camponeses são vencidos definitivamente. Luther então publica “Contra os Bandos de Pilhadores e Assassinos Camponeses”. Não era de seu desejo causar uma desordem.
Em 1525, durante a controvérsia, Martin Luther casa-se com Katharina von Bora uma antiga freira, que se converteu em uma colaboradora importante.
Em 1526 a cidade de Spira recusa-se a aplicar o Édito de Worms. Outras cidades a imitariam. Uma tentativa de forçar a aplicação do Édito provocou o protesto dos príncipes e burgueses partidários da reforma (daí vem à denominação de protestantes, dada aos seguidores de Luther).
Em 1529 tem início a compilação dos “Propósitos à Mesa”, reunião de conceitos de Luther acerca dos mais variados assuntos, a reforma espalha-se pela Europa em 1530 e diversas cidades recusam-se a aplicar o Édito de Worms.
A Publicação da Bíblia traduzida para o alemão ocorre em 1534, com essa obra Martin Luther transforma radicalmente o idioma de seu povo, lançando as bases do alemão moderno. Em 1537 sua saúde começou a deteriorar-se.
Em 1540 o Papa Paulo III aprova a constituição da "Sociedade de Jesus", fundada pelo espanhol Inigo Lopes de Recalde, ex-pagem da corte e militar, que gravemente ferido durante uma batalha perdeu sua aparência física; e impedido de fazer a corte, adotou o pseudônimo de Inácio de Loióla por ter nascido no Castelo de Loióla, e fundou a Ordem dos Jesuítas com o objetivo principal: varrer da Terra os Maçons, Muçulmanos e Protestantes. Essa foi uma Ordem sinistra amparada pelo Catolicismo que derramou muito sangue.
Em 18 de Fevereiro de 1546 em Eisleben na Saxônia, falece o Monge, Sacerdote, Teólogo e Grande Cavaleiro Martin Luther
O caixão de Martin Luther demorou 4 dias para chegar em Wittenberg...

A Rosa de Martin Luther é o símbolo dos lutheranos de todo o mundo:
Cruz preta – no centro do emblema, lembra que Deus vem ao nosso encontro com o seu amor através do Jesus crucificado.
Coração vermelho – significa que Cristo agiu na nossa vida através da cruz. A nossa vida recebe novo sentido se Cristo for o seu centro.
Rosa branca – significa que, quando a cruz e Cristo tem lugar em nossa vida, ocorre uma transformação que traz verdadeira paz e alegria. A cor branca representa o Reino de Deus. Todas as promessas de Cristo são representadas por essa cor!
Fundo azul – Deus está conosco. Podemos viver com e para Deus, como sinais do seu Reino, já aqui e agora. Mas, é, também, esperança no futuro, pois o azul lembra a eternidade.
Anel dourado – sendo o ouro o metal mais precioso, o anel dourado representa as mais preciosas dádivas que recebemos através da cruz e ressurreição de Jesus, a saber, a nova vida para a fé e para o amor, a serviço de Cristo.

Interessante, vale a pena assistir o Filme Luther, em uma de suas aulas de Teologia, seu professor fala sobre um debate que perdura há mais de 1400 anos desde os primórdios da Igreja: “Fora da Igreja Romana não existe Salvação”.
Diz o Professor: Mas agora o V Concílio de Latrão confirmou a famosa frase de São Cipriano: “Fora da Santa Igreja Romana não existe salvação”.
Luther interrompe as palavras do Professor com a seguinte questão: “Professor, e os cristãos gregos?”.
O professor responde: Os cristãos gregos? Bom...Um velho documento da Igreja fala que um bispo Romano e Não um Grego seria o sucessor de São Pedro, e é claro o nosso Senhor Jesus Cristo fez de Pedro seu sucessor na Terra.
Luther então debate: Então devemos considerar que os Santos da Igreja Grega estão condenados?
O professor responde: “Você não entendeu”.
Luther continua: “Mas essa é a conseqüência inevitável da frase de São Cipriano”. Os cristãos gregos não terão salvação. Ou será que esta afirmativa não seria uma leitura radical de Matheus Cap.16 - V.18: - “Tu és Pedro e sob essa pedra irei edificar a minha igreja contra os portões do inferno”. - Duas linhas antes no versículo 16, nós encontramos os fundamentos da nossa fé: “Tu és Cristo, filho de Deus vivo”. – Com certeza quanto mais universais tornamos essas palavras, mais nos aproximamos da mente de Cristo.
O professor faz uma pergunta desafiante: Questiona a autoridade do Concílio da Igreja, Senhor?
Luther: De modo algum. Mas o IV Concílio de Latrão admitiu que talvez Cipriano estivesse errado e que poderia existir salvação fora da Igreja...Embora não fora de Cristo.

Mistérios Antigos

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