domingo, 2 de maio de 2010

O Martelo e o Cinzel

“Nenhuma disciplina parece ser motivo de alegria no momento, mas sim de tristeza. Mais tarde, porém, produz fruto de justiça e paz para aqueles que por ela foram exercitados” (Hebreus 12.11).

Muitos de nós temos uma concepção errada de que nós convidamos Deus para entrar em nossas vidas dando a Ele a chave do quarto de hóspedes. Assim o fazemos para mantermos o padrão de vida que queremos, mas ao final na realidade descobrimos que Deus é o dono da casa toda. Isso acontece de uma maneira dolorosa através da disciplina.
As crianças podem nos dizer que não gostam de disciplina. Elas preferem jogar videogames, assistir televisão e brincar do que trabalhar a tabuada, estudar história ou fazer o dever de casa. A disciplina não é uma viagem à Disney World ou um dia na praia. A disciplina nos drena as forças e nos leva a pensar que não é possível dar uma gota a mais de energia, mas mostra que isso é possível. A disciplina é uma dádiva sem preço que normalmente é olhada com desdém, tristeza e desgosto.
Ao lermos a Bíblia vamos perceber que o sofrimento e a dor são instrumentos de Deus para produzir mudanças. Por quê? Porque nos momentos bons da vida, temos tendência a esquecer Deus. Pense se não é isso que acontece ou aconteceu com você! A adversidade nos ajuda a colocar o foco nas coisas que realmente são importantes.
Como filhos de Deus, nós estamos sujeitos à disciplina e isso acontece não porque Ele gosta de nos fazer sofrer. Deus não é sádico. Ele o faz para produzir em nós santidade, justiça e paz. Ele o faz para nos abençoar. Quantos de nós agradecemos nossos pais no momento em que nos disciplinaram quando erramos ou porque eles queriam o nosso bem? A disciplina dói. Queremos que ela acabe. Mas Deus nos ama o suficiente para continuar a nos disciplinar apesar de nossos pedidos e orações para que tudo termine.
Deus nos disciplina porque não quer filhos malcriados. Ele não é o Pai negligente que dá tudo o que os filhos querem só para não enchermos a paciência dEle. Nós entregamos nossas vidas a Ele, mas preferimos um Deus que esteja disponível quando precisamos e que nos deixe em paz quando queremos fazer nossas coisas. Queremos um Deus que possamos controlar, como um gênio da garrafa. Em vez disso Ele age em nossas vidas para nos corrigir e melhorar.
Mas Deus nos disciplina em amor. Talvez alguns de nossos pais tenham nos corrigido com raiva ou para colocar para fora suas frustrações. Alguns podem ter crescido com um pai abusivo e têm feridas desse relacionamento até hoje. Alguns experimentamos uma “disciplina” que era mais um abuso. Por isso alguns podemos ter dificuldade em aceitar a idéia de que a disciplina possa ser motivada pelo amor. Mas Deus não age com raiva, a ira dEle contra nós foi apagada na cruz de Cristo. A disciplina de Deus é completamente em amor.
A boa noticia é que o nosso sofrimento não é algo casual. Todos sabemos que sofremos e até os cristãos de vida mais exemplar sofrem. A questão é se há algo positivo a ser aprendido no sofrimento. A resposta é sim. Isso é parte do bom plano de Deus para nossas vidas. Nós não vivemos em um universo largados, sem razão ou propósito. Não estamos sob um destino cego. Nossas vidas são guiadas por um Deus que é sábio, que nos ama e que transforma nosso sofrimento em propósito. Deus nos escolheu para sermos objeto de Sua graça.
Um escultor não usa um estojo de manicure para transformar o duro mármore em um objeto de beleza. O martelo e o cinzel são ferramentas cruéis, mas sem eles a pedra dura sempre será eternamente sem forma, sem significado e feia. O resultado do trabalho do escultor com o cinzel e o martelo é uma obra valiosa de arte.
Para nos transformar pela graça, Deus pode tirar de nosso coração tudo aquilo que mais amamos. Tudo aquilo em que confiamos. Tudo se tornará uma pilha de cascalhos e pedaços de pedra ao nosso redor, mas tudo para nos transformar naquele tesouro que realmente Ele vê em nós e no qual precisamos nos tornar.
Oração: Senhor, dá-me a graça para suportar o martelo e o cinzel. Quero ver o produto final do Teu trabalho. O processo dói, mas me submeto à Tua obra. Amém.

Luiz Eduardo F. de Freitas





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