sábado, 19 de dezembro de 2009

Conhecendo a Ansiedade


Transtornos de ansiedade

De acordo com a Associação Norte Americana de Psiquiatria, são considerados transtornos ansiosos, os seguintes distúrbios:
ATAQUE DE PÂNICO: é uma crise de ansiedade aguda e intensa, de pouca duração e com manifestações físicas como falta de ar, tremores, sudorese, taquicardia, tontura. A crise geralmente passa após 20 ou 40 minutos e em seguida ocorre uma sensação de cansaço, fraqueza, pernas bambas. Pode acontecer a qualquer hora e em qualquer lugar. Podem ocorrer sem causa específica, ou quando a pessoa é exposta a situações que provocam ansiedade, como multidões, espaços fechados, pontes, lugares altos, elevadores, diante de animais etc.
TRANSTORNO DE PÂNICO: é quando ocorrem ataques de pânico repetidos e inesperados ou um ataque quando seguido de pelo menos um mês de preocupações em ter novos ataques.
Vale lembrar que a denominação “Pânico” vem do grego “panikon” que tem como significado susto ou pavor repetitivo. Na mitologia grega o deus Pã, que possuía chifres e pés de bode, provocava com seu aparecimento, horror aos pastores e camponeses. Em Atenas teria sido erguido na Acrópole um templo ao deus Pã, ao lado da Ágora, praça do mercado onde se reunia a assembléia popular para discutir os problemas da cidade, sendo daí derivado o termo agorafobia, usado em psiquiatria para designar o medo de lugares abertos e de multidões.
AGORAFOBIA: a ansiedade que se sente em locais ou situações onde possa ser difícil ou embaraçoso escapar, e o auxílio poder não estar disponível na eventualidade. Pode acontecer também quando a pessoa está só, é o medo de ter medo.
FOBIA ESPECÍFICA: é um medo excessivo e irracional revelado pela presença, ou antecipação da presença de um objeto ou situação que causa pavor. Quando há intensa ansiedade, pode levar ao ataque de pânico.
Alguns exemplos de fobia específica: por animais, sangue, avião, trem, elevadores, doenças, altura, etc.
FOBIA SOCIAL: é o medo persistente de situações em que a pessoa acredita estar exposta à avaliação dos outros, ou se comportar de maneira humilhante ou vergonhosa.
TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO: é caracterizado pela presença de pensamentos (obsessões) e atos compulsivos (rituais). Obsessões são idéias que surgem repetidamente ou invadem nossa consciência de forma involuntária e atos compulsivos são comportamentos estereotipados e repetitivos, sem uma finalidade útil e geralmente reconhecidos como irracionais e ineficazes.
TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS TRAUMÁTICO: é quando após presenciar um acontecimento traumático que envolveu morte, acidente, grave ferimento ou ameaça à integridade física própria ou de terceiros, o evento é persistentemente revivido. Há sofrimento psicológico intenso quando ocorre exposição aos indícios do fato ocorrido, reações fisiológicas ao lembrar da situação vivida (sudorese, tremores, etc.).
ANSIEDADE INDUZIDA POR SUBSTÂNCIAS: ocorre quando o uso de determinadas substâncias leva a um ou mais transtornos ansiosos como: ansiedade generalizada, ataque de pânico, sintomas obsessivo compulsivo, sintomas fóbicos. O início pode ocorrer durante o uso excessivo (intoxicação) ou durante a abstinência (logo após a interrupção do uso).
O tratamento da ansiedade pode ser feito através de medicação (ansiolíticos), sempre acompanhado de processo psicoterápico (psicólogo).
A desvantagem da medicação que é um auxiliar muito bom, é que, uma vez cessada, retornam os sintomas. A psicoterapia para o tratamento da ansiedade, é eficiente porque elimina a raiz do problema e permite que o indivíduo retome a vida com mais segurança. Nos casos mais graves, onde a ansiedade pode se tornar impeditiva, o auxilio da medicação pode ser extremamente eficiente como elemento de transição para a resolução do problema que será obtido pela psicoterapia.
Exercícios de relaxamento também são eficazes, pois na medida em que tomamos consciência de nossa respiração, podemos acalmar a nossa mente, ficamos presentes no aqui e agora, e exercitamos a paciência (ciência da paz).
É preciso coragem para a mudança e abandonar o sofrimento e como disse Mark Twain:
“Coragem é resistência ao medo, domínio do medo, e não ausência de medo”.
Podemos promover mudanças para uma melhor qualidade de vida.
Hilda Kemp


Chave para lidar com a ansiedade

A chave para lidar com um estado de ansiedade é aceitá-lo totalmente. Permanecer no presente e aceitar sua ansiedade fazem-na desaparecer. Para lidar com sucesso com sua ansiedade, você pode utilizar a estratégia “A.C.A.L.M.E.-S.E.” de oito passos. Usando-a, você estará apto a aceitar a sua ansiedade até que ela desapareça.
A Aceite a sua ansiedade. Um dicionário define aceitar como dar “consentimento em receber”. Concorde em receber as suas sensaçãoes de ansiedade. Mesmo que lhe pareça absurdo no momento, aceite as sensações em seu corpo assim como você aceitaria um hóspede inesperado e desconhecido ou uma dor incômoda. Substitua seu medo, raiva e rejeição por aceitação. Não lute contra as sensações. Resistindo, você estará prolongando e intensificando o seu desconforto. Ao invés disso, flua com ela.
C Contemple as coisas à sua volta. Não fique olhando para dentro de você, observando tudo e cada coisa que sente. Deixe acontecer com o seu corpo o que ele quiser, sem julgamento: nem bom nem mau. Olhe à sua volta, observando cada detalhe da situação em que você está. Descreva-os minuciosamente para você, como um meio de afastar-se de sua observação interna. Lembre-se: você não é sua ansiedade. Quanto mais puder separar-se de sua experiência interna e ligar-se nos acontecimentos externos, melhor se sentirá. Esteja com ansiedade, mas não seja ela; seja apenas observador.
A Aja com sua ansiedade. Aja como se você não estivesse ansioso, isto é, funcione com suas sensações de ansiedade. Diminua o ritmo, a velocidade com que você faz as suas coisas, mas mantenha-se ativo. Não se desespere, interrompendo tudo para fugir. Se fugir, a sua ansiedade diminuirá, mas o seu medo aumentará, onde na próxima vez a sua ansiedade será pior. Se você ficar onde está – e continuar fazendo as suas coisas – tanto a sua ansiedade quanto o seu medo diminuirão. Continue agindo, bem devagar!
L Libere o ar de seus pulmões, bem devagar! Respire bem devagar, calmamente, inspirando pouco ar pelo nariz e expirando longa e suavemente pela boca. Conte até três, devagarinho, na inspiração, outra vez até três prendendo um pouco a respiração e até seis na expiração. Faça o ar ir para o seu abdome, estufando-o ao inspirar e deixando-o contrair-se ao expirar. Não encha os pulmões. Ao exalar, não sopre: apenas deixe o ar sair lentamente pela boca. Procure descobrir o ritmo ideal de sua respiração, nesse estilo e nesse ritmo, e você descobrirá como isso é agradável.
M Mantenha os passos anteriores. Repita cada um, passo a passo. Continue a: (1) aceitar sua ansiedade, (2) contemplar, (3) agir com ela e (4) respirar calma e suavemente até que ela diminua e atinja um nível confortável. E ela irá, se você continuar repetindo estes quatro passos: aceitar, contemplar, agir e respirar.
E Examine seus pensamentos. Talvez você esteja antecipando coisas catastróficas. Você sabe que elas não acontecem. Você já passou por isso muitas vezes e sabe que nunca aconteceu nada do que pensou que aconteceria. Examine o que você está dizendo para si mesmo e reflita racionalmente para ver se o que pensa é verdade ou não: você tem provas sobre se o que pensa é verdade? Há outras maneiras de entender o que lhe está acontecendo? Lembre-se você está apenas ansioso – isto pode ser desagradável, mas não é perigoso. Você está pensando que está em perigo, mas tem provas reais e definitivas disso?
S Sorria, você conseguiu! Você merece todo o seu crédito e todo o seu reconhecimento. Você conseguiu, sozinho e com seus próprios recursos, tranqüilizar-se e superar esse momento. Não é uma vitória, pois não havia um inimigo, apenas um visitante de hábitos estranhos que você passou a compreender e aceitar melhor. Você agora saberá como lidar com visitantes estranhos.
E Espere o futuro com aceitação. Livre-se do pensamento mágico de que você terá se livrado definitivamente, para sempre de sua ansiedade. Ela é necessária para você viver e continuar vivo. Em vez de considerar-se livre dela, surpreenda-se pelo jeito como a maneja, como acabou de fazer agora. Esperando a ocorrência de ansiedade no futuro, você estará em uma boa posição para lidar com ela novamente.


A ansiedade do futuro

Só sente ansiedade pelo futuro aquele cujo presente é vazio
«O principal defeito da vida é ela estar sempre por completar, haver sempre algo a prolongar. Quem, todavia, quotidianamente der à própria vida “os últimos retoques” nunca se queixará de falta de tempo; em contrapartida, é da falta de tempo que provém o temor e o desejo do futuro, o que só serve para corroer a alma. Não há mais miserável situação do que vir a esta vida sem se saber qual o rumo a seguir nela; o espírito inquieto debate-se com o inelutável receio de saber quanto e como ainda nos resta para viver. Qual o modo de escapar a uma tal ansiedade? Há um apenas: que a nossa vida não se projecte para o futuro, mas se concentre em si mesma. Só sente ansiedade pelo futuro aquele cujo presente é vazio. (…)»

Séneca, in “Cartas a Lucílio”

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